Marco Civil da Internet ainda tranca a pauta da Câmara dos Deputados

A pauta do Plenário desta semana continua trancada por três projetos de lei com urgência constitucional, entre os quais o do marco civil da internet (PL 2126/11, do Executivo). Ainda não há acordo quanto a pontos polêmicos da proposta, como a neutralidade de rede, que impede provedores de dar tratamento diferenciado conforme o tipo de acesso fornecido.  

O último relatório do deputado Alessandro Molon (PT-RJ) para o projeto também incluiu a obrigatoriedade de as empresas manterem centros de dados (data centers) no Brasil para tentar evitar o acesso por ações de espionagem.

A presidente Dilma Rousseff pediu urgência para o projeto depois das denúncias de espionagem do governo dos Estados Unidos contra empresas e autoridades brasileiras, inclusive ela mesma.

Entidades da sociedade civil, dentre elas o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), já manifestaram apoio à última versão do projeto de lei apresentado pelo relator, que dá as garantias da neutralidade de rede, da liberdade de expressão e privacidade da internet.

Os outros projetos que trancam a pauta da casa são o Projeto de Lei Complementar (PLP) 328/13, do Executivo, que direciona os recursos da contribuição social de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nas demissões sem justa causa para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, e o PL 6565/13, que concede porte de arma funcional aos agentes e guardas prisionais.

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Acompanhe o placar do posicionamento dos deputados federais em relação ao Marco Civil da Internet no site colaborativo www.marcocivil.org.br : Democracia X Corporações  

Saiba mais: Operadoras de telecom querem quebrar a neutralidade para não investirem no Brasil

Entrega de 700 MHz às teles preocupa a sociedade

No dia 13 de novembro, foi publicada no Diário Oficial da União, pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), uma resolução que autoriza o uso da faixa de 700 MHz do espectro eletromagnético para a utilização do serviço de banda larga móvel conhecido como 4G. A fatia abrange toda a extensão de TV aberta entre o canal 52 e 69 do UHF. A licitação deve acontecer no primeiro semestre de 2014.

Nas últimas duas semanas, o tema foi objeto de discussão nas comissões de ciência, tecnologia e comunicação da Câmara e do Senado. O debate também já havia sido feito no Conselho de Comunicação Social no início do mês. Os focos dos debates, porém, foram diferentes.

A reunião do Senado no dia 19, que contou com a participação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e do Exército, frisou a preocupação sobre os custos das mudanças, os impactos nos negócios (como a redução do espaço para expansão da TV aberta) e as interferências em outros pontos do espectro decorrentes de aspectos específicos da tecnologia utilizada para o 4G. “Sobre os custos da mudança, hoje estamos aprimorando a forma de como calculá-los”, afirmou o presidente da Anatel, Jarbas Valente.

Na câmara, o foco da discussão foi centrado no lamento das emissoras públicas que vêem o seu futuro em ruínas, na medida em que a faixa entre os canais 52 e 69 do UHF (700 MHz), reservada para o setor, está sendo transferida para as empresas de telecomunicação sem qualquer garantia ou contrapartida. O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve, afirmou: “estamos desapropriados e isso já é fato consumado. Só tenho a lamentar.”

Já o CCS debateu também as questões referentes à perda do espaço até então garantido para a comunicação pública, as possíveis interferências que a tecnologia de banda larga na faixa de 700 MHz pode causar em outros canais de TV aberta e os custos da transferência dos canais que ocupam a faixa. O conselheiro Nascimento Silva, representante dos radialistas, apontou que “o sistema público está sendo ignorado para favorecer interesses das empresas de telecomunicação”. A discussão será retomada no dia 2 de dezembro, próxima reunião do órgão.

RJ discute violência contra profissional de mídia

Redação – Observatório do Direito à Comunicação

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, com o apoio da Comissão Permanente de Educação e Cultura da Câmara Municipal, realiza no dia 26 de novembro (terça-feira) a audiência pública “cultura, liberdade de expressão e violência contra os profissionais de mídia”. O evento acontece no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, às 10:00h.

Cartilha sobre Canal da Cidadania é lançada em audiência no Senado

A cartilha “Canal da Cidadania: orientações técnicas para prefeituras e associações comunitárias obterem seu canal de TV digital” foi lançada durante audiência pública realizada no Senado, no dia 18 de novembro (segunda). A publicação foi editada pela liderança do PT e tem por objetivo “estimular e orientar prefeituras e associações comunitárias municipais para aproveitar a oportunidade única” de se abrir um canal municipal digital que transmite quatro faixas de programação. De mais de 5 mil municípios, apenas 145 fizeram o pedido até agora.

O evento aconteceu na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado e foi presidido pela senadora Ana Rita (PT-ES). O debate que marcou o lançamento da cartilha destacou os problemas de financiamento das emissoras comunitárias, com especial atenção para a proibição de se veicular publicidade comercial.

O secretário-geral da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM), Moises Correa afirmou que “vivemos no capitalismo, por mais que muitos queiram outros sistemas. Temos que ter mecanismos de financiamento”. Já o presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Nelson Breve, se contrapôs a idéia: “se não diferenciarmos uma coisa da outra, vamos continuar aplicando o mesmo modelo de negócios em duas coisas diferentes. Acho que isso está errado. Temos que tomar muito cuidado com a publicidade comercial”.

Breve lembrou ainda as dificuldades de se superar os entraves para se ter acesso aos fundos públicos. Segundo ele, a comunicação pública possui hoje R$ 1,4 bilhão depositado em juízo, mas impedidos de serem utilizados por conta da pressão das empresas de telecomunicação que questionam a legalidade da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública.

A cartilha pode ser acessada em: https://www12.senado.gov.br/noticias/Arquivos/2013/11/18/canal-da-cidadania

Entidades da sociedade civil questionam a migração das rádios AM para FM

A presidenta Dilma Rousseff assinou na última quinta (7) o decreto que possibilita a transferência de emissoras de rádio da banda AM para a FM. Apesar do clima de comemoração – o executivo escolheu o dia do radialista para a oficialização – as entidades que representam os trabalhadores de empresas de radiodifusão e também das rádios comunitárias mostraram descontentamento com a decisão, que, segundo eles, foi tomada sem o debate com todos os setores da sociedade e é nociva à democratização da comunicação.

O processo de transição é inicialmente opcional, mas o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, informou que a pasta não dará mais outorgas para a banda AM, que será substituída aos poucos pela FM. O governo atende, ao publicar o decreto, à demanda oficial do setor empresarial, encaminhada pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), sob o argumento do alto nível de interferência de ruídos nas transmissões AM.

As entidades da sociedade civil apontam que a diminuição da área de cobertura das rádios –  o alcance das rádios FM é muito inferior ao do rádio AM – deixará  áreas periféricas e rurais sem sem alternativas de comunicação e informação e, ainda mais, dificultará a implantação das rádios. Segundo o ministro,  as empresas terão que comprar transmissores novos, que custam de R$ 35 mil a R$ 50 mil.

"Não há espaço no dial FM para tanta rádio, mesmo que acabem com todas as atuais rádios FM. Não no atual rádio analógico, e mesmo porque, dessas rádios AM, as que não são mantidas por governos ou igrejas ou outros grupos confessionais, mal têm condições de se manterem no ar no AM, que dirá migar para o concorrido dial FM ou de ter repetidora no FM", diz a nota pública da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert). Para eles, a melhor solução seria a garantia da digitalização de todos os sistemas existentes no país, inclusive o rádio AM.

Segundo o representante nacional da Associação Mundial de Rádios Comunitárias, Pedro Martins, a decisão do governo foi arbitrária, sem diálogo com outros setores da sociedade. "Setores da comunicação comunitária, da comunicação livre, das rádios livres, sequer foram chamados a conversar para ver como seria a integração para o setor de FM da radiodifusão", disse.

Ele lembra que há mais de um ano o segmento aguarda o retorno da proposta de alteação do decreto que garantiria a sustentabilidade das rádios comunitárias (Decreto 9615/98).  "Enquanto isso, o projeto de migração da faixa AM para FM, em menos de quatro meses, foi analisado e aprovado pelo governo", reclama. Martins chama a atenção para a morosidade da aprovação dos processos de outorga das emissoras comunitárias e destaca a constante criminalização dos radialistas. "No momento em que poderíamos agregar novas possibilidades, dar voz a novos setores, o governo chama só o setor empresarial", termina.

A Abraço Nacional, em notícia em seu site, afirma que os radialistas comunitários estão indignados com o descaso do Executivo. Para o coordenador da entidade, José Soter, o posicionamento atende apenas aos interesses mercadológicos, em detrimento das necessidades da democratização da democratização.

Sóter destaca que o Executivo não cumpre a obrigação consitucional da complementação e do acesso às concessões, previstos na Consituição Federal. "Existem dois pesos e duas medidas. Enquanto o governo se nega a encaminhar mais canais para atender as necessidades da espansão das rádios comunitárias, em apenas uma canetada fizeram esta migração. Priorizando as rádios comerciais, o governo ilustra o seu descaso com quem realmente necessita de comunicação". Segundo o coordenador, as entidades pedirão ainda uma audiência com o Executivo para tratar do assunto.

Segundo o governo, nos casos em que não for possível fazer a migração, por falta de espaço nas rádios FM, as rádios terão que aguardar a conversão da TV analógica para a digital. Os canais 5 e 6, que hoje ocupam a TV analógica, estarão disponíveis para receber as rádios. Cada um destes canais, na futura TV digital, terá espaço para 20 emissoras de rádio. De acordo com o MiniCom, hoje existem cerca de 3 mil emissoras de rádio, distribuídas aproximadamente em 50% para AM e FM.