Arquivo da categoria: Notícias

Entidades e Governo concluem diálogo sobre proposta de Conselho de Comunicação do DF

Nessa terça-feira (27/11), entidades da sociedade civil da área de comunicação – entre elas o Sindicato dos Jornalistas do DF – estiveram reunidas com o Governo do Distrito Federal para concluir o diálogo sobre a proposta de Conselho Distrital de Comunicação que será colocada em consulta pública para, depois, se transformar em um projeto de lei a ser encaminhado à Câmara Legislativa do DF (CLDF).

O tema vem sendo debatido desde a transição para a atual gestão de Agnelo Queiroz. As organizações apresentaram naquela ocasião uma carta com dez propostas, entre elas a criação do Conselho. Em agosto deste ano, essa bandeira foi a que recebeu maior apoio no 1o Seminário de Comunicação Social do Distrito Federal – ComunicaDF. O evento aprovou resolução que indicava a disponibilização da proposta para consulta pública em até 60 dias, prazo que se encerrou em 18 de outubro.

As entidades e os representantes conseguiram chegar a acordos na grande maioria dos pontos. A proposta parte da Lei Orgânica do DF, que prevê a implantação do órgão. E prevê que ele tenha como objetivos promover a diversidade e a pluralidade, zelar pelo cumprimento da legislação e contribuir para a elaboração e acompanhamento da Política Regional de Comunicação.

Permanece uma divergência quanto ao âmbito de atuação do Conselho. Representantes do GDF entendem que a ele caberia apenas realizar o que está previsto na Lei Orgânica, isto é, assessorar o Poder Executivo “na formulação e acompanhamento da política regional de comunicação social” (Art. 261). Já as entidades defenderam uma interpretação mais ampla, argumentando que essa é uma função do órgão e não a única, cabendo a ele também contribuir na elaboração e no acompanhamento das políticas da área.

Houve acordo quanto à eleição dos representantes. A primeira eleição seria coordenada pelo próprio GDF em um processo com a participação da sociedade civil e as demais teriam o método definido no Regimento Interno do Conselho. A escolha se daria dentro dos próprios segmentos, garantindo o caráter efetivo de representatividade.

Já quanto à composição, ainda há divergências. Entidades e governo ainda buscam uma lista de consenso dos nomes que poderiam integrar o órgão. As entidades defenderam a importância de assegurar a representatividade de segmentos da área e que podem contribuir com os debates, garantindo o peso da sociedade frente a empresários e ao governo.

“Agora é necessário que o GDF avalie o debate e as sugestões recebidas e coloque prontamente a proposta em consulta pública para que esse processo se dê ainda em dezembro. Isso é fundamental para que possamos garantir que o projeto de lei seja encaminhado à CLDF no início do ano legislativo de 2013”, afirma Jonas Valente, secretário-geral do SJPDF.

‘Liberdade de imprensa não se confunde com comportamento criminoso’

O deputado Protógenes Queiróz (PCdoB-SP) faz várias críticas ao relatório final da CPMI do Cachoeira, apresentado pelo relator Odair Cunha (PT-MG). Defende o aprofundamento das investigações sobre a empreiteira Delta e avalia que não há elementos que comprometam o procurador-geral da República. Mas não tem dúvidas de que a CPMI acertou ao pedir o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e de cinco jornalistas.

Com 15 anos de experiência como delegado da Polícia Federal (PF), o deputado Protógenes Queiróz (PCdoB-SP) tem várias críticas ao relatório final da CPMI do Cachoeira, apresentado originalmente pelo relator, deputador Odair Cunha (PT-MG), na semana passada. “De todo, não é ruim. Mas faltou dar foco ao esquema que sustentava a organização criminosa. É necessário quebrar o sigilo das 15 empresas laranjas da quadrilha e o do presidente da empreiteira Delta. Carlinhos Cachoeira é ponta menor neste esquema”, afirma.

Apesar da prorrogação da CPMI para o aprofundamento das investigações sobre a Delta ser uma pauta da oposição ao governo, o deputado acredita que ela é crucial para que a comissão cumpra papel relevante. “Desde o início, eu venho me manifestando no sentido de que o grande problema estava fora do cárceres, onde já estavam presos Cachoeira e seus comparsas. O que interessa ao Brasil é saber como se dá o financiamento das campanhas políticas, e isso passa por mais investigações sobre a Delta”, justifica.

Queiróz também não concorda que o relatório solicite ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) investigação sobre o comportamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ele é colocado sob suspeita de prevaricar, ao suspender as investigações da Operação Vegas da PF, quando já havia indícios suficientes da participação de parlamentares federais na organização criminosa. Em especial o do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).

“Este pedido é precipitado. Não há elementos suficientes. Não há materialidade da prova de que a paralisação das investigações favoreceram a organização criminosa. Até porque as investigações foram retomadas posteriormente com a Operação Monte Carlo. O próprio capítulo do relatório que trata sobre o assunto ficou bastante confuso”, destaca.

De acordo com sua experiência na PF, o deputado avalia que o prosseguimento de investigações de esquemas complexos de corrupção, muitas vezes, esbarram na falta de estrutura da própria Polícia e do Ministério Público, sem que isso signifique, necessariamente, prevaricação das autoridades envolvidas. “Quando eu investigava o esquema do Daniel Dantas [do Banco Oportunity], enfrentei este mesmo problema. No momento mais importante da operação, no final do ano, ela precisou ser paralisada. A pouca estrutura desses órgãos ocasiona a não continuidade de investigações importantes”, exemplifica.

Concordâncias

As divergências do delegado licenciado com o teor do relatório, entretanto, param por aí. Segundo ele, o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), está corretíssimo, já que os indícios da ligação dele com o esquema criminoso são abundantes. Ele afirma também que as investigações já realizadas não sustentam um possível pedido de indiciamento dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queirós (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), como cobra a oposição. “Pode ser que a continuidade das investigações revelem novos indícios, mas com o que foi apurado até agora, não há como”, atesta.

Sobre o pedido de indiciamento dos cinco jornalistas apontados pelo relatório final como responsáveis por colaborar com os propósitos criminosos da organização, incluindo aí o diretor da sucursal da veja em Brasília, Policarpo Junior, Queiróz é taxativo. “Há elementos mais do que suficientes. Há jornalistas que receberam dinheiro do crime. No caso do Policarpo, há sucessivas ligações entre ele e Cachoeira e seus comparsas. Há todo o comportamento dele em promover o interesse da quadrilha de desviar dinheiro público. Isso não era o comportamento de um jornalista, mas o de um membro de uma organização criminosa”, enfatiza.

O delegado criticou também a postura corporativa da imprensa de se unir para tentar blindar esses profissionais. “Ao condenar o indiciamento desses jornalistas, a imprensa brasileira está seguindo um caminho perigoso de defesa da prática do crime. Liberdade de imprensa e liberdade de expressão não se confundem com comportamento criminoso”, afirmou.

Comissão vai criar grupo para analisar forma de incluir mensagens sociais

Um grupo de trabalho deve ser criado na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara para estudar de que forma mensagens de carárter social ou de utilidade pública podem ser divulgadas, gratuitamente, nas emissoras de rádio e TV privadas durante a programação.

Nesta terça-feira (27), a comissão discutiu, em audiência pública, as consequências de as empresas de radiodifusão serem obrigadas a ceder espaço para divulgação de mensagens obrigatórias. Essas mensagens poderiam tratar, por exemplo, de combate à pedofilia, à exploração sexual de crianças e adolescentes, ao alcoolismo, ou divulgar pessoas desaparecidas.

Estão em análise na Câmara 43 projetos de lei que obrigam a divulgação de anúncios educativos sobre os mais variados temas. No Senado, são três propostas. A Abert, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, alega que, se as propostas forem aprovadas, mais de cinco horas diárias de programação vão ser destinadas a mensagens de utilidade pública ou de caráter social. Isso inviabilizaria o funcionamento das emissoras, de acordo com o presidente da Abert, Daniel Slavieiro:

"Cada projeto, individualmente, é muito meritório e muito importante para a sociedade. Mas a hora em que nós somamos todas 43 propostas legislativas em tramitação, você tem mais de cinco horas somadas que seriam divulgadas obrigatoriamente pelas emissoras. Então isso, você inviabilizaria o setor de rádio e televisão no modus privado."

Daniel Slavieiro destacou que as emissoras já disponibilizam, voluntariamente – nos telejornais, nos programas e em mensagens publicitárias – espaço para temas de interesse da sociedade.

O deputado Arolde de Oliveira, do PSD do Rio de Janeiro, foi quem pediu a realização do debate sobre a obrigatoriedade de emissoras de rádio e TV divulgarem, de graça, mensagens de utilidade pública. Ele vai sugerir a criação do grupo de trabalho no âmbito da Comissão de Ciência e Tecnologia para debater o tema. O grupo deve ser composto por deputados e representantes das emissoras, do governo e da sociedade civil. Arolde de Oliveira já tem uma proposta para ser discutida:

"Eu tenho uma solução simplista, que, naturalmente, não resolve toda essa complexidade, que é estabelecer um período, digamos, vou dar um número: 30 segundos diários, e algum órgão estabelece – tem que ver que órgão é esse, é claro, né. Deveria ser do Estado, né – estabelece que conteúdo veicular naquele espaço. Pronto. Faz rodízio. É contra o cigarro, é contra as drogas, é contra o álcool, é contra a pedofilia, é contra a pornografia, enfim. E vai fazendo o rodízio."

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim também participou da audiência. Foi ele que propôs a criação do grupo de trabalho. Ele afirma que a aprovação de um projeto que obrigue emissoras de rádio e televisão a divulgarem conteúdos de interesse social é inconstitucional. Segundo Nelson Jobim, isso irira inteferir nos contratos de concessão que já estão em vigor e não preveem essa obrigatoriedade.

Canais comunitários de TV pedem fontes de recursos

A criação de formas de financiamento para TVs comunitárias ocupou grande parte dos debates de ontem na Comissão de Direitos Humanos (CDH). Desde a promulgação da Lei do Cabo (Lei 8.977/95), a criação de medidas para garantir recursos aos canais comunitários é reivindicada por entidades da área.

Uma das propostas é transformar parte do que é pago pelas operadoras de telefonia como taxa de fiscalização (Fistel) num fundo de apoio aos canais. A ideia foi apoiada por todos os representantes de veículos comunitários.

— Sentimos a necessidade de uma definição sobre como buscar recursos para que esses canais comunitários se mantenham — afirmou José Roberto Schiavinato, vice-presidente da Associação dos Canais Comunitários do Estado de São Paulo.

TVs públicas também defendem o repasse de recursos provenientes da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública e de percentual de publicidade pública institucional do governo federal para as emissoras públicas.

No que diz respeito ao Fistel, Ricardo Lima, assessor da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC),  defendeu a mobilização das TVs comunitárias para tentar reverter a posição das operadoras móveis contra o remanejamento de 10% do fundo para financiamento da radiodifusão pública.

Desde 2009, quando as operadoras tinham de começar a recolher cerca de R$ 200 milhões para financiar a EBC, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) vem depositando os recursos em juízo.

— Esse orçamento, quando liberado, vai tratar da TV pública, e as TVs comunitárias têm aí dentro o seu quinhão. Precisamos que as teles liberem o que é nosso, o que é da sociedade civil — disse o representante da EBC.

O coordenador-executivo da Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, Gilberto Rios, concordou:

— Se conseguirmos resolver o problema do Fistel, se conseguirmos resolver alguns entraves jurídicos existentes hoje no país, talvez possamos ter em 2013 um ano melhor para a comunicação pública, para que os conteúdos brasileiros possam ser vistos pela população — observou Gilberto Rios.

Segundo Edivaldo Farias, presidente da Associação Brasileira de Canais Comunitários, a democratização dos meios de comunicação passa pelo fortalecimento de TVs e rádios comunitárias. Ele assinalou que esses veículos, que não têm condições de enfrentar o poderio econômico de grupos empresariais estrangeiros, são fundamentais para garantir espaço à pluralidade de manifestações da sociedade.

— Somos nós que denunciamos as violações dos direitos humanos. Somos nós que não nos limitamos porque não estamos presos à audiência, não estamos presos ao poder econômico — disse Farias.

Governo dará espaço a emissoras comunitárias no sistema digital

Uma das preocupações das TVs públicas apresentadas na audiência é a migração para o sistema digital. Os representantes de associações e de TVs comunitárias, que hoje operam apenas na TV a cabo, querem a rápida regulamentação e implementação do Canal da Cidadania e a garantia de transmissão em TV aberta.

Previsto em decreto presidencial que trata da implantação da TV digital (SBTVD-T), o Canal da Cidadania é uma das quatro emissoras que a União poderá explorar no serviço de radiodifusão de sons e imagens em tecnologia digital.

De acordo com o diretor  do Departamento de Acompanhamento e Avaliação de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Octavio Penna Pieranti, o texto em análise pela pasta garante o espaço para a produção feita pelas próprias comunidades. Ele também informou que o texto está em fase de redação final, mas não antecipou quando o Canal da Cidadania será regulamentado.

A vantagem do canal, segundo Pieranti, é que a rede compartilhará infraestrutura e espaço para que as comunidades não precisem investir recursos em equipamentos:

— É um modelo que desvincula a programação comunitária dos interesses dos governos municipais e estaduais, preserva sua autonomia e garante recursos para sua transmissão.

A reunião, requerida por Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH, marcou a abertura do 8º Congresso da Associação Brasileira de Canais Comunitários, em Brasília. O senador garantiu que encaminhará as reivindicações ao Executivo.

Atendendo ao pedido de Paim, todos os presentes na audiência fizeram um minuto de silêncio em memória do ex-deputado federal Sérgio Miranda, que morreu ontem, em Brasília.