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Liberdade de Expressão no Brasil: ainda mais ameaças em 2017

Texto: Ramênia Vieira

O direito à comunicação nunca foi plenamente constituído no Brasil enquanto direito humano básico de todo cidadão. Sendo assim, a liberdade de expressão, um dos pilares desse direito, sempre esteve em risco no nosso país. Em períodos como o atual, de violações à democracia acompanhadas de uma agenda política retrógrada, a liberdade de expressão fica ainda mais ameaçada.

As últimas movimentações pós-golpe dos ocupantes dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) reforçam que a livre manifestação de pensamento não será “tolerada” quando não estiver consonante com a manutenção do status quo vigente. Entidades e militantes dos direitos humanos têm tido que reforçar e reafirmar a cada dia os princípios da liberdade de expressão e de imprensa, assim como o direito à comunicação, como garantias fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente democrática.

E esse cerceamento tem acontecido em diversas frentes. Na manutenção do oligopólio midiático e no desmonte da comunicação pública. Nas decisões judiciais censurando manifestações artísticas e na violenta repressão policial durante protestos. E também nos ataques aos direitos na internet e à liberdade de imprensa. Em todos esses campos, o cenário brasileiro atual revela o objetivo de calar as vozes dissonantes.

Calar Jamais!

Na tentativa de reagir aos ataques e confrontar essa onda de violação e censura que vem ocorrendo em nosso país, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) lançou no ano passado a campanha Calar Jamais!, que teve divulgado em outubro de 2017 seu relatório de um ano de implementação. A publicação traz o balanço das violações à liberdade de expressão registradas na plataforma do Calar Jamais! ao longo desse período.

LogoCalarjamais-1O relatório Calar Jamais! – Um ano de denúncias contra violações à liberdade de expressão” foi organizado em sete categorias: 1) violações contra jornalistas, comunicadores sociais e meios de comunicação; 2) censura a manifestações artísticas; 3) cerceamento a servidores públicos; 4) repressão a protestos, manifestações, movimentos sociais e organizações políticas; 5) repressão e censura nas escolas; 6) censura nas redes sociais; e 7) desmonte da comunicação pública.

Para o FNDC, o conjunto das violações apresentado comprova “que práticas de cerceamento à liberdade de expressão que já ocorriam no Brasil – por exemplo, em episódios constantes de violência a comunicadores e repressão às rádios comunitárias – encontraram um ambiente propício para se multiplicar após a chegada de Michel Temer ao poder, por meio de um golpe parlamentar-jurídico-midiático, que resultou na multiplicação de protestos contra as medidas adotadas pelo governo federal e pelo Congresso Nacional”. Ao todo, o relatório traz 72 denúncias de cerceamento à liberdade de expressão de comunicadores e jornalistas no exercício da sua profissão, de repressão às manifestações e protestos realizados contra medidas do governo Temer (PMDB) e até de censura a servidores públicos, ocorridas no último ano.

Uma das denúncias mostra o caso de um grupo de teatro em Santos cujos componentes foram presos enquanto faziam uma apresentação em praça pública. Outras narram casos de professores que têm sofrido censura em sala de aula por motivações políticas. Ou ainda a repressão física que sofreram os manifestantes que protestavam contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os gastos públicos por 20 anos, aprovada em dezembro passado pelo Congresso Nacional.

Em entrevista à rede TVT, Renata Mielli, coordenadora nacional do FNDC, denunciou o papel da imprensa tradicional, que silencia sobre esses abusos e compactua com a estratégia de criminalização dos movimentos sociais. “Esse processo de criminalizar o movimento social não é novo, mas agora eles precisam elevar o tom para dar legitimidade ao processo de golpe que a gente viveu. Assim, seguem retirando os nossos direitos”.

O relatório ainda destaca que a mídia hegemônica, que participou da articulação do golpe parlamentar-jurídico-midiático, colaborou na reprodução sistemática de discursos de ódio que estimulam as intolerâncias religiosa, política, social e cultural, sendo corresponsável pelo avanço da onda conservadora que atinge o país. Esse conservadorismo em voga tem reforçado episódios de censura e de privação da liberdade de expressão justamente em áreas fundamentais para a formação do cidadão, como a educação e a cultura.

Mateus Ferreira da SilvaEsse período de autoritarismo pode ser percebido no relatório Calar Jamais! principalmente no registro de dois casos: os crimes praticados contra o jovem Edvaldo Alves, morto em Pernambuco por um policial que lhe acertou um tiro de bala de borracha, durante um protesto justamente contra a violência; e no caso do estudante universitário Mateus Ferreira da Silva, que teve traumatismo craniano após ser atingido com um golpe na cabeça desferido por um oficial da Polícia Militar durante manifestação em Goiânia. Assim como nos casos de vários professores e estudantes que se tornaram alvo de perseguição política e ideológica na cruzada intitulada “Escola Sem Partido”.

O ano foi bastante tumultuado e opressor para todos os segmentos do setor progressista no país. Como pôde ser constatado na invasão policial à Escola Florestan Fernandes, do Movimento dos Sem Terra (MST), mesmo sem a existência de um mandado de busca e apreensão para a operação. Os policiais chegaram a disparar contra as pessoas na recepção da unidade e prenderam dois militantes. Outra atitude opressora veio diretamente do governo federal, quando Michel Temer suspendeu os direitos constitucionais por meio de decreto presidencial em 24 de maio de 2017, durante ocupação de Brasília por movimentos populares que se manifestavam contra a perda de direitos. O ocupante da Presidência declarou Estado de Defesa e autorizou a ação das Forças Armadas para garantir a “ordem” no país, recuando da decisão dias depois.

Liberdade de expressão e liberdade de imprensa

A vertente mais visível da liberdade de expressão é a liberdade de imprensa, mas estabelecer as diferenças e os limites entre ambas as garantias não é tarefa isenta de polêmicas ou controvérsias. O professor Venício A. de Lima tem uma proposta conceitual que colabora para diminuir as confusões geradas: “A primeira referida à liberdade individual e ao direito humano fundamental da palavra, da expressão. A segunda, à liberdade da ‘sociedade’ e/ou de empresas comerciais – a imprensa ou a mídia – de publicarem o conteúdo que consideram ‘informação jornalística’ e entretenimento”.

A liberdade de expressão diz respeito, portanto, a todos os indivíduos da sociedade, enquanto a liberdade de imprensa se refere especificamente ao trabalho dos jornalistas e dos meios de comunicação. Ambas são essenciais para o exercício da cidadania e para a consolidação da democracia.

Todos os anos, jornalistas são mortos em diferentes regiões do mundo, no exercício de suas funções. Pesquisa lançada em maio de 2017 pela organização não-governamental Artigo 19 relata que, em 2016, foram registradas 31 graves violações contra comunicadores em todas as regiões do país. Entre elas, quatro assassinatos, cinco tentativas de assassinatos e 22 ameaças de morte. A pesquisa sobre o tipo do veículo de comunicação para o qual a vítima atuava revela que, em 52% dos casos, o comunicador era vinculado a meios considerados alternativos, como blogs e pequenos jornais impressos, enquanto o número de graves violações registradas em veículos comerciais foi de 42%.

No que diz respeito aos autores das violações, a pesquisa mantém a tendência verificada nos anos anteriores, com a ampla maioria das violações se concentrando em agentes do Estado, como políticos e policiais. Esse foi o perfil identificado em 77% dos casos verificados em 2016. Mesmo assim, em 39% dos casos de graves violações contra comunicadores, não houve a abertura de investigação por parte da polícia. Outros tipos de violência praticados contra os comunicadores, como a censura judicial e perseguição política, também foram identificados. O número de homicídios caiu de oito para dois entre 2015 e 2016, mas o total de agressões subiu para 205 casos, colocando o Brasil como o quinto país no mundo com mais ataques a jornalistas.

A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, denuncia que, além da falta de liberdade de expressão para os jornalistas dentro das empresas em que trabalham, os profissionais estão tendo que lidar também com a violência policial durante a realização dos seus serviços. “Os profissionais estão apanhando nas ruas e isso é gravíssimo, porque nós não podemos falar de democratização da comunicação, não podemos falar de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão, tratando o profissional com violência. Além disso, temos a violência difusa, como nos casos de censura interna nos veículos de comunicação, que são mais difíceis para denunciar justamente porque há um silêncio tácito da categoria em relação aos casos de censura interna”, ponderou durante audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada em julho deste ano.

Na mesma audiência, foi abordado também o tema da perseguição aos profissionais. O vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, Izaías Barbosa de Oliveira relatou a perseguição a um colega de profissão que sequer pode citar o nome de um deputado estadual. Ou seja, ele está impedido de falar o nome do deputado alagoano em qualquer circunstância, não apenas em relação à matéria que produziu. Essa decisão judicial acaba afetando o trabalho do profissional, que cobre exclusivamente a área de política. O caso já foi transitado em julgado no início do ano, ou seja, o jornalista tornou-se um criminoso “perante os olhos da lei por ter feito uma reportagem falando sobre a lentidão do Ministério Público Federal na apuração de um determinado caso”, conforme citado pelo vice-presidente. Casos como esse vêm crescendo em todo o país, principalmente nos estados do eixo Norte-Nordeste, o que evidencia a existência de um coronelismo social na região.

Eduardo GuimarãesAs tentativas sistemáticas de cerceamento ao trabalho dos jornalistas têm provocado temores entre os profissionais. Os jornalistas que atuam na política e que falam sobre as oligarquias ainda existentes no Brasil estão sendo processados rotineiramente. O que, além do desgaste psicológico dos profissionais, causa dificuldades financeiras por conta dos custos dos processos judiciais. Um caso emblemático foi o da condução coercitiva, a pedido do juiz Sérgio Moro, do blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, em março deste ano. Caso claro de privação da liberdade de expressão e tentativa de intimidação, já que o blogueiro havia feito uma representação contra o juiz, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2015. Para Guimarães, essa ação da polícia não é uma tentativa apenas de silenciá-lo, mas calar todos que divergem das posições tomadas pela Justiça.

Outro caso que chamou a atenção foi a condenação da atriz e apresentadora da TV Globo Monica Iozzi, que foi obrigada a pagar R$ 30 mil de indenização para o ministro do STF Gilmar Mendes. O processo foi aberto pelo magistrado após a atriz postar nas suas redes sociais uma crítica contra a decisão do ministro, que concedeu habeas corpus a Roger Abdelmassih, condenado por 58 estupros.

Cultura e liberdade de expressão

QueermuseuUma polêmica iniciada no começo de setembro de 2017 com a exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira”, exibida em Porto Alegre, trouxe para o debate público um assunto muito delicado: alguns setores conservadores querem implementar um sistema de classificação indicativa para museus e exposições. A mostra reunia obras de 85 artistas, incluindo os mundialmente conhecidos Alfredo Volpi e Cândido Portinari, e acabou encerrada um mês antes da previsão pelo Santander Cultural após críticas de grupos religiosos e do Movimento Brasil Livre (MBL), que acusavam a exposição de fazer apologia à pedofilia e à zoofilia. Após essa reação, vários grupos começaram a aparecer em diversos municípios brasileiros questionando outras exposições realizadas.

Desta forma, setores começaram a cobrar dos gestores públicos ações imediatas em relação às exposições, sem debate algum com os demais segmentos da sociedade. Um grande número de projetos de lei apresentados em diversos estados – até o momento são 13 – são um exemplo desta movimentação para limitar e até mesmo censurar a liberdade de expressão em eventos artísticos. O Espírito Santo, por exemplo, aprovou em outubro de 2017 um projeto que proíbe a nudez e a representação de ato sexual em exposições de museus e equipamentos públicos do estado. A proposta foi votada em regime de urgência e ganhou o apoio de quase todos os deputados da casa.

De acordo com o autor, o deputado estadual Euclério Sampaio (PDT), o projeto quer “promover o bem-estar das famílias”. A proibição abrangerá expressões artísticas ou culturais que contenham fotografias, textos, desenhos, pinturas, filmes e vídeos que exponham o ato sexual e a nudez humana, exceto quando a exposição tiver fins “estritamente pedagógicos”. O projeto ainda vai à sanção do governador do estado. Caso sancionada a lei, o descumprimento acarretará em multa. Projetos semelhantes já tramitam no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Muitos países já passaram por situações semelhantes, mas nenhum adotou políticas públicas nas quais o Estado se sobreponha a uma decisão dos pais, tomada a partir das orientações e informações fornecidas pelas instituições e artistas. É o que afirma Isabella Henriques, diretora de advocacy do Instituto Alana. Para ela, os responsáveis pelos espaços de artes devem prestar informações suficientes para a proteção da criança, adotando medidas complementares em auxílio às famílias. Mas são estas que devem tomar suas próprias decisões.

Procurado por alguns representantes de igrejas para tratar do assunto, o ministro da Cultura do Brasil, Sérgio Sá Leitão, defendeu que exposições de arte tivessem uma classificação indicativa, a exemplo do que já acontece nos cinemas e em programas de televisão. Vários especialistas em direitos das crianças e organizações de defesa da liberdade de expressão, entretanto, afirmam que a política de classificação indicativa em vigor no Brasil para o cinema, a televisão e os jogos eletrônicos não é o melhor instrumento para tratar dessa questão. De acordo com a Portaria nº 368/2014, do Ministério da Justiça, exibições ou apresentações ao vivo, abertas ao público, tais como as circenses, teatrais e shows musicais, não são classificados. Idem para os museus.

Na avaliação de Veet Vivarta, consultor de mídia e direitos humanos que participou do processo de elaboração e implementação da política de classificação indicativa no Brasil, reconhecida por organismos internacionais, os critérios usados para definir se um conteúdo audiovisual é recomendado ou não para determinada faixa etária não se aplicariam de forma adequada às artes plásticas. Tampouco caberia ao Estado fiscalizar e definir a classificação de museus. Caso os princípios da classificação indicativa fossem aplicados diretamente a um quadro ou escultura de Michelangelo, por exemplo, poderia ser classificada apenas para maiores de 16 anos.Michelangelo

Especialistas e defensores dos direitos humanos são unânimes ao defender que, no que se refere aos museus, galerias e instituições culturais, é preciso um amplo debate entre os agentes culturais e a sociedade para que sejam criadas regras mais claras e de fato aplicáveis às artes plásticas, sem que se comprometa a livre expressão cultural nem a liberdade de expressão. Em nota publicada, o Intervozes e demais entidades se posicionaram sobre o debate em torno da política de Classificação Indicativa, discutindo as especificidades dos centros culturais e defendendo que qualquer decisão normativa conte com o debate envolvendo a participação dos diversos segmentos da sociedade.

Direitos humanos, liberdade de expressão e internet

Quando a internet surgiu no mundo, estudiosos e academia viram nesta um possível espaço para viabilizar a democratização da comunicação. Essas projeções se demonstraram equivocadas, e a realidade é que a rede mundial de computadores, apesar de seu potencial para difusão da diversidade e pluralidade de ideias, tem se tornado um “curral”, com bolhas que limitam o acesso à comunicação variada. Além disso, a presença e a lógica dos grandes monopólios vêm crescendo na rede. No Brasil, precisamos enfrentar ao mesmo tempo o desafio de defender o caráter livre, aberto e plural e garantir a proteção aos direitos humanos na rede, e paralelamente correr atrás da dívida histórica que relegou metade da população a uma vida offline: apenas 54% da população do país têm acesso à rede doméstica.

O Brasil havia assumido um papel de vanguarda ao criar em 2014, após quase três anos de tramitação na Câmara dos Deputados, a Lei 12.965/14, conhecida popularmente como o Marco Civil da Internet. O texto rege o uso da rede no país, definindo direitos e deveres de usuários e provedores da web. Os três pilares do Marco Civil são a liberdade de expressão, privacidade e neutralidade de rede e a universalização do acesso e da governança participativa na internet. Porém, esses pilares estão constantemente ameaçados por forças conservadoras e por interesses econômicos.

A liberdade de expressão já tem sido atacada na internet com a prática do bloqueio a sites e aplicativos em decisões judiciais de primeira instância, como vinha acontecendo com o Whatsapp. O aplicativo teve seu bloqueio determinado a primeira vez em 2015 por um juiz do Piauí num processo que nem ao menos justificava o motivo. Em 2016 a mesma decisão foi tomada por um juiz do Rio de Janeiro que alegava que a empresa se recusou a cumprir uma decisão judicial para fornecer informações para uma investigação policial, num evidente desequilíbrio entre os direitos da maioria dos usuários e a necessidade de investigação e punição de uma minoria deles. Esses casos continuam sendo debatidos pelo STF, a quem caberá uma decisão final.

Neste mesmo contexto de restrição de direitos, também o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) passa por uma série de ataques, promovidos pelo governo, visando a enfraquecer a participação da sociedade e fortalecer as ações das empresas de telecomunicações. A advogada Flávia Lefèvre, conselheira do CGI.br, alerta sobre a importância de se valorizar o espaço. “Temos que fortalecer os mecanismos de gestão da internet, para que as teles não desmontem a participação que se tem hoje. Neste momento, o envolvimento de todos para o processo de revisão do processo de governança multiparticipativa no Brasil é fundamental para a preservação de direitos humanos, direito à comunicação, direito à informação e dos direitos de consumidores”.

Outros ataques à liberdade vêm acontecendo, como a tentativa de “quebra” da neutralidade de rede, o que geraria uma série de mudanças quanto à forma como nos comunicamos de forma online. As empresas querem discriminar o conteúdo que a sociedade usa. Na teoria, paga menos quem usa menos, e quem usa mais paga mais. Porém, a coisa não seria bem assim. Pode ser gerada uma estratificação da rede. As empresas delimitam pacotes e o consumidor que se limite àquele escolhido, como se fosse uma TV por assinatura. Essa discriminação do acesso a conteúdo na rede vai limitar ainda mais a liberdade de expressão daqueles que têm menos condições.

A entidade Coding Rights mapeou propostas de lei que tratam da internet. “Alguns parlamentares acabam apresentando projetos que, na verdade, acabam é atacando a liberdade de expressão”, frisa a ativista Kimberly Anastacio. Ela cita dois exemplos de falta de conhecimento sobre a rede e de compromisso com o cidadão: o projeto de lei que criava o cadastro nacional de usuário da internet, que previa a necessidade da pessoa “logar” cada vez que fosse acessar a rede, e uma emenda dentro do debate da reforma política que tratava da retirada imediata de conteúdo caso houvesse denúncia de que o mesmo tinha origem em robôs ou anônimos. “Essas tentativas de acabar com problemas na internet, mas sem conversar com quem realmente lida com as tecnologias e está na base, não funcionam e são um atentado à liberdade de expressão”, frisa Kimberly.

Concentração

Por fim, a alta concentração de propriedade no mercado da comunicação impõe uma ameaça à liberdade de expressão no Brasil, como ficou comprovada na pesquisa do Monitoramento da Propriedade de Mídia no Brasil (MOM-Brasil). Nem a tecnologia digital e o crescimento da internet, nem esforços regulatórios ocasionais limitaram a formação de oligopólios também na rede. A propriedade cruzada é, segundo André Pasti, coordenador da pesquisa, uma “dimensão central da concentração na mídia brasileira”, sendo naturalizada pelo sistema de comunicação de massa nacional. O caso do grupo Globo, com seu conglomerado de emissoras de rádio e tevês aberta e fechada, jornais, revistas e sites, é o mais conhecido, mas o modelo se reproduz também entre outros grupos.

Nos últimos anos, a pesquisa do MOM mapeou a propriedade da mídia em dez países, além do Brasil: Colômbia, Peru, Camboja, Filipinas, Gana, Ucrânia, Turquia, Sérvia, Tunísia e Mongólia. O Brasil foi identificado como a nação que apresenta maiores riscos à pluralidade e à liberdade de expressão. Essa avaliação se baseia em dez indicadores sobre concentração para cada um dos quatro setores de mídia (impressos, online, tevê e rádio), incluindo a propriedade cruzada, a falta de transparência na divulgação de dados sobre propriedade e o eventual controle político sobre veículos de mídia.

Para Bia Barbosa, jornalista e coordenadora do Intervozes, a concentração de propriedade dos meios de comunicação impacta significativamente sobre o exercício da liberdade de expressão no país. “O Brasil é um dos países que têm o maior quadro de concentração da propriedade dos meios de comunicação. Não falamos em quantidade de veículos, mas sim que esses veículos estão associados a grupos econômicos e, em muitos casos, a grupos familiares, o que é uma característica do sistema midiático brasileiro”.

No país, há uma legislação muito acanhada para barrar a concentração de propriedade dos meios. E um número pequeno de proprietários equivale a uma menor diversidade de conteúdo, o que restringe a pluralidade de opiniões e a própria liberdade de expressão. Sendo assim, a concentração de propriedade dos meios coloca em risco os fundamentos da democracia. Sempre houve omissão do Estado brasileiro na regulação dos meios de comunicação, assim como quase nunca houve preocupação em garantir aquilo que a Constituição Federal estabeleceu como um princípio: a complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal de comunicação. A liberdade de expressão é exercício de cidadania e qualifica o debate público – e, consequentemente, a própria sociedade. É um direito fundamental, mas, como todo direito, não é um ganho permanente. Assim, em um Estado que enfrenta graves tempos de crise política e de revogação de direitos, o cidadão precisa estar alerta para que também a liberdade de expressão não seja cerceada.

Ramênia Vieira é jornalista, editora do Observatório do Direito à Comunicação  e integrante do Coletivo Intervozes

Em busca do equilíbrio e da promoção de direitos na internet

Painel organizado por Intervozes e Internet Lab reuniu organizações do terceiro setor defensoras de direitos humanos e de uma liberdade de expressão de viés inclusivo

Intervozes e Internet Lab formaram uma parceria para debater direitos humanos nas redes digitais durante o VII Fórum da Internet no Brasil, realizado entre 14 e 17 de novembro no Rio de Janeiro. Denominado Liberdade de expressão e violações de direitos humanos online: uma articulação em busca do equilíbrio e em defesa de uma Internet promotora de direitos, o painel contou com a participação de Nathalie Gazzaneo (Facebook Brasil), Deborah Duprat (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), Elen Geraldes (Escola de App-UnB), Flavia Lefevre (Proteste), Joana Varon (Coding Rights), Larissa da Cruz Santiago (Blogueiras Negras) e Mariana Valente (Internet Lab). Iara Moura foi a moderadora da mesa, representando o Intervozes.

O painel foi organizado na perspectiva de reunir organizações do terceiro setor defensoras de direitos humanos e de uma liberdade de expressão de viés inclusivo, que respeite os direitos de mulheres, negros/as, população LGBT e crianças no mundo virtual, além de representantes de plataformas de Internet (setor privado), do Ministério Público Federal e das universidades. Iara Moura destacou a relevância da agenda para o atual momento histórico do país, em meio a rupturas e violações de direitos fundamentais. Também fez uma referência ao seminário realizado em julho no Conselho Nacional de Direitos Humanos, que reuniu sociedade civil e ativistas em defesa de uma internet livre, durante o qual foi reapresentada a campanha Conecte seus Direitos. A campanha visa uma articulação permanente na busca do equilíbrio entre o direito fundamental à liberdade de expressão e outros direitos humanos, como a privacidade.

Já no painel realizado no Fórum da Internet no Brasil, a Coding Rights lançou o relatório Violências de Gênero na Internet: diagnósticos, soluções e desafios, resultado de uma contribuição conjunta que igualmente contou com a participação do Intervozes. O documento foi enviado à Relatoria Especial da ONU que está mapeando a violência online no país. Joana Varon explicou que, para a produção do relatório, primeiramente foi mapeada a diversidade de casos de violência online que passam posteriormente para o mundo off-line e as tipologias de crimes, para depois ser feito um levantamento sobre o tratamento do assunto pela legislação. O relatório também levanta casos de contas hackeadas, bloqueadas por denúncias coletivas, situações marcadas pelo corrente discurso de ódio e até a invasão de modem na casa de ativistas. Ações estas marcadas pela censura. O relatório pode ser encontrado em https://www.codingrights.org/wp-content/uploads/2017/11/Relatorio_ViolenciaGenero_v061.pdf

A professora Elen Geraldes falou da experiência obtida pelo projeto Escola de App da Universidade de Brasília (UnB) e da importância do empoderamento das meninas nos meios digitais. O projeto de extensão vai às escolas públicas do Distrito Federal para identificar situações de violência online contra meninas e catalogar os tipos de violência praticados, para em seguida estabelecer uma interlocução com os gestores de ensino, medir os impactos das políticas públicas nesta área e pensar novas políticas que possam proteger os grupos sociais mais vulneráveis. Por meio do projeto, também são promovidas oficinas para apropriação tecnológica, nas quais as meninas são “sensibilizadas” a utilizarem as ferramentas sociais e desenvolverem aplicativos que visem romper com alguns dos problemas relatados – daí o nome da iniciativa.

Por sua vez, a representante do Facebook no painel, Nathalie Gazzaneo, apresentou as medidas adotadas pela plataforma a partir das denúncias “verificadas” pela empresa. Nathalie afirmou que há preocupação em entender questões sociais emergentes, além do contexto cultural e local dos usuários da tecnologia, e informou que existem ferramentas para restringir alguns tipos de conteúdo de violações de direitos. Complementou, porém, afirmando que a maior parte do conteúdo postado pelos usuários precisa da ajuda do suporte para a avaliação se de fato se trata de conteúdo ofensivo, atuação esta que ocorreria a partir de denúncias. “Poucas pessoas conhecem o mecanismo de denúncia específico do Messenger. Ele recebe atenção muito grande da plataforma e é especialmente importante nos temas de raça e gênero, pois a maioria das ameaças/insinuações ocorrem por esse canal”, relatou, apontando a questão de gênero como a de maior demanda na América Latina em termos de notificações de violações à privacidade e de mensagens de ódio. As demais painelistas questionaram esse poder de decidir o que retirar do ar e quando nas mãos das plataformas digitais.

Violência de gênero e racismo

Larissa Santiago, do Blogueiras Negras, retratou os problemas enfrentados pelas mulheres negras na vida online, alvo de ataques frequentes desde que passaram a buscar por sua auto-organização nas redes. Muitas vezes, as ativistas sofrem ataques coordenados na internet, que se estendem desde a violência de gênero até o racismo. A reação violenta é tanta que as ativistas definiram por retirar a parte de comentários do blogue, na tentativa de minimizar os impactos que alguns destes comentários estavam causando em algumas delas. Por um tempo, o grupo alimentou um Tumblr na tentativa de constranger os ataques, com mensagens enviadas com ameaças e agressões. O Blogueiras Negras, que chegou a se retirar por um tempo do Facebook, está retornando agora à plataforma para monitorar a ausência de resposta às denúncias de violações de direitos e para buscar um processo mais transparente em relação às denúncias das quais o próprio grupo era alvo. “O lado de lá já entendeu muito bem como funciona e sempre que querem derrubam as páginas das mulheres negras, mesmo que não exista nenhuma atitude considerada fora ‘dos padrões’ aceitos pelas plataformas”, apontou.

Sobre este aspecto, a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, destacou que vivemos uma disputa histórica na sociedade brasileira pelo espaço público, estando a internet dentro deste contexto. Para ela, há uma disputa assimétrica neste ambiente. “Se alguém for calado, somos nós, as mulheres, os negros, transexuais, LGBTs, enfim, os segmentos historicamente violentados pelo setor hegemônico da sociedade”, enfatizou. Deborah reconhece a internet como um espaço estrategicamente interessante para potencializar as lutas emancipatórias, principalmente pela sua capacidade de aproximar histórias e lutas. Ela reforça que a gestão da internet não deve ser privada e sim pública. “Temos que ter muito cuidado com essas ferramentas que as próprias empresas oferecem. Por outro lado, precisamos transformar o nosso modo de ocupar as redes”, afirmou.

Governança multissetorial e Solução em Múltiplas Camadas

Flávia Lefèvre, da Proteste – Associação de Consumidores, defendeu a importância de se preservar a governança multissetorial da internet para a garantia de direitos humanos fundamentais. “A forma tradicional de regulação, marcada pelo viés econômico, dificilmente tem condições de dar respostas rápidas para as violações que acontecem na rede. Hoje temos por volta de 300 projetos de lei para alterar e restringir direitos que já foram assegurados pelo Marco Civil da Internet”, apontou Flávia. Ela cita como exemplo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos, que passou a colocar em risco direitos como a privacidade e a liberdade de expressão. “Quisemos trazer o tema da governança multissetorial para o Fórum da Internet no Brasil a fim de democratizar o debate, defendendo o caráter multiparticipativo do Comitê Gestor da Internet (CGI.br). O CGI existe desde 1995. Foi revisto em 2003, por meio do Decreto 4.829/2003. Agora estamos entrando numa nova revisão. Para preservar o caráter multisetorial da governança, precisamos da participação de todos”, enfatizou Flávia.

Nesta direção, Mariana Giogetti Valente, do Internet Lab, destacou a suposta dicotomia existente entre os temas da violação de direitos humanos e da liberdade de expressão. “Quando tem violência, a gente está limitando a liberdade de expressão. Não podemos falar de uma solução por uma via apenas. Devemos enfrentar o problema da violência em múltiplas camadas”, ponderou. Ela lembrou uma avaliação do Internet Lab sobre estratégias jurídicas para combater o vazamento de imagens íntimas, o chamado revenge porn, durante a qual foram feitos estudos de caso com escolas cujos alunos mantinham listas de as “10 mais vadias”. “Ocorreram suicídios nesses bairros por conta dessas listas. Entramos em contato com coletivos feministas e perguntamos sobre o endurecimento da lei para tratar desses casos. A maioria respondeu que o caminho não era polícia, que estavam tentando chamar audiência para discutir políticas de educação e saúde”, lembrou Mariana, antes de completar: “Nesse contexto de múltiplas camadas, o diálogo com o setor privado é importante, mas deve ser feito com cuidado. Há uma demanda grande da sociedade de civil. Que liberdade de expressão existe em alguém disseminar uma foto sem minha autorização? A postura adotada pela plataforma tem um papel central e faz diferença na vida de uma pessoa que sofreu violência online”.

Por Ramênia Vieira – Repórter do Observatório do Direito à Comunicação 

Movimentos e ativistas seguem reflexões sobre direitos e liberdades na atual conjuntura

Confira algumas das atividades da Semana pela Democratização da Comunicação já realizadas no CE e RJ

As atividades da Semana Nacional pela Democratização da Comunicação seguem nos estados. No Ceará, por exemplo, nesta quinta-feira, dia 19, ocorreu uma roda de conversa para reflexão sobre estes “tempos de afirmação do conservadorismo e o impacto sobre a expressão do pensamento político, do exercício do direito à comunicação e a liberdade cultural e artística” no Brasil. Realizada em Fortaleza, a conversa reuniu comunicadores, jornalistas e movimentos populares e culturais.

CERaquel Dantas, integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, diz que a atividade foi “muito rica” em termos de ideias. “Saímos desta conversa com a missão de aproximar os movimentos populares de arte, cultura e comunicação, jornalistas e classe artística, na tentativa de construir um conjunto de pessoas capaz de desconstruir o discurso de ódio, violência, intolerância e das censuras”, avaliou Raquel, lembrando que, no dia anterior, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) debateu durante plenária sobre o direito à comunicação. Para as lideranças do movimento, a luta pela democratização da terra passa também pela democratização dos meios de comunicação e pela disputa de narrativas.

No Rio de Janeiro, o Clube de Engenharia promoveu, no dia 17, um debate sobre “Marco Civil da Internet, a política de banda larga no Brasil, proteção de dados e o poder do capital financeiro na internet”. O público da atividade foi bastante diverso e representativo, incluindo desde militantes da área de comunicação, sindicatos e estudantes até engenheiros e parlamentares.

RJATONa quarta-feira, dia 18, a FaleRio/FNDC, com o apoio de entidades da Frente Brasil Popular, realizou um ato público simbólico na Cinelândia com o título “Democratizar a Comunicação para Democratizar o Brasil”. Reunindo mais de 100 ativistas de entidades e coletivos, parlamentares e cidadãos, foram distribuídos na atividade cerca de mil panfletos com mensagens diretas e simples em defesa da liberdade de expressão. A intenção era abrir diálogo com a população que transitava pela praça. Temas como apoio às mídias populares e alternativas; combate ao monopólio (Abaixo a Rede Globo!); regulação da mídia; censura; internet com banda larga para todos; privacidade, liberdade e neutralidade; manipulação da informação e campanha Calar, Jamais! embasaram estas conversas.

Além de representantes de sindicatos, partidos políticos e entidades integrantes do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), se fizeram presentes a ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda, músicos e atores dos coletivos CultiMídia e Tropa de Palhaços de Quinta, coordenado pelo ator Paulo Pizarro. Portanto, a atividade foi animada com esquetes teatrais, músicas e poesias.

RJMulheresUma “Roda de Conversa sobre Violência de Gênero na Internet” fechou a noite. A atividade programada pelo Intervozes contou com a participação de várias mulheres, que compartilharam suas avaliações sobre os problemas enfrentados na rede e sobre alternativas possíveis para que sejam inibidos mais casos de violências. Pesquisadoras, ativistas e mulheres que já sofreram violência na internet dialogaram sobre a cultura de violência de gênero, o aumento do número de casos por meio da internet e a sensação de impunidade em relação àqueles que cometem a violência.

Iara Moura, conselheira consultiva do Intervozes, apresentou na roda de conversa o primeiro vídeo da campanha Conecte seus Direitos, convidando ao final as pessoas presentes para que se somem ao projeto. O objetivo aqui é avançar para uma agenda criativa de articulações permanentes que contenham em seu bojo a busca por um equilíbrio entre vários direitos, incluindo a liberdade de expressão, a ação de minorias políticas e a privacidade, entre outros. “A campanha Conecte seus Direitos surge nesse intuito de reunir articulações e atores envolvidos com essa agenda, assim como os movimentos de mulheres”, relatou Iara.

Após a exibição do vídeo, Manu Justo, socióloga e fotógrafa, falou sobre a censura que sofreu por parte da plataforma Facebook. Manu conta que fez uma arte para convidar as pessoas a conhecerem o projeto Puta Que Pariu, uma exposição sobre mães e sexualidade. Manu relata que sua foto foi censurada quase que instantaneamente. “Não foi uma denúncia à plataforma. O que aconteceu foi provocado por um robô, que provavelmente cruzou alguns dados e definiu que deveria bloquear aquela publicação”, lamentou.

Laura Ralola, da Coletiva Sapa Roxa, narrou um episódio que ocorreu na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), onde um grupo de pessoas postou na página da universidade que “não iria tolerar os gays falando sobre suas vidas” no restaurante universitário. A atitude despertou a reação da comunidade LGBTT da UFOP, que se organizou e ocupou o restaurante. “Os machistas/homofóbicos não tiveram onde sentar quando chegaram”, declarou Laura.

Segundo Jhessica Reia, pesquisadora e líder de projeto do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS/FGV), a violência não começa nem termina na internet. “Esta relação entre as redes e o que acontece no mundo real é muito concreta”, aponta, lembrando que a conexão entre a violência de gênero na sociedade e como ela é amplificada com base na ilusão de um “anonimato” na rede é um tema estudado em todo o mundo.

Joana Varon, da Coding Rights, por sua vez, apresentou alguns dados coletados para serem apresentados à ONU Mulheres, os quais demonstram que as violências que acontecem na internet podem ser enquadradas em várias categorias, algumas delas indicadas criminalmente. Sendo assim, não seria preciso fazer mais nenhuma ação, pois um crime foi praticado e seu(s) autor(es) deve(m) ser responsabilizado(s). Porém, o próprio acesso à Justiça é dificultado nos casos de violência de gênero.

Joana explicou também que ferramentas como o Facebook não foram criadas para serem democráticas, mas uma vez estando na rede, é preciso pelo menos garantir que espaços como esse não sejam tão antidemocráticos.

Oona Castro, integrante do Intervozes, destacou a tentativa da Globo de se colocar em uma posição de suposta vanguarda em alguns assuntos relacionados a direitos humanos e diversidade, e como os debates sobre violência têm sido atacados por forças de extrema direita na rede. “A luta pelos direitos humanos e pelo respeito à diversidade e às mulheres está cada vez mais perdendo espaço para o discurso de ódio na internet”, denunciou.

O debate sobre a luta pelos direitos humanos e o que acontece na internet segue com a campanha Conecte seus Direitos. Conheça!

Por Ramênia Vieira – Repórter do Observatório do Direito à Comunicação

Em defesa de uma comunicação democrática e dos direitos conquistados

Confira algumas das atividades da Semana Nacional pela Democratização da Comunicação já realizadas em SP, MG, BA e PE

As entidades que integram o Fórum Nacional pela Democratização (FNDC) e organizações parceiras estão com uma programação intensa na Semana Nacionalançamcalarjamaisl pela Democratização da Comunicação 2017. Muitas atividades já foram realizadas, mas há outras tantas ainda por vir. Entre as agendas já cumpridas, esteve o lançamento nacional do relatório “Calar Jamais! – Um ano de denúncias contra violações à liberdade de expressão”, em Salvador (Bahia).

São Paulo foi a cidade a dar o pontapé inicial às atividades no domingo, dia 15, com um ato sobre comunicação e democracia e distribuição de panfletos na Avenida Paulista. A intenção era dialogar com a sociedade sobre liberdade de expressão. Na segunda-feira, dia 16, ocorreu um debate sobre democratização da comunicação na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com apoio do Centro Acadêmico Lupe Contrim (CALC).

Ainda no dia 16, foi realizada a abertura do ciclo de debates promovido pelo Barão de Itararé, para a reflexão sobre o papel da mídia na crise política pela qual passa o país. A jornalista Eleonora de Lucena e os jornalistas Rodrigo Vianna e Inácio Carvalho participaram da mesa. Ao longo do bate-papo, foi traçado um panorama histórico da atuação da mídia monopolista no Brasil, a fim de analisar o papel desses atores no golpe político que alçou Michel Temer à cadeira presidencial em 2016. Também foram discutidos caminhos e os desafios para superar a hegemonia de um monopólio que atenta, historicamente, contra a democracia.

Na terça, dia 17, o Barão promoveu a atividade “Como (e porque) a imprensa, ignorando números e indicadores, passou do terrorismo midiático sobre a economia durante o governo Dilma Rousseff para um inabalável otimismo após a sua destituição?”. O tema foi debatido por Leda Paulani, professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP); Marilane Teixeira, economista e pesquisadora do CESIT/IE-Unicamp, e Marcio Pochmann, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e presidente da Fundação Perseu Abramo.

SPFMU“Quem governa a rede? Com quais interesses e com quais consequências? Será que somos mesmo livres para acessar conteúdo? Sua privacidade está garantida?”. Esses são alguns dos temas levantados pelo documentário Freenet, que foi exibido e debatido nesta quarta-feira, dia 18, nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU-SP). O documentário questiona “quais direitos humanos são desrespeitados quando a estrutura democrática da internet é ameaçada?” e “quem garante o direito de todos os cidadãos a uma conexão rápida e de baixo custo?”.

O tema gerou muito debate na faculdade, pois trouxe algumas questões fundamentais sobre direitos humanos que, no geral, são pouco abordadas pelos usuários da internet. O documentário foi apresentado por Pedro Ekman, diretor e roteirista do documentário, que é uma realização de quatro entidades brasileiras comprometidas com o debate sobre liberdade e defesa de direitos na rede: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (CTS/FGV), Instituto Nupef e Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação.

Ana Milke, da coordenação executiva do Intervozes avalia que em São Paulo a Semana DemoCom tem sido muito boa até o momento. “Conseguimos articular as atividades de diferentes organizações e universidades o que trouxe uma amplitude de parcerias. Estamos também conseguindo colocar na rua o que foi produzido nesse processo e integrar mais pessoas ao debate principalmente dos mais jovens”, destacou.

Ela reforça que a pauta da democratização dos meios de comunicação no Brasil tem se aprofundado principalmente com as violações da liberdade de expressão que tem ocorrido nos últimos tempos. “Essas violações tem se potencializado a partir de 2016 com o golpe. A semana serve um pouco para gente dialogar sobre esses temas e apontar para a sociedade que essas violações estão acontecendo não são naturais. E que é preciso garantir esse direito”, finaliza. 

intervençãoMG_jornalistaslivresEm Belo Horizonte (Minas Gerais), além de receber o lançamento oficial do relatório Calar Jamais, a Ocupação Carolina de Jesus recebeu uma sessão comentada do filme “Intervenção – Amor não quer dizer grande coisa”, com a presença de Gustavo Aranda, diretor do filme e membro da organização Jornalistas Livres, e de Poliana Souza, dirigente nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), e mediação de Caio Santos, também da Jornalistas Livres. O filme faz questionamentos sobre a conjuntura atual do país, fazendo recortes do caminho percorrido até o golpe e também a respeito do momento pós-golpe de Estado.

Salvador, que recebeu o lançamento nacional do relatório da Calar Jamais, também realizou, no dia 16, uma roda de diálogo sobre a Democratização da Comunicação, com exibição do documentário “Júlio quer saber”. Participaram Alex Hercog e Pedro Vilaça, ambos do Intervozes. O documentário foi produzido pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e dirigido por Pedro Ekman (Molotov Filmes), promovendo uma reflexão sobre a democratização da comunicação no Brasil a partir da experiência de aprovação da Ley de Medios argentina. O curta observa os desafios enfrentados pelos argentinos durante o processo de implantação da lei e busca promover a reflexão sobre o tema no Brasil.uefs

Nesta quarta-feira, dia 18, foi a vez da TV pública da Bahia receber o debate sobre a Democratização da Comunicação. A TVE-BA elaborou um programa com participação de Alex Hercog, Dina Lopes (TV Kirimurê/Canal da Cidadania), Robinson Almeida (deputado federal) e Ney Bandeira (TV Aratu), um momento importante para a reflexão sobre a responsabilidade das emissoras de comunicação pública na difusão de debates deste tipo.

Já na cidade de Recife (Pernambuco), no dia 16, foram realizados o lançamento do documentário Direitos Violados, produzido por estudantes vinculados ao Observatório de Mídia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e uma roda de diálogo sobre o papel dos observatórios de mídia. Estiveram presentes os produtores do vídeo Ivson Henrique e Lais Rilda, integrantes do Observatório de Mídia da UFPE, os professores Ana Veloso (UFPE-Recife), Diego Gouveia (UFPE-Caruaru), Vlaudimir Salvador e Andrea Trigueiro (Universidade Católica de Pernambuco – Unicap). Para debater o tema mídia e direitos humanos, o documentário ouve pesquisadores como Pedrinho Guareschi, Aline Lucena e Thaís Ladeira, além de militantes do campo da democratização da comunicação, como Renata Miele, do FNDC, Denise Viola, da AMARC, e Iara Moura, do Coletivo Intervozes. Em breve, ele estará disponível na rede.

RecifeNo dia 17, uma reunião pública na Câmara de Vereadores de Recife foi organizada com o tema “O Papel do Município do Recife na construção da Comunicação Comunitária”. A atividade abordou as rádios e demais instrumentos de comunicação comunitária que produzem e promovem a democratização da comunicação na cidade, porém não recebem nenhum apoio da gestão municipal.

“Numa democracia, todas as pessoas deveriam ter o direito de dizer o que quiserem, através dos canais que forem necessários. Seja no rádio, no jornal, na internet ou na televisão. É, portanto, dever do Estado garantir que todos tenham acesso a esse direito, e as gestões municipais têm também sua parcela de responsabilidade”, destacou Renato Feitosa, do Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom), reforçando que as prefeituras deveriam elaborar políticas que garantam o acesso à internet, apoiar a comunicação popular e comunitária e se responsabilizar pela estruturação de um sistema público de comunicação.

Aguarde que ainda traremos outras informações sobre o que já rolou nos demais estados.

Por Ramênia Vieira, repórter do Observatório do Direito à Comunicação

FNDC lança relatório da campanha Calar Jamais! na Semana pela Democratização da Comunicação

Semana denuncia violações à liberdade de expressão e dá visibilidade ao tema da Democratização da Comunicação. Em um ano, Brasil registra mais de 70 casos de violações de liberdade de expressão, de acordo com o relatório

O Fórum Nacional pela Democratização (FNDC) lançou ontem, dia 17, em Salvador-BA, o relatório da campanha Calar Jamais! que completou um ano desde seu lançamento. A publicação traz o balanço das violações à liberdade de expressão registradas ao longo desse período e faz parte das atividades da Semana Nacional pela Democratização da Comunicação 2017.

O relatório “Calar Jamais! – Um ano de denúncias contra violações à liberdade de expressão”, está organizado em sete categorias: 1) Violações contra jornalistas, comunicadores sociais e meios de comunicação; 2) Censura a manifestações artísticas; 3) Cerceamento a servidores públicos; 4) Repressão a protestos, manifestações, movimentos sociais e organizações políticas; 5) Repressão e censura nas escolas; 6) Censura nas redes sociais; e 7) Desmonte da comunicação pública.

De acordo com o FNDC o conjunto das violações relatados comprovam “que práticas de cerceamento à liberdade de expressão que, já ocorriam no Brasil – por exemplo, em episódios constantes de violência a comunicadores e repressão às rádios comunitárias –, encontraram um ambiente propício para se multiplicar após a chegada de Michel Temer ao poder, por meio de um golpe parlamentar-jurídico-midiático, que resultou na multiplicação de protestos contra as medidas adotadas pelo governo federal e pelo Congresso Nacional”.

Segundo Renata Mielli, coordenadora geral do Fórum  ao todo foram registradas 72 denúncias no relatório. “Já temos novas denúncias que não tivemos tempo de incluir no relatório. E são denúncias de várias ordens, porque a liberdade de expressão ela é um guarda-chuva bem amplo, desde o direito e a liberdade expressão de comunicadores e jornalistas no exercício da sua profissão, a repressão às manifestações e protestos que vem aumentando e até a censura a servidores públicos que passou acontecer muito depois do golpe”, declarou em entrevista à rede TVT.

Semana Nacional pela Democratização da Comunicação

No dia 17 de outubro é celebrado o Dia Nacional de Luta pela Democratização da Comunicação e justamente para dar à luta pela democratização da comunicação a dimensão e a visibilidade que deve ter na sociedade brasileira, desde 2003 tem sido articulada a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação. A iniciativa busca unificar esforços de vários setores da sociedade – estudantes, profissionais, sindicatos, organizações culturais, entidades, etc. – e fortalecer a luta por mudanças estruturais que sejam capazes de dar um novo sentido aos meios de comunicação no País.

No Brasil, a história dos meios de comunicação é marcada pela concentração da propriedade em poucos grupos econômicos, que detêm o monopólio do debate público. Um monopólio a serviço de uma elite econômica e que não tem compromisso com o interesse público e que segue reproduzindo um pensamento único, fortalecendo preconceito e discriminação, veiculando um discurso de ódio social e político.

Para Ana Mielke, coordenadora executiva do Intervozes, é preciso fazer da Semana Nacional pela Democratização da Comunicação um momento para se refletir em relação à garantia dos direitos. “É fundamental e necessário para se garantir a democracia no país que se garanta a liberdade de expressão. Sem liberdade de pensamento, sem liberdade de manifestação política é impossível garantir um estado democrático. E é isso está em jogo nesse momento no Brasil”, alertou.

A Semana Nacional pela Democratização da Comunicação 2017, que começou no dia 15, com uma atividade lúdico/política com distribuição de panfletos e diálogos sobre liberdade de expressão, na Avenida Paulista, em São Paulo, segue até o dia 21 de outubro, e esse ano tem como tema central as denúncias de violações à liberdade de expressão em curso no Brasil.

Confira a programação atualizada:

Bahia

19/10 – quinta-feira, às 10h

Roda de Diálogo “Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação em Tempos de Ódio”. Participação de Donminique Azevedo (Coletivo Cacos) e Elizete Silva, professora da UEFS.

Local: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Realização: Curso de História e TV Olhos D’água/ UEFS.

20/10 – sexta-feira

Evento: Programa On Line “Ao Vivo com as Pretas”, com o tema “Debatendo a Representatividade na Mídia”.

Local: www.facebook.com/OdaraInstitutoDaMulherNegra

Realização: Odara – Instituto da Mulher Negra.

21/10 – sábado, às  15h

Evento: Roda de Diálogo “A importância da Comunicação Comunitária no processo de democratização”, com participação de Pola Ribeiro (ex-diretor do IRDEB), Sílvio Humberto (vereador), Dina Lopes (TV Kirimurê) e Nilton Lopes (CIPÓ – Comunicação Interativa).

Local: TV Kirimurê. Rua Engenheiro Milton de Oliveira, 20, Barra.

Realização: TV Kirimurê, Canal da Cidadania.

Ceará

19/10 – quinta-feira, às 19h

Roda de conversa – aberta, livre e plural – para refletirmos sobre tempos de afirmação do conservadorismo e o impacto sobre a expressão do pensamento político, do exercício do direito à comunicação e a liberdade cultural e artística.

Zineteca de Fortaleza – Intervozes – Nigéria – Aparecidos Políticos – Servilost

Local: Pátio Interno do Curso de História do Centro de Humanidades II (Av. da Universidade, 2762 – Benfica/Fortaleza)

Distrito Federal

19/10  – quinta-feira, das 17h às 19h

Atividade CACOM Semana FAC que Queremos
Assembleia “Mídias da UnB e liberdade de expressão e manifestação na Universidade”
Local:  Prainha da FAC ou auditório FAC – campus Darcy Ribeiro – UnB

19h30

Desafios da Internet: acesso, neutralidade, privacidade e liberdade de expressão
Kimberly Anastacio – Coding Rights;
Sivaldo Pereira – FAC/UnB
Marcos Urupá – Intervozes
Jonas Valente – Coalizão Direitos na Rede
Local: Café Objeto Encontrado (SQN 102, Bl. B)

21/10 – sábado, às 15h

Roda de conversa sobre Estado de Exceção e Liberdade de Expressão no Brasil
Local: Feira da Torre de TV (tenda branca que fica entre as praças de alimentação)

Minas Gerais

Belo Horizonte

18/10 – quarta-feira, às 16h

Oficina de DeepWeb e práticas de segurança na internet, oferecida pelo Movimento Pirata Minas Gerais

Local: DCE da PUC-Minas, Prédio 21 da PUC Minas, Avenida Dom José Gaspar, 500 (Coração Eucarístico)

Descrição: Formação prática à segurança web com João Moreno, estudante de Engenharia Elétrica, especialista em software livre, hardware livre, criptografia e segurança digital. Faz parte do laboratório INSCRYPT (Information Security Cryptography, Privacy and Transparency) da UFMG, onde são estudados e desenvolvidos protocolos e sistemas cryptográficos.

19/10 – quinta-feira, às 13h

Ato público de rua: Pelo Direito à Comunicação em Minas Gerais!

Local: Praça da Liberdade

Descrição: atividades em dialogo com a sociedade em torno da importância da defesa do direito à comunicação e entrega do bolo de 1 ano ao Governador por promessas não cumpridas na comunicação pública.

20/10  – sexta-feira, às 14h

Seminário “Os silenciamentos da mídia”, organizado pelo Grupo de Estudos em Mídia e Discurso (MíD) da PUC Minas e FNDC

Local: Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Avenida Alvares Cabral, 400 (Centro)

Convidada/os:

Angela Carrato (jornalista, professora da UFMG)

Danielle Sarah Oliveira (estudante secundarista)

Eliara Santana (jornalista, doutoranda em Análise do Discurso, PPGL PUC Minas, e bolsista CAPES)

mediador: Robson Sávio (professor da PUC Minas, membro da Comissão da Verdade)

21/10 – sábado, às 9h30

“Conversa com o FNDC” no Seminário de movimentos sociais do curso de Serviço Social PUC Minas

Local: Sala 216 prédio 47 PUC Minas, ICS instituto de ciências sociais. Avenida Dom José Gaspar, 500, (Coração Eucarístico)

Descrição: Palestra com Florence Poznanski, secretária geral do comitê FNDC-MG

14h

Roda de Conversa “Web, Mídia e resistência: pelo fim de todos os latifúndios”

Horário: 14hs

Local: a confirmar

Descrição: Mesa de abertura da Plenária Estadual do FNDC-MG aberta ao público. A proposta da roda é contextualizar os desafios atuais da luta pela mídia democrática e para preservação de uma Internet livre.

Convidadas/os:

Margarida Salomão, Deputada Federal (PT/MG)

Aurea Carolina e/ou Cida Falabella, Vereadoras em Belo Horizonte (PSOL)

Um/a representante do movimento hacktivista (aguardar confirmação)

22/10 – domingo 9h

20° Plenária Estadual do FNDC-MG

Local: Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Avenida Alvares Cabral, 400 (Centro)

Descrição: Reunião das entidades membros do FNDC-MG para realização do balanço da atual coordenação, definição do plano estratégico para os próximos 2 anos e eleição da nova coordenação.

Formulário de inscrição: https://goo.gl/forms/pFqD4CaYv1kIHcqu1

São João Del Rei

20/10  – sexta-feira, às 16h

cine-debate (ainda sem nome oficial)

Local: a confirmar

Descrição: exibição de filme documentário e debate sobre a falta de participação/protagonismo popular na comunicação. Organizado pelos Projetos de extensão da UFSJ: Jornal Delas e Voz do Morro.

Paraíba

Campina Grande

19/10 – Quinta-feira, às 20h

Mesa redonda Enecos e Intervozes

Local: Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Pernambuco

18/10 – quarta-feira, às 8h

Audiência Pública do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) sobre violações de direitos humanos pela TV Jornal, Folha de Pernambuco e Rádio Globo. Local: MPPE, Rua Visconde de Suassuna, Boa vista.

18h

Lançamento do documentário Direitos Violados, dos estudantes do Observatório de Mídia da UFPE + roda de diálogo sobre o papel dos observatórios de mídia.

Local: Unicap.

19/10 – quinta-feira, às 9h

Oficina de Leitura Crítica da Mídia do Observatório de Mídia da UFPE.

Local: Centro de Artes e Comunicação, Sala 20, UFPE.

20/10 – sexta-feira, às 16h

Roda de diálogo sobre Direito à Comunicação com batucada da Marcha Mundial das Mulheres.

Local: Edf. PE – Sexto andar. *Para mulheres e companheiras da MMM.

18h

Ato de Rua – Impacto das Reformas Trabalhistas e da Previdência na vida das mulheres (Fopecom/Marcha Mundial das Mulheres)

23/10 – segunda-feira, às 14h

Audiência Público do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) sobre violações de direitos humanos pelo Jornal Aqui PE.

Local: MPPE, Rua Visconde de Suassuna, Boa vista.

Rio de Janeiro

18/10, quarta-feira, das 16h às 19h

Audiência Pública aberta, na Cinelândia, junto com as Frentes Parlamentares (Municipal Rio e Estadual), com atividades culturais (esquete de teatro, músicas, poesia, exposição) e microfone aberto.

Das 19h às 21h

Audiência pública sobre ‘fomento para mídias populares e alternativas’, em Niterói, iniciativa do mandato do Vereador Leonardo Giordano (PCdoB), com o Franklin Martins como um dos debatedores.

Das 19h30 às 21h30

Roda de Conversa: Violência de Gênero na Internet

-Joana Varon (Coding Rights)

-Manu Justo (Feminista, socióloga e fotógrafa. Mentora do projeto Puta Que Pariu. Conheça aqui: Manu Justo Fotografia)

-Jhessica Reia (Pesquisadora e líder de projeto do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS/FGV)

-Julia Boardman (jornalista)

– Iara Moura e Oona Castro (Intervozes)

19/10 – quinta-feira

Atividade em conjunto com o coletivo ‘A Esquerda na Praça’ (detalhes a serem fechados)

São Paulo

18/10 – quarta-feira, às 19 horas

Debate “A imprensa e a badalada recuperação a economia”, com Leda Paulani, Marilane Teixeira e Marcio Pochmann. Ciclo de Debates no Barão de Itararé.
Local: Rego Freitas, 454, 8ª andar, República.

20/10 – sexta-feira, às 19h

“Os efeitos da midiática operação Lava Jato”, com Eugênio Aragão, Paulo Moreira Leite e Valeska Zanin. Ciclo de Debates no Barão de Itararé.
Local: Rego Freitas, 454, 8ª andar, República.

21/10 – sábado, às 9h30

Seminário “Jornalistas e os impactos da reforma trabalhista”. no Auditório Vladimir Herzog, em São Paulo. O encontro é promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP).
Local: Rua Rêgo de Freitas, 530, República.

Rio Grande do Sul

O Comitê Gaúcho do FNDC definiu que realizará nos próximos dias 27 e 28 de outubro o 1º Encontro Gaúcho pelo Direito à Comunicação (EGDC), com o apoio da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O EGDC será realizado nas dependências da Fabico da UFRGS, na Avenida Ramiro Barcelos, 2705, no bairro Santana, em Porto Alegre.

As inscrições serão gratuitas e já se encontram abertas, através do preenchimento de formulário online, informando nome, e-mail, profissão e entidade/movimento, e escolhendo um dos quatro painéis temáticos para participação.

Acesse: https://docs.google.com/…/1FAIpQLSeJUFQvkFM5r3TBj…/viewform…

Sexta – 27 de outubro

18h – Abertura: Comitê Gaúcho do FNDC e Fabico-Ufrgs

18h30 – Depoimentos de violações à liberdade de expressão

19h15 às 21h30 – Painel: O papel da mídia na construção do golpe

Christa Berger – professora da UFRGS

Moisés Mendes – jornalista

Benedito Tadeu César – cientista político e professor aposentado da UFRGS

Sábado – 28 de outubro

9h30 às 12h30 – Painel: Alternativas para a democratização da comunicação

Renata Mielli – jornalista e coordenadora nacional do FNDC

Neusa Ribeiro – professora aposentada da Feevale

Marco Aurélio Weissheimer – repórter do Sul21

Pedro Osório – jornalista e professor da Unisinos

14h às 16h – Painéis temáticos

  1. Desafios da comunicação comunitária e alternativa

Ilza Girardi – professora e vice-diretora da Fabico da UFRGS

Guilherme Fernandes de Oliveira – repórter da TVT

Luís Eduardo Gomes – jornalista do Sul21

Rosina Duarte – jornalista do jornal Boca de Rua

  1. A mídia e a luta contra o racismo e a discriminação de gênero

Vera Daisy Barcellos – presidenta da Comissão Nacional de Ética da Fenaj

Sandra de Deus – jornalista e professora da UFRGS

Télia Negrão – jornalista e ex-coordenadora do Coletivo Feminino Plural

  1. O monopólio da mídia e o ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários

Claudir Nespolo – presidente da CUT-RS

Guiomar Vidor – presidente da CTB-RS

Antonio Carlos Porto Jr – advogado trabalhista

  1. O desmonte da comunicação pública

Maria Helena Weber – professora da UFRGS

José Roberto Garcez – jornalista e ex-presidente da Fundação Piratini

Cristina Charão – jornalista da TVE

16h – Plenária Estadual do FNDC

18h – Encerramento

Participe da Semana DemoCom!

Por Ramênia Vieira – Repórter do Observatório do Direito à Comunicação