Produtoras faturam com a nova lei de TV por assinatura

Quatro meses após ter entrado em vigor, a lei de TV por assinatura (12.485) – que obriga os canais a veicular, durante o horário nobre, três horas e meia por semana de conteúdo produzido no Brasil – tem aumentado a receita das produtoras, que estão sendo procuradas pelas emissoras para importar formatos de programas de grande sucesso no mundo.

A Endemol Globo, joint venture entre a TV Globo e a Endemol Internacional, é uma das que perceberam esta movimentação no mercado. Diante disso a empresa está desenvolvendo novas adaptações para atender esta demanda.

"A Endemol possui mais de 2 mil formatos no seu catálogo e está sempre em processo de criação", disse a diretora da Endemol Globo, Monica Athayde.

A saída tem sido adotada pelo canal GNT, dos canais Globosat, que lançou a série "Sessão de Terapia". Originalmente israelense, o programa também foi adaptado para a HBO norte-americana. Em cada episódio é tratada a história de um personagem com o seu terapeuta. Aqui no Brasil, dirigida por Selton Mello, a série tornou-se um fenômeno no horário nobre.

Enquanto as adaptações não saem do forno, há aquelas que buscam soluções caseiras. Caso da Sony Entertainment, por exemplo, que veicula filmes nacionais como "Cazuza" e "Dois Filhos de Francisco".

Para o diretor de conteúdo da Fox International Channels Brasil, Marcello Braga, a medida é interessante, mas comete algumas falhas. "A lei estabelece uma mudança quantitativa e não qualitativa. Ou seja, não favorece a ficção na TV, que são formatos mais caros para produzir", avaliou Braga.

Para o presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (BATA), Oscar Simões,as empresas do setor têm feito um grande esforço para o cumprimento dos prazo e o atendimento das obrigações.

"O que se percebe também é uma preocupação em realizar as adaptações necessárias e sem impactar de forma negativa os assinantes", contou.

Ainda de acordo com o diretor da Fox aqui no Brasil, a empresa está investindo cada vez mais capital em produções nacionais. "Antes mesmo da lei, a Fox teve a iniciativa de fazer a série 9 MM", contou Braga.

Do mesmo grupo, a National Geographic Channel também entrou na onda das produções brasileiras. Foi lançado o Missão Pet, no qual um especialista em comportamento animal dá dicas para o telespectador se relacionar com o seu animal de estimação. "Estamos estudando novos projetos em parceria para trazer e produzir aqui no Brasil", completou Braga.

Proposta revoga portaria sobre radiodifusão comunitária

Redação – Observatório do Direito à Comunicação

Tramita na Câmara o Projeto de Decreto Legislativo 782/12, do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que revoga a Portaria 462/11, do Ministério das Comunicações. A portaria estabelece procedimentos e critérios para a concessão de emissoras de rádio comunitárias.

De acordo com Faria de Sá, a medida não pode continuar em vigor porque desrespeita a hierarquia legislativa, ao alterar a Lei 9.612/98, que institui os serviços de radiodifusão comunitária, além de prever os critérios de habilitação e concessão desses serviços.

Segundo Jerry de Oliveira, da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias de São Paulo (ABRAÇO-SP), a portaria é "um dos principais obstáculos à liberdade de expressão" das rádios comunitáriasno país". Arthur William, da Associação Mundial de Rádios Comunitárias no Brasil complementa dizendo que "a portaria é um aprofundamento dos piores pontos da lei, que é uma lei ruim para as rádios comunitárias, feita no momento de maior criminalização dos movimentos sociais do governo FHC".

O projeto será analisado pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (inclusive em relação ao mérito). Depois, será votado pelo Plenário.

Com informações da Agência Câmara

Entidades vão ao STJ questionar cobrança de direitos autorais às rádios comunitárias

Redação – Amarc Brasil

A seção brasileira da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) e a organização Artigo19 encaminharam ação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) reivindicando a não cobrança de direitos autorais às emissoras comunitárias.

As entidades argumentam que o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), ao fazer cobranças a essas rádios da mesma forma como faz às comerciais, impõe “um tratamento flagrantemente discriminatório e restritivo”. Isso porque “o uso natural e despretensioso” de produções “para satisfação própria ou sem fins econômicos não vêm por violar direitos patrimoniais do autor”.

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Debate aponta desafios para Conselhos de Comunicação

Com o objetivo de aprofundar e ampliar a discussão sobre o papel dos conselhos estaduais de comunicação, o Intervozes realizou nesta segunda (14/01) um bate-papo pela internet, com foco nas diversas propostas em andamento que incentivam a participação popular nas políticas de comunicação.

Entre os temas debatidos os convidados destacaram as funções que os conselhos podem desempenhar como a de auxiliar na construção da agenda local das políticas de comunicação (hoje centralizada no nível federal), na democratização da distribuição das verbas publicitárias governamentais, na reflexão sobre políticas de comunicação e na construção de programas de inclusão digital, além de fiscalizar as emissoras públicas e privadas no cumprimento de seus deveres legais e a reflexão cotidiana sobre a comunicação (produzindo levantamento de informações, seminários e audiências públicas etc.).
 
Os diferentes processos e experiências estaduais foram relatados e discutidos por Pedro Caribé, um dos representantes da sociedade civil no Conselho Estadual de Comunicação Social da Bahia (CECS-BA), Claúdia Cardoso, diretora de Políticas Públicas de Comunicação do Governo do Rio Grande do Sul, além de Jacson Segundo, da coordenador de articulação social do Governo do Distrito Federal e Jonas Valente, do Sindicato dos Jornalistas do DF, uma das entidades que articularam a proposta de conselho em Brasília.
 
De acordo com Cláudia Cardoso, um grupo de trabalho está finalizando a formalização do projeto de lei de criação do conselho estadual gaúcho deve encaminhar até fevereiro o texto ao governador Tarso Genro. O projeto recebeu as contribuições da sociedade civil por meio de consulta pública. A representante do governo afirma que “não houve, porém, consenso sobre o regimento e a forma de eleição dos conselheiros, que deve ser elabora pela primeira gestão indicada pelo governador”.
 
“O Conselho pode auxiliar  na formulação de políticas para comunicação digital e internet banda larga e pode ajudar a fortalecer os meios de comunicação públicos”, defendeu Jacson Segundo. Segundo o representante do governo do Distrito Federal, o órgão pode servir também como canal direto da sociedade civil para encaminhar suas demandas. “O cidadão pode acionar o conselho no momento em que ele achar conveniente”, disse.
 
Jonas Valente anunciou que a sociedade civil se reuniu para discutir o andamento do processo de implementação do conselho do Distrito Federal e deve entrar com um pedido de prorrogação do prazo da consulta pública. Além disso, defendeu que as atribuições do órgão deveriam ser mais amplas do que as já previstas na Constituição do Distrito Federal. Segundo ele, “ defendemos que a lei orgânica deve ser respeitada. Nossa interpretação é de que o conselho de comunicação deve cumprir a função de órgão de assessoramento, mas não deve se restringir a isso, pois não há esse tipo de restrições na lei”.
 
Para Pedro Caribé, o CECS-BA – único conselho estadual em funcionamento – ainda sofre de várias deficiências de estrutura e metodologia e até agora efetivou pouca coisa, no ano passado apenas aprovou seu regimento interno e o orçamento 2012/2013. O conselheiro defende que o órgão poderia desempenhar um papel importante de forma complementar e horizontal às ações federais, como de fiscalização e de implementação da universalização da banda larga, por exemplo. Todavia, não se restringem a essas suas funções. “Tratando da questão da verba pública aplicada em publicidade podemos desenvolver políticas para fomentar a diversidade e não entrar na lógica da tiragem e da audiência”.

Entenda:

Com a redemocratização do país, a Constituição de 1988, previu a criação de um Conselho de Comunicação Social que funcionaria em nível federal, mas que só foi colocado em funcionamento em 2002. No mesmo sentido, algumas constituições estaduais prevêem a implementação de conselhos de comunicação. Apesar disto, somente em um período recente, impulsionados também pela mobilização que resultou na I Conferência Nacional de Comunicação, essas propostas passaram a sair do papel. O Conselho Estadual de Comunicação Social da Bahia surge neste momento, criado em maio de 2011 (e empossado apenas em 10 de janeiro de 2012), vinte e dois anos depois de ter sido incorporado à constituição baiana. No Rio Grande do Sul e Distrito Federal, o processo encontra-se em andamento. No Ceará, aprovado na Assembléia Legislativa, proposta foi vetada pelo governador em 2010.

Confira a íntegra do debate: http://www.youtube.com/watch?v=BQOaBeEVNfE&feature=plcp

Publicação analisa racismo registrado por cobertura jornalística

Redação – Andi

Os jornais brasileiros debatem sobre racismo, mas negligenciam a relação entre esta violência e o quadro de homicídios que vitima, principalmente, a população negra no País. A avaliação consta da pesquisa Imprensa e racismo: uma análise das tendências da cobertura jornalística, lançada hoje pela ANDI, com apoio da Fundação Ford e da Fundação W. K. Kellogg.

A análise incidiu sobre 54 diários impressos, entre 2007 e 2010, e evidencia também perspectivas positivas, sublinhando que “o noticiário é tecnicamente superior a muitas das coberturas analisadas ao longo dos anos”, com informações contextualizadas, que reúnem elementos importantes à compreensão do problema.

Outra conclusão do estudo refere-se ao desempenho quantitativo dos veículos: contrariando a tendência geral da cobertura, e diferentemente do verificado nas séries históricas da ANDI, é um veículo regional que vem puxando o debate sobre racismo no País: A Tarde (BA), seguido por um diário de alcance nacional (O Estado de S.Paulo).

A publicação pode ser acessada gratuitamente clicando em:
http://issuu.com/andi_midia/docs/imprensa-e-racismo_final_14dez-2012/3