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Movimentos sociais de Sergipe participam de curso sobre Direito à Comunicação

O papel da mídia nas sociedades democráticas, a importância dos meios de comunicação para os movimentos sociais e a democratização do setor de comunicações são alguns dos temas abordados no curso “Direito à comunicação, Democracia e Movimentos Sociais”, que acontece nos dias 8 e 9 de junho, no Assentamento Quissamã, na cidade de Nossa Senhora do Socorro (SE).

Destinado a militantes de movimentos sociais, entidades estudantis e organizações populares com atuação no estado de Sergipe, o curso é fruto de uma parceria entre o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, o Levante Popular da Juventude, o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Além dessas entidades, confirmaram presença no curso: Associação Abaô de Arte, Educação e Cultura Negra; Associação Brasileira de Rádios Comunitárias; Associação de Defesa Homossexual do Estado de Sergipe; Associação Sergipana de Hip Hop; Central Única dos Trabalhadores; Movimento Nacional de Direitos Humanos e Rede de Saúde Afro;

Segundo o integrante do Intervozes, Paulo Victor Melo, o curso será um momento de formação de militantes sociais para a luta por uma mídia democrática. “A democratização dos meios de comunicação é um tema cada vez mais presente na agenda de movimentos sociais e populares, mas temos a compreensão de que é preciso conhecer melhor a estrutura, a história e a realidade da comunicação brasileira para termos melhor definida a nossa estratégia de atuação”, afirma.

Para o membro do MST, Luiz Fernando, a discussão sobre a mídia é fundamental para os movimentos sociais, já que “a mídia corporativa manipula uma série de informações e massacra diariamente a classe trabalhadora. Por isso, precisamos discutir e avançar na construção de nossas mídias populares, além de lutarmos pela democratização do rádio e da TV”.

O curso “Direito à Comunicação, Democracia e Movimentos Sociais”, tem início às 8h do dia 8 (sábado) e previsão de encerramento às 12h do dia 9 (domingo).

Abaixo, a programação completa do Curso:

08 de junho, 8h às 12h – Direito à Comunicação, Estado e Democracia
Facilitador: Paulo Victor Melo, jornalista, mestrando em Comunicação e Sociedade na Universidade Federal de Sergipe. Pesquisador do Observatório de Economia e Comunicação da UFS. Membro do Conselho Diretor do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

08 de junho, 14h às 18h – Comunicação, Direitos Humanos e Movimentos Sociais
André Araújo, jornalista e mestrando em Cultura e Sociedade na Universidade Federal da Bahia. Pesquisador do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania da UFBA.

08 de junho, 19:30h – Sessão de filmes sobre Comunicação e Sarau Popular

09 de junho, 08 às 12h – A mídia dos trabalhadores e dos movimentos populares
Gislene Moreira, doutora em Ciências Sociais com menção em Política pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (México). Professora da Universidade do Estado da Bahia – Juazeiro/BA.

Implementação do Canal da Cidadania pode apresentar atrasos

De acordo com Diretor de Acompanhamento e Avaliação em Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações (Minicom), Octavio Pieranti, haverá espaço para a implementação do Canal da Cidadania em todos os municípios brasileiros. Segundo ele, porém, em alguns lugares pode haver demora devido a condições locais específicas. "Pode acontecer que, onde há maior congestionamento, só possa ser implementado quando houver o desligamento da televisão analógica", afirma.

Para Daniel Fonsêca, do Intervozes, a ausência de segurança sobre a disponibilidade de espectro para os Canais da Cidadania pode ser considerado um dos fatores que implicam na baixa procura por outorga por parte dos municípios até o momento. “Diferentemente de outras políticas, como a desoneração do setor de telecomunicações, parece não haver ânimo do próprio Governo Federal em estimular a adesão dos poderes públicos locais ao Canal da Cidadania, que carece – e muito – de divulgação massiva”, afirma.

Segundo Pieranti, não há intenção por parte do Minicom de favorecer para que as TV’s comunitárias já existentes (distribuídas hoje pelo serviço de TV por assinatura) ocupem uma das faixas de programação reservadas às comunidades locais. "O reconhecimento pelo trabalho desses canais se dá na forma da pontuação que está prevista pela norma", afirma. Desta forma, os canais em funcionamento hoje também precisam atender às exigências dispostas na regulamentação, sem qualquer vantagem na disputa pela vaga.

Por outro lado, em março deste ano, o Minicom publicou uma alteração das normas que permite que o poder público estadual solicite a outorga do Canal da Cidadania antes dos municípios nas cidades em que as TV educativas se encontram sob a gestão dos estados. A medida visaria acelerar o processo, fazendo com que a emissora já existente precise apenas de uma autorização para explorar a multiprogramação.

Para quem espera pela implementação do Canal da Educação e do Canal da Cultura previstos pelo decreto que regulamenta a TV Digital, o representante do Minicom sugere que busque nos respectivos ministérios o andamento da questão.

Controle social

Para que o Canal da Cidadania possa ser implementado, é exigida a existência de um “Conselho Local” que cumpra a função de “zelar pelo cumprimento das finalidades da programação previstas pela norma e manifestar-se sobre os programas veiculados”. Não há exigência de que as faixas de programação tenham cada uma o seu conselho.

Segundo Pieranti, estas funções podem ser desempenhadas por conselhos de comunicação social municipais já existentes ou a serem instalados desde que atendidas as exigências dispostas na regulamentação. “O ministério não pode determinar como um conselho vinculado ao poder público municipal deve funcionar. O que ele pode fazer é estabelecer que esse conselho tem que ser plural e realizar o acompanhamento efetivo”, afirma.

O que é o Canal da Cidadania?

O Canal da Cidadania é um canal público garantido pela regulamentação da TV digital no Brasil . Utilizando-se do recurso tecnológico da “multiprogramação” possibilitado pela digitalização da televisão, o canal dispõe de quatro faixas de programação (na TV analógica cada canal corresponde a uma faixa de programação). Duas delas serão exploradas pelo poder público local e estadual. As outras duas ficarão disponíveis para serem geridas por entidades representativas de comunidades locais.

Apenas 22 municípios solicitaram outorga do Canal da Cidadania

Após quase seis meses de publicada a norma que regulamenta o Canal da Cidadania , apenas 22 municípios brasileiros (dentre 5.570 existentes) solicitaram a outorga para a implementação do canal. As prefeituras têm a preferência para fazer o pedido até junho de 2014, quando os governos estaduais passam a também poder fazer a solicitação. As capitais encontram-se até agora de fora da lista de solicitantes, embora lugares como Rio de Janeiro e Porto Alegre, por meio de articulação local ou da prefeitura, já tenham manifestado algum interesse junto ao Ministério das Comunicações (Minicom).

O Diretor de Acompanhamento e Avaliação em Serviços de Comunicação Eletrônica do Minicom, Octavio Pieranti, considera 22 municípios “um número positivo”, levando em conta que alguns dos atuais prefeitos assumiram os governos locais neste ano, tendo um contato muito recente com a realidade financeira do município e com a regulamentação do Canal da Cidadania, publicada em dezembro de 2012.

Dentre outras razões enumeradas pelo representante do Ministério das Comunicações, pode-se destacar a “falta de proximidade com o tema” do poder público local, a dívida pública (a documentação exigida inclui certidões de débitos) e a espera da queda dos preços de equipamentos para produção de conteúdo com tecnologias digitais.

Para Daniel Fonsêca, representante do Intervozes na Frente Ampla pela Liberdade de Expressão (Fale Rio), a lista revela uma baixa procura causada, entre outras coisas, pela “falta de empenho do Governo Federal em instrumentalizar técnica e juridicamente os entes públicos que podem candidatar-se a gerir os Canais da Cidadania”. Segundo ele, “há morosidade, ausência de garantias e de clareza do governo federal na estruturação e viabilização do operador de rede (especialmente da Superintendência de Suporte da EBC, responsável direta pelo processo). Com a falta desse instrumento será mais difícil para as emissoras do campo público efetivarem a migração para o sistema digital”

Na cidade do Rio de Janeiro, a Fale-Rio junto com a Frente Parlamentar de Comunicação e Cultura vem buscando a implementação do Canal da Cidadania na cidade. O vereador Reimont (PT), líder da Frente, encaminhou à prefeitura um requerimento de informações sobre o andamento do processo (para o caso de já haver alguma iniciativa nesse sentido) e solicitou a realização de uma audiência pública com o poder público municipal.

Veja abaixo a lista de municípios que já solicitaram:

Jaguarari

BA

Teolândia

BA

Stª Mª de Jetibá

ES

Anápolis

GO

Japonvar

MG

Mariana

MG

Monte Carmelo

MG

Santa Luzia

MG

Sete Lagoas

MG

Três Corações

MG

Uberlândia

MG

Rio Verde de Mato Grosso

MS

Soure

PA

Maringá

PR

Morro da Fumaça

SC

São José

SC

Atibaia

SP

Cubatão

SP

Hortolândia

SP

Mairiporã

SP

Santos

SP

Taquaritinga

SP

Conexões Globais debateu relação da cultura digital com democracia e liberdade

“O que está em jogo é se o Brasil irá tratar a internet como um  direito humano, um bem público, ou simplesmente, pela lógica do mercado”, disse a jornalista Cristina Charão durante o debate no segundo dia do II Conexões Globais, evento realizado em Porto Alegre para discutir cultura digital. Este é o tema colocado também pelo livro “Caminhos para a universalização da Internet banda larga: experiência internacionais e desafios brasileiros”, que apresenta uma pesquisa comparada da política de banda larga em alguns países e que foi lançado no espaço “Hub de Idéias” do evento.

O evento reuniu nos dias 23, 24 e 25 ativistas, acadêmicos e gestores públicos para discutir temas relacionados à cultura que se relaciona com a internet e com todo o processo atual de digitalização. O direito à liberdade e o funcionamento democrático da sociedade após as transformações decorrentes da vida que se relaciona com a cultura digital estiveram no centro das discussões.

A distribuição do poder e a produção livre de informações foram algumas das principais preocupações que envolveram os debatedores do II Conexões Globais, que trataram também o poder de mobilização e de visibilização da internet para os movimentos sociais. O evento contou em seu último dia com a presença do governador do Rio Grande do Sul e com o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Franklin Martins.

Enquanto o governador Tarso Genro destacou o aspecto mais amplo das transformações, em que considera que “esses novos processos de participação democrática são uma critica radical ao modelo atual de Estado” e que “a forma como a nossa democracia foi constituída ainda no Iluminismo está derrotada”; o jornalista Franklin Martins apontou para sua especificidade: “a digitalização da comunicação e a internet provocam uma mudança espetacular na comunicação”.

Franklin Martins assina Projeto de Lei para Mídia Democrática

O ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência assinou no dia 25 de maio o Projeto de Lei de Iniciativa Popular por uma Mídia Democrática durante o II Conexões Globais, realizado em Porto Alegre. Franklin Martins, que ao final do governo Lula foi responsável pela redação de uma proposta de regulamentação para as comunicações até então não publicizada, fez elogios ao texto apresentado pela campanha “Para expressar a liberdade”.

Em entrevista coletiva concedida durante o Conexões Globais, Franklin Martins afirmou que o Projeto de Lei de Iniciativa Popular não consiste em um “código geral de telecomunicações” como o que foi deixado por ele nos últimos dias do governo Lula para ser apreciado, mas sim em uma iniciativa de regulamentar especificamente a comunicação eletrônica seguindo as diretrizes do que está na Constituição.

Martins considera de fundamental importância a regulamentação dos meios de comunicação. “Por que só quem tem muito dinheiro pode falar?”, questionou. Entretanto, diz não ter certeza de que o governo Dilma vai fazê-lo por iniciativa própria. “Eu espero que o governo vá encaminhar essa questão, pois se trata de concessões públicas”, afirmou.

O ex-ministro elogiou o projeto de iniciativa popular apresentado pelas entidades que lutam pela democratização da comunicação. “É um bom projeto, maduro, centrado na regulamentação do que está na constituição, olha para o futuro, coloca os temas principais e é uma ótima base para discussão”, defendeu. Destacou a importância que o texto dá para a pluralidade e a luta contra a concentração da propriedade.

Ao ser perguntado se estava satisfeito com a política de comunicação do governo Dilma, Martins afirmou “estou feliz com meu governo” e completou “não farei as críticas em público, porque eu tenho lado, faço-as diretamente à presidenta”.

O jornalista participou também do debate sobre “Comunicação e poder na era da internet”. Segundo ele, “está todo mundo preocupado em saber para onde vai a internet. Mas os tradicionais donos do poder têm muito mais motivos para estarem preocupados”.