Arquivo da tag: Rádios Públicas

Orlando Guilhon assume superintendência de rádio da EBC

O radialista, professor e atual diretor da Rádio MEC Orlando Guilhon foi indicado na segunda-feira (31/03) para o cargo de superintendente de rádio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Guilhon deve assumir o cargo, que está sendo criado agora, dentro de uma semana, mas já vem envolvido com a definição da área de rádios da EBC desde as conversas iniciais do grupo que elaborou o projeto da empresa pública, no ano passado.

“Será a junção das rádios da Acerp, no Rio [MECs AM E FM e Radio Nacional AM], com as da Radiobrás [Rádio Nacional AM e FM e MEC AM de Brasília; Rádio Nacional da Amazônia (ondas curtas); Rádio Mesorregional do Alto Solimões (AM-Tabatinga)]. Elas se aproximarão, mas preservarão suas identidades”, explica Guilhon, lembrando organograma divulgado no Fórum Nacional de Rádios Públicas.

Nos próximos passos, Guilhon inclui a aproximação da TV Brasil – “no tipo de gestão e de relacionamento com os ouvintes” – e a migração digital, que terá o padrão definido este ano para rádios e implicará desde a atualização dos equipamentos a mudanças no método de se fazer a programação.

Sistema

Por meio da Associação de Rádios Públicas do Brasil (Arpub), entidade presidida por Guilhon, está sendo montado um sistema com 63 emissoras, incluindo rádios universitárias, educativas e culturais. “Mas sem uma cabeça de rede, que não funciona muito em rádio. Será para criar um intercâmbio, uma cesta de programas, e possibilitar coberturas multidisciplinares”, diz.

No jornalismo, Guilhon cita que há o projeto de um jornal de abrangência nacional, mas que ainda há muitas decisões a serem tomadas. “Quero conversar bastante com os funcionários”, afirma.

Parcerias internacionais

Mesmo com a área de rádios esperando ainda muitas definições, parcerias com outras rádios públicas já estão sendo costuradas. A britânica BBC e a portuguesa RTP são as que estão mais perto de serem fechadas.

Empresa Brasil de Comunicação terá sistema de rádio com oito emissoras

O foco das atenções está na TV Brasil, que tem estréia prevista para 02/12, mas a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) já se movimenta no campo do rádio. Com a fusão da Radiobrás com a Acerp, a empresa terá oito emissoras à sua disposição. A idéia é que as rádios formem um sistema.

“Desde o início do processo, os grupos de trabalho da Radiobrás e da TVE têm discutido as rádios. É o que tem mais alcance da população. O sistema terá desde a Rádio Nacional da Amazônia, de informação, até a Rádio MEC, de música clássica. São rádios com vocações diferentes, mas as emissoras terão momentos de encontros, sobretudo no jornalismo”, diz a diretora de jornalismo da Radiobrás Helenise Brant.

Participante do I Fórum de Rádios Públicas, Helenise informa que as rádios serão agrupadas em quatro troncos: jornalismo, Amazônia, musical e educativo/cultural. Mesmo com os diferentes perfis e frequências, as emissoras terão acesso a uma “cesta” comum, em que poderão trocar programas.

“Os programas também estarão acessíveis a qualquer outra emissora, como acontece hoje com a programação da Radiobrás”, afirma a jornalista

Pesquisa revela que emissoras culturais e educativas desconhecem seu papel

Rio de Janeiro – Pesquisa realizada pela Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub) e conduzida pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) sobre a radiodifusão pública mostra que há muita confusão no país, entre as emissoras culturais e educativas, na definição do papel e da programação desse tipo de veículo.

O diretor-geral da Rádio Unesp, Ricardo Alexino Ferreira, informou hoje (22) no 1º Fórum Nacional de Rádios Públicas, no Rio de Janeiro, que o questionário contendo 95 perguntas e distribuído a 65 emissoras culturais e educativas recebeu 32 respostas.

Ferreira disse que todas as emissoras que participaram da sondagem afirmaram ter programas “ditos culturais” e ter jornalismo. “Mas que tipo de jornalismo?”, indagou o diretor da Rádio Unesp. Ele defendeu que mais do que informar, a emissora deve dar ao ouvinte a interpretação dos fatos.

Na avaliação de Ferreira, uma emissora cultural e educativa não deve se preocupar com a audiência, ou seja, com a necessidade de ter público, “porque não vai ter”. Deve estar associada à idéia de educação, sem contudo "baixar o nível da programação para que o público a entenda".

“Eu acho uma temeridade. O papel de um veículo de comunicação não é formação. O papel de uma emissora cultural e educativa continua sendo o de educar, mas não tem o compromisso de formar. O compromisso será o de trabalhar a informação”, reiterou Ferreira.

O diretor da Rádio Unesp sugeriu que rádios educativas e culturais ofereçam aos ouvintes a possibilidade de novas sonoridades, “mesmo que isso não seja popular”.  Para Ferreira, a pesquisa permitiu uma geografia do que são as emissoras culturais e educativas. “O papel hoje de uma emissora cultural e educativa é um grande desafio”, afirmou.  

Rádio pública ainda é uma abstração no Brasil, analisa pesquisador

Rio de Janeiro – A rádio pública brasileira ainda é uma abstração, segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisa de Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom), Luiz Ferrareto.  Para o pesquisador, a rádio pública ainda não existe de maneira concreta. “É uma coisa que vai se alcançar no futuro”, estimou Ferrareto que participou hoje (22) do 1º  Fórum Nacional de Rádios Públicas, no Rio de Janeiro.

A opinião é compartilhada pela professora Sonia Virgínia Moreira, também da Intercom.  “Não podemos dizer que hoje nós temos emissoras públicas no Brasil. Temos emissoras estatais, governamentais, como é o caso da Radiobrás, da Rádio MEC AM e FM, da TV Educativa”, afirmou Sonia Moreira.

A pesquisadora da Intercom disse que uma rádio pública tem características que “não existem em nenhuma emissora brasileira”. Entre elas, citou a total desvinculação do governo; a valorização de uma identidade nacional; o espaço aberto para grupos distintos da sociedade, comunidades e minorias;  a supremacia da qualidade em relação à quantidade, expressa em termos de audiência; os subsídios; e a universalidade geográfica.

Sonia Virginia Moreira salientou que, em todo o mundo, as rádios públicas não estão baseadas em leis, mas em regras específicas para o setor. De acordo com a pesquisadora, para que a rádio pública possa ser implantada de forma efetiva no Brasil, é preciso elaborar pesquisas exploratórias e mapear o que existe no país em termos de emissoras de origem não-comercial. Outro passo importante é a realização de estudos de conteúdo.

A rádio pública também deve priorizar conteúdos locais já que a preocupação principal é contemplar o cidadão, com isenção, diversidade e equilíbrio, defendeu a pesquisadora.

Para Ferrareto, coordenador do Núcleo de Pesquisa de Rádio e Mídia Sonora da Intercom, a rádio pública precisa de uma participação ativa da população. “Rádio pública toca música clássica e Rolando Boldrin”, afirmou, referindo-se ao artista que costuma apresentar músicas folclóricas de todo o país em seus programas de televisão e rádio, valorizando desde a música sertaneja ao samba.

Segundo Luiz Ferrareto, é preciso que a realidade das pessoas seja discutida. “Porque rádio pública pode ser tudo. Menos elitista”, salientou. Na avaliação do especialista, a rádio pública deve incluir todos os segmentos, classes, etnias, opções sexuais e tipos de público.  

Amarc pede que governo convoque Conferência Nacional de Comunicação

O presidente da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), Antonio Diniz Lopes, disse que atualmente é impossível pensar num sistema público de comunicação sem a participação das rádios comunitárias.

“150 rádios públicas e comunitárias vão estar aqui presentes nestes dois dias para pensar na construção desse processo de formação de um sistema público de comunicação que vem sendo corajosamente incentivado pelo governo federal”

Apesar de reconhecer o apoio que o governo vem dando a discussão em torno de uma política de comunicação pública, o presidente da Amarc cobrou a realização da Conferência Nacional de Comunicação o mais rápido possível.

“Todos nós sabemos que é importante que seja realizada a Conferência Nacional de Comunicação, que já foi convocada em diversas áreas. Mas o governo até agora não tomou essa iniciativa. Há uma necessidade de que essa conferência seja realizada e que o processo de digitalização seja discutido, porque do jeito que está sendo conduzido, ameaça muitas rádios públicas e comunitárias. Então, é preciso mais diálogo.”