Rádio pública ainda é uma abstração no Brasil, analisa pesquisador

Rio de Janeiro – A rádio pública brasileira ainda é uma abstração, segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisa de Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom), Luiz Ferrareto.  Para o pesquisador, a rádio pública ainda não existe de maneira concreta. “É uma coisa que vai se alcançar no futuro”, estimou Ferrareto que participou hoje (22) do 1º  Fórum Nacional de Rádios Públicas, no Rio de Janeiro.

A opinião é compartilhada pela professora Sonia Virgínia Moreira, também da Intercom.  “Não podemos dizer que hoje nós temos emissoras públicas no Brasil. Temos emissoras estatais, governamentais, como é o caso da Radiobrás, da Rádio MEC AM e FM, da TV Educativa”, afirmou Sonia Moreira.

A pesquisadora da Intercom disse que uma rádio pública tem características que “não existem em nenhuma emissora brasileira”. Entre elas, citou a total desvinculação do governo; a valorização de uma identidade nacional; o espaço aberto para grupos distintos da sociedade, comunidades e minorias;  a supremacia da qualidade em relação à quantidade, expressa em termos de audiência; os subsídios; e a universalidade geográfica.

Sonia Virginia Moreira salientou que, em todo o mundo, as rádios públicas não estão baseadas em leis, mas em regras específicas para o setor. De acordo com a pesquisadora, para que a rádio pública possa ser implantada de forma efetiva no Brasil, é preciso elaborar pesquisas exploratórias e mapear o que existe no país em termos de emissoras de origem não-comercial. Outro passo importante é a realização de estudos de conteúdo.

A rádio pública também deve priorizar conteúdos locais já que a preocupação principal é contemplar o cidadão, com isenção, diversidade e equilíbrio, defendeu a pesquisadora.

Para Ferrareto, coordenador do Núcleo de Pesquisa de Rádio e Mídia Sonora da Intercom, a rádio pública precisa de uma participação ativa da população. “Rádio pública toca música clássica e Rolando Boldrin”, afirmou, referindo-se ao artista que costuma apresentar músicas folclóricas de todo o país em seus programas de televisão e rádio, valorizando desde a música sertaneja ao samba.

Segundo Luiz Ferrareto, é preciso que a realidade das pessoas seja discutida. “Porque rádio pública pode ser tudo. Menos elitista”, salientou. Na avaliação do especialista, a rádio pública deve incluir todos os segmentos, classes, etnias, opções sexuais e tipos de público.  

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