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Na Bolívia, rádios são atacadas por opositores de Evo Morales

Na última terça-feira (27), ocorreu na capital do departamento boliviano de Pando, Cobija, o primeiro dos dois dias de greve convocadas pelas seis regiões opositoras ao presidente Evo Morales.

As ruas de Cobija, a 1.200 km da capital La Paz, foram bloqueadas grupos de estudantes e por máquinas e veículos do governo departamental, cujo titular é o ex-senador de direita, Leopoldo Fernández, atual diretor da agremiação opositora Podemos, do ex-presidente Jorge Quiroga.

Manifestantes aliados a Fernández atacaram as rádios Digital e Oasis. As transmissões foram interrompidas depois que a energia da rádio foi cortada por um grupo de desconhecidos.

"Nos sentimos ameaçados pelos jovens que desde as quatro da manhã estão nas ruas, nas imediações da rádio. Hoje de manhã um turba chegou jogando pedras", declarou Humberto Lucana, diretor da rádio Digital. Viviano Opi, dono da rádio Oasis, afirmou que foi ameaçado por um grupo que tentou invadir a rádio. Os distúrbios diminuíram após a chuva, mas algumas ruas de Cobija permanecem bloqueadas.

Jornalistas também protestaram contra agressões a repórteres de Sucre, cidade que viveu momentos violentos no último final de semana, e contra as ameaças da turba de civis contra canais de TV privados de La Paz.

Segundo a agência de notícias AFP, dezenas de jornalistas marcharam pela praça de Armas de Sucre, onde ocorreram graves enfrentamentos no sábado e domingo. Durante os distúrbios, três policiais e um civil morreram, e mais de cem pessoas foram feridas.

Jornalistas do Ceará reclamam da falta de espaço editorial

A forte presença da publicidade nos grandes veículos de comunicação – o sonho de grande parte das empresas editoriais – tem causado incômodo em muitos leitores e, principalmente, em jornalistas que precisam dividir espaço com os anúncios de propaganda.

Com o objetivo de dar voz aos profissionais que precisam se espremer para dar uma nota, o Sindicato dos Jornalistas do Ceará aplicou, no mês de outubro, uma pesquisa elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Foram entrevistados 93 profissionais das duas principais redações do Estado, o jornal Diário do Nordeste e o jornal O POVO. As respostas apontam para o esperado: 92,5% dos entrevistados acreditam que os anúncios têm aumentado a cada mês nas páginas das publicações, e 69,9% afirmam sentir dificuldades em inserir reportagens por falta de espaço editorial.'Esta é a batalha diária da redação com o Departamento Comercial', 'a ocupação publicitária é tão intensa que prejudica o aproveitamento jornalístico' e 'os espaços para as matérias têm diminuído, mas o número de páginas não', são algumas das reclamações dos jornalistas que afirmam ver muito conteúdo de qualidade ser sacrificado pelos anúncios de última hora, jogando uma apuração de horas, muitas vezes, no lixo.

'Hoje, um vendedor de anúncios ganha mais do que o próprio jornalista', declara a presidente do Sindjorce, Déborah Lima, repórter licenciadada editoria de Política do jornal O Povo e tesoureira da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Os profissionais cearenses acreditam que os veículos lucram cada vez mais com a publicidade, já que fazem investimentos em novas mídias, como televisão e portais na internet. Noentanto, quando o assunto é investir em remuneração dos trabalhadores, o quadro muda. O reajuste oferecido pelos jornais do Ceará, no piso atual dos jornalistas, é de apenas R$ 1,52 por dia.

A pesquisa abordou, também, questões como a remuneração por direitos autorais, a qualificação dos jornalistas nas redações, o recebimento de vale-refeição e o combate a falsos profissionais. Assim, 93,5% afirma não receber auxílio para alimentação e quase 90% declara não receber remuneração extra quando publica algum material em outro tipo de mídia. 'Cortem as matérias,publiquem os anúncios e achatem os salários!', desabafa um jornalista cearense, resumindo os resultados da pesquisa do Dieese.

Jornal demite repórter por matéria desfavorável à Rede Globo

Em mais um caso polêmico envolvendo o jornal Meio & Mensagem e grandes meios de comunicação, o jornalista Alisson Ávila, repórter especializado em mídia que trabalhava a sete anos no periódico, acabou demitido por não aceitar promover alterações em uma reportagem desfavorável a Rede Globo. O texto revelava informações esmiuçadas em números oficiais e de circulação restrita do Ibope sobre a queda de audiência da Globo em 2007 e o correspondente crescimento de suas concorrentes, em especial a Record.

Em princípio, Ávila havia sido destacado pelo M&M para apurar uma suposta queda de participação das TVs abertas no mercado. Em meio à investigação, no entanto, o repórter descobriu que a tese não procedia e que a Globo era quem estava perdendo a audiência na disputa da TV aberta. O periódico decidiu então não publicar a matéria e o constrangeu a amenizar o desgaste da emissora dos Marinho. Ávila se recusou a transformar a reportagem e foi, em seguida, “convidado a se retirar da redação”.

O M&M já havia protagonizado caso semelhante quando da demissão do seu então editor-adjunto Costábile Nicoleta, em maio deste ano, após a publicação de um texto sobre a morte do publisher da Folha de S. Paulo Octávio Frias de Oliveira e suas relações com o regime militar. A demissão causou uma série de protestos e motivou notas de repúdio de sindicatos e da Federação Nacional dos Jornalistas, que considerou o ato uma agressão ao princípio elementar da liberdade de expressão.

Tanto a Rede Globo quanto o Meio & Mensagem negaram ingerência no trabalho de Ávila. De qualquer forma, sua reportagem recebeu abrigo na revista Carta Capital desta semana, na capa do semanário.

Federação Latino-americana repudia assassinato de jornalista chileno

A Federação Latino-americana de Trabalhadores da Comunicação Social (Felatracs) faz um chamado a todos os sindicatos da comunicação social, jornalistas, escritores, artistas plásticos, artistas de arte cênica e intelectuais em geral, para que façam chegar cartas à Embaixada do Paraguai ou da Representação Diplomática, expressando um enérgico repudio ao assassinato do jornalista chileno Tito Palma.

Palma era diretor da rádio FM Mayor Otaño e todos o conheciam por seus comentários críticos a políticos e personalidades influentes de Mayor Otaño (a 400 quilômetros ao sudeste de Assunção). Além de denúncias relacionadas a máfias vinculadas ao tráfico de drogas. Ele foi assassinado a tiros em 22 de agosto, na Itapúa, enquanto jantava com sua namorada e com amigos, em uma casa da localidade. Os tiros foram dados por dois homens vestidos de militares.

A Felatracs, profundamente comprometida na defesa e promoção dos direitos e liberdades dos trabalhadores da comunicação social, condena de maneira enérgica o assassinato de Tito Palma, e expressa sua solidariedade com os familiares e colegas do jornalista vitimado. A Federação exige que as investigações avancem com a rapidez que o caso exige e se castigue com todo o rigor da lei aos assassinos.

Justiça arquiva inquérito contra rádio comunitária e devolve aparelhagem

A Associação Comunitária do Jardim Esperança, no Pinheirinho, zona sul de Curitiba, tem em seu estatuto o objetivo de manter uma rádio comunitária, nos termos da lei 9.612/98, lei da radiodifusão comunitária.

No ano de 2004, enviaram pedido de autorização para o Ministério das Comunicações. Passados três anos, não houve resposta. Embora haja freqüência disponível para emissoras comunitárias na região, o Ministério não deferiu o pedido. Enquanto isto, a Associação comprou com dinheiro de doações e campanhas os equipamentos para a Rádio Comunitária, homologados pela Agência Nacional das Telecomunicações (ANATEL). Na faixa 89,7 FM, a rádio serviu de instrumento a pessoas e entidades que não têm lugar nas rádios convencionais. Com informação e diversão, a rádio se consolidou na região do Pinheirinho.

Em 04 de março de 2005, de forma inconstitucional e ilegal, dois agentes da Anatel foram até a Associação, interromperam o funcionamento da rádio e lacraram os equipamentos. A Polícia Federal abriu inquérito policial e apreendeu a aparelhagem. A Associação de Moradores, representada pela Terra de Direitos, recorreu ao Judiciário requerendo a retirada do lacre da ANATEL e a autorização de funcionamento. Os pedidos foram negados pelo Juiz da 3ª Vara Federal do Paraná e pelo Tribunal Regional Federal.

Mas após manifestação do Ministério Público Federal, pedindo o arquivamento do inquérito, o Juiz Federal NivaldoBrunoni da 3ª Vara Federal Criminal, determinou o arquivamento e autorizou a devolução do aparelho transmissor apreendido em 30 dias. Trata-se de uma decisão importante para garantir a liberdade a centenas de pessoas que estão sendo processadas no Brasil pelo crime de comunicar sem autorização do Ministério.

 

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