Jornalistas do Ceará reclamam da falta de espaço editorial

A forte presença da publicidade nos grandes veículos de comunicação – o sonho de grande parte das empresas editoriais – tem causado incômodo em muitos leitores e, principalmente, em jornalistas que precisam dividir espaço com os anúncios de propaganda.

Com o objetivo de dar voz aos profissionais que precisam se espremer para dar uma nota, o Sindicato dos Jornalistas do Ceará aplicou, no mês de outubro, uma pesquisa elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Foram entrevistados 93 profissionais das duas principais redações do Estado, o jornal Diário do Nordeste e o jornal O POVO. As respostas apontam para o esperado: 92,5% dos entrevistados acreditam que os anúncios têm aumentado a cada mês nas páginas das publicações, e 69,9% afirmam sentir dificuldades em inserir reportagens por falta de espaço editorial.'Esta é a batalha diária da redação com o Departamento Comercial', 'a ocupação publicitária é tão intensa que prejudica o aproveitamento jornalístico' e 'os espaços para as matérias têm diminuído, mas o número de páginas não', são algumas das reclamações dos jornalistas que afirmam ver muito conteúdo de qualidade ser sacrificado pelos anúncios de última hora, jogando uma apuração de horas, muitas vezes, no lixo.

'Hoje, um vendedor de anúncios ganha mais do que o próprio jornalista', declara a presidente do Sindjorce, Déborah Lima, repórter licenciadada editoria de Política do jornal O Povo e tesoureira da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Os profissionais cearenses acreditam que os veículos lucram cada vez mais com a publicidade, já que fazem investimentos em novas mídias, como televisão e portais na internet. Noentanto, quando o assunto é investir em remuneração dos trabalhadores, o quadro muda. O reajuste oferecido pelos jornais do Ceará, no piso atual dos jornalistas, é de apenas R$ 1,52 por dia.

A pesquisa abordou, também, questões como a remuneração por direitos autorais, a qualificação dos jornalistas nas redações, o recebimento de vale-refeição e o combate a falsos profissionais. Assim, 93,5% afirma não receber auxílio para alimentação e quase 90% declara não receber remuneração extra quando publica algum material em outro tipo de mídia. 'Cortem as matérias,publiquem os anúncios e achatem os salários!', desabafa um jornalista cearense, resumindo os resultados da pesquisa do Dieese.

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