Conselho Curador da EBC se reúne nesta quarta (12/12)

Redação – Secretaria Executiva do Conselho Curador

A 41ª reunião ordinária do Conselho Curador da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que acontece amanhã, 12, será transmitida ao vivo pela internet, no link http://www.conselhocurador.ebc.com.br/transmissaoaovivo.
 
A atividade ocorrerá a partir das 13h30 no Espaço Cultural da EBC, na sede da Empresa, em Brasília. A primeira parte da reunião está destinada para mais uma rodada do Roteiro de Debates do Conselho Curador, momento em que os Conselheiros recebem especialistas para discutirem sobre comunicação pública e a EBC.
 
Desta vez, a mesa discorrerá sobre as "Perspectivas para o Rádio no Brasil e as Políticas da EBC para as Rádios". Os pesquisadores Carlos Eduardo Esch e Nélia Del Bianco, do Observatório de Radiodifusão Pública da América Latina, e Octavio Pierante, representante do Ministério das Comunicações, participarão do debate, juntamente com Orlando Guilhon e Eduardo Castro, representantes da EBC.
 
Após as contribuições, os Conselheiros darão prosseguimento à reunião, que terá como pauta, entre outros, os seguintes assuntos: audiências públicas e calendário do colegiado para o próximo ano, o Plano de Trabalho da Empresa para 2013 e a estrutura do Comitê de Programação e Rede, da Diretoria de Jornalismo e da Gerência de Pesquisa da EBC.

Em Sergipe, jornalista tem direito à liberdade de expressão atacado

A liberdade de expressão e a capacidade criativa são dois dos principais valores humanos e, especialmente, dos profissionais do jornalismo. O direito a noticiar os fatos, manifestar opiniões e, ao mesmo tempo, inovar e seduzir o leitor com textos críticos e reflexivos são tarefas essenciais para o bom jornalismo. Mas, por vezes, essas capacidades são fruto de perseguição por autoridades públicas.

É o que está vivendo o jornalista sergipano Cristian Góes, que recebeu a notificação de dois processos movidos contra ele, um cível e outro criminal. O autor dos processos: Edson Ulisses de Melo, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe.

O Desembargador – que é cunhado do Governador do Estado – alega injúria, difamação, e pede a prisão de até quatro anos do jornalista, abertura de inquérito policial e pagamento de indenização em valores a ser fixado pelo juiz, além do valor de R$ 25 mil para as custas do processo.

A motivação dos processos é um artigo escrito por Cristian Góes, em maio deste ano, em seu blog no Portal Infonet. Vale ressaltar que o artigo está em primeira pessoa, tem caráter ficcional, e não faz qualquer referência a pessoas, espaços e tempos.

Para Cristian Góes, que é ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Sergipe e ativista pela democratização da comunicação, os processos são um verdadeiro ataque à liberdade de expressão. “São processos judiciais sem o menor cabimento, sem sentido e sem nenhum razão de ser”, diz o jornalista.

Confira abaixo a entrevista e, ao final, o texto que motivou os processos judiciais.

Cristian, em que se fundamentam os processos movidos pelo Desembargador Edson Ulisses? As motivações estão descritas nos processos?

São dois processos. Um criminal e um cível. Mas as fundamentações são as mesmas. Ele alega que eu fiz o texto com o claro objetivo de atacar o governador do Estado, Marcelo Déda. Assim, na parte em que eu escrevo “chamei um jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã”, ele imaginou que esse “jagunço” seria ele. O desembargador alega injúria e difamação, pede minha prisão de até quatro anos, abertura de inquérito policial e pagamento de indenização em valores a serem fixados pelo juiz, além de dar o valor de R$ 25 mil para as custas do processo. A questão central é que o texto alvo da ação é ficcional, em primeira pessoa, e não cita nome de nenhuma pessoa, nem local, nem data e nem características pessoais e nem funções públicas. Ou seja, é impossível que um ser humano, real, com nome, sobrenome, CPF, residência fixa, possa se encontrar em um texto ficcional e em primeira pessoa.

Se o Governador Marcelo Déda não moveu qualquer processo judicial pelo seu artigo, por quais motivos o Desembargador Edson Ulisses acreditaria que o texto faz referência a ele?

Sim, o governador do Estado não ingressou com ação contra mim pelo texto e nem poderia fazer isso. Não há qualquer referência a ele no texto. O artigo trata de uma confissão em primeira pessoa de um coronel imaginário dos tempos de escravidão que se vê chocado com o momento democrático e critica esse momento. O texto se refere a um sujeito ficcional, isto é, sem amparo na realidade objetiva. Assim é impossível que o governador, o vice, um senador, um deputado, um desembargador se encontre no texto, ou seja, são ações sem qualquer cabimento. O desembargador Edson Ulisses imaginou que a expressão “jagunço das leis” fosse com ele. Como assim? Quantas pessoas nesse mundo lidam com as leis?

O seu texto foi escrito em maio, mas somente agora em dezembro, sete meses depois, o Desembargador moveu os processos judiciais. Houve algum fato novo nesse período ou isso também lhe causou estranheza?

Não. Não houve nenhum fato novo da publicação até os processos que justificassem. Aliás, nada os justifica. São processos judiciais sem o menor cabimento, sem sentido e sem nenhum razão de ser.

Você acredita, então, que o que está em jogo nesses processos é uma ameaça à liberdade de expressão?

Não tenho dúvida nenhuma que os processos são uma clara e objetiva ação de ataque à liberdade de expressão, que considero depois do direito à vida, o segundo maior e mais importante direito. Ora, se o texto fosse jornalístico, com nome, fatos, eventos, poder-se-ia avaliar o teor, as informações, a veracidade, mas no texto ficcional em primeira pessoa, sem nome e nem qualquer referência de espaço e tempo? Isso é um absurdo e pior, partindo-se de quem deveria – por função pública – garantir a liberdade de expressão.

As ações podem revelar que em muitos rincões desse país ainda se vive na idade dos coronéis nordestinos da década de 30 no Brasil ou numa monarquia absolutista antes da Revolução Francesa. Só nessas condições históricas pode-se ventilar a condenação à prisão e pagamento de multa a quem ousasse a se expressar e que essa expressão contrariasse o sistema.

Eu, o coronel em mim*
Por Cristian Góes

Está cada vez mais difícil manter uma aparência de que sou um homem democrático. Não sou assim, e, no fundo, todos vocês sabem disso. Eu mando e desmando. Faço e desfaço. Tudo de acordo com minha vontade. Não admito ser contrariado no meu querer. Sou inteligente, autoritário e vingativo. E daí?

No entanto, por conta de uma democracia de fachada, sou obrigado a manter também uma fachada do que não sou. Não suporto cheiro de povo, reivindicações e nem com versa de direitos. Por isso, agora, vocês estão sabendo o porquê apareço na mídia, às vezes, com cara meio enfezada: é essa tal obrigação de parecer democrático.

Minha fazenda cresceu demais. Deixou os limites da capital e ganhou o estado. Chegou muita gente e o controle fica mais difícil. Por isso, preciso manter minha autoridade. Sou eu quem tem o dinheiro, apesar de alguns pensarem que o dinheiro é público. Sou eu o patrão maior. Sou eu quem nomeia, quem demite. Sou eu quem contrata bajuladores, capangas, serviçais de todos os níveis e bobos da corte para todos os gostos.

Apesar desse poder divino sou obrigado a me submeter à eleições, um absurdo. Mas é outra fachada. Com tanto poder, com tanto dinheiro, com a mídia em minhas mãos e com meia dúzia de palavras modernas e bem arranjadas sobre democracia, não tem para ninguém. É só esperar o dia e esse povo todo contente e feliz vota em mim. Vota em que eu mando.

Ô povo ignorante! Dia desses fui contrariado porque alguns fizeram greve e invadiram uma parte da cozinha de uma das Casas Grande. Dizem que greve faz parte da democracia e eu teria que aceitar. Aceitar coisa nenhuma. Chamei um jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã, e dei um pé na bunda desse povo.

Na polícia, mandei os cabras tirar de circulação pobres, pretos e gente que fala demais em direitos. Só quem tem direito sou eu. Então, é para apertar mais. É na chibata. Pode matar que eu garanto. O povo gosta. Na educação, quanto pior melhor. Para quê povo sabido? Na saúde…se morrer “é porque Deus quis”.

Às vezes sinto que alguns poucos escravos livres até pensam em me contrariar. Uma afronta. Ameaçam, fazem meninice, mas o medo é maior. Logo esquecem a raiva e as chibatadas. No fundo, eles sabem que eu tenho o poder e que faço o quero. Tenho nas mãos a lei, a justiça, a polícia e um bando cada vez maior de puxa-sacos.

O coronel de outros tempos ainda mora em mim e está mais vivo que nunca. Esse ser coronel que sou e que sempre fui é alimentado por esse povo contente e feliz que festeja na senzala a minha necessária existência.

*Artigo originalmente publicado no dia 29 de maio de 2012, no Portal Infonet

Partidários da Lei de Meios denunciam corrupção de juízes

A prorrogação da medida cautelar que impede a implementação da “Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual” (Lei de Meios) na Argentina aconteceu sob denúncias de que haveria corrupção na câmara judicial que analisou o pedido do grupo de comunicação Clarín. Partidários da implementação da Lei de Meios denunciam que alguns dos juízes da Câmara Civil e Comercial Federal que aprovaram a prorrogação da medida cautelar teriam viajado para Miami financiados pelo grupo Clarín. Apoiadores da medida estão otimistas em relação aos resultados e estudam entrar com um processo contra o órgão.
 
A medida cautelar prorrogada mantém suspenso o artigo 161 da nova lei, que determina que empresas com número de licenças superior ao permitido pela nova regulação se adequem. Segundo a novas normas uma empresa pode ter no máximo 35% do mercado a nível nacional e 24 licenças. O Grupo Clarín, contudo, concentra 41,8% das licenças de rádio, 38% das licenças de televisão aberta e 59% das de TV paga (um total de 240). O líder da bancada governista de deputados, Augustín Rossi, afirmou que " de um lado se põe a legitimidade social, a lei sancionada pela maioria do Congresso, que estabelecia a data de 7 de dezembro; e do outro lado se coloca a mesquinhez corporativa do grupo Clarín".

A presidenta das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto, manifestou que é preciso "seguir com paciência, espera e otimismo", pois “os prazos não podem ser eternos”. Para além da Lei de Meios, o movimento de direitos humanos tem outras questões a resolver com a família proprietária do conglomerado. Ernestina Herrera de Noble, presidenta do grupo Clarín e uma das mulheres mais ricas da América Latina, é investigada por suspeita de ter recebido da ditadura militar argentina a guarda de filhos adotivos retirados de militantes opositores ao regime autoritário.

A presidenta Cristina Kirchner, em uma manifestação pública que comemorava os 29 anos do fim da ditadura militar, ao se dirigir às Mães e Avós da Praça de Maio declarou: “Como não vamos esperar uns dias ou uns meses se elas esperaram tantos anos para ter justiça e saber a verdade? Elas são o exemplo”.
 
Brasileiros se solidarizam e reivindicam lei nacional
 
No Brasil, entidades, movimentos sociais e indivíduos apoiadores da iniciativa argentina de implementar a “Lei de Meios” se mobilizaram em solidariedade ao povo do país vizinho e para exigir também uma lei brasileira que amplie a participação da sociedade nos meios de comunicação. Na internet, seguindo a orientação de uma articulação latinoamericana, foi realizado um twitaço com hashtags #7D, #LeydeMedios e #NOmonopolios.
 
O Coletivo Intervozes teve a iniciativa de divulgar pelas redes sociais imagens de pessoas segurando a faixa da campanha “Para expressar a liberdade” em várias capitais brasileiras e em Buenos Aires, em que se reivindica “coragem” da presidenta Dilma Roussef para apresentar uma lei que aponte no mesmo sentido que a aprovada na Argentina, que democratize a comunicação.
 
No Rio de Janeiro foi realizada uma manifestação pública em frente ao consulado argentino na praia de Botafogo. Segundo um dos organizadores do ato, Orlando Guilhon, membro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e da Frente Ampla pela Liberdade de Expressão (Fale Rio), a implementação de uma lei que democratize a comunicação no Brasil depende de uma “capilarização dessa luta” chegando até o “cidadão comum”. “O que falta ao poder público é coragem para colocar isso na agenda.”, defende.
 
O ato público no Rio de Janeiro reuniu o Coletivo Intervozes, a Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub), o Sindicato dos Jornalistas do Município, o Sindicato dos Jornalistas do Estado, os Blogueiros Progressistas (Blogprog), o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a TV Memória Latina, a TV Comunitária do Rio de Janeiro, a TV Comunitária de Niterói e a TV Petroleira.

Com informações do Página/12

Relator da ONU vem ao Brasil discutir liberdade de expressão

Redação – Observatório do Direito à Comunicação

A campanha “Para Expressar a Liberdade” traz ao Brasil o relator especial pela liberdade de expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), Frank De La Rue. Serão realizados debates e reuniões abertas ao público em Brasília e São Paulo, entre os dias 11 e 14 de dezembro. Frank de La Rue defende a democratização da Comunicação na América Latina e tem expressado apoio à Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual da Argentina (Ley de Medios).

No dia 11, De La Rue estará na Faculdade de Comunicação da UnB debatendo com docentes e representantes do Fórum Naiconal pela Democratização da Comunicação (FNDC). No dia 13, acontece o debate “Liberdade de expressão e concentração da mídia”, na Câmara Municipal de São Paulo, com a participação de parlamentares e representantes de entidades da sociedade civil. De La Rue também participa da plenária nacional da campanha no dia 14, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo

Mais informações em www.paraexpressaraliberdade.org.br

Fortaleza terá Encontro de Comunicação e Direitos Humanos

 Redação – Observatório do Direito à Comunicação

O Comitê Municipal de Educação em Direitos Humanos e a Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza promovem nesse dia 13 de dezembro (quinta), às 18h, o I Encontro de Comunicação e Direitos Humanos. O evento acontece no Auditório Geraldo da Silva Nobre – FEAAC/UFC (Av. da Universidade, 2461, Benfica) e as inscrições serão realizadas no local a partir das 17h.

O I Encontro de Comunicação e Direitos Humanos deve servir como ponto de partida para a execução do Plano de Educação em Direitos Humanos de Fortaleza (PEDHFOR). Além disso, o espaço se propõe a promover o intercâmbio e a divulgação dos trabalhos de organizações da sociedade civil, núcleos, projetos e programas de pesquisa e extensão que desenvolvem ações de Educação em Direitos Humanos no campo da comunicação e novas tecnologias, assim como apresentar as ações do Eixo de Comunicação e Educação do PEDHFOR que serão executadas nos próximos 10 anos.