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Minicom testa padrão europeu de rádio digital

Reproduzido do TeleSíntese

Representantes do Ministério das Comunicações, da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) assistiram uma demonstração  do consórcio europeu de rádio digital, que utiliza a tecnologia DRM (Digital Radio Mondiale),  na sexta-feira 22, Brasília.

Novas apresentações dessa tecnologia vão fazer parte dos testes previstos no aviso de Chamamento Público, publicado pelo Minicom no Diário Oficial da União, para escolha do padrão digital de rádio pelo Brasil. A demonstração foi coordenada por Ruxandra Obreja, presidente do consórcio DRM.

Os interessados em rádio digital devem encaminhar ao Minicom, em 180 dias, suas manifestações sobre testes e avaliações nos sistemas atualmente existentes no mundo. A metodologia dos testes de campo deverá obedecer a Guia para Avaliação dos Sistemas de Rádio Digital, da Anatel. (Da redação, com assessoria de imprensa)

 

Telecomunicações: da troca de metas emerge um novo modelo

Até 2010, todos os municípios brasileiros vão contar com infra-estrutura de banda larga e todas as 55 mil escolas urbanas vão estar conectadas à internet a pelo menos 1 Mbps. Qual é o impacto desse investimento, da ordem de R$ 1,2 bilhão, no desenvolvimento do país, especialmente dos 2,7 mil pequenos municípios que ainda só acessam a internet por linha discada, e na melhoria da qualidade do ensino ainda não se sabe. Mas certamente o Brasil conectado à banda larga será um país diferente, capaz de oferecer mais oportunidades a seus cidadãos e a milhões de pequenos e micro-empresários. Se as políticas compensatórias permitem distribuir renda, o acesso à rede mundial dos computadores permite distribuir e compartilhar conhecimento. A construção dessa infra-estrutura significa redesenhar o modelo de telecomunicações – seu eixo deixa de serviço de telefonia fixa e passa à oferta multisserviços, a partir da plataforma de banda larga.

Esse novo cenário que começa a ser desenhado, com a assinatura hoje, 8, pelas concessionárias de telefonia local do novo plano de metas de universalização só foi possível porque o governo Lula soube entender que a banda larga se transformou em insumo vital para o desenvolvimento do país e para reduzir as desigualdades sociais por meio do acesso, via internet, à rede de conhecimento. Essa consciência foi que levou a equipe técnica do Ministério das Comunicações a propor a troca de metas de universalização, substituindo a instalação dos Postos de Serviço de Telecomunicações, prevista no contrato de concessão então em vigor, pela expansão da infra-estrutura de banda larga (backhaul) a todas as sedes de municípios.

O alcance da proposta atraiu apoios políticos decisivos dentro do governo, em especial na Presidência da República e na Casa Civil, sem falar na Anatel. Mas foi, sem dúvida, a determinação do presidente Lula, de que queria que todas as escolas públicas estivessem conectadas à internet até o final de seu governo, que animou o enorme esforço de negociação, que consumiu vários meses e a superação de muitos obstáculos, inclusive de ordem legal. Ao final, não só as concessionárias concordaram em substituir os PSTs pelo backhaul, num investimento 55% maior, de acordo com os cálculos das empresas, como entenderam a demanda do governo e vão conectar as escolas, garantindo a gratuidade da conexão até 2025, quando termina o atual contrato de concessão.

Com a troca de metas, o futuro Plano Nacional de Banda Larga já tem sua espinha dorsal. Mas ainda vão faltar vários passos complementares para que a banda larga ganhe capilaridade nos municípios. Como financiar essa malha? Como permitir a competição na última milha e impedir a ampliação do monopólio das concessionárias? Que aplicações devem estar associadas à oferta de banda larga às prefeituras para garantir a sustentabilidade do serviço ? Essas são as questões que se colocam para o debate, a partir de agora.

A construção da última milha do Plano Nacional de Banda Larga demanda uma ampla articulação que vai muito além dos atores que fizeram, com sucesso, a troca de metas. Mas o fato de o governo ter usado com competência seu poder concedente para fazer política pública e de ter compreendido a dimensão da revolução que se pode fazer no país a partir de uma infra-estrutura de banda larga nos anima a ser otimistas.

Minicom estuda lançar novo edital para usar recursos do Funttel

O Ministério das Comunicações está avaliando, internamente, o lançamento de novas chamadas públicas para os recursos do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) não utilizados no edital Finep/Funttel, recentemente concluído. O montante de recursos disponíveis era de R$ 79,9 milhões, mas muitas propostas foram desqualificadas por não estarem em conformidade com as exigências do edital e foram aprovadas apenas 17 propostas, das 116 apresentadas por empresas e institutos de pesquisa. Para esses projetos serão liberados R$ 30 milhões, em três anos.

Técnicos da Finep creditam o baixo número de propostas contempladas ao pouco prazo – os editais foram lançados em outubro de 2007 e todo o processo foi concluído no início de fevereiro. “As empresas e institutos de pesquisa não tiveram tempo para articular suas propostas”, explica um técnico da Finep. Por isso, o departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia do Minicom está estudando a possibilidade de realizar, ainda este ano, nova chamada pública nas áreas temáticas. O assunto será colocado, pelo Minicom, na reunião do Conselho Gestor do Funtell, que deve ocorrer em meados de março.

Acerto na política

O interesse das empresas e institutos de pesquisa nas chamadas públicas da Finep/Funttel mostra, no entanto, que o Ministério das Comunicações acertou na aplicação dos recursos do Funttel, ao definir as seis áreas temáticas prioritárias. Dos 116 projetos avaliados pela Finep, o maior número, 24% do total, foi na área de inovações em tecnologias de identificação por radiofreqüência, seguida por inovações em sistemas de comunicações sem-fio em banda larga, produtos de acesso e difusão digitais (WiMAX, TV digital, rádio digital), que respondeu por 27 propostas, ou 23% do total.

Projetos sobre inovações em plataformas de serviços baseados no protocolo IP, como terminais de acesso multisserviço de baixo custo, servidores voltados a redes de próxima geração (NGN, IMS), entre outros, corresponderam a 22% das propostas apresentadas; enquanto as inovações em software para telecomunicações – sistemas de suporte à gestão (BSS) e à operação (OSS) para prestadores de serviços de telecomunicações, inclusive de pequeno e médio porte, que operam redes e serviços convergentes, representaram 12%, e as inovações em plataformas para produção e difusão de conteúdos digitais – middleware multiplataforma, tecnologias de acessibilidade, ferramentas gráficas para edição de conteúdos, aplicações baseadas em arquitetura IMS – participaram com 11%. Os 7% restantes foram na área de sistemas de comunicações óticas – equipamentos e componentes críticos usados em soluções de transporte e acesso em comunicação ótica, tais como multiplexadores e equipamentos terminais de rede e de usuário.

Dos 17 projetos contemplados, a maior parte (41%) foi da região Sudeste, seguido pela região Sul (23%) e pelas regiões Norte e Nordeste, com 18% cada.

Essa foi a primeira chamada para as áreas temáticas, desde que elas foram definidas pela Resolução 40 do Funtell, de janeiro de 2007. A definição das áreas ocorreu após uma pesquisa, pelo Minicom, junto a institutos de pesquisa, de ciência e tecnologia e das empresas que recebem recursos para pesquisas. O objetivo da pesquisa foi o de identificar para onde as tecnologias estavam indo e como diminuir os gaps tecnológicos.

SMP ou SCM móvel. A dúvida da Anatel para o WiMAX

O formato do edital de licitação do WiMAX já está bem adiantado dentro da Anatel. Mas se a agência já decidiu que essa tecnologia poderá ser usada para a mobilidade, a dúvida, agora, é definir qual a licença de serviço será outorgada. A decisão da mobilidade foi referendada em novembro do ano passado, quando o Brasil apoiou o acordo aprovado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), que reconheceu o WiMAX como uma das tecnologias do UMTS.

Duas são as as hipóteses em estudo: usar a outorga do Serviço Móvel Pessoal (SMP) ou a do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). Nos dois casos, há muito o que ponderar. Conceder novas licenças de SMP para o WiMAX trará mais implicações para o mercado, reconhecem técnicos da agência, pois, pelas regras atuais, só poderia haver, no máximo, cinco empresas de telefonia móvel no país. Embora a Anatel tenha eliminado o regulamento que estabelecia um número máximo de prestadoras de SMP, o problema não é regulatório, mas, sim, de modelo de negócios.

A outra vertente, que seria adotar o SCM como o serviço a comportar a tecnologia WiMAX, teria um menor impacto no mercado, pois, embora existam mais de mil empresas que têm essa licença, elas atuam em nichos. Mas provocaria uma maior alteração regulatória, já que o SCM é um serviço que pode fazer quase tudo, mas não pode prestar o serviço móvel nem o de TV por assinatura.

Para adotar o SCM como o serviço do WiMAX móvel seria preciso fazer uma ampla mudança no regulamento do SCM, o que implicaria aceitar a mobilidade para outras tecnologias que estão por vir. Outra alternativa seria criar um novo serviço, o SCM Móvel, o que iria na contramão da tendência mundial de convergência e da licença única.

Se essas não são questões simples de serem equacionadas, alguns princípios já estão consolidados na Anatel. E o mais importante deles é que a mobilidade do WiMAX não será permitida de imediato. Será estipulado um prazo para que as empresas que adquirirem essas freqüências possam partir para a mobilidade. A razão para isso chamase “estabilidade regulatória”.

As regras valerão para todos, o que significa que as empresas que compraram freqüências de WiMAX na primeira licitação, quando ninguém ainda falava dessa tecnologia — entre elas a Embratel, que comprou banda para todo o país —, também terão que cumprir o prazo probatório para a mobilidade. Outra questão já definida refere-se à modelagem para a oferta de serviço. O Brasil será dividido em 67 áreas de registro (correspondentes aos DDDs dos estados, como 11, 12, 21, etc.), e as aquisições poderão ser feitas em cada uma dessas áreas. Essa divisão repete o edital lançado em 2006, que estimulou a presença de 102 empresas na entrega de propostas. Mas a licitação acabou paralisada pelo TCU e as concessionárias fixas conseguiram, na Justiça, o direito de comprarem freqüências em suas áreas de concessão, o que era proibido pela Anatel.

Ao contrário da licitação passada, no novo edital, a Anatel pretende estabelecer metas de cobertura, mas de uma forma calibrada, de maneira a fazer com que o WiMAX seja um instrumento de competição, além de ferramenta de universalização de serviço.

Certificação

O primeiro documento a ser publicado, que faz parte desse conjunto de medidas que precisam ser tomadas, é o regulamento de certificação dos equipamentos, cuja consulta pública, lançada no ano passado, provocou uma reação contrária da indústria. Na época, a Anatel queria estabelecer restrição à mobilidade na própria tecnologia que seria certificada. A norma irá incorporar a nova orientação: manterá a limitação do alcance da tecnologia para a telefonia fixa, mas apontará para a mobilidade, quando ela for permitida.

Provedores de internet mostram preocupação com fusão BrT/Oi

Com a fusão da Brasil Telecom (BrT) com a Oi os provedores independentes de acesso à internet podem acabar. A afirmação é de Jorge de La Rocque, presidente da Rede Global Info, entidade que reúne mais de 650 provedores banda larga em 1300 municípios brasileiros, destacando que a medida do governo diminui a concorrência no setor das telecomunicações, já altamente oligopolizado. “Atuamos dentro de um cenário de difícil competitividade, na concorrência da última milha. Hoje o provedor independente só consegue ser competitivo nos locais onde há mais de uma tele, e se diminuir a oferta na milha final, praticamente elimina-se o provedor de acesso à internet”, destaca o executivo.  

Ele ressalta que sua posição também é acompanhada por outras entidades, como a Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas) e Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Para de La Roque, a desagregação de redes seria uma alternativa para estimular a competição no setor, que deveria se somar a uma melhor definição, por parte do governo, das ações de longo prazo. “É necessário ter certeza que, quando as regras foram criadas, elas o foram com embasamento técnico e jurídico visando o longo prazo, para funcionar. Essa fusão vai contra a LGT (Lei Geral das Telecomunicações), e não podemos mudar a lei para favorecer um pequeno segmento. Temos que chamar a sociedade civil e técnica para isso, pois estamos em um país democrático”, conclui.