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Parceria entre universidades e municípios traz propostas inovadoras

Uma detém o conhecimento, e a outra, um leque de possibilidades.  Em se tratando de ciência e tecnologia, universidade e administração pública municipal têm muito a compartilhar. Esse intercâmbio de experiências é tido como proveitoso por ambas as partes. Quando instituições de ensino superior e prefeituras se unem, as iniciativas de Cidade Digital podem se multiplicar e contemplar a população.

O professor doutor Leonardo Mendes, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), defende essa parceria. Segundo ele, tal colaboração mútua ajuda no desenvolvimento do País. “A união entre os recursos humanos disponíveis nas universidades e profissionais que entendam as regras de mercado pode contribuir enormemente para a informatização dos municípios. Mas, além disso, também pode oferecer à sociedade o melhor instrumento para modernizá-la, levando o Brasil a se igualar aos países mais ricos em avanço tecnológico”, avalia.

De acordo com Iara Regina Ferreira, analista de parcerias da Inova, a agência de inovação da Unicamp, a relação entre as instituições pode favorecer a implantação de projetos que resultarão na informatização dos municípios. “Há muitas demandas tecnológicas que envolvem as administrações públicas e podem ser discutidas e desenvolvidas nos ambientes acadêmicos. São situações novas que demandam conhecimento. Essa interação é uma das formas de contribuir com a sociedade na busca de soluções viáveis, sempre pensando em um desenvolvimento sustentável”, constata.

Para o professor da Unicamp, as universidades se beneficiam muito ao se aproximarem das administrações públicas. “Nossa experiência em construir soluções para os municípios tem sido enriquecedora não somente para eles, mas também para a academia. Através dessa relação, temos desenvolvido tecnologias avançadas e construído paradigmas que são vistos como inovadores no Brasil e em outros países. Colaboramos com os municípios, que também nos ajudam com idéias e conceitos novos de grande interesse para a academia brasileira e mundial”, discorre Mendes.

Benefício para a comunidade

Para Carlos Ferraz, professor adjunto do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), quando as instituições propõem soluções inovadoras para os órgãos públicos, a comunidade sai ganhando. “As universidades têm o papel de promover o avanço em tecnologias, metodologias, processos, etc. Dessa forma, a população pode ter acesso a soluções atuais, em vez de recursos caros e ultrapassados”, considera.

A analista de parcerias da Inova aponta que a comunidade sempre se beneficia com os projetos desenvolvidos para atender a administração pública. “Quando há a capacitação de um professor, ele utiliza o que aprendeu com seus alunos. Ao desenvolver uma ferramenta computacional voltada para a educação, o objetivo é que ela atenda o estudante. De uma maneira geral, são tecnologias que acabam sendo utilizadas diretamente ou indiretamente pela população”, discorre Iara Regina.

De acordo com Ferraz, também diretor adjunto do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), essa relação de troca entre universidades e municípios ajuda a desenvolver a “cultura da qualidade” na população. “Quando compartilha seu conhecimento, a instituição ganha em reputação e reconhecimento, e novos recursos surgem, formando assim um ciclo virtuoso de experiências que beneficiam todos”, afirma.

Atuação das universidades

O professor da Unicamp defende que, ao compartilharem seu conhecimento, as instituições de ensino superior cumprem o seu dever. “Essa é a sua missão como universidade”, enfatiza. Ele afirma que o know-how das administrações públicas é um patrimônio das instituições. “É através deste conhecimento que especialistas nas tecnologias da informação e comunicações (TIC) podem construir instrumentos para apoiar o administrador público em suas atividades”, observa.

Para que essa relação de troca seja positiva, a analista de parcerias da Inova diz que é preciso compreender que a proposta e o interesse das instituições são a pesquisa e o desenvolvimento das ações. “Nesse sentido é importante que a universidade e o município abracem a idéia do projeto”, completa Iara Regina.

Ainda de acordo com o professor Mendes, iniciativas como as infovias municipais, sistemas de e-Gov e as plataformas tecnológicas de educação, como o Conexão do Saber, têm resultados promissores. “Nosso trabalho é orientado para os resultados. Assim, nossos parceiros nos acompanham nas mudanças de rumo e esperam pelas contribuições efetivas. Os municípios que investiram na parceria conosco conquistaram resultados que oferecem uma grande melhoria nos seus processos de gestão e de atendimento ao público”, afirma.

Infra-estrutura de telecentros e formação de monitores terão apoio do governo

O governo federal vai apoiar o fortalecimento da inclusão digital no país por meio de ações para melhoria da infra-estrutura e a formação de monitores de telecentros comunitários. O anúncio foi feito hoje (7) no encerramento da 7ª Oficina para Inclusão Digital, em Belém.

As medidas incluem o reforço na conectividade por meio de banda larga, a disponibilização de cerca de 4 mil equipamentos para telecentros e a oferta de 8 mil bolsas para monitores que atuam em centros comunitários de inclusãodigital. A iniciativa também prevê uma rede de formação a distância e presencial para os monitores que trabalham no atendimento direto às comunidades.

O secretário-adjunto de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rodrigo Assumpção, disse que o objetivo é reforçar o potencial dos telecentros e as redes de projetos de inclusão digital. “As propostas que o governo federal está trazendo para essa comunidade certamente vão cair em um terreno extremamente fértil e florescer para o fortalecimento da política pública de inclusão digital.”

Segundo ele, o maior problema para a sustentabilidade da inclusão digital no Brasil é a remuneração dos monitores. “A oferta de bolsas pelo governo federal vai contribuir para a continuidade da política de inclusão digital no país, além de criar uma rede de pessoas que vão conseguir levar adiante essa política”, destacou Assumpção.

O número total de participantes da oficina foi de 2,3 mil pessoas, o maior até hoje, de acordo com a organização do evento. Dessas, mais de mil são ligadas a projetos de inclusão digital do governo federal.

Além do público recorde, Assumpção destacou a qualidade dos debates do encontro. Segundo ele, um dos temas inovadores foi o vínculo do tema inclusão digital com a preocupação ambiental. “Tenho certeza de que o debate sobre a preocupação com o lixo tecnológico vai crescer muito nos próximos anos”, concluiu.

Acesso à banda larga é desafio na Região Norte

Mais da metade dos municípios brasileiros possui políticas públicas para a inclusão digital. No Pará, que tem 7,4 milhões de habitantes (2 milhões só na Região Metropolitana de Belém), 46% dos acessos à internet são feitos de lan houses, 33% do local de trabalho, 28% de instituições de ensino e apenas um quarto em domicílios.

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram apresentados pelo secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), João Weyl, na manhã de quinta-feira (6) durante a 7ª Oficina para Inclusão Digital, na plenária que discutiu “Conectividade: o desafio da banda larga”.

Além de João Weyl, participaram da plenária o secretário-adjunto da Secretaria de Logística Tecnologia e Informação/MP (do governo federal), Rodrigo Assumpção, e Franklin Coelho, do projeto Pirai Digital.

De acordo com João Weyl, cada vez mais um número representativo de pessoas acessa os serviços de conectividade em alta performance (banda larga), porém 80% da população do Norte ainda têm acesso discado.

Uma das metas do governo estadual, diz Weyl, é que até 2010 se amplie para 32 o número de mega bits para instituições e escolas públicas em todo o Pará. Segundo o secretário-adjunto, a tecnologia mais democrática para disponibilizar acesso à rede é a transmissão via rádio, por meio de aparelhos chamados back bones.

Políticas públicas

“Essa democratização do acesso à banda larga acontece, aqui no Estado, por meio de parcerias e metas de governo para políticas públicas de inclusão digital, através do NavegaPará, que é o mais ambicioso projeto de inclusão digital do país, pois vai interligar por meio de fibra óptica hospitais, escolas e órgãos de segurança pública”, informou Weyl.

Outros números do IBGE apontam para o grande interesse em acessar a rede e a necessidade de melhorias em banda larga: 70% das pessoas em todo o país acessam a internet para pesquisas educacionais, 47% para leitura de jornais e revistas on line e 43% para relações com órgãos de governo.

Franklin Coelho defendeu o acesso democrático à rede para as comunidades mais carentes. “Precisamos disponibilizar mais o acesso à informação e ao conhecimento, porque conectividade vai muito além de uma simples implantação de infra-estrutura”, reiterou.

A rede mundial de computadores, completou Franklin, quebra um marco legal nas leis de telecomunicações do país (sobre rádio e televisão) e democratiza o acesso à informação.

Segundo Rodrigo Assumpção, até o fim deste ano 20 mil escolas de todo o Brasil estarão conectadas à rede mundial de computadores e, em 2009 mais 20 mil. “Desta forma, aceleramos o acesso à informação aos alunos da rede pública de ensino”, finalizou.

A 7ª Oficina para Inclusão Digital começou na última terça-feira (4) e termina nesta sexta-feira (7) no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, com oficinas, plenárias e debates. Ao final do evento também será elaborada a Carta de Belém, com as principais propostas para inclusão digital no país e na América Latina.

O evento é realizado pelo governo federal, em cooperação com o governo do Estado, via Sedect e Empresa de Processamento de Dados do Pará (Prodepa)

Sociedade civil cobra planos e recursos para a inclusão digital no país

A implementação de planos de inclusão digital em todas as esferas do governo, a ampliação do debate com a sociedade civil, a liberação de recursos públicos para a inclusão digital e a criação de um conselho nacional para tratar do tema são algumas das propostas da Carta de Belém, elaborada durante a 7ª Oficina para Inclusão Digital. O evento na terça-feira (4) e terminou hoje na capital paraense.

O documento, elaborado por entidades da sociedade civil, contém 25 propostas de ações para desenvolver uma política pública integrada de tecnologias da informação e comunicação a serviço da inclusão digital. Uma das sugestões é que os programas sociais e políticas públicas voltados para a assistência social e educação também contemplem a inclusão digital.

Outra reivindicação das entidades é que o desenvolvimento da TV digital garanta a interatividade plena a todos os cidadãos. A carta sugere que sejam disponibilizados canais públicos de veiculação e que a produção e difusão dos conteúdos sejam livres.

Apesar de reconhecer avanços na área de inclusão digital, a Carta de Belém critica o projeto de lei que trata da segurança dos crimes cometidos pela internet. “Essa proposta inviabiliza a inclusão digital no Brasil. O projeto é nocivo para a sociedade, porque trata o compartilhamento de conhecimento como crime, sem a existência de uma legislação que trate de direitos na internet”, diz o documento.

As entidades pedem que a proposta, já aprovada no Senado, seja retirada da pauta na Câmara dos Deputados.

Evento debate desafios de telecentros e ampliação da banda larga

A necessidade de adequação dos telecentros à realidade atual, na qual o acesso à internet está muito facilitado, foi um dos temas debatidos hoje (6) durante a 7ª Oficina para Inclusão Digital, em Belém. O diretor do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos, Carlos Seabra, destacou a importância dos telecentros no aprendizado do uso da internet. Segundo ele, embora o acesso em cyber cafes e lan houses seja mais livre, nesses locais o conhecimento não é repassado.

“O fato de dar um lápis e um papel para um analfabeto, não significa que ele vá aprender a ler e a escrever. E é esse papel que os telecentros têm”, disse. Ele criticou o excesso de cursos existentes em alguns telecentros e a proibição do acesso à rede de relacionamentos Orkut e a programas de bate-papo como o MSN.

Para Seabra, os telecentros também têm que estar atentos para a importância do uso do celular integrado à internet, e devem oferecer mecanismos para ampliar essa possibilidade, como os cabos necessários para descarregar no computador as fotografias tiradas com o celular. “O uso integrado do celular com internet é uma realidade cada vez maior, e os telecentros precisam atender a essa demanda também”, disse.

Para a coordenadora do programa BH Digital, da prefeitura de Belo Horizonte, Silvana Veloso, a parceria entre governo e sociedade civil é fundamental para a inclusão digital no país. “Nós não podemos instalar um telecentro e deixar o uso livre como uma lan house, temos que oferecer e sistematizar conteúdos para a comunidade”, afirma. Para ela, a internet pode ser considerada o quinto poder na sociedade atual.

Outro tema debatido hoje foram os desafios da utilização da banda larga no Brasil. Rodrigo Assumpção destacou que é preciso integrar a estruturas de fibras óticas implantadas no país. Segundo ele, o Ministério das Comunicações disponibiliza atualmente, por meio do programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), 3,5 mil pontos de acesso implantados em 2,2 mil municípios. Segundo ele, um novo contrato irá contemplar 12 mil pontos em todos os municípios do país.

O diretor também informou que as operadoras de telefonia se comprometeram a fornecer conexão banda larga a 56 mil escolas urbanas até 2010. O número representa 87% dos alunos da rede pública do país. A garantia foi dada por meio de um decreto que trocou a obrigação das operadoras de telefonia em instalar Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs) pela de levar aos municípios um sistema chamado backhauls, que é a infra-estrutura de rede para conexão em banda larga.