Costa Rica pronta para ligar a televisão digital

A presidenta da Costa Rica, Laura Chinchilla Miranda, e o ministro de Ciência, Tecnologia e Telecomunicações, Alejandro Cruz, assinaram a autorização oficial do Governo para que o canal 13 inicie experimentalmente suas transmissões no novo padrão digital.

“Sinto-me muito satisfeita que a poucos dias de terminar minha gestão possamos anunciar o fechamento do processo do qual participou muita gente. Hoje autorizamos o Canal 13 a dar início às transmissões digitais experimentais no novo padrão”, declarou a presidenta Laura Chinchilla Miranda.

A Costa Rica já adotou um padrão para a nova televisão digital conhecido como ISDB-Tb (nipo-brasileiro), que permite a recepção em dispositivos móveis, ver imagens em alta definição com até 30 quadros por segundo, não requer licenças para cada aparelho, entre outra série de vantagens.

O padrão de televisão digital costarriquenho é conhecido desde 2010. Depois de muitas consultas e processos de verificação, foi editada uma regulamentação, foi criada a comissão mista e se desenvolveu o Plano Diretor de Televisão Digital em 2013.

Com o apoio do Governo japonês, o canal 13 instalou seus equipamentos transmissores adaptados ao novo “padrão país” faz alguns meses, e agora já se encontra totalmente preparado para iniciar os testes de transmissão frente ao “apagão analógico”. Ao menos 11 países latinoamericanos já escolheram o padrão nipo-brasileiro.

Fonte: Observacom/Micit (com edição)

Observatório latinoamericano monitora comunicação na região

A plataforma digital “Observatorio Latinoamericano de Regulación, Medios y Convergencia” monitora o desenvolvimento das políticas públicas e dos marcos regulatórios de comunicação na América Latina. A iniciativa, organizada por pesquisadores e especialistas, disponibiliza análises e informações do setor que permitem avaliações sobre os seus impactos na liberdade de expressão, na diversidade e no pluralismo dos sistemas de comunicação.

Além de análises de especialistas e notícias atuais, a plataforma disponibiliza uma base de dados legislativos abrangendo atualmente 15 países latinoamericanos, incluindo em alguns casos projetos de lei em tramitação. Uma sessão específica é dedicada ao tema da televisão digital, sua regulação, políticas e processo de implementação.

O conteúdo se encontra na maior parte disponível em espanhol, mas também é possível encontrar alguns textos em português. A direção geral do projeto fica por conta do uruguaio Gustavo Gómez (professor, pesquisador e ex-diretor de telecomunicação do Uruguai), que conta também com uma coordenação e um comitê editorial compostos atualmente por integrantes do México, Brasil, Argentina, Peru, Espanha e Canadá.

Conheça a plataforma através do link: http://observacom.org/

Agentes do Estado seriam responsáveis por 77% dos crimes contra comunicadores

De acordo com o relatório “Violações à Liberdade de Expressão”, publicado pela Artigo 19, agentes do Estado (polícia, políticos e agentes públicos) estariam envolvidos em 23 (77%) dos casos graves de violência contra comunicadores registrados em 2013 como mandantes. Superam, inclusive, os 4 casos envolvendo o crime organizado.

A polícia lidera o ranking de mandantes em número de homicídios contra comunicadores no ano de 2013, estando envolvida em 3 casos desse tipo e em 3 outros de ameaça de morte. Em relação às ações comandadas pelo crime organizado, foram registrados 1 caso de homicídio, 2 ameaças de morte e um sequestro. A maioria das mortes (75%) teria como alvo vítimas que vinham fazendo denúncias. Em um número menor de casos (25%), o assassinato está relacionado com a emissão de opiniões.

O cientista político, Pedro Fassoni, professor da PUC-SP afirma no relatório que “geralmente esses jornalistas são assassinados através de assassinos de aluguel e muitas vezes chega-se até a autoria do crime, mas não ao mandante. O poder econômico continua determinando também essa questão”.

Os políticos lideram, por outro lado, o número de mandantes em casos de ameaças de morte (8) e de tentativas de homicídio (6), além de ter sido registrado também 1 sequestro. Assim, como no caso das ocorrências de homicídios, a maioria das motivações que levam à ameaça de morte estão relacionadas à denúncias (87,5%), e uma menor parte de casos motivados por opinião (12,5%).

A maioria dos casos de violações contra comunicadores registrados aconteceu na região Sudeste (8), seguida pelas regiões Norte (6), Sul (6), Nordeste (5) e Centro-Oeste (4).

A metodologia empregada para a produção do relatório se valeu de matérias publicadas em diversos veículos de comunicação, organizações sociais e redes de correspondentes, bem como de relatos das próprias vítimas ou testemunhas dos casos. Posteriormente, foi realizada uma apuração de cada caso, com entrevistas com as vítimas, seus conhecidos e familiares, membros da sociedade civil que trabalham com o tema e autoridades responsáveis pelas ocorrências.

Na categoria comunicadores estão jornalistas, radialistas, blogueiros, repórteres investigativos, apresentadores de televisão, fotógrafos, chargistas e comunicadores comunitários. Ao final, o relatório faz dez recomendações ao Estado brasileiro sobre como atuar para reduzir o número de violações, além de recomendações a organismos internacionais e a organizações da sociedade civil e de mídia.

Violência nas manifestações

As manifestações de rua que cresceram desde junho de 2013 chamaram a atenção da população para um caso específico de violência contra a liberdade de expressão, dirigida contra comunicadores que tentam registrar as ocorrências nos grandes atos públicos.

Luis Roberto Antonik, diretor-geral da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert), apresentou, em audiência pública realizada pelo Conselho de Comunicação Social no Senado no dia 5 de maio, números que demonstram parte desse problema. De acordo com esses dados, em 2013 houve 136 casos registrados de violação à atividade jornalística, sendo que 67% estão relacionados às manifestações que ocorreram em locais públicos. Segundo Antonik, a violência partiu principalmente de policiais.

O representante dos empresários atribui a violação à liberdade de expressão ao despreparo de policiais e desconsidera a possibilidade de que essa violência seja algo deliberado. “Não entendemos que os policias tenham um propósito contra jornalistas, mas entendemos que não estão preparados para esse cenário [das manifestações] que temos enfrentado no último ano”, explicou Antonik.

A íntegra do relatório que também levanta casos de violência contra defensores dos direitos humanos pode ser acessada clicando aqui.

Com informações da Artigo 19 e da Agência Senado

Para onde vai o dinheiro da Ancine?

Por Gustavo Gindre*

O fomento ao audiovisual com recursos públicos conta com uma série de mecanismos municipais, estaduais e federais, dispersos e desprovidos de uma lógica sistêmica. Dentre esses mecanismos, de longe, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) administra os mais significativos.

Grosso modo, os mecanismos de fomento com recursos públicos, no âmbito da Ancine, podem ser divididos em dois tipos: renúncia fiscal e fomento direto.

Renúncia fiscal

A renúncia fiscal, por sua vez, abarca dois diferentes tipos de mecanismos de fomento. De um lado, os mecanismos de patrocínio, onde agentes econômicos não relacionados ao audiovisual aportam recursos públicos de imposto de renda para a produção de obras audiovisuais. Em troca, essas empresas recebem apenas a exposição de suas marcas como patrocinadoras.

De outro lado, os mecanismos de investimento, onde distribuidores de obras audiovisuais, radiodifusores e programadoras de TV paga aportam recursos públicos de impostos sobre remessas ao exterior para a produção de obras audiovisuais. Em troca, essas empresas se tornam coprodutoras destas obras.

Regulamentação infralegal, expedida pela Ancine, define quais os direitos de coprodutores, permitindo que essas empresas tenham direito a 49% da receita líquida, a exibição gratuita por cinco anos em seus canais (no caso de programadoras e radiodifusoras) e a distribuir a obra por cinco anos (no caso de programadoras e radiodifusoras) ou até 70 anos (no caso de distribuidores), entre vários outros direitos.

Na prática, isso significa que essas empresas utilizam recursos públicos para se tornarem coprodutoras de obras audiovisuais brasileiras ditas “independentes” e, com isso, adquirem grande parte da receita dessas obras e influenciam fortemente em aspectos de sua produção (como roteiro, figurino, trilha sonora, locações, elenco, diretor e corte final, por exemplo).

Provavelmente, o Brasil é o único país do mundo a usar esse estranho mecanismo de renúncia fiscal para a produção de obras audiovisuais. Em geral, a renúncia fiscal movimenta cerca de R$ 200 milhões por ano.

Fomento direto

A Ancine pratica pequenas modalidades de fomento direto, através do uso de seus próprios recursos, como o apoio à participação e/ou exibição em festivais internacionais, o Prêmio Adicional de Renda (PAR) e o Programa de Incentivo à Qualidade (PAQ), mas é o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) que torna o fomento direto o principal instrumento de fomento ao audiovisual brasileiro.

Criado pela Lei 11.437/2006, o FSA recebe a imensa maioria de seus recursos da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine). Inicialmente, havia dois tipos de Condecines, apelidadas de “Condecine Título” (taxa paga no registro de obras audiovisuais, brasileiras ou estrangeiras, que se destinem ao mercado brasileiro – exceto no caso da produção própria dos radiodifusores, que, por incrível que pareça, está isenta) e “Condecine remessa” (taxa paga na remessa de recursos ao exterior por agentes econômicos ligados ao audiovisual). Estas duas Condecines somadas movimentavam cerca de R$ 70 milhões por ano.

A nova Condecine

Mas, foi a Lei 12.485/2011 que mudou o cenário do FSA, prevendo uma nova Condecine, a ser paga por empresas de telecomunicações. Esta nova Condecine arrecadou, em 2013, pouco menos de R$ 1 bilhão. E o governo federal se comprometeu em repassar cerca de R$ 400 milhões para o FSA em 2014. Até 2013, a Ancine conseguia desembolsar apenas 17% dos recursos do FSA, com 83% retornando ao Tesouro.

Com a chegada desse novo montante, a Ancine tem sido pressionada para melhorar sua eficiência administrativa (conseguindo desembolsar o total dos recursos disponíveis) e para ampliar as linhas do FSA. Até 2013, o FSA praticamente emulava a renúncia fiscal, com fomento à produção de obras ditas “independentes”, em geral em parceria com distribuidores, radiodifusores e programadoras estrangeiras.

Ocorre que a lei permite gastar os recursos do FSA em praticamente qualquer coisa relacionada ao audiovisual, como infraestrutura, formação de mão de obra, canais comunitários, pequenos produtores, produção regional, etc, etc. As diretrizes do FSA são definidas pelo Conselho Superior de Cinema (CSC), organismos composto por representantes do Estado e da sociedade civil, mas fortemente hegemonizado pelos principais agentes do mercado, inclusive empresas estrangeiras.

Urge que a sociedade civil discuta uma nova política para o uso destes recursos que, no limite do superávit primário, podem chegar a R$ 1 bilhão por ano.

*Gustavo Gindre é integrante do Intervozes.

Texto originalmente publicado no Blog do Intervozes na Carta Capital.

Oficinas promovem formação em “Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação”

Redação – Intervozes

Terá início, no próximo dia 19 de maio, o Ciclo de Oficinas Formativas “Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação”, promovido pelo Intervozes em parceria com a Incubadora de Projetos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) da Prefeitura de São Paulo. O ciclo abordará distintos temas numa perspectiva de formação conceitual, com pedagogia participativa, divididos em oito módulos.

Ao todo, devem ser formados 100 jovens e ativistas de grupos e organizações de direitos humanos nesta temática, visando sua capacitação para a reivindicação de direitos neste campo e a ampliação do reconhecimento do direito à comunicação como um direito fundamental da cidadania.

As oficinas contarão com material didático próprio, envolvendo conteúdos impressos e audiovisuais. Para a exposição dos temas a serem trabalhados, serão convidados especialistas e atores sociais ativos na luta em defesa dos direitos humanos.

As inscrições para os dois ciclos de oficinas já estão abertas e podem ser feitas no link http://bit.ly/1okcOfD .

Saiba mais clicando aqui .