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Ministério da Cultura aposta em novas mídias e co-produções

A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura está de olho nas novas mídias e nas novas modalidades de produção audiovisual, conforme explica o novo secretário da pasta, Silvio Da-Rin, em entrevista à revista Tela Viva que circula neste mês de fevereiro. "Nós criamos uma coordenação geral de TV e novas mídias, que vai cuidar de programas como o DocTV e o DocTV IB, mas vai cuidar também de um novo edital de projetos de jogos eletrônicos, aprimorando o edital anterior", diz o secretário. "Estamos pensando também em alguma coisa para a telefonia móvel. Queremos fomentar a produção de audiovisual brasileiro para a telefonia móvel", completa.

Fomento

A nova versão do Documenta Brasil deve contar com 12 documentários, "três vezes mais que a edição anterior", diz Da-Rin. O secretário diz que ainda está em negociação com as redes, portanto não pode afirmar com certeza qual será a parceira no projeto. Contudo, conforme apurou e noticiou Tela Viva News em janeiro deste ano, o mais provável é que aconteça com a Record, com o nome "Janela Brasil". "O projeto será na forma de patrocínio. Esperamos que a Petrobrás nos acompanhe novamente este ano", afirma o secretário.

Co-produções

Apesar do sucesso dos projetos exportadores Cinema do Brasil e Brazillian TV Producers, Da-Rin acredita que há espaço para explorar ainda mais o mercado internacional. "O Brasil evoluiu pouco nas co-produções internacionais, se comparado a outras cinematografias de porte semelhante, como Argentina e México", diz. Deve haver um seminário no segundo semestre deste ano, além de um trabalho para divulgar os acordos bilaterais que o Brasil mantém com diversos países.

Infra-estrutura

O CTAV, Centro Técnico Audiovisual, passa, agora sob a batuta de Gustavo Dahl, por reformulações. Conforme explica Silvio Da-Rin, está em construção um novo prédio para o centro, além de unidades em Manaus (AM), Niterói (RJ) e Cataguases (MG), que se somarão às outras 12. "É o CTAV que vai cuidar de uma política de regionalização da produção através dos núcleos de produção digital em várias cidades do Brasil", diz.

Público de cinema no Brasil diminui 2,9% em 2007

O público de cinema no Brasil caiu em 2007. O ano terminou com total de 88,6 milhões de espectadores (o número de ingressos vendidos nas salas), o que representa uma queda de 2,9% em relação a 2006.

Pela primeira vez desde 2002, o público no país fica abaixo dos 90 milhões. A parcela de espectadores obtida pelo filme nacional (9,8 milhões) representa 11,1% do mercado, e a renda total (R$ 707,3 milhões) demonstra aumento de 0,9% em relação ao ano passado.

Os dados são do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Rio de Janeiro. Na opinião do presidente do sindicato, Jorge Peregrino (Paramount), os números indicam 'estagnação do mercado'.

Para Peregrino, 'no Brasil, o preço do ingresso é artificialmente caro, por causa da meia-entrada [para estudantes]. No final, o sujeito pensa duas vezes antes de ir ao cinema'.

O distribuidor classifica o ingresso de 'artificialmente caro' porque, com a disseminação da venda de meias-entradas, dado o uso de carteiras por parte de quem não é estudante, é minoritária a parcela de espectadores que paga inteira.

Classes C e D

Esse fenômeno, na avaliação do presidente da Cinemark International, Valmir Fernandes, 'é o câncer do entretenimento no Brasil' e seria o responsável por afastar dos cinemas a população de baixa renda.

'Enquanto a minha filha, que possui Ipod, viaja para a Disney, tem acesso a tudo, pagar meia e a minha empregada pagar inteira, não há como querer aumentar o público e a participação das classes C e D', diz.

A Cinemark é líder no mercado brasileiro. Fernandes comanda as operações da cadeia em 13 países. Ele diz que 'a percepção de que o custo do cinema é elevado está muito forte no Brasil', o que julga inexato.

O preço médio do ingresso no país foi de R$ 8 em 2007. 'Não conheço muitas opções de lazer com a qualidade do cinema por esse nível de preço', afirma.

O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Silvio Da-Rin,diz que 'é procedente o argumento' dos exibidores sobre o efeito prejudicial da proliferação indevida de carteiras de estudante, pois isso 'desequilibra as condições' do negócio.

No entanto, Da-Rin observa que o crescimento da renda 'mostra que os exibidores têm se compensado,com o aumento do preço médio do ingresso, o que é um processo perverso, porque elitiza cada vez mais o público cinematográfico'.

Em 1997, o preço médio do ingresso era de R$ 5,15. O secretário diz que o governo está atento às 'transformações do espetáculo cinematográfico',para adequar as medidas que toma, 'de maneira a continuar protegendo o conteúdo brasileiro no nosso mercado'.

Embora o governo adote mecanismos como a cota de tela (que fixa número de dias de exibição obrigatória de filmes nacionais nas salas), o exibidor Leon Cakoff identifica 'falta de vontade política para fazer com que o cinema brasileiro vá ao encontro de suas platéias'.

Para Cakoff, 'o público do cinema nacional está na vasta teia de emissoras e retransmissoras de televisão'.

O exibidor sugere que, 'taxando-se com 3% o seu faturamento comercial [das TVs] e mais a mensalidade dos assinantes, vamos alcançar o paraíso das produções da França e da Alemanha, onde triunfa o modelo dos fundos de cinema autoral com garantias de exibição ao menos nas TVs. Os melhores das safras de cada ano chegam aos cinemas também, mas por merecimento'.

Mostra do Cinema Negro homenageia artistas que difundem cultura afro-descendente

Brasília – A solenidade de entrega das estatuetas aos artistas homenageados na 4ª Mostra Internacional do Cinema Negro será realizada hoje (20), na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, participa da solenidade.

As exibições dos filmes começam na quarta-feira (28) e terminam em 2 de dezembro. Segundo o Ministério da Cultura, o evento integra o calendário oficial da Cinemateca Brasileira, no mês da Consciência Negra, e visa à valorização da cultura dos afro-descendentes no Brasil.

O homenageado especial deste ano é o ator, teatrólogo, escultor e ativista do Movimento Negro, Abdias do Nascimento. Durante a cerimônia de entrega dos troféus, sua participação na defesa da cultura da comunidade negra no Brasil será destacada com a exibição do curta-metragem Abdias do Nascimento 90 Anos – Memória Viva. O filme será reprisado durante a programação da mostra.

Os demais contemplados com a estatueta Ofó de Xangô (réplica estilizada do machado de Xangô) serão os artistas Toni Tornado, Zezé Motta, Neusa Borges, Maria Alcina, o pró-reitor de extensão da Universidade de Brasília (UnB), Thimothy Mulholland, o professor Gabriel Palofoquix, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e a professora Cláudia Ribeiro, da Universidade Federal de Lavras (UFL/MG). Todos por terem contribuído na divulgação de uma imagem positiva do negro e de sua cultura.

PL que cria cota para animação nacional tramita na Câmara

Um projeto de lei propõe que a animação nacional tenha espaço garantido na TV brasileira. O PL 1821/2003, do deputado Vicentinho (PT/SP), que foi desarquivado em março deste ano, deve contar com uma audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) com a presença do Ministério da Cultura e das associações do setor de animação.

O projeto, apresentado em agosto de 2003 e arquivado em janeiro de 2007, determina que "todas as emissoras de televisão de sinal aberto e fechado ao público apresentarão percentuais mínimos de desenhos animados produzidos nacionalmente". As cotas propostas no projeto são de 10% do total de produções de animação exibidas no primeiro ano de vigência da lei, crescendo anualmente até 50% do total de produções exibidas.

Na justificativa do PL, o deputado Vicentinho argumenta que 100% da programação de animação dirigida ao público infantil é estrangeira "e estranha às nossas culturas regionais e nacional, pois tal programação, sobretudo, os desenhos animados, estimulam a concorrência, o egoísmo, a intolerância racial, de gênero e de classe social".

Novos Funcines se apresentam ao mercado

O aumento do incentivo fiscal para investimento em Funcines, que agora é de 100%, parece ter agitado o setor financeiro, trazendo novos investidores para o cinema e o audiovisual. Como mostrou evento organizado pelo BNDES dentro do Festival do Rio nesta quinta, 27, além do único Funcine em operação, o RB I, da Rio Bravo, novos gestores começam a formar seus fundos. Segundo a chefe do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, Luciane Gorgulho, o banco aumentou de R$ 10 milhões para R$ 25 milhões o orçamento destinado a investimento em Funcines. E a tendência é que o valor aumente no próximo ano. Luciane anunciou ainda o investimento de R$ 8 milhões em novo fundo operado pela Lacan em parceria com a distribuidora Downtown.

Diferentes fundos, com características diferentes na política de investimento, devem começar a operar ainda este ano. Entre eles destaca-se o da DGF Investimentos. Segundo Eduardo Pamplona, sócio da empresa, o fundo pretende operar investimentos na área de infra-estrutura. "Não pretendemos investir em projetos de filmes ou distribuição. Daremos preferência a investimentos em produtoras, estúdios e possivelmente em exibição digital", destaca. A idéia, segundo ele, é captar entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões para o fundo. "Queremos lançar um fundo destes por ano, chegando a um capital de R$ 200 milhões em quatro anos", explica.

Distribuição

A parceria entre Lacan e Downtown Filmes foi a mais comemorada no evento. Em primeiro lugar, porque foi anunciado o investimento do BNDES. Além disso, a parceria entre fundo incentivado e distribuidora independente criará, conforme explica Bruno Wainer, da Downtown, uma alternativa ao Artigo 3º, mecanismo que de incentivo fiscal para que as majors invistam em co-produção com produtoras brasileiras. "Finalmente terei isonomia para competir com as majors na aquisição de direito de distribuição", explica. Wainer diz que pretende atuar distribuindo exclusivamente filmes brasileiros, usando o dinheiro do fundo para comprar o direito de distribuição, comprando ainda participação nos filmes.

Já o fundo passará a receber parte da comissão de distribuição, do retorno no investimento no lançamento dos projetos (P&A) e terá um equity no filme. A Lacan espera captar pelo menos R$ 12 milhões para o início da operação do fundo, contando os R$ 8 milhões do BNDES. O dinheiro deve ser usado no filmes com maior potencial de mercado que chegam à distribuidora. "Já temos uma carteira de filmes pequenos mesmo sem investir na produção, o fundo servirá para trazer os filmes de maior valor à distribuidora", explica Wainer.