Arquivo da tag: Televisão

II Fórum Nacional de TVs Públicas debate futuro do setor

Acontece de 26 a 28 de maio, em Brasília, o II Fórum Nacional de TVs Públicas, promovido pela Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária), Astral (Associação Brasileira das Televisões e Rádios Legislativas) e ABCcom (Associação Brasileira de Canais Comunitários). Desta vez, o evento é um chamado das entidades do setor, e não do governo. No entanto, será uma instância oficial da Conferência Nacional de Comunicação, que o governo programa para dezembro próximo.

Entre os temas propostos está a regulamentação que rege as emissoras do campo público. As emissoras educativas, vale lembrar, ainda são regidas pelo Decreto-Lei 236, de 1967, que determina que estas emissoras apenas transmitam aulas, palestras e debates. Além disso, as entidades cobram a regulamentação da entrada dos canais da cidadania, da educação, da cultura e dos poderes constituídos na TV digital aberta, prevista no decreto que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital – SBTVD.

Convidados internacionais participarão de debates sobre a situação das TVs Públicas no mundo. Na discussão, estão questões sobre as alternativas de financiamento das emissoras, a implantação e as transformações acarretadas pela chegada da TV digital, os novos modelos de programação e produção (produção independente, regionalização, conteúdos multi-plataforma, interatividade e multiprogramação). Virão ao Brasil para os debates Giovanni Gangemi, sócio diretor do ISICULT (Instituto Italiano per l´Indústria Culturale); Cynthia Fenneman, presidente da American Public TV; e Jeroen Verspeek, diretor de audiência da TV Pública Holandesa (NPB).

Por fim, o evento deve abrigar a discussão de novos parâmetros de medição de performance das emissoras e propõe a criação do Instituto de Estudos e Pesquisas de Comunicação Pública. As informações e os debates do II Fórum Nacional de TVs Públicas estão disponíveis em www.forumtvpublica.org.br.

Record apresenta termos de parceria com a Televisa

A TV Record fez na manhã desta quarta-feira (10), em São Paulo, a apresentação ao mercado publicitário de sua nova parceira na área de programação, a mexicana Televisa, além de mostrar os highlights da programação de 2009 da emissora. "A Record vem constantemente reinvestindo seu lucro, o que continua a acontecer, mesmo num momento de crise", afirmou Alexandre Raposo, o presidente da emissora, lembrando que estão sendo destinados R$ 200 milhões para a ampliação dos estúdios e novo prédio administrativo no Rio de Janeiro.

Walter Zagari, vice-presidente comercial, reiterou os números de crescimento deste ano, destacando o crescimento de 30% do faturamento da emissora, que chega segundo ele a seu primeiro bilhão de dólares – o valor divulgado pela emissora tem sido na faixa de R$ 1,7 bilhão (o que daria US$ 1 bilhão, portanto, apenas em se levando em conta a cotação da moeda anterior à desvalorizados do real a partir de setembro).

O VP comercial da Record reitera seu discurso dos últimos dois anos, ao dizer que prevê que em até no máximo cinco anos a emissora empate no primeiro lugar com a emissora líder – o nome Globo nunca é mencionado. O executivo também declarou que está confiante no poder da televisão, levando em conta a quantidade de horas de audiência do brasileiro diante da TV, que ficará mais em casa em momentos difíceis da economia. Para o M&M Online, Walter Zagari declarou que a emissora está com reservas de comerciais já fechadas para janeiro acima do que já havia agendado no mesmo período do ano passado.

Ambas empresas anunciaram a primeira atração fruto da parceria: a versão brasileira para “Betty, a Feia” – que já está em 50 países. Os executivos da Televisa deram um panorama da atuação do Grupo no México – cujos negócios vão de TV, editora a times e estádios de futebol – e o vice-presidente, Fernando Perez Gabrian, disse que a intenção é manter os negócios por muitos anos. Os demais dirigentes da Televisa presentes, responsáveis pelas áreas de conteúdo offline e publicações, também estiveram no evento, mas disserem a “M&M Online” que no momento não há propseçãoo de negócios em outras áreas fora da TV no Brasil.

Conforme apurou a reportagem, o contrato inicial entre Record e Televisa é de cinco anos, prevê a adaptação de textos de dramaturgia por ambas as redes, sendo que o primeiro texto brasileiro de interesse dos mexicanos é a versão da Record para Escrava Isaura.

Novos programas

A nova novela de Lauro César Muniz, “Vendetta”; um reality show com celebridades confinadas numa fazenda e a compra do blockbuster brasileiro “Tropa de Elite” são alguns dos destaques da grade da TV Record, para o próximo ano. A Record já adota o novo slogan: TV de Primeira.

Mudanças nos hábitos de ver TV fazem a audiência cair e ‘envelhecer’

Janete Clair dizia que novela é como um grande novelo de lã, quando a gente vê, já está enredado nela. Mas hoje, nesse tricô de Globo, Record e cia., andam faltando pontos. Literalmente…

A Globo amarga as piores médias da história com suas tramas atualmente no ar. Na Record, não é diferente. As audiências festejadas na casa dos 20 pontos estão cada dia mais distantes. A Band pôs suas barbas dramatúrgicas de molho. No SBT, a novela da mulher do patrão segue na espera, temerosa, enquanto a reprise de Pantanal atrapalha a concorrência.

Dá-lhe então um pacote de especialistas com explicações para a crise, que vão da velha desculpa do trânsito caótico, que atrasa a chegada das pessoas em casa, à fuga para a web e TV paga. Ou só cansaço do gênero…

Web e jovens

Há um pouco de tudo isso, apontam os estudos. A migração de público para internet é evidente: em 2007 foram vendidos no País 10,5 milhões de computadores, ante 10 milhões de aparelhos de TV. Em menos de 10 anos, pulamos de 1 milhão para 42 milhões de internautas e 10 milhões desses são navegantes de banda larga.

Ah, então quer dizer que a fuga da TV é generalizada? Sim e não. Há mesmo menos pessoas vendo TV aberta, mas essa queda não é sentida em todos os horários. O número de TVs ligadas na Grande São Paulo pulou de 45,2% em 2006 (média diária) para 44,5% este ano, até outubro – queda de menos de 1 ponto porcentual. No entanto, a turma que desligou o televisor no horário das novelas é maior: na Globo, o share (participação entre o total de TVs ligadas) na trama das 6 caiu de 56% (2006) para 40,9%(2008). Na faixa das 21h, o share despencou de 67,4% (2006) para 59%(2008).

"A queda tem razões e proporções diferentes nas emissoras. Na Globo, as audiências estão caindo por causa dos efeitos da concorrência", ataca o autor de novelas da Record, Tiago Santiago. "Já aqui, o ibope caiu porque sofremos a concorrência inesperada de Pantanal e também por conta do horário eleitoral, que derrubou o número de TVs ligadas." Santiago descarta crise do gênero e a debandada dos telespectadores mais jovens. Sim, além de perder ibope, o horário nobre da TV aberta está envelhecendo. Daí a corrida frenética para produzir folhetins que seduzam esse público.

"Tentar fisgar jovens para as novelas é chorar o leite derramado. Estudos mostram que há tempos eles não são o público forte das tramas e, agora, com a diversidade de mídias, essa fuga ficou mais evidente", explica a professora da USP Maria Thereza Fraga Rocco, que realiza estudos sobre TV. "A tendência, não só nas novelas, é a concentração de público ser menor. As pessoas vão ver vídeos na web, TV paga, vão ter outros interesses. A TV não vai perder a importância que tem, mas terá de aprender a dividir."

O autor Silvio de Abreu concorda e acha injusto jogar o peso da queda de audiência só nos folhetins. "Se você olhar pela porcentagem da audiência, mesmo com índices menores – resultado de menos aparelhos ligados – a novela das 9 da Globo é ainda o programa mais assistido", fala .

Segundo o diretor de Mídia da DPZ, Flávio Rezende, o momento é de mudança, não de pânico. "Novela boa continua sendo produto forte para os anunciantes, vide o desempenho da reprise de Pantanal no SBT", fala. "A queda de ibope com a migração para outras mídias existe, mas talvez esses números virem quando começarem a aferir audiência na mobilidade. Cada vez mais pessoas assistirão a conteúdo em seus laptops, TVs portáteis, celulares…", continua. "Você não vai precisar correr para casa para ver o último capítulo da novela, verá no ônibus, no carro, no avião. As pessoas não vão deixar de ver TV, é o jeito de se ver TV que está mudando."

Globo discute boicote a esporte olímpico em sua programação

Passados quase 50 dias, a Globo ainda não absorveu o baque da notícia da perda dos direitos do Pan de 2011 (Guadalajara, México) para a Record, que já tinha levado a Olimpíada de 2012 (Londres).

É grande a discussão na Globo sobre uma provável revisão da política editorial para esportes olímpicos. Uma ala defende que a emissora deixe de transmitir esportes olímpicos assim que vencerem os atuais contratos. O argumento é: por que apoiar esses esportes se a Globo não terá os próximos Pan e Jogos Olímpicos? Apoiá-los pode significar maior audiência para a Record em 2011 e 2012.

Também está na "ordem do dia" o apoio ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Na emissora, já se sabe que a boa relação com o COB foi fundamental para a perda do Pan. A Globo foi prejudicada por uma disputa política entre cartolas do COB e da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana). Para enfraquecer o COB, a Odepa preferiu a Record.

A emissora começou a negociar o Pan de 2011 durante o Pan do Rio. Propôs US$ 12 milhões com a condição de que isso não fosse revelado a nenhuma outra TV brasileira. O contrato foi assinado no final de julho, no México, antes de a Globo, em Pequim, procurar responsáveis pelo Pan de Guadalajara em busca dos direitos. A Globo foi totalmente surpreendida pela informação de que o evento já era da Record.

Ministério demonstra interesse em discutir “canal da cidadania”

As entidades defensoras da realização de um segundo fórum de debates sobre a radiodifusão pública podem ter encontrado um aliado no Ministério das Comunicações. Em reunião com representantes de associações que representam TVs públicas, realizada na última quarta-feira (24), o ministro Hélio Costa se mostrou simpático ao projeto de dar continuidade às discussões sobre as comunicações públicas, que pode ocorrer ainda no primeiro semestre de 2009. Estiveram na reunião representantes da Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais) e da Astral (Associação Brasileiras de Televisões e Rádios Legislativas), mas o debate deve ser também pela ABCCOM (Associação Brasileira dos Canais Comunitários) e ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária).

Segundo fonte ministerial, o ministro está particularmente interessado no projeto de construção de um "canal da cidadania", previsto como um dos canais públicos no decreto que criou a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O decreto da TV pública define ainda a criação de um canal de cultura, um de educação e um do Executivo. O entendimento geral é que este último já existe no novo desenho pós-decreto, sendo ele a NBR.

O canal da cidadania seria responsável pela veiculação de programas de utilidade pública, em uma espécie de e-gov televisivo. O Minicom entende que cabe a ele o papel de materializar este canal, daí o interesse em colaborar no aprofundamento do debate sobre a radiodifusão pública. Os canais de educação e cultura seriam responsabilidade do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura, respectivamente.

Joio do trigo

A realização de um segundo ciclo de debates – o primeiro, que resultou na "Carta de Brasília" ocorreu em maio de 2007 – também é vista com bons olhos pelo Minicom pela possibilidade de rediscutir os conceitos dos serviços públicos de comunicação. Seria uma oportunidade de "separar o joio do trigo", nas palavras da fonte ministerial. Isso porque ainda não é muito clara a separação conceitual entre comunicação estatal e pública. E existe ainda o problema de que organizações que se classificam como "públicas", na verdade exploram comercialmente as concessões e licenças.