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TV Brasil lança pitching de série inédita para produtores independentes

A TV Brasil anunciou hoje o primeiro edital para produtores independentes, na modalidade pitching, abordando o tema “Meio Ambiente e Sustentabilidade”. Na presença de cerca de 50 representantes das principais entidades do setor audiovisual, a diretora-presidente da EBC/TV Brasil, Tereza Cruvinel, informou que as inscrições para o concurso já poderão ser feitas a partir de amanhã ( 17) até 2 de setembro.

Desde a sua criação, a TV Brasil tem estudado a melhor forma de aquisição de programas realizados pela produção independente. Neste contexto, a presidente da EBC considera que o formato pitching é o que melhor atende à empresa e ao mercado. “Todo o processo tem que estar de acordo com a Lei de licitações 8.666, do governo federal', lembrou ela.

“É o nosso projeto pioneiro, o nosso piloto. Temos a humildade de dizer que é uma primeira experiência e um aprendizado, para que possamos aperfeiçoar os próximos concursos”, disse Tereza Cruvinel.

A proposta da TV Brasil foi bem recebida pelos representantes do setor audiovisual. “Quero registrar a revolução na produção independente que vocês estão fazendo”, afirmou com entusiasmo o produtor Ricardo Carvalho, da Fotossíntese de São Paulo. O presidente da ABPI ( Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Televisão) Fernando Dias, parabenizou a iniciativa da TV Pública e ofereceu apoio ao projeto, desejando que ele seja “adequado para a grade de programação da emissora”.

Edital

O edital será publicado amanhã e está à disposição nos sites da TV Brasil e EBC. O objetivo do pitching é contratar um série inédita de programas para televisão, composta por 36 episódios de 36 min cada, em regime de co-produção com produtores independentes. Esses programas serão exibidos na TV Brasil e canais da EBC ou associados no Brasil e no exterior.

O concurso terá duas etapas. Na primeira, será feita uma pré seleção de 10 projetos técnicos. Em seguida, haverá uma seleção final da série, em sessão pública e aberta, com exibição de fita e defesa oral da proposta ( o pitching propriamente dito).

O resultado final do concurso será divulgado no dia 26 de outubro, com início da exibição da série escolhida em março do próximo ano.

Participaram do anúncio oficial do pitching, o diretor-geral, Paulo Rufino; o diretor de produção, Roberto Faustino, e o diretor- presidente da Acerp, Arnaldo Cesar.

Para Mais informações, acesse os sites da TV Brasil, www.tvbrasil.org e da EBC, www.ebc.com.br .

Calendário do pitching
Período de inscrição e habilitação: 20/07 a 02/09
Divulgação dos pré-selecionados: 08/09
Divulgação de resultado da primeira etapa: 30/09
Data do Pitching: 14/10
Divulgação do resultado final: 26/10

Seis integrantes do Conselho Curador deixam cargo

Nesta terça-feira (14), seis dos 22 primeiros integrantes do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) deixaram seus cargos menos de dois anos após a inauguração da TV Brasil.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o presidente do Conselho, Luiz Gonzaga Belluzzo, declarou que os cargos foram abandonados por dificuldades de conciliação entre agendas pessoais e as reuniões mensais do órgão na cidade de Brasília. No entanto, ele nega que as demissões prejudiquem o órgão, que tem por objetivo "assegurar o controle social sobre alinha editorial e a qualidade" dos produtos da EBC.

"A composição do conselho tem uma diversidade regional muito grande", disse Belluzzo. "As pessoas têm de viajar a Brasília para participar das reuniões. Isso é incômodo, inclusive para mim. A participação é, em muitos casos, sem remuneração. Alguns recebem um pequeno jetom… No fundo, é um ônus. Chega um momento em que perturba a vida privada".

Até a última segunda-feira (13), tinham requisitado demissão o rapper MV Bill, o advogado Luiz Edson Fachin, o ex-ministro Delfim Netto, a carnavalesca Rosa Magalhães, a empresária Ângela Gutierrez e o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos. Alguns destes nomes já foram substituídos no último mês de junho.

Na audiência do Conselho Curador, cobranças por transparência

Após 17 meses de existência, o Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realizou sua primeira audiência pública. Anunciada como espaço para a manifestação da sociedade civil sobre a TV Brasil, a reunião foi bastante além da divulgada discussão sobre “o papel da TV pública no Brasil” e da expectativa dos conselheiros e diretores da empresa de conversar sobre a programação do canal. Os participantes da audiência ampliaram o temário à estrutura, financiamento e gestão da EBC, inclusive questionando o funcionamento do próprio Conselho Curador.

A realização da audiência foi um dos primeiros compromissos assumidos por esta gestão inaugural do conselho. Foi a forma encontrada pelos conselheiros e a direção da EBC para minimizar as críticas ao fato de a composição do órgão deixar a desejar no que diz respeito à participação da sociedade na gestão da empresa. O Conselho Curador é composto por indicações diretas do presidente da República, com exceção de um representante dos funcionários que, por sua vez, apenas acompanha as reuniões.

A primeira experiência de abertura do conselho, entretanto, apresentou problemas em relação à divulgação e ao formato de participação. Apesar de aberta ao público, apenas pessoas que se inscrevessem previamente e fossem sorteadas no início da audiência poderiam falar durante o evento. Apenas 33 pessoas se inscreveram e, destas, só 12 compareceram à reunião – justamente o número de participações previstas pelo conselho.

Alguns dos designados para falar durante a audiência passaram a palavra a outras pessoas que participavam da reunião, criando certo incômodo entre os conselheiros. Quando o jornalista e membro da Comissão de Funcionários da EBC, Flávio Gonçalves, alegando que outro colega representaria a comissão dos funcionários, passou a fala para o presidente do Sindicato dos Jornalistas – que não estava inscrito no sorteio -, o presidente do Conselho, Belluzzo, chamou de “estranha a participação de funcionários da TV”.

A mesma situação se repetiu quando da fala de Jerônimo Calório, da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação, a Enecos. Questionado sobre a manifestação dos funcionários, Belluzzo aproveitou para dizer: “Não pretendo cassar a palavra de ninguém, mas gostaria de ampliar o espaço para a manifestação da chamada sociedade civil”. A presidente da EBC, Tereza Cruvinel, em dado momento ressaltou que as regras da audiência foram estabelecidas pelo Conselho para organização da reunião.

Outro momento de constrangimento entre os participantes foi provocado pela saída prematura do presidente do conselho da reunião. Belluzzo ouviu apenas metade das participações da sociedade, foi o primeiro a falar pela conselho e deixou a audiência por volta das 16h50. O fato não passou despercebido sendo lamentado por ter “demonstrado o compromisso dele com o evento”, segundo afirmou o jornalista da TV, Marcus Vinícius Fraga, um dos seis inscritos sorteados no dia do evento e que falaram após a saída de Belluzzo.

Entre outras demandas sobre a gestão da EBC, mudanças no funcionamento do próprio Conselho Curador foram cobradas. Os participantes lembraram a necessidade de se publicar as pautas e atas das reuniões do conselho, que acontecem mensalmente. “A transparência é um pilar fundamental que protege a TV pública que a gente quer”, defendeu Carolina Ribeiro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Os demais conselheiros, que se manifestaram após as perguntas dos participantes, preocuparam-se em reafirmar a importância da audiência, como forma de abrir o Conselho Curador e a própria EBC à participação da sociedade.

Caráter público deve ser definido na prática

O tema central previsto pelo conselho para a audiência, a programação da TV Brasil, suscitou questionamentos acerca do caráter público de comunicação, transparência e diálogo com o cidadão. O jornalista da EBC, Eduardo Mamcasz, logo incitou a reflexão sobre o modelo de televisão desenvolvido pelo sistema público de comunicação. Ele ressaltou “a necessidade de se definir claramente o que é público”, a fim de que isto esteja presente nas atividades dos funcionários da TV.

Falando especificamente das questões jornalísticas, Mamcasz reclamou de que há “um manual de redação sendo feito sem discussão pública”. A diretora de jornalismo da TV, Helena Chagas, respondeu mais tarde que este manual “está sendo construído todos os dias”.

Defendendo a importância de haver uma tradução prática do caráter público do jornalismo da EBC, Guilherme Strozi, também jornalista da empresa, falou sobre a relevância de se “deixar claro o que é o jornalismo participativo (modelo que tem sido implementado pela TV Brasil) a fim de conseguirmos fazer a sociedade de fato participar”. “Se eu não posso ser fonte na Globo, que eu possa ser no 'Ver TV' [programa da TV Brasil e TV Câmara sobre comunicação]”, disse Francisco Pereira, jornalista da Câmara, ao se referir aos diferenciais de uma TV pública.

Como ponto positivo do jornalismo da EBC, apontou-se a existência de um correspondente no continente africano e a presença de apresentadores negros – uma questão ainda mal resolvida na televisão brasileira. Sobre o telejornalismo Tereza Cruvinel disse que “tem novas programações com licitação internacional, como a Revista África, e novidades na grade que ainda vão acontecer”.

A regionalização e pluralidade na programação também foram lembradas como aspectos que permitem a veiculação de manifestações culturais não encontradas em outras emissoras. Já a parceria entre TV Brasil e cinema nacional foi defendida como processo estratégico na atuação da TV pública considerando, inclusive, a grande produção interna nacionalmente mal usada.

Justiça decide contra contribuição da radiodifusão pública

A desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu uma liminar às empresas Transit, Telecom, Sunbird e RMD, que haviam recorrido contra o pagamento da contribuição para o fomento da radiodifusão pública. As empresas recorreram à segunda instância uma vez que o juiz da primeira instância havia pedido para que a Anatel e a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) fossem ouvidas antes de dar a sentença. Em sua sentença, a desembargadora não exigiu que o depósito do valor a ser pago para a contribuição fosse feito em juízo.

O pagamento da contribuição para radiodifusão pública venceu na última semana de maio e foi contestado pelas quatro operadoras, em um processo único defendido pela Koury, Lopes e Advogados, e pelo Sinditelebrasil, em uma outra ação representando as concessionárias de telefonia fixa e móvel. No segundo caso, o juiz determinou um prazo para que a agência e a empresa beneficiada pela contribuição, a EBC, fossem ouvidas, o que ainda está em processo.

O juiz da 15ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, onde as quatro empresas deram entrada com o recurso, também chegou a determinar um prazo para que as outras partes fossem ouvidas, mas elas decidiram recorrer à segunda instância por considerarem que estavam presentes todos os requisitos para uma análise do judiciário.

Instituída este ano, a contribuição recebeu várias críticas. Entre elas o fato de onerar as empresas de telecomunicações para o fomento da radiodifusão pública, uma área que elas não participam. Também pelo critério de cobrança, semelhante ao adotado no Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), o que a colocaria em um patamar de taxa e teria outros critérios para adoção.

Teles estudam questionar contribuição à radiodifusão pública

Algumas empresas estão analisando seriamente a possibilidade de recorrerem judicialmente contra o pagamento da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública. O prazo para que ela seja quitada se encerra no dia 31 deste mês e há quem defenda o depósito em juízo. Ainda não há cálculos totais sobre os valores a serem arrecadados, mas para algumas empresas que possuem um grande número de equipamentos instalados para a prestação do serviço o custo poderá ser alto.

A contribuição foi criada como parte da Lei Federal editada no ano passado, que foi resultado de uma medida provisória, e visava regulamentar os serviços de radiodifusão pública. Como parte desse processo foi criada a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), que controla a TV Brasil. A contribuição se tornou obrigatória para todas empresas que prestam serviços de radiodifusão e de telecomunicações.

"Considerando a forma como foi constituída, a contribuição não se enquadra em nenhuma figura tributária da constituição e a figura mais próxima seria a de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE", comentou o advogado Guilherme Ieno Costa, do escritório KLA Koury, Lopes e Advogados. Segundo ele, os contornos e os limites constitucionais das CIDEs ainda não foram desenvolvidos pela jurisprudência.

Na sua avaliação, não fica claro qual o critério de referibilidade — que prevê que deve haver uma relação econômica entre os sujeitos passivos da contribuição e o grupo afetado pela intervenção — previsto nesse caso. Costa acredita que se há interesse geral no fomento da radiodifusão pública, o fato de ele ser feito por um grupo específico de empresas fere o princípio da igualdade.

Outro questionamento que as empresas começam a analisar envolve os cálculos para que seja estabelecido o valor da cobrança. Foi adotado o critério quantitativo que leva em conta a modalidade do serviço prestado pela operadora e a quantidade de equipamentos instalados utilizados na prestação desses serviços. "Isso para um operadora móvel com um grande número de ERBs instaladas pode representar quantias significativas", comenta uma fonte.

Para Costa, essa metodologia aproxima a contribuição do Fistel, dando-lhe a característica de uma taxa. "Como tal, ela somente poderia ser cobrada pelo exercício de poder de polícia ou pela prestação de um serviço específico e divisível em favor do contribuinte, o que não ocorre", observou. A MP 460, publicada em março deste ano,  atribuiu à Anatel a competência de fiscalizar e arrecadar a contribuição.