Arquivo da tag: Liberdade de Expressão

Estudo aponta aumento da censura na Internet

O nível de censura estatal na internet está crescendo ao redor do mundo, de acordo com um estudo sobre os chamados filtros de internet divulgado nesta sexta-feira pela organização Open Net Initiative. A pesquisa examinou milhares de páginas na internet em 120 provedores e descobriu provas de filtragem de conteúdo em 25 dos 41 países pesquisados.

A Open Net Initiative afirma que páginas e serviços como Skype e Google Maps foram bloqueados em boa parte dos países. Um dos pesquisadores afirmou que os 'filtros ordenados por Estados' eram encontrados em apenas 'alguns' países em 2002. 'Em cinco anos, fomos de alguns países fazendo a filtragem na internet para 25', diz John Palfrey, diretor-executivo do Centro Berkman para Internet e Sociedade. Também ocorreu um aumento na escala, área de atuação e sofisticação dosfiltros na internet', acrescentou Palfrey em uma palestra na Escola de Direito de Harvard, nos Estados Unidos.

Grupos de pesquisa

A Open Net Initiative (ONI) é formada por grupos de pesquisas das universidades de Toronto, Harvard, Oxford e Cambridge. O grupo escolheu 41 países em que os testes poderiam ser feitos de forma segura e onde 'havia mais a aprender sobre a vigilância governamental online'. De acordo com a entidade, muitos países, incluindo membros da União Européia e o Estados Unidos, não foram testados porque o setor privado, e não o governo, é que faz a filtragem nesses locais.

Segundo o estudo, os países que executam a mais variada linha de filtros de conteúdo são Mianmar, Irã, Paquistão, Arábia Saudita, Síria, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. 'Em um crescente número de países no mundotodo, a filtragem na internet tem grandes implicações em relação a como os cidadãos estarão conectados a eventos ocorrendo à sua volta, às suas culturas e outras culturas e ao conhecimento dividido pelo mundo todo', afirma o relatório.

Jonathan Zittrain, professor de Governançada Internet na Universidade de Oxford, diz que a organização também está tentando descobrir como as pessoas tentam contornar os filtros. 'É difícil determinar a quantidade de pessoas fazendo isso. Na medida em que progredimos a cada ano, queremos ver se algumas dessas tecnologias para contornar os filtros ficam mais parecidas com aparelhos que basta ligar e já funcionam', conta o pesquisador.

'O que é lamentável a respeito dos filtros de conteúdo na internet é que ocorrem quase sempre nas sombras. Não há lugar para dar uma resposta do governo a um cidadão a respeito de como eles estão filtrando e o que está sendo filtrado', acrescenta Zittrain.

 

Jornalista é assassinado no interior de São Paulo

O jornalista Luis Carlos Barbon, 37, foi assassinado a tiros, na noite do último sábado (05), num bar no centro de Porto Ferreira (228 Km de São Paulo). Barbon foi autor de uma série de reportagens publicada no jornal Realidade de Porto Ferreira, em 2003, que denunciou um esquema de aliciamento e abuso sexual de meninas por políticos e empresários da cidade.

 

O jornalista estava em um bar com um amigo quando, por volta das 21h, chegaram dois homens encapuzados em uma moto. Um deles desceu e disparou dois tiros de espingarda calibre 12 contra Barbon. Segundo a esposa do jornalista, Katia Barbon, ele recebia ameaças através de cartas e telefonemas por conta das denúncias que fazia contra autoridades.

 

A partir de denúncia feita por Barbon, a polícia investigou, em 2003, um esquema envolvendo empresários, vereadores e um garçom em aliciamento e abuso sexual de meninas. Todos foram condenados a mais de 40 anos de reclusão, mas atualmente apenas o garçom permanece preso. O vereador César Lanzoni (PTB), um dos condenados pelo esquema, foi reeleito. 

 

Active Image

Tribunal egípcio condena jornalista por fazer documentário sobre tortura

Um tribunal egípcio condenou hoje uma jornalista do canal de televisão 'Al Jazira' a seis meses de prisão após considerá-la culpada de prejudicar os interesses do Estado por um documentário sobre a tortura no Egito.

Segundo fontes judiciais, uma corte do bairro de Heliopolis,no Cairo, considerou que Huwaida Taha é culpada por 'danificar os interesses do país com a gravação de imagens que pudessem prejudicar a nação'.

A jornalistas terá que pagar ainda uma multa de 30 mil libras egípcias (US$ 5.200), Taha, que foi condenada à revelia, já que está no Catar, foi interceptada no aeroporto do Cairo em janeiro, quando pretendia viajar para a sede da 'Al Jazira' levando consigo várias fitas sobre a tortura no Egito.

A Polícia a impediu de deixar o país e apreendeu todo o material de gravação (50 fitas). A jornalista chegou a ser detida, mas foi libertada dias depois. A sentença não é definitiva, e Taha tem o direito de apelação a uma instância judicial superior, segundo a lei egípcia.

Brasil está na lista de países que amordaçam jornalismo

Cuba, México, Venezuela, Bolívia, Brasil, Chile e Argentina foram, nesta ordem, as piores áreas da América Latina para exercer o jornalismo em 2006 por causa de leis e práticas 'mordaça' patrocinadas pelo poder político. Segundo o relatório 'Indicadores de Jornalismoe Democracia em Nível Local na América Latina', publicado nesta quarta-feira pela ONG Cadal, a América Latina foi a segunda região do mundo, depois do Iraque, em número de jornalistas assassinados em 2006, e a segunda também em profissionais presos, depois da China.Cuba aparece no estudo comoo pior país para exercer o jornalismo, com uma grande propaganda governamental, um bloqueio informativo fortalecido pela doença de Fidel Castro, e a dificuldade de entrada de jornalistas procedentes do exterior.

No dia 28 de outubro de 2006, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma resolução na qual era estabelecia que para que um jornalista estrangeiro entre na ilha deverá ter um visto jornalístico, que tem que ser solicitado 21 dias úteis antes da data proposta, e terá que coordenar com as autoridades cubanas as entrevistas que deseja realizar.Já o México apareceu no segundo lugar por causa das ameaças e dos crimes cometidos contra jornalistas que ficaram sem solução.Além disso, segundo o professor Fernando Javier Ruiz, autor da pesquisa sobre o México, a forte presença de máfias neste país promove a 'auto-censura'.Venezuela e Bolívia aparecem como paísesnos quais o Estado usa a imprensa para escorar o poder político, de acordo com o estudo do Centro para a Abertura e o Desenvolvimento para a América Latina (Cadal).Os jornalistas destes dois países vivem em um ambiente 'polarizado', no qual 'tarde ou cedo se vêem obrigados a se posicionar', afirmou Ruiz.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, já anunciou medidas no âmbito da comunicação como a não renovação de algumas das licenças de rádios e televisões particulares, a sanção de uma lei que regule os meios de comunicação impressos e o aumento do tamanho e da coordenação dos meios de comunicação a serviço do Governo.Já a Bolívia vive momentos de comoção interna por causa do confronto entre o Governo de Evo Morales e as forças opositoras, o que faz com que o Governo mantenha uma relação de 'tensão' com os meios de comunicação.Brasil e Chile contam com 'leis mordaça' que controlam o exercício jornalístico, como a ameaça de prisão para crimes contra a honra, o desacato, a sindicalização obrigatória dos jornalistas, o controle dos conteúdos noticiados, e normas que restringem o aparecimento e o desenvolvimento de novos veículos de comunicação comunitários.A Argentina se apresenta como o país com a legislação menos restritiva de todo América Latina, embora imponha 'práticas mordaça' para o exercício do jornalismo, como a concessão com critérios políticos da publicidade oficial, das licenças de rádio e de televisão, as dificuldades para o aparecimento de novos meios ou o abuso de parte dos veículos privados por sua posição dominante.O presidente do Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea), Daniel Santoro, afirmou que, durante os três anos do Governo de Néstor Kirchner, 'foi instaurado um sistema de telefonemas parajornalistas receberem queixas por suas matérias'.

Juiz dá voz de prisão a repórter sem diploma

O repórter Silvério Netto, da rádio comunitária Total FM, recebeu ordem de prisão do juiz Richard Fernando Silva, do Juizado Especial de Pará de Minas (MG), por não ter diploma em jornalismo. Netto entrevistava o magistrado a respeito de uma declaração do advogado Ronaldo Galvão quando o juiz interrompeu a entrevista e perguntou se ele era formado ou tinha carteira de jornalista. Ao responder negativamente, Netto recebeu voz de prisão por exercício ilegal da profissão, apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter derrubado a obrigatoriedade até que a questão seja julgada definitivamente.
“Fui dar um direito de resposta ao juiz porque um advogado afirmou que a população queria saber o destino do dinheiro que vai para o tribunal de pequenas causas. Quando disse quem havia dado a declaração, ele interrompeu a entrevista e me fez as perguntas”, afirmou Netto.
Esquecimento

Procurado pelo Comunique-se, Fernando Silva não confirmou as declarações do repórter da rádio Total. Afirmou não poder se lembrar da situação. “Isso tudo está documentado nos autos. A gente prende as pessoas diariamente, não vou lembrar um motivo específico. São mais de cinco mil processos”, explicou.
O próprio juiz lembrou que não poderia prender ninguém por não ter o diploma, mas não soube apresentar uma razão específica. “Não sei se foi por desacato, por identidade falsa ou ausência de carteira. Como a questão da obrigatoriedade do diploma ainda não foi julgada, não deve ser por isso, afirmou.”
Julgamento

Segundo Netto, dois dias após a prisão, ele compareceu à sua audiência cujo juiz era o próprio Fernando Silva. Na ocasião, o juiz teria percebido que não poderia enquadrá-lo por exercício ilegal. “Aí ele falou que eu era julgado por causa do ‘depois’ pois teria dito que só mostraria minha carteira de jornalista depois”.
Netto revela que a única testemunha seria uma funcionária subordinada ao mesmo juiz. “Depois disso ele quis fazer um acordo, mas que deveria ser feito pela promotoria. Então ele anulou a audiência e marcou outra para fevereiro”, explicou.
Como o juiz encontra-se de recesso neste mês, é possível que ele presida a próxima audiência novamente.
O Comunique-se tentou ter acesso aos autos da audiência, mas o Tribunal informou que só pode dar acesso a pessoas que comparecerem em seu endereço.