Cuba, México, Venezuela, Bolívia, Brasil, Chile e Argentina foram, nesta ordem, as piores áreas da América Latina para exercer o jornalismo em 2006 por causa de leis e práticas 'mordaça' patrocinadas pelo poder político. Segundo o relatório 'Indicadores de Jornalismoe Democracia em Nível Local na América Latina', publicado nesta quarta-feira pela ONG Cadal, a América Latina foi a segunda região do mundo, depois do Iraque, em número de jornalistas assassinados em 2006, e a segunda também em profissionais presos, depois da China.Cuba aparece no estudo comoo pior país para exercer o jornalismo, com uma grande propaganda governamental, um bloqueio informativo fortalecido pela doença de Fidel Castro, e a dificuldade de entrada de jornalistas procedentes do exterior.
No dia 28 de outubro de 2006, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma resolução na qual era estabelecia que para que um jornalista estrangeiro entre na ilha deverá ter um visto jornalístico, que tem que ser solicitado 21 dias úteis antes da data proposta, e terá que coordenar com as autoridades cubanas as entrevistas que deseja realizar.Já o México apareceu no segundo lugar por causa das ameaças e dos crimes cometidos contra jornalistas que ficaram sem solução.Além disso, segundo o professor Fernando Javier Ruiz, autor da pesquisa sobre o México, a forte presença de máfias neste país promove a 'auto-censura'.Venezuela e Bolívia aparecem como paísesnos quais o Estado usa a imprensa para escorar o poder político, de acordo com o estudo do Centro para a Abertura e o Desenvolvimento para a América Latina (Cadal).Os jornalistas destes dois países vivem em um ambiente 'polarizado', no qual 'tarde ou cedo se vêem obrigados a se posicionar', afirmou Ruiz.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, já anunciou medidas no âmbito da comunicação como a não renovação de algumas das licenças de rádios e televisões particulares, a sanção de uma lei que regule os meios de comunicação impressos e o aumento do tamanho e da coordenação dos meios de comunicação a serviço do Governo.Já a Bolívia vive momentos de comoção interna por causa do confronto entre o Governo de Evo Morales e as forças opositoras, o que faz com que o Governo mantenha uma relação de 'tensão' com os meios de comunicação.Brasil e Chile contam com 'leis mordaça' que controlam o exercício jornalístico, como a ameaça de prisão para crimes contra a honra, o desacato, a sindicalização obrigatória dos jornalistas, o controle dos conteúdos noticiados, e normas que restringem o aparecimento e o desenvolvimento de novos veículos de comunicação comunitários.A Argentina se apresenta como o país com a legislação menos restritiva de todo América Latina, embora imponha 'práticas mordaça' para o exercício do jornalismo, como a concessão com critérios políticos da publicidade oficial, das licenças de rádio e de televisão, as dificuldades para o aparecimento de novos meios ou o abuso de parte dos veículos privados por sua posição dominante.O presidente do Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea), Daniel Santoro, afirmou que, durante os três anos do Governo de Néstor Kirchner, 'foi instaurado um sistema de telefonemas parajornalistas receberem queixas por suas matérias'.
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