Arquivo da tag: TV digital

Sinal digital de TV falha em 33% de São Paulo, diz estudo

Quatro meses após pomposo lançamento na Grande São Paulo, a TV digital ainda é capenga. O sistema continua sem interatividade, caro e atraindo poucos interessados. E um estudo da Philips, a ser lançado nesta semana, mostra que o sinal digital das TVs abertas falha em 33% dos 103 pontos medidos pela empresa. A cobertura só é satisfatória em 2 milhões dos 5,5 milhões dos domicílios da região metropolitana.

O levantamento revela que a cobertura digital das principais redes já é semelhante à analógica. Isso quer dizer que, se a TV analógica "pega" mal onde você mora, são grandes as chances de a TV digital também falhar. Diferentemente da TV analógica, a digital não tem fantasmas e chuviscos. A imagem é nítida. Mas, se o sinal é fraco, ou a imagem "congela" na tela do televisor ou não "pega" nada.

Um dos argumentos centrais para a adoção pelo Brasil do sistema de TV digital japonês era o de que se tratava de tecnologia robusta, a melhor para uma cidade como São Paulo, repleta de barreiras (edifícios) ao sinal das TVs. Com o padrão japonês, seria possível ver TV em minitelevisores e em celulares. Dessa forma, televisores móveis e fixos não precisariam mais de antenas externas, no topo de casas e prédios, mas apenas de discretas antenas internas.

O trabalho da Philips mostra que não é bem assim. Dependendo da localização do televisor e do material usado no imóvel (paredes muito grossas, por exemplo), pode haver necessidade de antena externa a poucos quilômetros das torres das TVs. Em condomínios sem antenas externas, o telespectador, para ter bom sinal, continua "dependente" da TV paga.

Zona de sombra

Em trechos de bairros como Alphaville (Barueri, oeste da Grande São Paulo), Morumbi (zona sul), Chácara Santo Antônio (zona sul) e quase toda a região do ABC, a antena externa é obrigatória para a recepção de determinadas emissoras.

Na zona leste, há grande zona de sombra, sem sinal das TVs, no vale da avenida Jacu-Pêssego. Na zona norte, o sinal "morre" na serra da Cantareira. O Rodoanel (a oeste), a Cantareira e a Jacu-Pêssego funcionam como divisa: a partir dessas vias, a TV digital é temerária.

O encarregado de compras Luiz Nunes, 61, mora em Itaquera, no centro da zona de sombra da Jacu-Pêssego. Desde o lançamento da TV digital, ele tenta comprar um receptor da tecnologia. "Fui ao Extra e às Casas Bahia, mas nem tinham o aparelho, porque sabem que aqui "pega" mal. Nas Casas Pernambucanas, tem, mas só pega a Globo, e ainda com falhas."

Há dez emissoras com sinais digitais no ar na Grande SP. Três delas -Cultura, RIT e Mix TV- ainda estão em fase experimental. Das outras sete, o sinal da Globo é o mais regular.

A medição não encontrou o sinal da Band e o da Record, por exemplo, a poucos metros da sede da Globo, no Brooklin (zona sul). O sinal da Record estava intermitente (com interrupções) no Sumaré (zona oeste) e ausente no Campo Belo, nas redondezas do aeroporto de Congonhas (zona sul). O da Cultura não foi localizado nas proximidades da ponte do Piqueri (zona oeste), a apenas 400 metros da sede da emissora. Os sinais do SBT e da Rede TV! estavam ausentes na Saúde (zona sul).

O levantamento da Philips foi realizado no final de março. Foram usados um monitor de TV e um set-top box (receptor) da empresa e uma antena interna, a um metro e meio do chão. Os rastreamentos foram feitos dentro de carros parados.

Dos 103 pontos medidos, 16 não detectaram nenhum sinal e 18 só sintonizaram até três emissoras -a soma dá 33% do total. Em 40 locais, foram detectados no mínimo sete emissoras; em 29, de quatro a seis.

Responsável pelos testes, Ricardo Teixeira, gerente de laboratório da Philips, enfatiza que o estudo simula uma situação real, mas serve apenas para orientação. Além de antenas externas e antenas amplificadas, o usuário pode obter um bom sinal com um simples deslocamento de dois metros.

É a terceira vez, desde dezembro, que a Philips divulga suas medições -o resultado estará amanhã no site www.simplificandotvdigital.com.br. A empresa, que defendeu a adoção do padrão de TV digital europeu, diz que seu único objetivo, com o mapa, é orientar o consumidor de seus produtos.

"Treinamos distribuidores para orientarem o consumidor. Seria um desastre o consumidor devolver suas caixas [conversoras]", diz Walter Duran, diretor de tecnologia da Philips. Apesar dos problemas e da baixa penetração (estima-se em apenas 20 mil os conversores vendidos), o que levou emissoras e fabricantes a planejarem um "relançamento" da TV digital para maio, Duran elogia a introdução da tecnologia no Brasil. "Ouso dizer que foi a melhor do mundo do ponto de vista do consumidor."

Duran diz que os transmissores das emissoras já estão na potência máxima. Para melhorar a cobertura, na periferia, serão necessários repetidores de sinais. "A TV digital melhorou muito, mas pode ser 100%."

TV Câmara fará multiprogramação e busca novos conteúdos

A TV Câmara, canal do poder Legislativo Federal, aproveitará a capacidade da transmissão digital terrestre para criar múltiplos canais, aumentando a abrangência tanto de sua cobertura política quanto de sua programação cultural e educativa.

Hoje o canal é veiculado apenas na TV por assinatura, com transmissão terrestre apenas em Brasília. A partir do segundo semestre, quando começará a transmitir em sinal aberto em São Paulo, já digital, a TV Câmara deve ter um canal exclusivo sem cortes para as reuniões das comissões da Câmara, ao vivo e gravadas, durante as 24 horas do dia. Outro canal transmitirá as sessões do Plenário. Finalmente, um terceiro canal veiculará os demais conteúdos do canal, como telejornais, programas de debates, séries especiais, documentários, filmes nacionais e programas de auditório.

Novos conteúdos

Segundo Getsemane Silva, coordenador do núcleo de conteúdo do canal, para preencher a grade do canal de programação especial (não ligada às transmissões das sessões do parlamento), a TV Câmara começa a buscar novos conteúdos, a partir de seus eixos temáticos, como comunicação, cidadania, educação, economia, humanidades, política e saúde. O canal poderá tanto adquirir conteúdos já prontos como também comissionar novas produções.

Anatel aprova norma para certificação de transmissores

O Conselho Diretor da Anatel aprovou, em sua 472ª reunião, a Norma para Certificação e Homologação de Transmissores e Retransmissores para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (ISDB-T), resultado da Consulta Pública 830, realizada entre 24 de outubro e 12 de novembro de 2007.

O texto contém os requisitos mínimos para teste e certificação dos transmissores e retransmissores da TV Digital no Brasil, incluindo largura de banda de freqüência, limites de emissões espúrias (qualquer emissão ou parte dela fora da faixa autorizada), potência de transmissão, máscara de transmissão (intermodulação ou interferência gerada pelo equipamento) e a taxa de erro de modulação.

Os requisitos constantes da Norma acima citada se aplicam a todos os transmissores e retransmissores utilizados no Sistema Brasileiro de Televisão Digital, considerado de interesse coletivo. Elaboradas pela Gerência-Geral de Certificação e Engenharia do Espectro (RFCE) da Superintendência de Radiofreqüências e Fiscalização, as regras foram amplamente discutidas com os fabricantes de transmissores nacionais e importados, os integrantes do Comitê de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) e os representantes da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (Set) e da Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Sony Ericsson não tem planos de integrar TV móvel

Entre os 11 novos modelos de aparelhos celulares apresentados nesta terça-feira, 18, pela Sony Ericsson, nenhum deles apresenta receptor para a sintonização da TV digital móvel terrestre. Silvio Stagni, presidente da companhia no Brasil, reconhece que LG e Samsung foram mais rápidas em disponibilizar a combinação GSM e ISDB-T (padrão japonês) utilizada apenas no Brasil. “Ainda não temos data específica para fazer. Acho que é uma questão de flexibilidade interna”, diz ele.

Stagni explica que a produção de celulares 3G com receptor integrado de TV digital encarece o produto, “o que eleva os telefones de terceira geração mais ainda ao topo da pirâmide”. Recentemente o presidente da Abinee, Humberto Barbato, afirmou que apenas os celulares 3G produzidos no Brasil com receptor de TV digital teriam direito ao benefício de um PPB especial (Processo Produtivo Básico), pelo qual as empresas tem redução na alíquota do IPI e, em alguns Estados, também do ICMS. “Limitar a produção no Brasil aos itens mais caros não faz sentido. Hoje nós já produzimos no País e até exportamos, o governo não precisa interferir nesta área”, criticou.

Com relação ao serviço de TV móvel com tecnologia DVB-H (projeto encabeçado por Alberto Blanco, ex-Telemar) a ser lançado no Rio de Janeiro, o executivo disse que a Sony Ericsson não tem aparelhos compatíveis para o projeto de Blanco que usa a faixa de UHF. Na Europa, segundo Stagni, as redes DVB-H usam a faixa de 2,1 GHz. “Teríamos que adaptar o nosso produto. Estamos conversando”, diz.

Modems USB

A partir de abril a Sony Ericsson vai importar esses produtos para o mercado brasileiro. O executivo reconhece que perdeu o mercado dos modems USB. Segundo Stagni, o mercado das placas PCMCIA – tecnologia que antecedeu os modems USB – era liderado pela Sony Ericsson, mas na evolução para os modens USB a empresa ficou para trás. Hoje, talvez o maior fornecedor de modems USB seja a chinesa Huawei. Para a produção local desses equipamentos – assim como dos próprios aparelhos celulares – o executivo explica que é preciso um volume considerável para ser viável. Ele estima que são vendidos no Brasil de 100 mil a 200 mil modems USB por mês. Enquanto que o mercado das placas não passa de 20 mil unidades por mês. “O mercado é comprador dos modems; essa é a grande oportunidade”, diz ele.

3G

Dos 11 novos modelos para 2008, quatro deles são de terceira geração com entrada no mercado prevista para o segundo trimestre. A Sony Ericsson, no entanto, já tem aparelhos de terceira geração disponíveis no mercado brasileiro. Segundo Stagni, cerca de 25% dos pedidos trimestrais das operadoras foi de 3G. "O maior mercado ainda é o 2,5G. Temos muito o que explorar", afirma. Helton Posseti

Toshiba desiste oficialmente de fábrica de chips, diz governador do Rio

Em visita oficial ao Japão, o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral (PSDB), disse ter sido informado pela direção da Toshiba de que a empresa desistiu de implantar a fábrica de semicondutores no Brasil.

A fábrica foi anunciada pelo governo Lula, em 2006, como contrapartida pela escolha do padrão japonês de TV digital. Mas o governo japonês nunca se comprometeu, efetivamente, com a viabilização do projeto, alegando que apoiava a iniciativa, mas que a decisão caberia às empresas.

O presidente Lula oficializou a escolha do padrão japonês em junho de 2006, encerrando uma discussão que durava mais de dez anos. Dois meses antes, o governo enviou uma missão ao Japão para assinar um acordo com o governo local e com a Toshiba, no qual foram detalhadas as contrapartidas para a adoção do sistema japonês de TV digital no Brasil. No documento, o governo japonês apenas prometeu colaborar com o governo brasileiro na elaboração de um plano estratégico para desenvolver a indústria de semicondutores no país.

A Toshiba chegou a enviar técnicos ao Brasil para estudar a viabilidade da construção da fábrica, em 2006. Segundo a assessoria da empresa, os estudos indicaram que o país ainda não tem mercado suficiente para viabilizar a fabricação de semicondutores, mas, até agora, a matriz japonesa não havia, oficialmente, descartado a idéia de montar a fábrica.

Em entrevista à Folha, por telefone, de Tóquio, Cabral disse que saiu frustrado da reunião com o vice-presidente da Toshiba, Yoshiaki Sato, na quarta-feira passada.

Indagado se o executivo havia sido explícito em relação à desistência da fábrica, Cabral afirmou: "Os japoneses nunca dizem "sim" nem "não", mas não senti garantia no investimento, o que é frustrante". O Palácio da Guanabara, porém, divulgou texto em que o governador declara que dirigentes da Toshiba "confirmaram a desistência".

O governador disse à Folha que a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, "compartilha" do seu sentimento de frustração pela desistência dos japoneses em montar a fábrica no Brasil. Ele disse ter relatado a Dilma o encontro que teve com as autoridades e empresas japonesas. Segundo ele, a ministra irá ao Japão em abril e insistirá na cobrança das contrapartidas.

"A escolha do padrão japonês foi uma decisão difícil para o Brasil, porque havia outros dois padrões de TV digital em jogo, igualmente reconhecidos, o europeu e o norte-americano, que também ofereciam contrapartidas em investimentos. Daí nossa frustração", prosseguiu Cabral.

Na ocasião, europeus e norte-americanos reclamaram de que o governo rendeu-se ao interesse dos radiodifusores, defensores do padrão japonês.

O Ministério das Comunicações contesta a informação de Sérgio Cabral de que a Toshiba teria abandonado a idéia de implantar a fábrica no Brasil. Segundo a assessoria do ministro Hélio Costa, o projeto da Toshiba "continua de pé, e sua implantação é questão apenas de tempo".