Toshiba desiste oficialmente de fábrica de chips, diz governador do Rio

Em visita oficial ao Japão, o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral (PSDB), disse ter sido informado pela direção da Toshiba de que a empresa desistiu de implantar a fábrica de semicondutores no Brasil.

A fábrica foi anunciada pelo governo Lula, em 2006, como contrapartida pela escolha do padrão japonês de TV digital. Mas o governo japonês nunca se comprometeu, efetivamente, com a viabilização do projeto, alegando que apoiava a iniciativa, mas que a decisão caberia às empresas.

O presidente Lula oficializou a escolha do padrão japonês em junho de 2006, encerrando uma discussão que durava mais de dez anos. Dois meses antes, o governo enviou uma missão ao Japão para assinar um acordo com o governo local e com a Toshiba, no qual foram detalhadas as contrapartidas para a adoção do sistema japonês de TV digital no Brasil. No documento, o governo japonês apenas prometeu colaborar com o governo brasileiro na elaboração de um plano estratégico para desenvolver a indústria de semicondutores no país.

A Toshiba chegou a enviar técnicos ao Brasil para estudar a viabilidade da construção da fábrica, em 2006. Segundo a assessoria da empresa, os estudos indicaram que o país ainda não tem mercado suficiente para viabilizar a fabricação de semicondutores, mas, até agora, a matriz japonesa não havia, oficialmente, descartado a idéia de montar a fábrica.

Em entrevista à Folha, por telefone, de Tóquio, Cabral disse que saiu frustrado da reunião com o vice-presidente da Toshiba, Yoshiaki Sato, na quarta-feira passada.

Indagado se o executivo havia sido explícito em relação à desistência da fábrica, Cabral afirmou: "Os japoneses nunca dizem "sim" nem "não", mas não senti garantia no investimento, o que é frustrante". O Palácio da Guanabara, porém, divulgou texto em que o governador declara que dirigentes da Toshiba "confirmaram a desistência".

O governador disse à Folha que a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, "compartilha" do seu sentimento de frustração pela desistência dos japoneses em montar a fábrica no Brasil. Ele disse ter relatado a Dilma o encontro que teve com as autoridades e empresas japonesas. Segundo ele, a ministra irá ao Japão em abril e insistirá na cobrança das contrapartidas.

"A escolha do padrão japonês foi uma decisão difícil para o Brasil, porque havia outros dois padrões de TV digital em jogo, igualmente reconhecidos, o europeu e o norte-americano, que também ofereciam contrapartidas em investimentos. Daí nossa frustração", prosseguiu Cabral.

Na ocasião, europeus e norte-americanos reclamaram de que o governo rendeu-se ao interesse dos radiodifusores, defensores do padrão japonês.

O Ministério das Comunicações contesta a informação de Sérgio Cabral de que a Toshiba teria abandonado a idéia de implantar a fábrica no Brasil. Segundo a assessoria do ministro Hélio Costa, o projeto da Toshiba "continua de pé, e sua implantação é questão apenas de tempo".

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