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Conversor encalha e setor busca alternativas

No ano passado, a Positivo Informática anunciou que lançaria dois modelos de conversores para TV digital, em meio à expectativa do início das transmissões em alta definição no país, marcado para dezembro na cidade de São Paulo. Cinco meses após a estréia, no entanto, a Positivo já parou de vender os decodificadores e confirmou que o volume comercializado foi baixíssimo.

A direção da companhia informa que comprou apenas um lote do aparelho – feito sob encomenda pela Teikon, mas depois disso desistiu do negócio devido à baixa procura do consumidor.

A Positivo não está sozinha. Boa parte dos fabricantes de conversores suspendeu a produção ou nem chegou a começá-la. Outros, como a AOC, mantêm os projetos em compasso de espera. "A maioria parou porque tem estoque de sobra e aguarda o aquecimento da demanda", afirma Wilson Périco, presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees).

Esse é o retrato de um mercado que se revelou bem mais modesto – e diferente – do que as empresas esperavam. A demanda pelos conversores que captam o sinal digital ficou muito aquém do previsto. Faltam dados oficiais, mas a estimativa da indústria é de que tenham sido vendidos cerca de 20 mil equipamentos até agora. A capacidade instalada nas fábricas supera 1 milhão de decodificadores por mês.

Os consumidores, aparentemente, viram pouca vantagem em comprar um aparelho que custa quase o preço de um televisor – a versão mais barata sai por R$ 500 – para melhorar a qualidade de imagem e som.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, jogou lenha na fogueira ao sugerir que os consumidores esperassem para comprar os decodificadores, porque os preços estariam altos demais. Executivos do setor alegam que essas declarações atrapalharam. Mas apontam outros motivos para o desinteresse demonstrado pelo consumidor até agora.

"Não é apenas uma questão de preço. A procura é baixa", avalia Hélio Rotenberg, presidente da Positivo. Para ele, falhas nas transmissões e a falta de conteúdo em alta definição são dois fatores que afugentaram o telespectador. "Se as pessoas não vêem, não entendem como funciona a TV digital, e não vão comprar um decodificador", afirma.

Segundo Périco, do Sinaees, a TV digital não decolou por causa de erros na estratégia do governo, que não conseguiu transmitir com clareza à população quais são as vantagens da tecnologia. O executivo diz que as cinco empresas que instalaram linhas de produção de decodificadores no Amazonas investiram entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão cada. Proview, Thomson, Samsung, Elsys e Teikon fazem parte de um grupo maior, formado por 17 companhias que chegaram a ter projetos aprovados na Zona Franca de Manaus para fabricar os conversores de TV digital e TV por assinatura.

Quanto maior for a demora para disseminar o sinal digital no país, menor será a venda de conversores, observa Périco. Por enquanto, as transmissões começaram em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. De acordo com o cronograma de implantação, a TV analógica será extinta, no país, em 2016.

Mas nem todas as notícias são negativas. A demanda tem revelado nuances inesperadas. Enquanto a procura pelos decodificadores é baixa, os fabricantes mostram-se satisfeitos com a venda dos aparelhos de TV já preparados para receber o sinal digital em alta definição. Alguns apostam na oferta de produtos cujo maior atrativo é a mobilidade.

A LG nunca chegou a produzir decodificadores, mas lançou uma linha de televisores de LCD e plasma com conversores embutidos. Eduardo Toni, diretor de marketing da empresa, acredita que esses produtos serão o destaque de vendas da companhia no Natal, quando o sinal digital já estiver disponível em mais cidades. O executivo afirma que a multinacional coreana prepara-se para obter a liderança em TVs digitais no Brasil, após ter conquistado o primeiro lugar em televisores de tela fina.

A estimativa do mercado é de que as vendas das TVs de tela fina – analógicas e digitais, de plasma e LCD – chegarão a 2 milhões de unidades neste ano, o dobro do volume de 2007.

Essa é a "ponta do iceberg" para a TV digital, diz Maurício Laniado, vice-presidente da AOC. Na avaliação do executivo, a procura pelos aparelhos de tela fina, cobiçados pelos brasileiros, ajudará a despertar o interesse pelos modelos digitais, ou ao menos pelos conversores. A fabricante de monitores para computador está ingressando no mercado de TVs. Segundo Laniado, a AOC ainda não desistiu de lançar seu decodificador. "Está em teste; preferimos esperar para ter certeza de que não daremos o passo errado."

Mais ousada, a Proview resolveu começar a produzir decodificadores, apesar do cenário desanimador. Tseng Ling Yun, presidente da companhia, aposta no sucesso da empreitada, apoiada na oferta de produtos com preços mais baixos que os dos modelos disponíveis até agora. Segundo o executivo, a empresa com sede em Taiwan lançará conversores por menos de R$ 300.

O Genius Instituto de Tecnologia também não abandonou os projetos na área, embora reconheça que o desempenho do mercado foi frustrante. O centro de pesquisas criou um decodificador que poderá chegar às lojas com preço 30% inferior ao dos produtos mais baratos. Para isso, o equipamento terá algumas funcionalidades a menos, explica Reinaldo de Bernardi, diretor de pesquisa e desenvolvimento. "Quando o sinal digital for levado a mais cidades, haverá um crescimento natural da demanda", afirma o executivo.

Após declaração, Minicom insiste em fábrica de semicondutores

O Ministério das Comunicações enviou uma nota à imprensa na noite desta terça, 20, afirmando que a Toshiba reafirmou o interesse em montar uma fábrica de semicondutores no Brasil. Segundo o Minicom, a ministra chefa da Casa Civil, Dilma Rousseff, em uma viagem ao Japão, em abril, teria recebido da Toshiba um documento no qual a empresa reafirma o interesse em montar uma fábrica de semicondutores no Brasil.

A nota do Minicom veio em resposta às declarações do ministro do Planejamento, Miguel Jorge, afirmando que o termo assinado pelo Brasil e pelo Japão referente à implementação do sistema de TV digital foi um "blá-blá-blá". O termo previa a criação de um plano para o desenvolvimento da indústria de semicondutores, com vistas a investimentos japoneses no Brasil.

Na nota o Minicom afirma que as negociações do governo brasileiro para a construção da fábrica estão evoluindo, inclusive com outros interessados. "O Brasil é hoje, indiscutivelmente, um dos destinos mais procurados do mundo para novos investimentos, ainda mais depois de receber o grau de investimento. O setor de telecomunicações certamente será um dos setores mais beneficiados", diz a nota do Minicom.

As declarações do ministro Miguel Jorge foram dadas no IC Executiv Summit (Fórum Executivo em Circuitos Integrados), que acontece até a próxima quarta-feira, 21.

Acordo para instalação de fábrica era ‘blábláblá’, diz ministro

A instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil, possivelmente da Toshiba, anunciada pelo governo brasileiro, durante as negociações com o governo japonês do padrão da TV digital, em 2006, não vai ser concretizada. Segundo o ministro de Desenvolvimento, Miguel Jorge, o documento assinado não chegava a ser um memorando de entendimentos. “Para ser franco, era mais um blábláblá. Acredito que era o possível de negociar naquele momento”, disse.

Miguel Jorge disse que as conversas estão sendo retomadas agora, mas não no âmbito de TV digital que já foi. “A TV digital já está aí, é uma realidade, portanto você hoje não vai exigir de uma contraparte que faça alguma coisa”, disse. Ele informou que seu ministério, desde o ano passado, está fazendo um trabalho em relação a semicondutores, mas essas conversas são muito fechadas e que não pode adiantar nada.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, disse que houve o acordo, mas entre governos e nenhum governo pode obrigar que uma empresa instale uma unidade num país ou em outro. Ele acredita que as indústrias japonesas tem interesses aqui. “Até porque o padrão de modulação da TV digital é japonês e  elas estão vendo o tamanho  do mercado”, avalia.

Oportunidades

Os dois ministros confiam que a atual situação econômica do país e na nova política industrial serão capazes de atrair investimentos estrangeiros. E hoje apresentaram as oportunidades de negócios no cenário brasileiro de circuitos integrados aos maiores fabricantes do mundo nesta área, no “IC Executiv Summit” (Fórum Executivo em Circuitos Integrados), que está sendo realizado em Brasília.

O evento é uma promoção do Ministério da Ciência e Tecnologia com o apoio da Cadence, uma das três empresas do mundo que produz software para circuito integrado. Entre as empresas que participam do evento estão Toshiba,  Nokia,  Sansung,  Motorola,  Steel Microeletronic,  Intel, entre outras.

Rezende disse que, até o momento, nenhuma empresa disse que vai se instalar no Brasil, mas ele acredita que até o final do ano, algumas delas terão decidido se estabelecer aqui. Ele acredita que o governo tem investindo em recursos humanos e em centros de treinamento, como o Ceitec, que funciona em Porto Alegre, e que está se preparando para fazer prototipagem de circuitos integrados, o que ainda não é feito no país.

Além dos benefícios da nova política industrial, o ministro citou o Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores), que foi lançado no ano passado como parte do esforço de trazer a fábrica de semicondutores japonesa, como um dos principais trunfos para atrair investimentos. “A maior demanda das empresas era a questão do incentivo fiscal e elas já reconhecem que o Padis supre esta carência”, disse.

O ministro lamentou a decisão equivocada dos governantes brasileiros que, na década de 90, optaram por não investir em microeletrônica, acreditando que o país não tinha oportunidade na área. “Isso foi um erro de avaliação, porque para se ter tecnologia, é preciso ter  RH, gente formada, gente treinada. E muitas pessoas que trabalharam nas empresas de semicondutores nos anos 80, foram para fora, porque não tinham empregos aqui”, lamentou.

Postura do governo faz AOC repensar produção local de conversor

No momento que anuncia a sua entrada no mercado de TVS LCD nos tamanhos de 19 a 47 polegadas no país, a AOC Brasil, empresa de origem taiwanesa, admite que a pressão do governo para ter um setup-box a R$ 300,00 fez a companhia rever o plano de ingressar neste mercado no segundo semestre.

"O governo confundiu ainda mais o consumidor ao pedir: Não compre. O preço vai baixar, quando os fabricantes dizem que não há volume para isso. O governo gerou incerteza",criticou o vice-presidente de vendas e marketing da AOC Brasil, Maurizio Laniado.

A entrada da AOC – que completa 10 anos no Brasil – no mercado de TVs é considerada uma nova etapa e absolutamente necessária na era da revolução digital. Os valores investidos pela companhia no mercado de TVs não foram revelados pelo executivo responsável pelos negócios no país, mas a fábrica de Manaus será dedicada à manufatura dos televisores LCD.

A unidade da Zona Franca de Manaus também terá produção de monitores para Informática, mas tão somente para a demanda das regiões Norte e Nordeste. A maior parte dos monitores será produzida na fábrica instalada em Jundiaí, no interior de São Paulo.

Em 2007, a AOC produziu 2,1 milhões de monitores LCD ( a empresa não produz mais monitor de tubo desde o primeiro trimestre de 2007). Para este ano, a expectativa é de um crescimento em torno de 10% – chegando a 2,31 milhões, dentro do esperado pelo segmento.

Laniado garantiu que a decisão da AOC de vir para São Paulo com a fábrica de monitores foi tomada antes da guerra fiscal estabelecida entre os estados de São Paulo e do Amazonas – os produtos da Zona Franca pagam cerca de 7% de imposto a mais do que os equipamentos manufaturados no solo paulista.

"Foi uma questão de logística. Tínhamos que estar mais próximos dos nossos clientes da região Sul e Sudeste. A fábrica de Manaus atenderá à produção de TVs. Questionado se a AOC, ao entrar no mercado de TVs não iria "bater de frente" com os gigantes LG, Samsung e outros, o vice-presidente de vendas e marketing da AOC Brasil frisou que "não vamos enfrentar ninguém".

Laniado, no entanto, em função de as TVs – nos modelos de 19, 22 e 32 polegadas estarem chegando ao mercado varejista nesta semana – não quis adiantar os preços a serem fixados. "Prefiro não dar preços porque essa é uma negociação que ainda está em curso. Posso garantir que seremos competitivos o suficiente para ampliar ainda mais a disputa nesse segmento e fazer o consumidor brasileiro pensar em comprar uma TV LCD", destacou Laniado.

"Precisamos entender que a TV vive um momento diferenciado por causa da convergência digital. Ela que tinha saído da sala e ido para os quartos, com a evolução da tecnologia, voltou para a sala e, agora, faz parte da decoração. É um estilo de vida. A TV ganhou um papel diferente", completou o vice-presidente da AOC Brasil.

Até julho, toda a linha de TVs da AOC – batizada de Toriba, que em tupi-guarani significa Sorriso, estará disponível para o consumidor. No segundo semestre, os modelos de 42 e 47 polegadas vão incluir também receptor/conversor de TV Digital de alta definição.

Segundo Laniado, a espera da AOC não está relacionada à questão do Ginga, middleware de interatividade escolhido pelo governo Lula para a TV digital brasileira, mas sim, a própria necessidade da companhia de adequar o produto ao seu modelo de TV.

Mas o executivo garante que esse terminal embutido será preparado para incluir o Ginga de forma simples e automática, assegurando que o usuário não terá que comprar uma nova TV ou um conversor com Ginga para conseguir a interatividade, como acontecerá com os atuais modelos disponíveis no mercado.

Apesar da grande aposta da AOC no mercado de TVs LCD, a companhia, assegura Laniado, tem os monitores como a "alma" dos negócios. O lançamento da linha de TVs da AOC aconteceu nesta quinta-feira, 15/05, na capital paulista. A produção da unidade de Manaus também será dedicada ao mercado latino-americano, mas a empresa não revela a expectativa de volume para a exportação.

Toshiba retoma projeto de semicondutores no Brasil

Documentos do Itamaraty sobre uma visita da ministra Dilma Roussef (Casa Civil) ao Japão, em abril, revelam que a Toshiba pretende retomar o projeto de instalar no Brasil uma fábrica de semicontudores (chips), informa o blog do Josias de Souza.

Em reunião confidencial sobre TV digital entre empresários e uma equipe do governo brasileiro, o vice-presidente-executivo da Toshiba, Masashi Muromachi, afirmou que a empresa tem interesse em construir uma fábrica no Brasil e enviará uma equipe para o CEITEC (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada), em Porto Alegre.

O documento, assinado por André Mattoso Maia Amado, embaixador do Brasil em Tóquio, ressalta que Dilma recebeu a notícia com entusiasmo, mas exigiu, entre outros tópicos, que as empresas japonesas forneçam o conversor –vendido no país a uma média de R$ 700 – a preços inferiores a US$ 100 (cerca de R$ 160).

Anunciada pelo governo em 2006, a construção da fábrica seria uma contrapartida pela escolha do padrão japonês de TV digital. O governo japonês nunca se comprometeu com o projeto, afirmando que a iniciativa dependia da vontade da Toshiba.

Segundo a coluna Brasília Online, publicada em 9 de março, apesar da nova onda de investimentos japoneses no Brasil por ocasião do centenário da imigração oriental, a Toshiba desistiu de instalar no país uma fábrica de semicondutores.

Na ocasião, o colunista Kennedy Alencar informou que a Toshiba abandonou o projeto por falta de mão-de-obra qualificada e de uma cadeia de fornecedores que pudesse sustentar uma fábrica de alta tecnologia.