Acordo para instalação de fábrica era ‘blábláblá’, diz ministro

A instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil, possivelmente da Toshiba, anunciada pelo governo brasileiro, durante as negociações com o governo japonês do padrão da TV digital, em 2006, não vai ser concretizada. Segundo o ministro de Desenvolvimento, Miguel Jorge, o documento assinado não chegava a ser um memorando de entendimentos. “Para ser franco, era mais um blábláblá. Acredito que era o possível de negociar naquele momento”, disse.

Miguel Jorge disse que as conversas estão sendo retomadas agora, mas não no âmbito de TV digital que já foi. “A TV digital já está aí, é uma realidade, portanto você hoje não vai exigir de uma contraparte que faça alguma coisa”, disse. Ele informou que seu ministério, desde o ano passado, está fazendo um trabalho em relação a semicondutores, mas essas conversas são muito fechadas e que não pode adiantar nada.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, disse que houve o acordo, mas entre governos e nenhum governo pode obrigar que uma empresa instale uma unidade num país ou em outro. Ele acredita que as indústrias japonesas tem interesses aqui. “Até porque o padrão de modulação da TV digital é japonês e  elas estão vendo o tamanho  do mercado”, avalia.

Oportunidades

Os dois ministros confiam que a atual situação econômica do país e na nova política industrial serão capazes de atrair investimentos estrangeiros. E hoje apresentaram as oportunidades de negócios no cenário brasileiro de circuitos integrados aos maiores fabricantes do mundo nesta área, no “IC Executiv Summit” (Fórum Executivo em Circuitos Integrados), que está sendo realizado em Brasília.

O evento é uma promoção do Ministério da Ciência e Tecnologia com o apoio da Cadence, uma das três empresas do mundo que produz software para circuito integrado. Entre as empresas que participam do evento estão Toshiba,  Nokia,  Sansung,  Motorola,  Steel Microeletronic,  Intel, entre outras.

Rezende disse que, até o momento, nenhuma empresa disse que vai se instalar no Brasil, mas ele acredita que até o final do ano, algumas delas terão decidido se estabelecer aqui. Ele acredita que o governo tem investindo em recursos humanos e em centros de treinamento, como o Ceitec, que funciona em Porto Alegre, e que está se preparando para fazer prototipagem de circuitos integrados, o que ainda não é feito no país.

Além dos benefícios da nova política industrial, o ministro citou o Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores), que foi lançado no ano passado como parte do esforço de trazer a fábrica de semicondutores japonesa, como um dos principais trunfos para atrair investimentos. “A maior demanda das empresas era a questão do incentivo fiscal e elas já reconhecem que o Padis supre esta carência”, disse.

O ministro lamentou a decisão equivocada dos governantes brasileiros que, na década de 90, optaram por não investir em microeletrônica, acreditando que o país não tinha oportunidade na área. “Isso foi um erro de avaliação, porque para se ter tecnologia, é preciso ter  RH, gente formada, gente treinada. E muitas pessoas que trabalharam nas empresas de semicondutores nos anos 80, foram para fora, porque não tinham empregos aqui”, lamentou.

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