Arquivo da tag: TV Cultura

Emissora cria programadora e instituto de pesquisa

A Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da TV Cultura de São Paulo, anunciou nesta terça, 19, o lançamento da Cultura Data, sua unidade de negócios em pesquisas. Ainda em agosto a fundação lançou também a programadora Cultura Canais e a Cultura Distribuidora.

A Cultura Data fará pesquisas sob encomenda, para a própria FPA e para clientes externos, e também produzirá duas pesquisas anuais com temas gerais, ligados ao escopo da fundação, que serão comercializadas.
A primeira pesquisa, apresentada hoje, chama-se "Sintonia Jovem – O que pensam e desejam os jovens brasileiros", e está a venda por R$ 3 mil. O diretor de marketing e captação da fundação, Cícero Feltrin, explica que a Cultura Data não fará pesquisa de audiência, e nem pesquisa eleitoral.

Programadora

A FPA está mudando a forma como distribui sua programação. Até hoje, a Cultura cedia gratuitamente seus programas a emissoras públicas, e até comerciais, de outros estados. Alguns chegavam a inserir publicidade local, sem que a emissora paulista recebesse qualquer participação. Agora, a Cultura Canais comercializará os conteúdos da TV Cultura, da TV Rá-Tim-Bum e de futuros canais da fundação, tanto para TV aberta quanto por assinatura.

A Fundação Padre Anchieta criou também a Cultura Distribuidora, que cuidará da venda "avulsa" de programas da emissora, tanto no mercado nacional quanto no internacional.

A edição de agosto de Tela Viva, que circula a partir da próxima semana, traz uma matéria completa sobre a nova estratégia da FPA.

Conselheiros são eleitos, mas lista difere da divulgada em junho

Em nova reunião realizada no último dia 11 de agosto, o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São Paulo, elegeu, por maioria absoluta, quatro novos membros e reconduziu à função outros três. A primeira reunião convocada para realizar a eleição deveria ter acontecido no dia 10 de junho. Entretanto, o quórum mínimo – um terço de seus 47 membros – não foi atingido, o que inviabilizou a realização do encontro e a votação.

Curiosamente, a lista de nomes aprovada agora não é a mesma que deveria ter sido apreciada na reunião de junho. Entre uma ocasião e outra, os nomes do arquiteto Paulo Mendes da Rocha e da condessa Sabine Lovatelli foram substituídos por Sérgio Silva de Freitas, presidente do Conselho da OHL-Obrascon Huarte Lain Brasil S.A., e por Esther Hamburger, professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Também foram eleitos Gabriel Jorge Ferreira (diretor do Unibanco e ex-presidente da Febraban) e Paulo Roberto Mendonça (diretor jurídico do Banco do Estado do Espírito Santo), nomes que já constavam na lista inicial de candidatos. Foram reconduzidos os conselheiros Luiz Fernando Furquim, publicitário e tesoureiro da campanha de José Serra à presidência em 2002; Belisário do Santos Júnior, advogado e ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo entre 1995 e 2000, e José Roberto Marcellino do Santos, empresário e ex-diretor do Banco Safra.

O motivo para as substituições de Paulo Mendes da Rocha e da condessa Sabine Lovatelli não foi divulgado.

Eleição de conselho põe em xeque modelo de gestão

As reuniões do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da TV Cultura de São Paulo, maior TV pública estadual do país, precisam de um quorum bastante baixo para que possam ser realizadas. Para se instalar uma sessão do conselho, basta a presença de um terço de seus 47 membros. Apesar de a exigência ser mínima e a pauta do dia ser importante – justamente, a apreciação das indicações de seis novos conselheiros –, o encontro marcado para a manhã desta segunda-feira (10) não ocorreu. Se os autoproclamados representantes da sociedade tinham conhecimento de suas funções neste dia, não se sabe. O cidadão paulista, com toda a certeza, não tinha.

À época do estabelecimento da TV Brasil, muita polêmica se fez acerca da escolha dos membros do Conselho Curador de sua mantenedora, a Empresa Brasil de Comunicação, feita integralmente pelo presidente da República. Em meio aos debates, onde entidades e organizações da sociedade civil afirmavam a necessidade de autonomia e independência através de processos transparentes de escolha de representantes pela própria sociedade, a FPA era citada por alguns como exemplo de republicanismo.

Contudo, uma análise minimamente atenta de seu estatuto, da composição de seu conselho e ainda o espanto que causa sua mais completa omissão em dar publicidade a seus atos contradizem os defensores da fundação paulista. Sobram motivos para considerar a gestão da Fundação Padre Anchieta um contra-senso para uma emissora pública.

Seu conselho é composto por 20 membros natos, 23 membros eleitos e 1 representante dos funcionários, todos com mandato de três anos e a possibilidade de uma reeleição, além de 3 membros vitalícios. Entre os conselheiros natos, estão representantes de secretarias de governo do estado e do município, reitores de universidades públicas e privadas e entidades científicas e empresariais, entre outros.

Escolhendo seus pares

O modelo híbrido da FPA poderia até sugerir um parâmetro razoável de representação se não fosse o processo de escolha dos conselheiros eleitos, além da arbitrária e nada pública categoria “vitalício”.

Os representantes “eleitos” são indicados por membros do conselho e referendados por maioria simples do órgão, em reuniões como a que deveria ter ocorrido segunda-feira. Para receber a indicação, o nome do “candidato” precisa ser subscrito por oito dos atuais conselheiros. Não é difícil imaginar a origem provável dos indicados por um conselho onde boa parte dos assentos é ocupada por membros do governo, além de presidentes de comissões da Assembléia Legislativa e dos conselhos de educação e cultura do estado, potencialmente da base aliada.

Segundo o presidente do Conselho e membro vitalício, Jorge da Cunha Lima, o critério adotado para a substituição dos conselheiros é o de “destaque e conhecimentos em diversos setores”. Geralmente, são escolhidos membros de perfil semelhante ao do representante que se despede.

Falta de transparência

Os problemas da gestão da Fundação Padre Anchieta não se resumem à escolha dos conselheiros. Não há divulgação de datas dos encontros, nem das atas de reuniões passadas. A lista de conselheiros disponível para consulta está defasada. No site da fundação, nem mesmo um endereço de e-mail para contato existe e a entidade só libera as atas depois de pedidos formais.

Ou seja, ao cidadão que financia a TV Cultura – uma emissora “cada vez mais pública”, segundo seu slogan – não é dado nenhum mecanismo de acesso ou fiscalização, muito menos de escolha de seus representantes. “Não tem que ter divulgação. Esta é uma função exclusiva dos conselheiros, que já são os representantes da sociedade”, defende Cunha Lima.

Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, conselheiro eleito da FPA e crítico do conselho da TV Brasil, defende o modelo de conselho da entidade paulista, apesar de ele mesmo ter tido conhecimento da eleição com poucos dias de antecedência. “O Conselho é soberano. Não há problema no fato de os próprios conselheiros indicarem os novos membros”. Bucci acredita que pode ter havido algum problema de comunicação entre ele e a FPA, mas não disfarça a surpresa ao saber que as atas das reuniões não estão disponíveis ao público. “O público tem que ter acesso às atas e às datas. Se não tem, é absurdo”.

A cara do Conselho

O resultado um tanto óbvio de uma eleição profundamente marcada pelo personalismo, pela falta de critérios e pela completa ausência do público é um Conselho Curador com presença ostensiva de conselheiros ligados ao PSDB ou simpatizantes do partido que governa São Paulo desde 1995.

Da composição atual do conselho, ainda não renovada, sete fizeram ou fazem parte de gestões tucanas nos governos federal, estadual ou na cidade de São Paulo: Belisário dos Santos Júnior, Emanoel Araújo, José Carlos Dias, Linamara Rizzo Battistella, Marcos Mendonça, Moacyr Expedito Marret Vaz Guimarães e José Henrique Reis Lobo que, por sinal, é o presidente municipal do PSDB. Além deles, da lista dos conselheiros com relação direta com o partido faz parte ainda o publicitário Luiz Fernando Furquim, tesoureiro da campanha de José Serra a presidência em 2002 e investigado por formação de caixa dois nas campanhas eleitorais de Fernando Henrique Cardoso.

Impressiona a quantidade de conselheiros ligados aos setores financeiro e empresarial e mesmo entre os conselheiros “independentes” é possível notar um perfil elitista. Gustavo Ioschpe, colunista da revista Veja, a atriz e militante histórica do PSDB Irene Ravache e a socialite Milú Villela, maior acionista individual do Banco Itaú, são apenas alguns exemplos. Neste cenário, não é possível imaginar a presença de setores populares num conselho que se caracteriza pela auto-referência.

Nem mesmo a única exigência feita pelo estatuto, a de que os membros do Conselho sejam eleitos entre “personalidades de ilibada reputação e notória dedicação à educação, à cultura ou a outros interesses comunitários” pode ser levado a sério, como atesta o caso de Furquim, que agora será reeleito juntamente com Belisário dos Santos Junior. Como as coisas não devem mudar tão cedo na Fundação Padre Anchieta, mais dois membros ligados a bancos serão formalmente eleitos – Gabriel Jorge Ferreira (diretor do Unibanco e ex-presidente da Febraban) e Paulo Roberto Mendonça (diretor jurídico do Banco do Estado do Espírito Santo) –, além da condessa Sabine Lovatelli e do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que deverá ter dificuldade em se sentir em casa.

“É preciso mudar a cultura da Cultura”, afirma Markun

55 anos, jornalista, blogueiro e presidente da Fundação Padre Anchieta; Responsável pelas emissoras públicas de TV e rádio, Markun quer colocar Twitter e até lan house na programação

Ele quer levar o mundo virtual para a tela da TV e vice-versa. Isso inclui estrear um programa que acontece em uma lan house, colocar o "hypado" Twitter em um dos programas de entrevista mais tradicionais da televisão brasileira, chamar para produzir gente que surgiu no YouTube e, claro, desaguar na rede conteúdos específicos para a web.

Desde o ano passado como presidente da Fundação Padre Anchieta, que mantém a TV Cultura e as rádios Cultura AM e FM, o jornalista Paulo Markun está na busca por quebrar barreiras e misturar, cada vez mais, internet, televisão e rádio. "É cada vez mais evidente que nos tornamos produtores de conteúdo, não importa a mídia. Hoje a TV é predominante. Mas quem garante que daqui a dez anos vai continuar? Quem garante que não será uma mistura de tudo: internet, televisão, rádio…?"

Markun diz não ter bola de cristal. Mas na sala de reuniões da Fundação, no bairro da Água Branca, arrisca um palpite, enquanto é maquiado para a foto desta página. "Eu, pessoalmente, acho que a web irá se tornar a mídia mais importante em quatro, cinco anos. Mas isso não significa dizer que os outros meios irão acabar: o cinema não acabou com o teatro; a TV não acabou com o rádio. As mídias sobrevivem e encontram seu caminho."

Enquanto acompanha essa evolução, a ordem na Cultura é experimentar, experimentar e experimentar. "Os novos meios são uma das minhas prioridades", diz ele, que assumiu o cargo em junho de 2007. "A idéia é ficar de olho em tudo o que acontece de novo. Temos de estar preparados". Markun cita com conhecimento sites como Twitter, Joost, OhMyNews, Digg e outros bambambãs que freqüentam as páginas do Link.

Bem informado, hein? Mais ou menos. Ele confessa que o grande responsável por abastecê-lo com informações sobre os bits e bytes é seu filho Pedro, de 22 anos, um consultor informal para assuntos tecnológicos e "habitué" de eventos sobre cultura digital – de BlogCamp e Campus Party à reunião da ONU que discutiu no Rio a internet, em 2007.

"Hoje já não é mais tão assim, também acompanho novidades. Mas o Pedro sempre está um passo adiante", diz Markun. "Minha aproximação com esse universo se deu por causa dele, que está sempre enfurnado no PC. E eu dizendo: "Você nunca vai ser nada na vida, não estuda." No fim, tive de dar a mão à palmatória. O Pedro estava certo e aproveitou muito bem o seu tempo."

Pelas dicas do filho, há cinco anos, o jornalista montou um blog, hoje fora do ar pois "presidente não pode ter blog pessoal". Também se animou a montar um portal de jornalismo colaborativo, o Jornal de Debates (www.jornaldedebates.com.br), onde os internautas opinam sobre os assuntos do dia-a-dia e que hoje é tocado por seu filho.

Todas essas experiências, diz, ele carrega agora para a Fundação. Foi criado um núcleo só para novas mídias. Os sites estão em reforma e já cresceram 11% em audiência entre agosto e abril deste ano. Cerca de 200 entrevistas do Roda Viva devem estar na web em dois meses. E, todos os dias, no jantar, Markun continua batendo aquele papo com o filho para ver o que há de novo. "Aí vemos como aplicar na prática."

Foi daí que nasceu a idéia, por exemplo, de colocar o Twitter no programa Roda Viva. "Três blogueiros transmitem o que acontece no programa." A novidade estreou na semana passada. Foi daí também que nasceu o site Radar Cultura, um projeto que possibilita aos internautas definirem as músicas que serão veiculadas na rádio Cultura AM, por meio de votos.

No menu digital de Markun e equipe, ainda devem figurar conteúdos para celular, um programa de TV gravado em uma grande lan house em que o público leva o próprio PC (numa espécie de mini Campus Party) e uma série com os mesmos criadores do mitológico vídeo Tapa na Pantera, que fez sucesso no YouTube. Ah, e Markun ainda quer colocar todos os funcionários da Fundação (mesmo quem não for apresentador/artista) com um blog no site da Cultura.

"É preciso mudar a cultura da Cultura", diz. "Com os blogs, por exemplo, a idéia é fazer com que os funcionários descubram as possibilidades da rede", diz ele, que deve criar um "blog do presidente". "Vamos experimentar e temos espaço para isso, pois não somos uma rede comercial. As novas mídias permitem acertar e errar gastando muito pouco."

Fundação Padre Anchieta anuncia demissão de 68 funcionários

Em nota divulgada à imprensa, nesta terça-feira (18), a Fundação Padre Anchieta anunciou ter encerrado, na última segunda-feira (17), o contrato de trabalho de 68 funcionários, entre eles 16 da equipe de jornalismo.

Segundo informou a assessoria de imprensa da TV Cultura, as dispensas fazem parte do projeto de reestruturação da Instituição – as demissões devem reduzir em R$ 600 mil reais mensais o custo da Fundação com pessoal, o que equivale a R$ 7,2 milhões ao ano.

Em carta enviada aos funcionários, o diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun, afirma não estar sendo fácil enfrentar esse processo, 'especialmente no caso desta presidência que completa três meses de mandato'. Para Markun, apesar de 'duras e amargas', estas medidas podem ser melhor compreendidas sob a perspectiva de que a direção pretende 'assegurar um futuro sólido paraa instituição que completa 40 anos e tem, como seus acionistas, 41 milhões de paulistas que pagam impostos e contribuem com metade dos recursos utilizados em nosso custeio'.

Segundo apurou o Portal Imprensa, a reestruturação não deverá interferir na programação da TV Cultura,da TV Rá Tim Bum e das Rádios FM e AM.

Confira abaixo a íntegra da carta enviada aos funcionários por Paulo Markun

A todos os funcionários.

 

Nesta data, estamos desligando do nosso quadro funcional um número expressivo de profissionais, alguns deles com décadas de trabalho e dedicação à Fundação Padre Anchieta.

Nunca é fácil enfrentar tal circunstância, especialmente no caso desta presidência que completa três meses de mandato. Tempo aplicado na realização de um primeiro diagnóstico administrativo, bem como em mudanças no organograma e modelo de gestão.

Nosso objetivo é assegurar um futuro sólido para a instituição que completa 40 anos e tem, como seus acionistas, 41 milhões de paulistas que pagam impostos e contribuem com metade dos recursos utilizados em nosso custeio.

Acreditamos que estas medidas, duras e amargas, poderão ser melhor compreendidas e assimiladas nessa perspectiva.

Atenciosamente,

 

Paulo Markun
Diretor-presidente
Fundação Padre Anchieta