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Fundação Padre Anchieta ameaça demitir grevistas

[Título origianl: TV Cultura entra na Justiça e estuda demissão de grevistas]

Os radialistas da Fundação Anchieta, que administra a TV e da Rádio Cultura, decidiram nesta quarta-feira (12) manter a greve iniciada na segunda-feira. Em resposta, a fundação decidiu acionar a Justiça para que os funcionários garantam o funcionamento da emissora, sob pena de a greve ser considerada ilegal.

Segundo o presidente da fundação, Paulo Markun, a suspensão da programação poderia justificar demissão e substituição de funcionários.

Com a paralisação, as transmissões foram suspensas da meia-noite às 8h. "A televisão está fora do ar? Durante a madrugada, sempre esteve fora do ar", argumentou Sérgio Ipoldo Guimarães, da coordenação do Sindicatos dos Radialistas de SP.

Os 1.003 radialistas reivindicam o mesmo acordo da categoria no setor privado: 5,83% de aumento mais um abono variável de 35% (sendo o mínimo de R$ 424 e máximo de R$ 1.588). O governo ofereceu reajuste de 6,05%, correspondente ao INPC.

Em nota, a fundação afirmou que "fará, dentro das condições legais, o necessário para manter o funcionamento dos serviços públicos essenciais prestados pela instituição".

Markun prevê buraco de R$ 19 milhões nas contas e diz que a situação pioraria com a concessão do abono.

Jornalistas fazem assembléia para decidir sobre greve

[Título original: Jornalistas da TV Cultura farão assembleia para decidir se entram em greve]

Os jornalistas da TV Cultura farão assembleia, na terça-feira (11/08), para discutirem se entram ou não em greve. Na tarde desta segunda-feira (10/08), 80% dos jornalistas da emissora ficaram sem trabalhar até por volta das 16h, aguardando uma posição sobre o acordo de reajuste e abono salarial, informou o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, José Augusto de Oliveira Camargo.

Nesta segunda-feira os profissionais radialistas, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo, entraram em greve reivindicando o cumprimento dos 5,83% de reajuste e 35% de abono salarial.

A assessoria de imprensa da Fundação Padre Anchieta já informou que um reajuste de 6,05% foi oferecido, após liberação do governo do Estado, mas o abono salarial ainda não foi confirmado, o que os profissionais protestam.

“Amanhã já teremos uma resposta do pleito dos radialistas, então poderemos discutir melhor a questão. Ainda não sabemos se os jornalistas irão entrar em greve, tudo será definido na assembleia”, afirmou Camargo.

Radialistas rejeitam proposta do governo e mantêm greve

[Título original: Radialistas da TV Cultura rejeitam novamente proposta do governo e mantêm greve]

Na segunda assembleia realizada nesta segunda-feira (10) – a primeira ocorreu na parte da manhã – os trabalhadores em greve da TV e Rádio Cultura decidiram manter a paralisação após reiterarem a rejeição à proposta feita pelo Governo de São Paulo. Na próxima terça-feira (11), os funcionários voltam a se reunir para tratar das condições de retorno ao trabalho e analisar nova proposta.

De acordo com apuração do Portal Imprensa, a proposta era de aumento salarial de 5,83% retroativo de maio até agosto, o que seria parcelado em quatro vezes. No entanto, não haveria pagamento do abono de 35%, tampouco do reajuste subtraído em 2003 e 2004.

O Governo de José Serra, em nova proposta feita ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo, no começo da tarde, ofereceu aumento de 6,05%, mas manteve o não-pagamento do abono. Segundo o diretor da representação sindical, José Marcos, os trabalhadores não aceitarão o aumento sugerido e permanecerão em greve.

Ele informou, ainda, que o sindicato pede o apoio de todos os militantes sociais e que representantes do MST (Movimento dos Sem Terra) pretendem se juntar à causa dos trabalhadores da Cultura.

Governo de São Paulo critica baixos índices de audiência

Desde os anos 1980, ocorrem ocasionalmente movimentos de questionamento da legitimidade do repasse de recursos pelo Estado para emissoras públicas. A nova onda no Brasil teve início após a última reunião do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da TV Cultura de São Paulo, realizada no dia 16/2. O conselheiro e Secretário de Relações Institucionais do Governo de São Paulo, José Henrique Reis Lobo, encaminhou uma carta para os demais membros do órgão na qual questionava, entre outras coisas, a baixa audiência da emissora.  

Reis Lobo, que além secretário da gestão Serra é presidente municipal do PSDB de São Paulo, argumenta em carta encaminhada aos outros 46 conselheiros que a ínfima audiência da TV Cultura não justifica os R$ 200 milhões anuais investidos pelo Governo do Estado na emissora. Ele questionou ainda a capacidade de seus pares em contribuir para a melhoria da TV.
    
"O Conselho, da maneira como está organizado, teve a sua importância e a sua contribuição num dado momento da instituição, mas hoje é necessário fazer-se uma grande reflexão sobre as suas competências e a sua constituição", escreveu. Ele completa ainda dizendo que "o Conselho da Cultura é composto de gente séria, competente, que entende de muitos assuntos, mas não de televisão".

Universo de audiência

O debate sobre a participação na audiência por parte de veículos públicos e não-comerciais é tratado com bastante cautela por estudiosos e gestores destes meios. Jorge da Cunha Lima, um dos três membros vitalícios do Conselho Curador da FPA, apresentou ponderações em sua página eletrônica na internet [veja aqui ] às críticas feitas por Reis Lobo.

Na postagem, Cunha Lima afirma que ninguém deseja uma audiência irrelevante, mas que, por outro lado, os critérios de avaliação de uma TV Pública são bem mais complexos do que o número de televisores sintonizados nela. “Precisa-se distinguir audiência universal de universo de audiência. Quando trabalhamos com programação segmentada, buscamos universos, assim, quando temos três pontos na programação infantil, na verdade, temos quarenta pontos no universo infantil de telespectadores”, explica.   

Para o representante dos funcionários da TV Cultura no Conselho Curador, José Maria Lopes, o governo tem o direito de achar ruim e reclamar dos índices de audiência, “pois é ele quem manda o dinheiro para a Fundação”. Contudo, Lopes lembra que o dinheiro, apesar de ser administrado pelo Governo, é de toda a sociedade paulistana, e que não é papel da televisão pública competir com a televisão comercial por audiência.

“O papel da TV pública é diferente. Não temos que competir com a comercial para ter audiência. Eu sou a favor da qualidade. Posso concordar em alguns parâmetros com o Conselheiro Reis Lobo, mas não com tudo. Não vamos cair no jogo de fazer programa para ter audiência rápida”, argumenta Lopes.    

Na mesma linha se posiciona Eugênio Bucci, ex-diretor-presidente da Radiobrás, professor da Universidade de São Paulo e membro do Conselho Curador. Para ele, a preocupação com a audiência é justa, mas este assunto em comunicação pública não pode e não deve ser o único critério. “Muitas vezes a função do canal público é tornar possível programas que não se realizam nas emissoras comerciais. A pouca audiência nessa situação é justificável porque se determinados programas não forem exibidos nestas emissoras os cidadãos não poderão ver”.

Bucci lembra ainda que nas emissoras comerciais a audiência é tratada como a mercadoria a ser comercializada junto aos anunciantes. “Não faz sentido uma emissora pública funcionar no mesmo diapasão. Eu gosto de audiência, mas prefiro que se tenha audiência com a emissora cumprindo a sua função pública”, defende.

Controle governamental

Outra polêmica envolvendo o governo de São Paulo e a TV Cultura foi o contrato de gestão firmado em 8 de dezembro de 2009 para controlar o repasse de verbas ente estatal para a Fundação Padre Anchieta. No acordo, que tem vigência de cinco anos, a Fundação está submetida ao cumprimento de algumas metas para que as verbas sejam repassadas conforme a previsão orçamentária.

Para 2009, estão reservados R$ 18 milhões. Ainda segundo o acordo, a FPA deve aumentar a captação de recursos próprios, para compensar a redução anual dos valores repassados à instituição. Além de aumentar a captação de recursos próprios, a Fundação se comprometeu ainda com a diminuição do espaço destinado à publicidade comercial e com o aumento do espaço destinado a produção independente.

Outra cláusula dá prerrogativas ao Governo Estado para direcionar a utilização dos recursos por ele destinados. Segundo matéria da Folha de São Paulo, publicada em 9 de dezembro de 2008, “o convênio estabelece pontuações para cada meta cumprida e estipula uma ‘nota de corte’”. A Fundação, continua a reportagem, “precisa atingi-la para ter acesso ao total da verba prevista para investimentos, que será de R$ 18 milhões em 2009, o mesmo valor em 2010 e R$ 15 milhões anualmente entre 2011 e 2013”.

O governo também determina “em que o dinheiro será investido, como na modernização da rede elétrica e dos estúdios da TV, na digitalização do arquivo e reforma do teatro Franco Zampari, onde são realizadas gravações da Cultura”, completa o texto.
No final do ano passado, já sob a vigência deste contrato, o Governo de São Paulo tentou estabelecer metas para um patamar mínio de audiência e para a diminuição do número de reprises, mas não houve acordo entre com a direção da FPA nesse ponto.

Para o conselheiro Eugênio Bucci, o contrato de gestão como princípio é democrático e representa uma ferramenta importante para controle e transparência da verba pública. “O que não pode existir é uma restrição ao dinheiro público necessário para cultura e para comunicação. O discurso do secretário de cultura do Governo de São Paulo, João Sayad, é muito coerente com os princípios que norteiam a as emissoras públicas. Sinto um movimento geral por parte da emissora para criação de ferramentas jurídicas de controle dos gastos públicos”.

A direção da Fundação Padre Anchieta foi contatada pela redação do Observatório do Direito à Comunicação, mas até o momento de fechamento não havia recebido retorno.

Proposta de parceria com o governo prevê aumentar produção independente

O Conselho Curador da TV Cultura aprovou, nesta segunda-feira (8), o acordo de parceria entre a emissora e o governo do Estado para o repasse de recursos nos próximos cinco anos. É a primeira vez que há um acordo entre as duas partes.

A TV Cultura precisa cumprir itens para que receba o repasse do governo, no valor de R$ 15 milhões maior a cada ano, em relação a 2008 – R$ 80 milhões – caso cumpra totalmente suas metas. Entre os itens do acordo estão o compromisso da emissora pública em aumentar a exibição de programas com produção independente e diminuir a publicidade comercial.

Segundo Paulo Markun, presidente da TV Cultura, o percentual de produção independente deve passar de 27% em 2009, para 32%, em 2013. Markun não teme queda na qualidade da programação da emissora. “Teremos programas de qualidade. O canal Futura (Net), por exemplo, tem uma produção quase 100% independente e é boa. Será um processo gradativo que fortalecerá o mercado de produtoras independentes”, disse o presidente da TV Cultura.

O valor repassado a programas da TV Cultura tende a diminuir, ao menos, em 2009, em relação a 2008, de R$ 10 milhões para R$ 6 milhões. “Investir menos não é tirar programa do ar. Vamos acrescentar novos programas que construímos em 2008”, disse Markun.

Em relação à publicidade, a TV Cultura também terá de reduzir de 4% para 1% a publicidade comercial, invertendo de 1% para 4% a propaganda institucional. A propaganda institucional é aquela em que as empresas não divulgam produtos mas fazem uma campanha. A Abiquim fez recentemente uma publicidade institucional na Cultura, com a Campanha Todo o Dia com a Química

A TV Cultura ainda tem outros compromissos a cumprir para garantir o repasse, como aumentar a participação no custeio da emissora. “Este ano, estamos contribuindo com R$ 104 milhões. Em 2009, serão R$ 108 milhões”, afirmou Markun.

Governo se compromete a investir mais e a pagar dívidas trabalhistas

Jorge da Cunha Lima, presidente do conselho da TV Cultura, informa que, em contrapartida, o governo do Estado aumentará o valor para os investimentos da emissora – aqui não se contabilizam gastos com administrativo e pessoal. Serão cerca de R$ 15 milhões a mais por ano, que podem ser investidos em programação e projetos da emissora.

O governo também se comprometerá a pagar as dívidas trabalhistas. Em 2008, elas foram da ordem de R$ 9 milhões. “São estoques de coisas do passado, dissídios coletivos”, afirmou o presidente da TV Cultura, Paulo Markun.

O acordo de parceria precisa ainda ser aprovado pelo governo. O presidente da emissora acredita que não haverá dificuldades. “O termo teve a colaboração do governo”, disse Markun.