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BNDES vai financiar co-produções internacionais de TV

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) começará a financiar co-produções internacionais de TV independente. Na semana passada, o banco aprovou uma extensão do apoio ao audiovisual, que permite às produtoras independentes obter financiamento e também uma parcela de recursos não-reembolsáveis.

O foco do programa é o financiamento para animação e documentário. Segundo Luciane Gorgulho, chefe do departamento de Economia da Cultura do BNDES, são os setores com maior demanda em co-produções. Projetos religiosos e noticiosos não terão acesso.

De acordo com Fernando Dias, presidente da ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão), existem cerca de 120 projetos de co-produções internacionais parados à espera de financiamento. Segundo ele, a partir da consolidação da TV a cabo no Brasil, houve um aumento do número de produtoras que passaram a trabalhar com especiais para TV e que começaram a participar de eventos internacionais.

"A produção independente não tem muito espaço no Brasil porque o modelo da TV brasileira é verticalizado, focado em produção própria. Muitas produtoras têm reconhecimento internacional, mas não têm mercado aqui dentro. O setor está crescendo com a TV digital e estão sendo criadas novas possibilidades de ampliação do conteúdo", diz Gorgulho.

A busca por parcerias internacionais contribui para a melhor divulgação do produto no exterior. Cada parte se compromete a arcar com uma parcela dos custos da produção. Para a ABPITV, o problema era a escassez de financiamento para o setor no Brasil. "Todo o sistema de financiamento foi feito para cinema, e não para TV. Existem editais de projetos para cinema da Petrobras, do BNDES, no Ministério da Cultura, e não tinha nada voltado para TV."

Os empréstimos para TV serão concedidos no âmbito do Procult, linha de financiamento destinada ao setor de economia da cultura. A diferença é que as produções terão direito a um bônus de recursos que não precisarão ser pagos ao BNDES. Para animações, o percentual de bônus é de até 75% do financiamento, e para documentários, de 50%. Em vez do modelo de edital adotado para o setor de cinema, o modelo será o de mercado de balcão.

O banco decidiu começar a linha com um limite de R$ 6 milhões. O teto para cada projeto financiado é de R$ 1,5 milhão. Esse montante se refere apenas à parcela que não será paga ao banco. O Procult tem orçamento de R$ 175 milhões até 2008.

Uma das exigências do BNDES é que o produto tenha garantia de exibição no Brasil em TV aberta, a cabo ou pública. A expectativa é que a procura por financiamentos cresça ainda mais com a entrada da TV pública, que terá 40% de programação independente.

Animadores criam núcleo Norte/Nordeste

Os animadores Lula Gonzaga e Caó Cruz Alves aproveitaram o 30º Festival Guarnicê de Cinema, realizado de 11 a 17 de junho em São Luís (MA), para dar vida a uma idéia que vinha amadurecendo há um ano – a criação do Núcleo de Animação Norte e Nordeste (NANN). "A produção de animação no Norte e Nordeste está crescendo muito em quantidade e em qualidade e o objetivo do núcleo é tentar reunir e organizar os animadores espalhados pela região e que só se encontram em festivais", conta o cineasta pernambucano Lula Gonçalves.

A idéia é buscar uma produção conjunta dos animadores da região, promover oficinas e tentar uma maior representatividade no cenário nacional. "Estamos prevendo uma mostra fixa de animação em Olinda (PE) e a proposta é que isso seja feito em cada Estado. Não queremos ser diferentes ou concorrer com outros festivais de animação, apenas queremos mostrar nosso trabalho", ressalta o baiano Cão Cruz Alves.

Resultado

O primeiro resultado prático da criação do NANN é a participação do Núcleo no 3º encontro de animadores no Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba, que acontecerá de 22 a 28 de outubro. "Faremos uma mostra temática das animações nordestinas e a idéia é criar um núcleo de animadores semelhante ao NANN no Paraná", conta a organizadora do Festival de Curitiba, Cloris de Souza Ferreira. A animação é o tema principal do Festival paranaense deste ano, e terá seis oficinas de diferentes técnicas de animação e seis mostras temáticas.

Captação pelo artigo 39 cai mais de 70%

Em painel do 8º Forum Brasil – Mercado Internacional de Televisão, nesta quinta, 31, o assessor da diretoria da Ancine João Batista da Silva, apresentou valores investidos no audiovisual através de diversos mecanismos. Ele chamou a atenção para a queda nos valores captados através do Artigo 39 da MP 2.228/01, incentivo para co-produção das programadoras internacionais de TV paga com produtoras brasileiras independentes.

Foram captados em 2006 cerca de R$ 4,1 milhões, contra cerca de R$ 14,99 milhões em 2005 e R$ 16 milhões em 2004, o melhor ano. Estes valores referem-se ao que foi efetivamente aplicado nas co-produções. Já para recolhimento de recursos através do mesmo mecanismo (aplicados ou não), a queda não foi tão expressiva: R$ 12,87 milhões em 2006, contra R$ 14,27 milhões em 2005 (a arrecadação, neste caso, é menor que a captação porque parte dos recursos captados foram recolhidos no ano anterior). A queda na arrecadação é facilmente explicável, já que a DirecTV deixou de recolher Condecine após a fusão com a Sky.

Segundo Luiz Fernando Noel, superintendente de fomento da Ancine, a queda no uso do mecanismo se deve à contratação de produções mais baratas. Vale lembrar, valores recolhidos pela HBO foram captados para três grandes produções do canal: "Mandrake", da Conspiração; "Filhos do Carnaval", da O2 Filmes; e uma terceira série, ainda em fase de produção com a Gullane Filmes, de São Paulo. Segundo Noel, os valores captados devem voltar aos patamares anteriores com volta de algumas produções mais caras, como a segunda temporada de "Mandrake".

A maioria das produções que usam o Artigo 39, segundo Noel, custa entre R$ 150 mil e R$ 300 mil. 

Programação de linha 

Uma reclamação antiga dos produtores deve ser atendida pela Ancine. A agência deve publicar uma Instrução Normativa proibindo o uso da Artigo 39 para programas de linha dos canais. A idéia é que os programas de linha possam ser produzidos por até dois anos, perdendo o direito a captar mais recursos através do mecanismo após este período. 

Tempo de análise 


A demora na aprovação da captação através do artigo 39 para uma produção é uma das principais reclamações dos programadores, como indicou Michela Giorelli, da Discovery Networks. Segundo Noel, contudo, esta reclamação está exagerada. "Temos um prazo de 45 dias para aprovar um projeto. Isto pode demorar um pouco mais em alguns projetos que exijam maior pesquisa. Mas, nestes casos, o prazo não passa de 90 dias", afirmou.

Active Image publicação autorizada.

Universidade Federal de Pernambuco terá núcleo de audiovisual

Recife – A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vai contar com um Centro Vocacional Tecnológico, destinado a incentivar a produção e difusão audiovisual no estado. A unidade, que funcionará a partir de julho no Núcleo de Rádio e Televisão universitária, no bairro de Santo Amaro, será financiada por meio de parceria entre a instituição de ensino superior e o ministério da Ciência e Tecnologia.

O núcleo, que receberá investimentos de R$ 1,2 milhão, vai ser dotado de equipamentos como câmeras e sistema de monitoração de som, para produção, edição e finalização de vídeos. O reitor da UFPE, Amaro Lins, durante reunião com cineastas, professores e representantes dos governos federal, estadual e municipal, disse que “com essa iniciativa a universidade vai se aproximar ainda mais da sociedade, abrindo espaço para produções locais”, esclareceu.

O centro vai funcionar com dois conselhos, um gestor e outro consultivo, formados por representantes da sociedade civil e de instâncias governamentais, que irão aprovar projetos para uso dos equipamentos. A futura produção audiovisual será veiculada na TV Universitária e na rede Olhar Brasil, de difusão cultural, do ministério da Cultura.

A reitoria da universidade analisa a possibilidade de instalar um curso de graduação na área de cinema e audiovisual. A idéia ainda vai ser avaliada em um seminário programado para acontecer no mês de junho, em Recife, com participação de especialistas do setor cinematográfico.

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