TV digital continua quase fora do ar

Ao completar um ano de implementação no Brasil, em dezembro passado, a TV digital fechou 2008 com cerca de 645 mil clientes. O número ainda é pequeno, mas dentro do esperado. A TV digital enfrenta problemas de baixa cobertura no país, altos preços de conversores digitais e indefinição com o Ginga, software (middleware) que vai permitir interação do espectador com serviços em tempo real da TV.

Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), até o fim de 2008, foram vendidos em todo o Brasil 490 mil produtos compatíveis com TV digital, entre set-top boxes (100 mil a 120 mil), celulares (180 mil), receptores portáteis (100 mil) e televisores com conversor embutido (90 mil).

Os números não são desprezíveis, mas estão longe de ser um sucesso. De acordo com Roberto Barbieri, vice-presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), o andamento da tecnologia está dentro do esperado. "Quando a TV mudou para cores, foram muitos anos para a tecnologia se firmar. Para este ano, alguns fatores vão beneficiar a TV digital, como o aumento da cobertura. Esperamos que até o fim do ano, 60% da população brasileira possa ter acesso ao sinal digital."

Atualmente, a cobertura atende a 40 milhões de habitantes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 94,5% do total de residências brasileiras têm televisores. A TV digital fechou 2008 com cobertura em oito cidades brasileiras, concentradas principalmente em capitais da região Sul e Sudeste, como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre e Salvador.

Barbieri destaca ainda que haverá um aumento na programação para sinal digital por parte das emissoras. "E, além disso, os aparelhos estarão cada vez mais integrados, trazendo o conversor na própria TV de LCD ou plasma. Hoje, ainda são poucos fabricantes que oferecem esse tipo de produto", avalia ele, que também é diretor técnico da Semp Toshiba.

Enquanto as melhorias não vêm, os clientes ficam a ver navios. Muitos reclamam que interatividade do Ginga esta demorando a sair, outros que programação é pequena. "A maior proposta da TV digital não é mostrar o extrato do banco na TV ou a previsão do tempo. O diferencial é a qualidade da imagem, que é muito superior", diz Barbieri.

Sem culpados

Na opinião de Leila Loria, diretora geral da TVA, o custo de transmissão do sinal digital é alto e, por isso, as emissoras ainda não estão transmitindo todos os programas para TV digital. "A culpa não é do cliente, muito menos das emissoras. É do modelo como um todo. O cliente comprou o produto mas não pode assistir a todos os programas como gostaria. Fora isso, os conversores também estão caros ainda por se tratar de uma tecnologia nova", avalia.

Na TVA, 670 mil assinante! têm acesso ao sinal digital. "Só 15% ainda são analógicos", afirma Leila. O mesmo ocorre na Telefônica, que lançou en outubro sua TV por assinatura. "Os números são os mesmos da TVA porque a rede é integrada, inclusive a programação. O que muda é que um sinal é via cabo e outro, via satélite (Telefônica)", diz Marck Fabbris, diretor de produtos residenciais da Telefônica.

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