Público do filme brasileiro encolhe 30% no semestre

O público do filme brasileiro caiu 30% neste semestre, em relação a igual período do ano passado. O número de estréias nacionais também encolheu.

Foram 40 lançamentos nacionais no primeiro semestre de 2007, contra 29 neste ano.

O público acumulado por todos os filmes nacionais neste primeiro semestre é de 3,5 milhões. No total, foram vendidos 42,5 milhões de ingressos no país, o que representa uma queda geral de público de 11,3% em relação ao ano passado.

Os dados foram divulgados pelo portal especializado em mercado de cinema Filme B.

"Talvez a gente esteja perdendo o hábito de ir ao cinema, e a queda do filme brasileiro esteja nesse contexto", diz o cineasta Helvécio Ratton, que lançou na última sexta o longa infantil "Pequenas Histórias".

No ano passado, a soma de público dos títulos brasileiros no primeiro semestre – 5 milhões – era inferior ao total de espectadores do título-líder do ranking de mais vistos – "Homem-Aranha 3", com 6,1 milhões de espectadores.

Neste ano, o filme mais visto no país também é uma produção hollywoodiana -"Homem de Ferro". Mas o seu total de espectadores é de 2,8 milhões, cifra inferior, portanto, aos 3,5 milhões acumulados pelos títulos nacionais até aqui.

Entre os filmes brasileiros, o líder isolado de bilheteria é "Meu Nome Não É Johnny", de Mauro Lima, com 2,1 milhões de espectadores, o que representa 60% do público total dos filmes nacionais no período.

Em 2007, a concentração num grande sucesso existia, mas era menos acentuada. "A Grande Família – O Filme", de Maurício Farias, que foi lançado em janeiro, dominou o semestre, com seus 2 milhões de público, ou 40% do total.

O filme de Ratton, em cartaz em 29 salas, foi visto por 4.345 pessoas. "Foi uma estréia modesta, mas ele está se mantendo e reagindo", diz o diretor, na opinião de quem há um preconceito contra o cinema brasileiro, que o público incorpora sem notar, devido a uma distorção estrutural do mercado.

Berço

"A criança brasileira vê filme americano desde o berço. Às vezes, só vai tomar contato com o filme brasileiro já jovem ou adolescente. O filme sem legenda é que vira filme estrangeiro para ela. Isso cria um estranhamento frente ao produto brasileiro", afirma Ratton.

Se o cinema brasileiro não conseguir produzir, até o final do ano, outro sucesso equivalente a "Meu Nome Não É Johnny" e mantiver a participação no mercado que obteve neste primeiro semestre-de 8,3%-, sofrerá sua maior queda desde 2003, pelo menos.

Quanto ao resultado do filme estrangeiro, as expectativas do mercado se concentram na estréia, amanhã, de "Batman – O Cavaleiro das Trevas", com potencial de arrasa-quarteirões.

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