Milicianos envolvidos em tortura da equipe de O Dia estão identificados, diz secretário

No último domingo (01/06), o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, informou, durante entrevista coletiva, que os envolvidos no seqüestro e tortura contra a equipe do jornal O Dia foram identificados. Segundo ele, para que as investigações não sejam prejudicadas, não poderiam ser dados mais detalhes, no entanto, já se sabe que existem policiais entre os milicianos, e que nem todos fazem parte da Polícia Militar (PM).

O secretário informou que a Secretaria de Segurança Pública está empenhada em juntar provas para que os milicianos sejam condenados, não apenas presos de maneira imediata, com revogação possível dentro de poucos dias. "Não adianta prender e depois de dois ou três dias eles estarem soltos. É preciso formar provas para condená-los porque, dessa forma, eles podem ser extirpados da corporação. É uma situação fácil de ser identificada, mas difícil de ser provada".

Beltrame explica que acontece de autoridades chegarem em comunidades e encontrarem policiais à paisana, que dizem estarem passeando ou afirmam terem parentes no local. Muitas vezes, sabe-se que estes policiais fazem parte da milícia, mas não existem provas concretas. 

Durante a coletiva, Beltrame salientou que a desarticulação de tais grupos é um trabalho que demanda tempo e deve passar por uma investigação criteriosa. De acordo com ele, para desmontar uma milícia que atuava na zona oeste do Rio, foi necessário um trabalho de mais de dez meses, mas que acabou com o grupo mais bem estruturado da cidade.

O pedido de ajuda a outras polícias ou à Força Nacional de Segurança foi descartado pelo secretário, que garantiu continuar trabalhando para combater as milícias.

Entenda o caso

No último dia 14 de maio, um grupo de repórteres do jornal O Dia foi seqüestrado, torturado e mantido em cárcere privado em um barraco, localizado na favela do Batan, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). Os jornalistas estavam na favela investigando a atuação de milícias no local.

Segundo informa O Dia, os jornalistas passaram por sete horas meia de interrogatório, submetidos a pontapés, socos, choques elétricos, roleta-russa, sufocamento com saco plástico e tortura psicológica.

O jornal esclarece que a cúpula da Segurança do Estado do Rio foi notificada sobre o caso, mas a decisão de não divulgar a agressão até este sábado (31) se deu em razão das investigações policiais que poderiam ser prejudicadas, e da segurança dos jornalistas envolvidos. Na edição deste domingo (01/06), O Dia mostra detalhes do caso, em matéria especial.

* Com informações da Agência Brasil

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