Parceria com Eletronorte viabiliza projeto Pará Digital

Está previsto para o início de abril o lançamento do projeto Cidades Digitais do Pará, que marca a interiorização – e o início concreto – do programa de estado digital paraense.

O lançamento será em Marituba, cidade localizada na região metropolitana de Belém, com a presença da governadora Ana Júlia Carepa. No estado de quase sete milhões de habitantes, a intenção é chegar inicialmente a pelo menos dois milhões de pessoas, ou cerca de 28% da população.

O projeto Cidades Digitais integra o programa estadual NavegaPará, lançado em novembro de 2007, que inclui ainda a construção de infovias (estadual e a municipal em Belém) e a instalação de telecentros para uso geral e de negócios.

Para a primeira fase do Cidades Digitais, a estimativa é que 15 municípios recebam, até agosto, sinal de internet através da infovia estadual que está sendo estruturada. As cidades incluídas são: Abaetetuba, Altamira, Barcarena, Belém, Itaituba, Jacundá, Marabá, Marituba, Pacajá, Rurópolis, Santa Maria, Santarém, Tailândia, Tucuruí, Uruará.

"De forma direta, estaremos disponibilizando internet de alta velocidade a 2 milhões de pessoas. E também telecentros para ações de telemedicina e teleeducação, além de melhorar serviços já existentes e oferecer novos – como a governança eletrônica no interior", disse ao Guia das Cidades Digitais (www.guiadascidadesdigitais.com.br) o secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará, Maurílio Monteiro.

Ele lembra que o objetivo final é reduzir a alta taxa de exclusão digital do estado. "Segundo o IBGE, cerca de 6% da população paraense tem acesso ao computador, e apenas metade deste percentual utiliza a internet", informa.

Parceria com a Eletronorte

Uma parceria estabelecida com a Eletronorte é ponto-chave do projeto paraense. Através da rede da companhia elétrica, que tem 1.800 quilômetros de fibra ótica instalada, passará o sinal de internet em direção às suas subestações situadas nas "portas" das cidades, de onde será redistribuído por WiMAX para dentro dos municípios. Cada um poderá ter uma banda de, no mínimo, 6 Mbps.

Na parceria, a Eletronorte contribuiu com a rede de fibra já instalada, avaliada em quase R$ 1 bilhão, e o governo do Estado investiu na ampliação da capacidade dessa rede, adquirindo os equipamentos necessários. Cada uma das partes pode utilizar metade da capacidade total resultante da modernização.

Segundo o presidente da Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará (Prodepa), Renato Francês, apenas nas cidades mais populosas – Belém, Marabá e Santarém – a rede será de fibra, e não sem fio. Em Belém, isso já é realidade: a Rede Metropolitana de Belém (MetroBel) se estende por cerca de 40 quilômetros de fibra óptica, ligando instituições de ensino e pesquisa, a uma velocidade de 1 Gbps.

O compromisso do NavegaPará, no qual o projeto de Cidades Digitais está inserido, é interligar todas as secretarias e órgãos estaduais e municipais, escolas públicas, delegacias, quartéis de polícia, hospitais e também algumas instituições do terceiro setor das cidades aonde o programa chegar. Alguns órgãos federais também serão iluminados, como instituições de ensino e pesquisa.

A conexão das cidades paraenses se dará segundo a lógica de dois grandes eixos, a partir da capital (localizada no nordeste do Estado), explica Renato Francês. No eixo que vai até Marabá (sudeste do Estado), haverá 20 Gbps de banda. No que vai até Santarém, 10 Gbps, "pois a fibra ótica neste pedaço é mais antiga", especifica Francês. Já há um cronograma para conexão das cidades: após Marituba, virão Santa Maria e Tucuruí. A última a ser conectada será Santarém, em agosto.

Também no âmbito do NavegaPará, o projeto Infocentros instalará, nos mesmos municípios, telecentros onde haverá capacitação, formação e possibilidade de utilização do computador e suas ferramentas.

Os dois primeiros serão inaugurados em Marituba, nos bairros de Novo Horizonte e Decouville. No total, serão 100 Infocentros no estado. Destes, no máximo 10 serão na região metropolitana de Belém, informa o presidente da Prodepa, caracterizando a intenção de interiorizar ao máximo os Infocentros.

Em sua maioria, os Infocentros serão geridos por organizações do terceiro setor. "Nosso modelo utiliza majoritariamente parcerias com o terceiro setor (colônias de pescadores, associação de moradores, etc.), mediante convênio. A gestão é da comunidade, através de conselho gestor. Já as máquinas, o acesso e a reforma do local são responsabilidade do governo do estado. Só onde não há terceiro setor consolidado é que passsamos a gestão do Infocentro para a prefeitura", detalha Francês.

Nos locais, além de computadores e acesso à internet, haverá também totens para acesso à delegacia virtual, emissão de segunda via de certidões e de guias de impostos e matrícula na rede estadual de ensino, entre outras opções.

Modelo inspirado no de Porto Alegre

O modelo que está sendo adotado no Pará, com fibra ótica para grandes distâncias e rede sem fio para levar o sinal ao usuário final, se inspira no projeto de Porto Alegre, que leva sinal por fibra até os bairros e, neles, redistribui por Wi-Fi.

Para aproveitar a experiência já acumulada pela equipe que implantou a iniciativa na capital gaúcha, o estado do Pará firmou parceria de cooperação técnica com a Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa).

"No processo de implantação de sua rede, toda vez que o Pará necessitar de um técnico nosso, enviaremos uma pessoa para lá, disponibilizamos o conhecimento e a experiência que acumulamos. Serão os próprios técnicos que viveram, estudaram e implementaram o modelo de Porto Alegre", afirma o presidente da Procempa, André Imar Kulczynski.

Na área da educação, todas as escolas estaduais e muitas municipais terão acesso à internet de alta velocidade. Além dos impactos diretos no ensino, isso permitirá a realização de vídeoconferências para reuniões entre os docentes do Estado, sem a necessidade de deslocamento entre as cidades.

"Cerca de 600 escolas, de um total de 920 escolas estaduais, serão conectadas à rede. A maioria dos laboratórios de informática dessas escolas já está pronta, porém sem o acesso a internet. Muitos deles foram montados com equipamentos doados pelo Ministério da Educação (MEC), porém estão parados ou trancados.

A falta de acesso comprometia fortemente os programas do MEC", relata Renato Francês. Ele conta que a Secretaria de Educação do Pará se comprometeu a, antes da finalização da instalação da rede de fibra ótica, instalar laboratórios de informática nas escolas que ainda não têm, de modo que todas fiquem igualmente equipadas.

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