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Publicidade Oficial: e na Bahia, quais critérios são adotados?

A ilustração acima passou a simbolizar a forma como os maiores veículos de comunicação do País se relacionam com o Estado. Historicamente são três as principais formas de “mamar nas tetas”: subsídios, utilização de infraestrutura pública, e destinação de verbas publicitárias. Sem esses pilares empresas como a Rede Bahia jamais teriam alcançado tamanha envergadura. E outras, como a Tv Aratu, quase tiveram que fechar as portas pelo contrário. E olhe que nem estou colocando nesta conta a liberação das outorgas.

Nos últimos anos organizações de mídia livre, independente, alternativa – ou qualquer outra denominação nesse sentido – têm pautado revisão da destinação das verbas publicitárias. O professor Venício Lima é peça fundamental nesse corpo, e acabada de publicar mais um valioso artigo no Observatório da Imprensa questionando os critérios adotados para destinar a publicidade oficial no governo Federal, balizada meramente na audiência.

A Constituição, as noções conceituais de liberdade e um projeto de Lei que tramita no Rio Grande do Sul são os parâmetros para Venício propor outro modelo. Sugiro mais uma referência para o debate: A relatoria especial pela Liberdade de Expressão da OEA destinada a publicidade oficial. Transparência, mecanismos de contratação, leis precisas, planificação e pluralismo informativo são eixos pouco respeitados pelo governo Federal, mais ainda na Bahia.

Terra autointitulada como pioneira na defesa da liberdade de expressão, a pergunta de Venício – “Quais critérios adotar?” – se torna inócua. Sequer tem-se conhecimento dos critérios adotados nos cerca de R$ 130 milhões anuais na Bahia. O Secretário de Comunicação, Robinson Almeida, costuma proferir discursos democráticos sobre a questão, mas na prática não têm como serem validados.

Durante a última reunião do Colegiado do Conselho Estadual (27/03/2013), o representante do Intervozes no órgão, este que vos escreve, solicitou, tranquilamente, acesso à estes recursos sob justificativa de qualificar a dinâmica econômica no setor. O Secretário tentou se fazer de vítima, alegou que o tom era intimidatório, e que no dia seguinte poderia passar na Secom e teria os dados em mãos. Já passaram-se cerca de 75 dias desde então, e ainda espero.

O Intervozes, enquanto membro e construtor deste Conselho, continuará a acreditar no espaço e evitará recorrer ao Ministério Público, Tribunal de Contas ou mero protocolo na Secom, sob pedidos argumentados na Lei de Acesso à Informação.

A nível nacional aqueles que questionam as verbas são criminalizados por terem uma posição política majoritária: serem de esquerda, e apoiarem basicamente os governos Lula e Dilma. Ora, a posição política não pode ser relacionada com o direito de ter acesso de forma equânime ao dinheiro público. Ainda mais quando para puxar o debate tais organizações criticam o próprio governo em que apoiam.

Na Bahia, após seis anos de governo Wagner, sequer existe um tecido consistente de organizações autointituladas independentes, livres e afins que questione os critérios. E olhe que em Salvador foi realizado o III Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas em 2012. Sim, existem vários comunicadores “de luta”, mas não são articulados ou mesmo empoderados no tema. Será reflexo da forma como o governo local maneja as verbas?

Pedro Caribé é membro do Conselho de Comunicação Social da Bahia e integrante do Intervozes

Telefone popular: pouca divulgação, resultados pífios

Apresentado na reunião do Conselho Consultivo do dia 30 de abril,  o Relatório 2012 da Anatel mostra que não basta formular uma política pública correta. É preciso empenho das concessionárias, fiscalização da agência e divulgação dos serviços.

O fraco desempenho do Aice (acesso individual de classe especial), o telefone popular, foi alvo de críticas do Instituto Telecom, que também apresentou sugestões a vários itens. Na reunião, além da apresentação do Relatório 2012 foram eleitos os novos presidente e vice do Conselho Consultivo – Leonardo Rescoe Bessa e Marcello Miranda, do Instituto Telecom, respectivamente.

Dentre as críticas feitas, o representante da sociedade civil e do Instituto lamentou que o Conselho Diretor da agência tenha levado um ano para responder as interrogações e sugestões feitas pelo Conselho Consultivo no Relatório de 2011. E a exemplo do que ocorreu no ano passado, o novo Relatório também não faz nenhuma citação aos trabalhadores do setor e ao alto nível de terceirização, principalmente na rede externa e nos call centers.

Os principais itens destacados pelo Instituto Telecom no Relatório 2012 da Anatel foram:

Aice (acesso individual de classe especial
) – Os assinantes deste serviço têm direito à franquia mensal de 90 minutos em chamadas para telefones fixos pagando por isso, no máximo, R$ 14,80. No cronograma definido, desde junho de 2012 o Aice está disponível para famílias com renda de até um salário mínimo. Ocorre que no final de 2012 havia cerca de 11,5 milhões de famílias com renda de até um salário mínimo registradas no Cadastro Único do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Apesar disso, apenas 53,6 mil famílias possuíam o telefone popular. Mesmo com as limitações desse produto – para realizar chamadas para celular é necessário inserir créditos -, a pouca divulgação pela Anatel e nenhuma pelas concessionárias foi o que levou a esse quadro. É preciso que a agência faça valer as diretrizes definidas por ela própria para a divulgação da oferta do telefone popular pelas concessionárias.

Banda Larga nas escolas
– O projeto é positivo, mas temos dúvidas sobre os números apresentados no Relatório, de que todas as 64,5 mil escolas estavam conectadas, 89,2% das quais com velocidade de 2 Mbps e apenas 2,27% com velocidade acima disso. Cobramos que a Anatel e o MEC informem qual a real situação do projeto. Quantas escolas realmente recebem esta conexão e quantas têm computadores/laboratórios que utilizam a banda larga?

Licitação de direito de exploração de satélite brasileiro – Somos favoráveis ao aumento da capacidade satelital brasileira para atender as atuais demandas no setor e àquelas antecipadas por eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas. No entanto, nos lotes licitados houve um ágio que variou de 254,85% (quarto) a 3.579,82% (primeiro). A questão é: por que houve uma distância tão grande entre os valores licitados e os oferecidos?

Modelo de Custos
– É essencial para que a Anatel tenha clareza, por exemplo, da fixação das tarifas de uso de rede de telefonia fixa. Mas a privatização ocorreu em 1998 e o projeto só teve início em 2011. Está, portanto, muito atrasado. Só15 anos depois é que poderemos ter essa ferramenta para subsidiar as ações regulatórias, contribuindo “para tornar as políticas públicas para o setor mais efetivas ao longo do tempo”.

Revitalização e modernização dos orelhões
– No primeiro caso, as concessionárias devem garantir que no mínimo 90% dos orelhões estejam funcionando em cada estado. Apesar da Anatel obrigar a gratuidade de chamadas de telefones públicos de duas concessionárias que apresentaram  desempenho insatisfatório em relação à revitalização dos orelhões,o que se percebe é o total descaso com uma rede cada vez mais sucateada, suja e, na maioria das vezes, sem ruído para a realização de chamadas. Quanto à modernização, o acesso à internet é uma forma de valorizar a rede pública de telecomunicações e um facilitador para a inclusão digital. Cobramos da Anatel um planejamento transparente e anual do número de orelhões que terão acesso à internet.

Bens reversíveis
– Apesar da agência apresentar no relatório a distribuição dos bens reversíveis (desde meios de transmissão até equipamentos de transmissão e telessupervisão), restou a preocupação de que a Anatel só realiza fiscalizações pontuais. Há necessidade de maior transparência no processo, com fiscalização mais ampla.

Audiências públicas – É positiva a ação da agência de transmitir os  encontros pela internet.  Mas insistimos que deve haver maior divulgação das audiências nos diversos meios de comunicação para ampliar a participação da sociedade.

O Instituto Telecom dará todo o apoio ao representante do Senado, Marcos Augustus Martins, escolhido como relator da matéria, de forma que possa ocorrer um aperfeiçoamento do Relatório e uma melhoria substancial nas telecomunicações brasileiras.

Para serviços regulados, pesquisa da Anatel demonstra baixa satisfação dos usuários

A Anatel (Agência nacional de Telecomunicações) apresentou na segunda-feira, dia 6/5, em São Paulo, a terceira parte da pesquisa de satisfação dos usuários de serviços de telecomunicações. Parte dos resultados foi apresentada em abril – a primeira divulgação tratou de telefonia fixa, orelhões e banda larga fixa prestada pela rede de telefone fixo; a segunda abordou telefonia e banda larga móvel.
 
Além de retomar os resultados divulgados anteriormente, a apresentação em São Paulo trouxe os dados relativos ao serviço de TV por assinatura, banda larga fixa prestada pelas redes de TV por assinatura e a comparação dos resultados de 2012 com os resultados da última pesquisa de satisfação, de 2002.
 
A pesquisa foi feita a partir de perguntas sobre atendimento, informação, preços, velocidade de acesso etc. Segundo os resultados apresentados, parte expressiva dos temas pesquisados recebeu como resposta nível regular de aprovação: interpretado pelo instituto de pesquisa como ‘nem insatisfeito, nem satisfeito’. Na telefonia móvel pós-paga, por exemplo, esse o nível regular alcançou 56%.
 
A interpretação foi alvo de discussão. As operadoras divulgaram essa resposta como ‘neutra’ ou como uma ‘indiferença’ dos consumidores à prestação do serviço, o que cria confusão na compreensão dos resultados e na conclusão do desempenho das operadoras. Na pesquisa de 2002 a mesma nota foi interpretada como ‘pouco satisfeito ou pouco insatisfeito’, o que deixava mais clara a baixa satisfação dos usuários.
 
De forma geral, os resultados da pesquisa deixam explícito o descaso das concessionárias de telefonia fixa com os orelhões. O nível de insatisfação é elevado. Apenas 1,1% se declara satisfeito, e 50,2% responderam estar insatisfeitos ou totalmente insatisfeitos.O número de usuários que considera o serviço regular também é expressivo: 48,7%. Há fatores específicos em que a insatisfação é ainda maior. No caso de manutenção, os insatisfeitos ou totalmente insatisfeitos chegam a 85% dos entrevistados;
 
No entanto, há resultados que parecem não condizer com a realidade dos problemas e reclamações —  60% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com a banda larga pela rede de telefonia fixa ou 74,7% satisfeitos com o serviço de banda larga móvel pré-paga. O Idec questionou como foram definidas as regiões de pesquisa; se levaram em conta áreas mais periféricas dentro das cidades e áreas rurais. Segundo o instituto contratado pela agência, a escolha dos números de telefone para a pesquisa foi aleatória, a partir de sorteio automatizado na base de clientes das operadoras.
 
Por outro lado, há dados que apontam com mais clareza os problemas que o consumidor enfrenta no dia a dia. Por exemplo, na velocidade da banda larga móvel pós-paga, 68,3% estão totalmente insatisfeitos, insatisfeitos ou consideram o serviço regular; na velocidade da banda larga móvel pré-paga esse nível é de 60,4%.
 
Com exceção da TV por satélite, os Índices Gerais de Satisfação também são baixos, principalmente considerando que são serviços regulados, com metas de qualidade e fiscalização. Em uma escala de 0 a 10, as notas recebidas para cada serviço foram as seguintes: telefone e banda larga móvel pós-paga: 5,37; telefone e banda larga móvel pré-paga: 6,00; telefone e banda larga fixa: 5,89; orelhões: 3,68; TV por satélite: 7,22; TV por rádio (MMDS): 6,07; e TV a cabo: 5,65.
 
Comparação demonstra piora significativa em 10 anos

O destaque da apresentação foi a comparação com os resultados de 2002, em que se verificou grande queda na satisfação dos usuários, com exceção do serviço de TV por assinatura via satélite. A justificativa foi que a percepção é subjetiva e que hoje os consumidores esperariam mais dos serviços em comparação a 2002, considerando que alguns deles eram novidades, como o celular.
 
Contudo, serviços convencionais que não sofreram grandes alterações desde 2002, como a telefonia fixa residencial e os orelhões, tiveram sensível queda. Outros que poderiam ser considerados mais tecnológicos, cuja exigência poderia ser maior, como TV por assinatura via satélite, seguraram nível alto de satisfação.
 
“As expectativas dos usuários são calibradas pelo que as empresas prometem e, com frequência, elas prometem o que não conseguem cumprir. A acentuada queda nesse intervalo de dez anos coloca não apenas as operadoras em uma posição comprometedora, mas também a agência reguladora, que deveria zelar pela tão prometida qualidade dos serviços de telecomunicações pós-privatizações do setor”, explica a advogada do Idec Veridiana Alimonti.

Cadinho, domésticas e um mundo sem mulheres

Finalmente, sedimentou-se a imprescindibilidade das mulheres na sociedade brasileira – obviamente, com foco no espaço privado. Para isso, não havia melhores instrumentos e momento para fazê-lo: desde o final de março, o Fantástico exibe, em capítulos, a vivência de núcleos familiares sem a presença da "patroa" em casa durante uma semana.

O quadro “Mundo sem Mulheres” mobiliza, em um só tempo, questões de gênero, de classe e de direitos humanos, confundindo o público como se expusesse uma ode ao protagonismo feminino. Como cenário, a telerrevista que se vangloria ser o show da vida utiliza o formato de "reality show", que tem muito pouca preocupação com a verossimilhança. Na verdade, a intenção é subvertê-la, mas apenas na aparência.

O contexto político é, coincidentemente, a sanção, pela presidenta Dilma Rousseff, da PEC das Trabalhadoras Domésticas, que fundamenta novos direitos da categoria na Constituição – hora extra, FGTS e, vejam só a ousadia, limite de jornada. Só o fato de essas garantias básicas serem inéditas já é motivo de vergonha histórica e escancara o repertório casa grande & senzala ainda remanescente no Brasil, do qual alguns segmentos sociais não querem abrir mão.

Anexam-se a essa conjuntura matérias que emulam uma espécie de Serviço de Atendimento ao Consumidor do Trabalho Doméstico, em que, a título de explicar didaticamente as dificuldades originadas com a PEC, representantes da distinta classe média são apresentados como clientes a tirar dúvidas sobre as empregadas-mercadoria “objetos” de contenda jurídica. Algo similar deve ter ocorrido naquele áureo maio de 1888.

Insuficientes esses entornos simbólicos, os “nossos heróis”, como são classificados os maridos pelos apresentadores, ainda “têm o desafio” – deles, não delas, registre-se – de lidar com o cotidiano da família abdicando dos papeis das mulheres como mães, esposas e, evidentemente, como trabalhadoras domésticas. O enredo do quadro, que se pretende síntese da realidade privada nacional, insiste que a intenção é valorizar a multifuncionalidade feminina.

Complementando a produção ficcional-jornalística, é convocado, para narrar as histórias, o personagem Cadinho, o polígamo personagem de Avenida Brasil ainda encarnado em Alexandre Borges. É a cereja do bolo de uma operação de assujeitamento das mulheres que finaliza com o destino outorgado às homenageadas: o spa – claro, porque, afinal, se existe outro dever intrínseco à condição feminina é o redobrado cuidado com a estética.

A intenção expressa do programa-âncora dominical da Globo em favorecer as mulheres como sujeitos “indispensáveis” tinha um caminho de mais fácil execução e com maior chance de êxito: deixar de veicular, durante tantas ou mais semanas, esquetes do Zorra Total que as estigmatizam; vetar publicidades que fetichizam cervejas como sinônimos de devassos objetos sexuais; ou, ainda, tratar, jornalisticamente, de temas interditados como a descriminalização do aborto com o rigor, a relevância e a seriedade que merecem.

Enquadrar mães-esposas como necessárias ao bem-estar de um lar do macho ou mercantilizar trabalhadoras domésticas não são indicativos de respeito, mas sim de desvalorização de direitos e de violência simbólica.

Daniel Fonsêca, jornalista e membro do Coletivo Intervozes, está doutorando em Comunicação e Cultura (UFRJ).

Sós?

Na Itália, Lorenzo Marsili, através da European Alternatives, está em campanha para conseguir um milhão e assinaturas para que a União Europeia recomende novas leis sobre regulamentação da comunicação em seus países.

Bea Bodrogi é uma advogada húngara que apoia a iniciativa e defende jornalistas acusados, normalmente pelo governo de seu país, de falar mais do que deveriam.

Através de campanhas de financiamento coletivo, a agência Louder, de Colin Mutchler, compra espaços publicitários na internet e na mídia tradicional para dar visibilidade a movimentos sociais estadunidenses.

Antes dos dezoito anos de idade, YingYing Shang juntou-se com um grupo de amigas e criou a Spark a Movement, que questiona esteriótipos de adolescentes na mídia dos Estados Unidos. Aperrearam tanto que mudaram até a política de uso do photoshop na revista Seventeen, uma das mais populares do país neste segmento.

Na América Latina, a professora Úrsula Freundt, da Universidade Peruana de Ciências aplicadas, está dedicando esforços junto à comunidade acadêmica de seu país para construir alternativas de comunicação para a parcela da população que não fala espanhol como primeira língua e busca desenhar metodologias de análise crítica de mídia para vários grupos sociais.

Colher e distribuir informações sobre o que acontece no mundo, especialmente no que diz respeito ao direito à comunicação é uma das tarefas de Kate Coyer, da Global Voices – uma comunidade de mais de 700 escritores/as e 600 tradutores/as que produz e distribui informações em mais de 30 línguas diferentes. Não fossem alguns deles/as, dificilmente saberíamos que existem três blogueiros presos em Bangladesh pelo ‘crime’ de blasfêmia.

À frente do Fight for the Future, Holmes Wilson defende a liberdade na internet. A organização em que trabalha foi uma das primeiras no mundo a protestar contra o Sopa, o projeto de lei gringo que ameaçaria gravemente a liberdade de expressão na grande rede de computadores, especialmente em países sob regimes totalitários.

Ainda sobre internet, o cineasta israelense Naor Elimelech, que vive no Brasil, juntou-se com um punhado de organizações rochedas para criar a série de filmes interativos Freenet, que trata não só de liberdade, mas de privacidade na rede e acesso à banda larga especialmente em países do Hemisfério Sul.

Essa turma toda e mais quase 2 mil ativistas do mundo inteiro estiveram presentes no último final de semana na National Conference for Media Reform, que aconteceu em Denver e foi promovida pela Free Press, uma organização sediada em Washington DC e entre outras coisas busca, através de muita pressão política junto à Comissão Federal de Comunicação (FCC na sigla em inglês, órgão de regulação da mídia nos EUA), manter as limitações à propriedade cruzada (uma mesma empresa não pode controlar televisão e jornal num mesmo mercado, por exemplo) e propor políticas que aumentem o número de mulheres e grupos raciais historicamente excluídos no comando de veículos de radiodifusão.

Estabelecer algumas dessas regras é o que quer João Brant, um dos coordenadores do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação no Brasil, que também estava no evento. O FNDC é uma das dezenas entidades da sociedade civil brasileira que estão em campanha pelo direito à comunicação no país. Para isso, estão criando um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip) que vai precisar de 1.3 milhão de assinaturas para fazer com que a liberdade de expressão em nosso país possa finalmente ser um direito de todos.

Uma vez um político me disse que estávamos sós nessa luta.

Parece que ele estava errado.

Ivan Moraes Filho é jornalista, defensor de direitos humanos, integrante do Centro de Cultura Luiz Freire e apresentador do programa Pé na Rua.