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Sós?

Na Itália, Lorenzo Marsili, através da European Alternatives, está em campanha para conseguir um milhão e assinaturas para que a União Europeia recomende novas leis sobre regulamentação da comunicação em seus países.

Bea Bodrogi é uma advogada húngara que apoia a iniciativa e defende jornalistas acusados, normalmente pelo governo de seu país, de falar mais do que deveriam.

Através de campanhas de financiamento coletivo, a agência Louder, de Colin Mutchler, compra espaços publicitários na internet e na mídia tradicional para dar visibilidade a movimentos sociais estadunidenses.

Antes dos dezoito anos de idade, YingYing Shang juntou-se com um grupo de amigas e criou a Spark a Movement, que questiona esteriótipos de adolescentes na mídia dos Estados Unidos. Aperrearam tanto que mudaram até a política de uso do photoshop na revista Seventeen, uma das mais populares do país neste segmento.

Na América Latina, a professora Úrsula Freundt, da Universidade Peruana de Ciências aplicadas, está dedicando esforços junto à comunidade acadêmica de seu país para construir alternativas de comunicação para a parcela da população que não fala espanhol como primeira língua e busca desenhar metodologias de análise crítica de mídia para vários grupos sociais.

Colher e distribuir informações sobre o que acontece no mundo, especialmente no que diz respeito ao direito à comunicação é uma das tarefas de Kate Coyer, da Global Voices – uma comunidade de mais de 700 escritores/as e 600 tradutores/as que produz e distribui informações em mais de 30 línguas diferentes. Não fossem alguns deles/as, dificilmente saberíamos que existem três blogueiros presos em Bangladesh pelo ‘crime’ de blasfêmia.

À frente do Fight for the Future, Holmes Wilson defende a liberdade na internet. A organização em que trabalha foi uma das primeiras no mundo a protestar contra o Sopa, o projeto de lei gringo que ameaçaria gravemente a liberdade de expressão na grande rede de computadores, especialmente em países sob regimes totalitários.

Ainda sobre internet, o cineasta israelense Naor Elimelech, que vive no Brasil, juntou-se com um punhado de organizações rochedas para criar a série de filmes interativos Freenet, que trata não só de liberdade, mas de privacidade na rede e acesso à banda larga especialmente em países do Hemisfério Sul.

Essa turma toda e mais quase 2 mil ativistas do mundo inteiro estiveram presentes no último final de semana na National Conference for Media Reform, que aconteceu em Denver e foi promovida pela Free Press, uma organização sediada em Washington DC e entre outras coisas busca, através de muita pressão política junto à Comissão Federal de Comunicação (FCC na sigla em inglês, órgão de regulação da mídia nos EUA), manter as limitações à propriedade cruzada (uma mesma empresa não pode controlar televisão e jornal num mesmo mercado, por exemplo) e propor políticas que aumentem o número de mulheres e grupos raciais historicamente excluídos no comando de veículos de radiodifusão.

Estabelecer algumas dessas regras é o que quer João Brant, um dos coordenadores do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação no Brasil, que também estava no evento. O FNDC é uma das dezenas entidades da sociedade civil brasileira que estão em campanha pelo direito à comunicação no país. Para isso, estão criando um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip) que vai precisar de 1.3 milhão de assinaturas para fazer com que a liberdade de expressão em nosso país possa finalmente ser um direito de todos.

Uma vez um político me disse que estávamos sós nessa luta.

Parece que ele estava errado.

Ivan Moraes Filho é jornalista, defensor de direitos humanos, integrante do Centro de Cultura Luiz Freire e apresentador do programa Pé na Rua.