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Entidade defende publicidade estatal para pequenas empresas de mídia

A Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) promete atuar junto ao governo federal nesse ano em busca de políticas públicas de incentivo à mídia alternativa. No último 12 de dezembro, em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, Renato Rovai, presidente da Altercom, defendeu que 30% das verbas publicitárias do governo sejam destinadas às pequenas empresas de comunicação.

A audiência convocada por sugestão da deputada Luciana Santos (PcdoB-PE), contou com a participação de João Brant, pelo Coletivo Intervozes, Rodolfo Machado Moura, pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), e Tallis Arruda, pela Aner (Associação Nacional dos Editores de Revista), além do presidente da Altercom. Rovai ainda sugeriu à deputada nova audiência em março, desta vez em São Paulo, e com a presença de representantes da Secretaria de Comunicação (Secom). Para ele a participação de veículos de mídia livre e alternativa seria ampliada e o debate ganharia mais interação com a sociedade.

Na sequência, na sexta-feira (14), Renato Rovai (revista Fórum), Wagner Nabuco (revista Caros Amigos) e Joaquim Palhares (portal Carta Maior), representando a Altercom, realizaram uma audiência com a ministra da Secretaria de Comunicação da presidência da República, Helena Chagas, também para tratar da questão da publicidade governamental. Apesar da receptividade da ministra, ainda não existe compromisso para que o assunto seja levado adiante.

A prática já é realidade em outros setores produtivos. Para citar um exemplo, no âmbito do PNAE (Programa Alimentação Escolar), a compra de alimentos para a merenda escolar tem 30% dos recursos repassados destinados à produção vinda da "agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas". A medida é garantida pela lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009.

O mesmo ocorre no Fundo Setorial do Audiovisual, onde a lei Nº 12.485, de 12 de setembro de 2011, garante cota de participação para as regiões onde o setor é mais frágil. Do total de recursos do Fundo, "30% deverão ser destinadas a produtoras brasileiras estabelecidas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, nos critérios e condições estabelecidos pela Agência Nacional do Cinema – Ancine". Não fosse a lei, os recursos do audiovisual provavelmente se concentrariam todos na região Sudeste, onde também estão as maiores produtoras do setor.

Democratização da mídia

Desde 2010, com o Programa Nacional de Direitos Humanos – 3, o país tenta colocar em pauta a democratização da mídia. O PNHD-3 falava em sua diretriz 22 sobre a revisão de concessões de rádio e TV e um ranking que mostrasse tanto os maiores infratores de direitos humanos, como também os meios de comunicação que mais contribuíam para a afirmação dos mesmos. O documento foi mal recebido pela grande mídia que prefere a 'autorregulação' para evitar a perda de seus privilégios.

A mesma autorregulação é defendida pelas agências de publicidade quando se trata do conteúdo de suas produções, mas, ironicamente, não é paradigma para seu modelo de remuneração, no qual vale a medida anti-liberal regulamentada pelo decreto nº 57.690/66. Ele determina que "fará jus ao 'desconto padrão de agência' não inferior a 20% (vinte por cento) sobre o valor dos negócios que encaminhar ao Veículo por conta e ordem de seus Clientes". O mesmo decreto ainda define que "os serviços e os suprimentos externos terão os seus custos orçados junto a Fornecedores especializados, selecionados pela Agência ou indicados pelo Anunciante. O Cliente deverá pagar à Agência 'honorários' de 15% (quinze por cento) sobre o valor dos serviços e suprimentos contratados com quaisquer Fornecedores". Na prática, quanto mais uma agência concentra suas peças publicitárias num só meio, maior é sua bonificação.

A bonificação por volume é uma espécie de jabá baseado numa porcentagem a ser paga além do contrato para os anúncios em um mesmo meio de comunicação. Atualmente, segundo informações de mercado, ela equivale a cerca de 70% do faturamento das agências,  é regulamentada pela lei Nº 12.232, de 29 de abril de 2010 do deputado José Eduardo Cardozo, atual Ministro da Justiça. Fica claro que no setor privado essa prática favorece os atuais oligopólios da comunicação, afinal, as pequenas empresas não têm o aporte financeiro dos grandes grupos para conceder esse tipo de remuneração às agências. Se antes os BVs eram usuais em caso de anunciantes privados, após a lei, a prática avançou também para clientes públicos.

Segundo reportagem de Breno Costa e Leandro Colon da Folha de S. Paulo, 10 veículos de comunicação concentram 70% dos recursos de publicidade da administração direta do governo federal no primeiro ano e meio do governo Dilma. Só a TV Globo ficou com aproximadamente metade dos 70%, ou seja, 35% da verba total do governo brasileiro neste período. O próprio grupo Folha e o Estado de S. Paulo também abocanharam grandes quantias, mas a segunda maior beneficiada foi a rede Record com 24 milhões de reais, menos da metade da Globo Comunicação e Participações S.A.

A justificativa da Ministra da Secom Helena Chagas na época da publicação da matéria da Folha de S. Paulo, em 13/09/2012, foi de que "é inevitável que o maior volume de pagamentos seja dirigido a meios e veículos de maior audiência, que atingem um maior público, como é o caso da televisão".

Os representantes da Altercom também chamaram a atenção para o fato de que os critérios de "mídia técnica" sejam discutidos à luz de padrões mais plurais, não se resumindo apenas ao custo por audiência. Hoje, a "mídia técnica", na opinião da entidade, é intoxicada pelo pagamento do BV que as agências recebem dos grandes veículos.

Anatel estuda impacto de novos canais digitais alocados pelo Minicom

A Anatel está estudando o impacto de três portarias do Minicom publicadas no dia 18 de dezembro que destinam mais canais digitais à radiodifusão e que, portanto, dificultam ainda mais a engenharia para a liberação da faixa de 700 MHz para a banda larga móvel.

As portarias destinam um canal para o Canal da Cidadania, que poderá ser requerido pelos entes municipais; garantem que os canais secundários hoje usados pela radiodifusão tenham um espaço digital (estima-se em mais de quatro mil as cidades em que há canais operando em caráter secundário) e, por fim, destina o canal 61 (em alguns municípios o 62 ou o 63) para a TV Câmara em mais de 40 municípios.

"Dificulta bastante. Vamos ter que encontrar mais canais para a radiodifusão", afirma uma fonte do governo que preferiu não se identificar. O problema é complexo porque há municípios em que já há hoje uma saturação de canais para a radiodifusão e agora vão receber até dois canais (a TV Câmara e o Canal da Cidadania).

Além, disso, grande parte dessas quatro mil cidades onde existem canais operando em caráter secundário está no entorno de cidades grandes, o que aumenta a dificuldade de contornar a questão da interferência.

Fonte da Anatel confirma que a agência vê a questão com preocupação, mas minimiza eventuais dificuldades na liberação da faixa para a banda larga móvel. "Tem impacto sim, mas a gente está trabalhando para liberar a faixa", diz a fonte. Trata-se da continuação do grupo de trabalho que analisou a viabilidade técnica de implantação do LTE na faixa de 700 MHz e possíveis arranjos para o leilão.

Minicom nega que portarias dificultem a liberação da faixa de 700 MHz

O Ministério das Comunicações nega que as portarias publicadas em 19 de dezembro, que destinaram novos canais para a radiodifusão possam dificultar a liberação da faixa de 700 MHz para a banda larga móvel (veja a notícia aqui).

As portarias destinam um canal para o Canal da Cidadania, que poderá ser requerido pelos entes municipais; garantem que os canais secundários hoje usados pela radiodifusão tenham um espaço digital (estima-se em mais de quatro mil as cidades em que há canais operando em caráter secundário); e, por fim, destinam o canal 61 (em alguns municípios o 62 ou o 63) para a TV Câmara em mais de 40 municípios.

O diretor do departamento de acompanhamento e avaliação da Secretaria de Comunicações Eletrônicas do Minicom, Octavio Pieranti, explica que a TV Câmara já usava os canais nos municípios para RTV (retransmissão). Como a TV Câmara quer montar uma geradora nesses municípios, o Minicom atendeu ao pedido e consignou esses canais para a trasmissão do sinal digital. Assim, segundo o diretor, do ponto de vista de ocupação do espectro não há impacto nenhum.

No caso do Canal da Cidadania, Pieranti informa que o Minicom não fez nada além de regulamentar a criação do canal que, assim como o Canal do Executivo, da Educação e da Cultura, estava previsto no Decreto 5.820/2006 que implementou o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T).

Além disso, uma das portarias prevê que os canais só serão consignados quando não houver impossibilidade técnica. "Existe um universo de mais de quatro mil municípios onde não há problema de espectro e algumas centenas onde o funcionamento de um novo canal pode não ser viável com o simulcast", reconhece ele.

Em relação às emissoras que hoje operam em canais secundários e que, pela portaria recente, ganharam o direto de ter um canal digital, Pieranti diz que o pareamento e, consequentemente, a duplicação de canal é apenas uma possibilidade. Tecnicamente ainda é possível digitalizar no próprio canal ou usar a técnica Single Frequency Network (SFN), que consiste em utilizar um único canal para acomodar uma geradora e suas repetidoras, desde que a programação seja idêntica e sincronizada. "O Estado ganha porque há uma economia de espectro e para o radiodifusor o custo operacional é menor", afirma ele.

 

Globo vai sair do controle da Sky

Depois de alguns meses de negociação, os grupos Globo e Sky/Direct TV fecharam o acordo para o cumprimento da nova lei do SEAC (Serviço de Acesso Condicionado), a de número 12.485/11 , que impede que emissoras de radiodifusão detenham mais de 49% de participação nas operadoras de TV paga. Segundo o superintendente de Comunicação de Massa da Anatel, Marconi Maya, a área técnica da agência já aprovou os novos termos do acordo, que está em análise na procuradoria da agência e deverá ser entregue para votação do conselho diretor ainda neste mês. Segundo Maya, serão seguidas as linhas gerais do acordo firmado pela Globo com a NET, na qual a emissora de TV aberta abre mão de indicar conselheiros e de interferir nas questões relacionadas à operação da TV, mantendo o poder de veto nas programações nacionais.

Maya ressaltou que a retirada da emissora de radiodifusão do controle da operação segue estritamente a portaria 101 da Anatel (que estabelece as relações entre empresas controladas, coligadas e controladoras de maneira bem mais rígida do que a lei das sociedades anônimas) e que o poder de veto sobre o conteúdo nacional foi mantido porque não é uma questão que pode e nem deve ser regulada pela Anatel, pois é tema de regulação da Ancine.

O grupo Globo teve que sair do controle das operações de TV a cabo da NET e de TV via satélite da Sky porque a nova lei do SeAC proíbe que um mesmo controlador tenha licenças de radiodifusão e de TV paga.

RecordNews

O superintendente confirmou ainda que a Sky pediu dispensa da Anatel para não ter que carregar todos os canais de TV abertos determinados pela lei do SeAC. Conforme a lei, as operadoras de SeAC devem carregar os 514 canais analógicos das geradoras de TV gratuitamente. No caso das operadoras de cabo, como as licenças são para cada município, elas só precisam carregar os canais das geradoras de TVs abertas daquele município. Mas a tecnologia de TV via satélite, o DTH, por ter licença nacional, teria que carregar os 514 canais, o que inviabilizaria suas operações. A lei criou, então, exceção, autorizando a Anatel a permitir o carregamento de menor número de canais, desde que seja comprovada a sua inviabilidade técnica.

A questão, contudo, reclamou a RecordNews, à Anatel, é que a Sky não quer colocar em sua grade alguns dos 14 canais de TV aberta listados pela Anatel como aqueles que devem ser transportados como obrigatórios. A Sky quer carregar o canal da TV Recordo e o da Globo, por exemplo, mas conforme fontes do mercado, estaria se insurgindo contra o canal da MTV (contra o qual tem uma rusga de anos) e o da RecordNwews (que sofre mesmo sérios questionamentos de outros players sobre a razão de o grupo Record ter dois canais abertos no line up das operadoras de SeAC, conforme determinou a Anatel).

A intenção da Anatel é publicar um regulamento que esclareça as condições que permitam que as operadoras deixem de carregar os canais obrigatórios, pois, alerta Maya, o mercado está criando questionamentos desnecessários sobre este tema.

Alphaville

Maya confirmou também que está sendo analisado o processo de propriedade cruzada da TV Alphaville, hoje de propriedade da SBT e Silvio Santos. Segundo matéria da Folha de S. Paulo da semana passada, o empresário estava querendo transferir parte das ações da operadora de cabo para membros de sua família. Conforme Maya, este processo ainda está sendo analisado pelos técnicos da agência. Ele ressaltou que a análise será feita do mesmo jeito: com base na portaria 101 da Anatel, que aponta diferentes indícios para o exercício de controle. "Se a SBT ou seus controladores continuarem a exercer poder de controle sobre a operadora de SeAC, não será aceito pela Anatel", alertou ele.

Governo uruguaio limita em 25% o alcance de televisão a cabo

O governo do presidente José Mujica limitou nesta quarta-feira (2) a quantidade de afiliadas que podem ter as empresas privadas de televisão. A Secretaria de Comunicação da Presidência do Uruguai criou o decreto que limita a 25% o total de domicílios que uma empresa pode alcançar em todo o país e a 35% em cada território.

“Sem afetar direitos adquiridos, se entende necessário limitar a participação no mercado de operadores de televisão para afiliadas, evitando a geração de monopólios e oligopólios', pontua.

O decreto recorda que, no início, o mercado de serviços de televisão para afiliados se constituiu com base no princípio de territorialidade. Mas, atualmente, esse mercado está dominado por operadores que, em sua maioria, prestam serviços em todo território nacional e as empresas têm influído no desenvolvimento de produções locais de televisão, acrescenta o texto.

O documento sustenta que isso pode produzir “uma grande concentração não desejada, atendendo ao princípio de diversidade, e afetar o desenvolvimento de operadores que se encontram limitados a uma área territorial determinada”.