Portugal corre o risco de perder jornais impressos nos próximos meses devido a problemas sérios no sector gráfico, alertou o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) nesta quinta-feira.
“Corremos o risco de não ter jornais impressos tradicionais – jornais em papel – dentro de alguns meses em Portugal. Há problema sérios com o sector gráfico, com as gráficas que produzem jornais e revistas”, comentou Carlos Magno à margem da conferência “Motores de Busca – o seu a seu dono”, organizada pela Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, em Lisboa.
“Estamos num momento de grande revolução tecnológica, de grandes migrações [para as plataformas digitais] e transformações”, afirmou o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, acrescentando a preocupação do regulador com os “sérios riscos” que a imprensa portuguesa corre actualmente.
Tendo em conta que a conferência se debruça sobre o aproveitamento dos conteúdos – jornalísticos, incluídos – pelos motores de busca, Magno defendeu que “o jornalismo tem que ser protegido, porque custa dinheiro a produzir". "É uma indústria extractiva e transformadora: transforma os factos em notícias e as notícias em actualidade. Esse trabalho de selecção, de síntese e de pesquisa é um trabalho que tem que ser remunerado", defendeu.
“Não se pode desperdiçar esse capital. Se alguém pirateia [conteúdos jornalísticos], a médio prazo é a qualidade do jornalismo na Net que está em causa”, acrescentou ainda o presidente da ERC.
“É importante perceber que todos estes movimentos [digitais e tradicionais] se interligam”, considera Carlos Magno. “Estamos a falar de pirataria na Internet, mas estamos também a falar de um futuro de uma indústria – da imprensa – que é preciso salvaguardar.” Por enquanto a ERC limitou-se a dar o seu apoio à discussão, mas o presidente promete fazer um pouco mais.
Magno diz que o debate no regulador terá que ser feito tendo em conta a actual situação da indústria das notícias, mas também a questão da “protecção da língua portuguesa”, que tem que ser olhada no âmbito de um mercado alargado. O presidente da ERC deixou mesmo no ar que estará a haver uma guerra à língua portuguesa, instigada por línguas estrangeiras, que cobiçam o vasto mercado luso.