O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação promoveu, no dia 13 de maio, em São Paulo, um debate com o tema “Eleições e Mídia Pública: a cobertura eleitoral pelos veículos da EBC”. A audiência foi a primeira promovida em 2014 pelo órgão, que tem a obrigação de realizar duas por ano em diferentes regiões do país. É também a primeira vez que aborda o tema, embora já tenha passado por três eleições. Os participantes apresentaram opiniões, críticas e sugestões, baseando-se na cobertura que já foi realizada nos pleitos anteriores.
As contribuições abordaram vários aspectos. Jacira Melo, representante do Instituto Patrícia Galvão, comparou a cobertura feita pela mídia em geral a um “FlaFlu” [disputa clássica do futebol carioca entre Flamengo e Fluminense], quando deveria ser focada na “voz dos telespectadores”. “Só o que eu enxergo são os bastidores da política. Não se pauta políticas públicas. Não se pauta como a vida das pessoas poderia se transformar no curto, médio e longo prazo a partir de uma discussão mais séria sobre eleições”, criticou.
Renata Mielli, do Centro de Estudos Barão de Itararé, defendeu que “o fundamental é sair da armadilha de fazer aquilo que é o convencional”. Segundo ela, deveria haver um maior foco sobre a informação e diminuir o espaço restrito ao anúncio da agenda dos candidatos. Para ela , o a cobertura deveria ressaltar o “projeto político de Brasil”.
A funcionária da EBC, Camila Maciel, apontou os problemas organizacionais da EBC que interferem na cobertura, como a “falta de planejamento” e o “ruído entre os setores”. Como exemplo, cita os casos em que eleições passadas repórteres foram deslocados de suas cidades para cobrir as eleições e o conteúdo produzido e enviado por eles não foi utilizado na transmissão. Além disso, criticou a “falta de espírito de desafio”, afirmando que a EBC assume, em boa parte dos casos, “o papel de assessoria do TSE”, entrando nas questões técnicas e abandonando as questões “caras aos eleitores”.
A conselheira e representante da sociedade civil, Rita Freire, apontou a necessidade de valorizar como fonte “os setores da sociedade que se mobilizam”, pois os movimentos sociais estariam entre os sujeitos que melhores discutem os temas de relevância social. O presidente da EBC, Nelson Breve, respondeu afirmando que é preciso tomar cuidado com essa proposta e completou dizendo que “nós jornalistas não estamos para participar do embate político, nós estamos para retratar o embate político”.
A diretora de jornalismo da EBC, Nereide Beirão, falou do “plano de cobertura para as eleições”. Segundo ela, o proposta considera a necessidade de “mostrar o Brasil” – não se ater aos grandes centros –, dá especial atenção à questão de gênero, reforça o protagonismo do cidadão, ressalta o bom uso de ferramentas de iteratividade e do jornalismo colaborativo, busca realizar uma cobertura temática, sem focar nas trocas de acusações e sem se prender à cobertura das pesquisa.