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Agressões a jornalistas em Mato Grosso e Minas Gerais revoltam a categoria

Dois casos recentes de agressão e cerceamento à liberdade de imprensa revoltaram os jornalistas brasileiros. Em Mato Grosso a repórter Márcia Pache, foi agredida com um tapa pelo vereador Lourivaldo Moraes (DEM). E em Minas Gerais, o jornalista da revista Tempo Fredi Mendes, que investiga denúncias de crimes de pedofilia, foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de cometer os crimes que apura.

O presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, cobra da Câmara Municipal de Pontes e Lacerda (MT) e das autoridades do Mato Grosso uma punição exemplar ao vereador que “cometeu um delito inaceitável não só contra uma profissional, mas contra toda a categoria e contra a imprensa”. E no caso mineiro, Murillo considera que a Polícia Federal e o Ministério da Justiça “devem explicações a sociedade”. A entidade se solidariza com os colegas agredidos, coloca sua assessoria jurídica à disposição para o que for necessário e respalda as manifestações dos Sindicatos dos Jornalistas do Mato Grosso e de Minas Gerais, que seguem abaixo.

SINDJOR-MT EMITE NOTA DE REPÚDIO EM FAVOR DA JORNALISTA MARCIA PACHE

“O vereador Lourivaldo Rodrigues de Moraes (do DEM de Pontes e Lacerda), conhecido como Kirrarinha, agrediu com um tapa na cara a repórter Márcia Pache, da TV Centro Oeste (afiliada do SBT naquela cidade). A agressão aconteceu, hoje, dia 28 de junho, por volta das 11 horas, quando ele saía do CISC, onde foi formalmente indiciado por esbulho possessório e denunciação caluniosa. Márcia, que acompanhou o inquérito, o aguardava para uma entrevista.

Ao ser agredida, a repórter caiu e bateu com a cabeça no chão. Em seguida, rapidamente levantou-se e questionou o parlamentar. “Eu estou trabalhando, vereador. O senhor não tem vergonha pelo que acabou de fazer?”

Márcia, que trabalha há 15 anos com jornalismo no interior de Mato Grosso, fará amanhã exame de corpo delito e vai processá-lo.

O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) vem publicamente, por meio desta nota, rechaçar a absurda agressão, colocar a assessoria jurídica da entidade à disposição e prestar solidariedade à repórter. A entidade lamenta que em pleno século XXI profissionais da imprensa ainda sofram esse tipo de intimidação, desrespeito e atentado contra a integridade fisica. O Sindjor ressalta que mesmo nas situações em que os ânimos estejam acirrados, é preciso manter o respeito pelo cidadão e pelos profissionais.

O Sindjor-MT acredita que a Câmara Municipal de Pontes e Lacerda não vai se omitir diante de tamanho absurdo e tomará as devidas providências, para que isso não se repita, levando em conta inclusive que esse vereador já agrediu a um outro repórter da TV Record. Uma pessoa que se presta a esse tipo de atitude não merece o respeito da sociedade e muito menos o voto de um cidadão.

Kirrarinha foi indiciado por incitar a entrada irregular de um casal necessitado em uma casa de um conjunto habitacional popular. Conforme inquérito policial, ele mandou fazer a cópia da chave da casa. O verdadeiro dono do imóvel denunciou o caso e o casal foi expulso e teria sido ignorado pelo vereador. O parlamentar também é acusado de ter obtido procuração para receber a aposentadoria de uma idosa de 74 anos, analfabeta e de não ter devolvido todo o dinheiro.

As imagens de toda a agressão do vereador contra a repórter foram transmitidas pelas duas emissoras de TV daquela cidade.

Veja a agressão aqui.

A DIRETORIA
28 de junho de 2010”

SJPMG – Jornalista é preso em Montes Claros por investigar crimes de pedofilia

Após publicar uma reportagem sobre pedofilia na edição de junho da revista Tempo, o jornalista Fredi Willian Teodoro Mendes foi preso pela Polícia Federal de Montes Claros, acusado de praticar os crimes que ele estava investigando.

O material reunido no computador pessoal do jornalista para a confecção da matéria foi usado pelos peritos federais para justificar a acusação da prática de pedofilia por parte de Fredi Mendes e a sua prisão em flagrante na tarde de ontem, 24, pela Polícia Federal.

Segundo a editora da revista, Patrícia Silva, o jornalista estaria trabalhando numa segunda reportagem sobre crimes na internet, quando foi acusado por uma denúncia anônima e preso.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais se solidariza com o jornalista e vai acompanhar o caso para que o profissional não seja punido pelo exercício da profissão. Os diretores da entidade, sobretudo Gustavo Mameluque que reside em Montes Claros, estão buscando formas de ajudar a esclarecer o caso e impedir que seja cometida uma grande injustiça com o companheiro.

O SJPMG repudia a forma como o caso vem sendo tratado pela Polícia Federal que, antes mesmo de esclarecer a situação, convocou uma coletiva de imprensa para divulgar a prisão do jornalista.

Nota da revista Tempo

A Revista Tempo, de Montes Claros, Minas Gerais, lamenta o fato ocorrido na tarde de quinta-feira 24 de junho, que resultou na prisão do jornalista Fredi Mendes, que faz parte da equipe de repórteres da Tempo, e que havia produzido em junho de 2008, na edição de número 36, a matéria de capa: Pedofilia: Crime que destrói Vidas” (que segue em anexo). A Revista Tempo informa ainda que, estava sendo apurada a denuncia de uma denunciante, de nome Cássia, que afirmou ter nomes e contatos de pessoas que cometiam o crime de pedofilia.

A diretora superintendente da revista Tempo, Patrícia Silva, informa ainda que “acredita na inocência do jornalista Fredi Mendes, e que toda esta situação será esclarecida o mais rápido possível”.

 

ONG Artigo 19 expressa solidariedade à família de Luiz Carlos Barbon

A organização independente de direitos humanos Artigo 19 – que trabalha na promoção e proteção do direito à liberdade de expressão – divulgou um comunicado na última segunda-feira (17) expressando solidariedade à família do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, assassinado em 5 de maio de 2007, na cidade de Porto Ferreira (SP).

A entidade pede também que os investigadores garantam que todos os responsáveis pelo crime sejam levados à Justiça e que suas motivações sejam reveladas. Na época do crime, Barbon – que trabalhava para a rádio Porto FM, Jornal do Porto e JC Regional – investigava um esquema de roubo de cargas na região de Porto Ferreira que envolvia autoridades locais.

Segundo a Artigo 19, a família do jornalista vem sofrendo ameaças e acredita que a pressão que sofre na cidade esteja relacionada a sua atuação nas investigações. Logo depois do crime, a casa de Barbon foi atacada e sua esposa, Kátia Rosa Camargo, recebeu diversas ligações silenciosas. Em fevereiro de 2008, depois de dar entrevista a uma emissora de TV nacional, Kátia recebeu uma ligação em que lhe disseram para que se calasse ou teria o mesmo destino do marido.

No dia 12 de novembro, ela foi demitida de seu emprego de secretária na Rádio Primavera. No mesmo dia, o jornalista João dos Reis, responsável pela cobertura do caso de Barbon na rádio Porto FM, onde trabalhava como repórter, também foi demitido. Kátia e o advogado da família, Ricardo Ramos, acreditam que a demissão esteja relacionada a sua atuação nas investigações sobre o assassinato de seu marido.

Para a entidade, "a impunidade em casos de violência contra jornalistas leva ao medo e à auto-censura e, a menos que tais crimes sejam rapidamente investigados e julgados, a liberdade de expressão permanece sob ameaça".

Anistia Internacional denuncia em comunicado ameaças à viúva de Barbon

Nesta sexta-feira (14), a Anistia Internacional divulgou um comunicado pedindo proteção à Katia Camargo, viúva do jornalista Luiz Carlos Barbon, assassinado na cidade de Porto ferreira (SP), em maio de 2007. A organização afirma que ela e seus filhos estariam correndo perigo e recebendo ameaças de pessoas vinculadas aos assassinos de seu marido, alguns dos quais continuam em liberdade.

Barbon era repórter do “Jornal do Porto”, publicação local. Ele havia investigado vários casos de corrupção e outros crimes que implicavam funcionários do estado; entre outros assuntos, investigou a relação da Polícia com grupos que roubavam carga de caminhões na estrada, e desvendou uma rede de prostituição infantil gerida por vereadores e empresários de Porto Ferreira.

Apesar de quatro agentes da polícia militar suspeitos do crime estarem sob custódia aguardando julgamento, Katia "tem sido seguida na rua por homens que ela reconheceu como sendo agentes da polícia fora de serviço, e diante de sua casa, situada em um bairro muito tranqüilo, passam regularmente carros e motocicletas. Em maio, quase foi atropelada por uma mulher que ela reconheceu como sendo a esposa de um dos policiais detidos", informou a nota da Anistia.

Segundo a entidade, recentemente a viúva de Barbon "viu um agente de polícia – que havia sido transferido para outra localidade após a investigação sobre o assassinato – em pé, em frente a um bar, sinalizando e a observando de madeira ameaçadora. Tiros foram disparados em frente ao escritório de seu advogado em outubro". Katia não teria denunciado nenhum dos incidentes à polícia temendo novos ataques.

Ministério Público entrega relatório sobre a morte do jornalista Luiz Carlos Barbon

O assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, ocorrido em seis de maio do ano passado, na cidade de Porto Ferreira (SP), já tem concluída sua investigação. O promotor Gaspar Pereira Silva Júnior, do Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco), de Campinas (SP), encaminhou seu relatório final ao Fórum da cidade, no qual aponta cinco pessoas envolvidas no caso. Quatro delas pertencem à Polícia Militar (PM). O quinto envolvido é um comerciante local.

Caso a tese do promotor não seja contestada por nenhuma das partes, o caso será levado à Justiça, que vai decidir se os suspeitos do crime irão a júri popular. Ricardo Ramos, advogado da família de Barbon, que atua como assistente da acusação, deve entregar sua peça na próxima quinta-feira (23). Na seqüência, é aberto o prazo para que a defesa faça suas considerações. A previsão é de que em no máximo 20 dias seja divulgada a decisão do juiz.

De acordo com as investigações do Ministério Público, a motivação para o crime seria denúncias que o jornalista vinha fazendo sobre negligência dos policiais na fiscalização do comércio clandestino de cigarros contrabandeados. O processo corre em segredo de Justiça e todos os suspeitos estão presos.

Entenda o caso

O jornalista Luiz Carlos Barbon foi executado em seis de maio, aos 37 anos, com dois tiros a queima-roupa, enquanto conversava com amigos no "Bar das Araras", localizado na cidade de Porto Ferreira, interior de São Paulo. Barbon colaborava com o Jornal do Porto e o JC Regional, e era conhecido pelas denúncias que publicava.

Em 2003, o Barbon chegou às finais da "Categoria Regional", do Prêmio Esso de Jornalismo", em razão de matéria que denunciava a participação de políticos e empresários da cidade de Porto Ferreira (SP) no aliciamento de menores.

Clique aqui e leia o que já foi publicado sobre o "Caso Barbon".

Repórter do Corrreio Braziliense é baleado no Distrito Federal

O repórter do Correio Braziliense/Estado de Minas, Amaury Ribeiro Júnior, foi baleado na virilha, ontem, às 19h15, enquanto fazia uma matéria especial sobre a violência no entorno do Distrito Federal. O jornalista estava no bar da Selma, na quadra 8 do bairro Colina Verde da Cidade Ocidental, em companhia de uma fonte, quando um homem invadiu o local, retirou uma arma que trazia na cintura e apontou-a para o repórter.

Segundo versão da polícia, o jornalista teria reagido a um assalto e se agarrado ao bandido. Armado, o assaltante teria acertado um tiro na virilha de Amaury. Antes de fugir, o criminoso ainda fez mais dois disparos contra o motorista do Correio Fernando Oliveira, 54 anos, que acompanhava o repórter.

De acordo com Oliveira, a história teria sido diferente da versão divulgada pela polícia. O desconhecido já teria entrado no bar com a arma apontada para Amaury. Ao perceber o perigo, o jornalista tentou se defender, partindo para cima do homem. Na confusão, o repórter acabou sendo atingido pelo tiro.

Ferido, porém consciente e muito nervoso, Amaury foi levado às pressas pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Regional do Gama (HRG), onde permanecia até o fechamento desta edição.

O subsecretário de Saúde do DF, Milton Menezes, informou ao Jornal de Brasília que o estado de saúde do repórter é estável. No entanto, ele terá que passar por uma cirurgia para a retir a bala que está alojada na altura da virilha.

Busca

As polícias Civil, Militar e Federal foram acionadas. Elas fecharam as entradas e saídas da cidade em busca do homem de pele morena e estatura mediana, que usava um casaco e boné no momento da tentativa de assassinato. Até agora, ninguém sabe ao certo o que provocou o crime. Por enquanto, tudo são suposições. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido preso.

Por volta das 21h30, o governador do DF, José Roberto Arruda, deslocou-se até o Gama para acompanhar de perto o estado de saúde do jornalista. "Precisamos desmantelar urgentemente o crime organizado no Entorno. A violência chegou a índices alarmantes. É necessário unir forças para combatê-la. Essa mesma epidemia também ocorre em outros estados brasileiros", comentou.

Arruda encontrou ainda ontem com o governador do Goiás, Alcides Rodrigues. Eles conversaram rapidamente sobre a tentativa de assassinato sofrida pelo repórter e acertaram uma reunião para discutir profundamente o assunto da violência.

O secretário de Saúde, José Geral Maciel, permaneceu durante toda a noite de ontem no hospital. O presidente do Grupo Associados, Álvaro Teixeira da Costa, e a editora-chefe do Correio Braziliense, a jornalista Ana Dubeux, também acompanharam o repórter no hospital.

Álvaro estava otimista em relação ao estado de saúde do jornalista. "Tenho esperança que o desfecho seja amplamente favorável. Em breve, o Amaury estará recuperado", declarou. O diretor do grupo disse que o problema de segurança no Entorno é grave e merece a união das autoridades para sua solução. "É preciso mais investimentos em segurança. Sugiro a criação de um PAC da paz", completou Álvaro.

O secretário de Segurança Pública de Goiás, Ernesto Roller, classificou o fato como lamentável e inadmissível. "Não podemos permitir que pessoas no exercício de suas funções sejam atacadas dessa forma", declarou. A Força Nacional vai enviar cerca de 500 homens para os municípios do Entorno.

Nota

O Sindicato dos Jornalistas do DF (SJP-DF) emitiu nota repudiando a violência contra o repórter. No texto, a entidade diz que vem a público manifestar solidariedade ao profissional. "Repudiamos esse tipo de violência e exigimos das autoridades a imediata apuração do ocorrido, com punição exemplar dos responsáveis por mais esse atentado contra o exercício profissional", afirma a nota.

O sindicato reitera a proposta de realização de um seminário para discutir a necessidade de segurança no exercício da profissão, envolvendo os empresários e a Secretaria de Segurança do DF. "Esse atentado contra a vida do Amaury é profundamente lamentável. Não podemos permitir uma barbaridade dessas e nem deixar esses trabalhadores sob fogo cruzado. A profissão é de risco e precisa ser amparada, ainda mais em caso de reportagens investigativas", disse o presidente do SJP-DF, Romário Schettino.