Repórter do Corrreio Braziliense é baleado no Distrito Federal

O repórter do Correio Braziliense/Estado de Minas, Amaury Ribeiro Júnior, foi baleado na virilha, ontem, às 19h15, enquanto fazia uma matéria especial sobre a violência no entorno do Distrito Federal. O jornalista estava no bar da Selma, na quadra 8 do bairro Colina Verde da Cidade Ocidental, em companhia de uma fonte, quando um homem invadiu o local, retirou uma arma que trazia na cintura e apontou-a para o repórter.

Segundo versão da polícia, o jornalista teria reagido a um assalto e se agarrado ao bandido. Armado, o assaltante teria acertado um tiro na virilha de Amaury. Antes de fugir, o criminoso ainda fez mais dois disparos contra o motorista do Correio Fernando Oliveira, 54 anos, que acompanhava o repórter.

De acordo com Oliveira, a história teria sido diferente da versão divulgada pela polícia. O desconhecido já teria entrado no bar com a arma apontada para Amaury. Ao perceber o perigo, o jornalista tentou se defender, partindo para cima do homem. Na confusão, o repórter acabou sendo atingido pelo tiro.

Ferido, porém consciente e muito nervoso, Amaury foi levado às pressas pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Regional do Gama (HRG), onde permanecia até o fechamento desta edição.

O subsecretário de Saúde do DF, Milton Menezes, informou ao Jornal de Brasília que o estado de saúde do repórter é estável. No entanto, ele terá que passar por uma cirurgia para a retir a bala que está alojada na altura da virilha.

Busca

As polícias Civil, Militar e Federal foram acionadas. Elas fecharam as entradas e saídas da cidade em busca do homem de pele morena e estatura mediana, que usava um casaco e boné no momento da tentativa de assassinato. Até agora, ninguém sabe ao certo o que provocou o crime. Por enquanto, tudo são suposições. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido preso.

Por volta das 21h30, o governador do DF, José Roberto Arruda, deslocou-se até o Gama para acompanhar de perto o estado de saúde do jornalista. "Precisamos desmantelar urgentemente o crime organizado no Entorno. A violência chegou a índices alarmantes. É necessário unir forças para combatê-la. Essa mesma epidemia também ocorre em outros estados brasileiros", comentou.

Arruda encontrou ainda ontem com o governador do Goiás, Alcides Rodrigues. Eles conversaram rapidamente sobre a tentativa de assassinato sofrida pelo repórter e acertaram uma reunião para discutir profundamente o assunto da violência.

O secretário de Saúde, José Geral Maciel, permaneceu durante toda a noite de ontem no hospital. O presidente do Grupo Associados, Álvaro Teixeira da Costa, e a editora-chefe do Correio Braziliense, a jornalista Ana Dubeux, também acompanharam o repórter no hospital.

Álvaro estava otimista em relação ao estado de saúde do jornalista. "Tenho esperança que o desfecho seja amplamente favorável. Em breve, o Amaury estará recuperado", declarou. O diretor do grupo disse que o problema de segurança no Entorno é grave e merece a união das autoridades para sua solução. "É preciso mais investimentos em segurança. Sugiro a criação de um PAC da paz", completou Álvaro.

O secretário de Segurança Pública de Goiás, Ernesto Roller, classificou o fato como lamentável e inadmissível. "Não podemos permitir que pessoas no exercício de suas funções sejam atacadas dessa forma", declarou. A Força Nacional vai enviar cerca de 500 homens para os municípios do Entorno.

Nota

O Sindicato dos Jornalistas do DF (SJP-DF) emitiu nota repudiando a violência contra o repórter. No texto, a entidade diz que vem a público manifestar solidariedade ao profissional. "Repudiamos esse tipo de violência e exigimos das autoridades a imediata apuração do ocorrido, com punição exemplar dos responsáveis por mais esse atentado contra o exercício profissional", afirma a nota.

O sindicato reitera a proposta de realização de um seminário para discutir a necessidade de segurança no exercício da profissão, envolvendo os empresários e a Secretaria de Segurança do DF. "Esse atentado contra a vida do Amaury é profundamente lamentável. Não podemos permitir uma barbaridade dessas e nem deixar esses trabalhadores sob fogo cruzado. A profissão é de risco e precisa ser amparada, ainda mais em caso de reportagens investigativas", disse o presidente do SJP-DF, Romário Schettino.

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