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Censura do Pipa e Sopa tem germe no Brasil

Para Marcelo Branco, o 1º coordenador da Campus Party e da área de mídias sociais da campanha de Dilma Rousseff à presidência em 2010, o Brasil não está imune aos movimentos legislativos que preveem a censura na web, altamente em voga em países como os Estados Unidos. "O Pipa e o Sopa brasileiros têm um germe na reforma da Lei do Direito Autoral do Ministério Público", gritou ao microfone para os campuseiros enquanto dançava a música "eu sou a mosca que posou na sua sopa".

Segundo Branco, a reforma da Lei proposta pelo Ministério Público possui uma armadilha que pode prejudicar, em consonância com o discurso do rapper Emicida também na Campus Party, um dia antes, a população na medida em que beneficia as gravadoras e os grandes estúdios de produções audiovisuais. Para o especialista, isso é similar ao Pipa – Protect IP Act – e ao Sopa – Stop Online Piracy Act, duas das mais polêmicas leis norte-americanas que legislam em favor dos direitos autorais e da propriedade intelectual das obras.

"Pela lei no Brasil, se a empresa se sentir prejudicada, ela pode tirar o site que tiver um conteúdo não autorizado com direito autoral do ar na mesma hora. Isso é inconstitucional. Isso é censura e está errado", afirmou. Branco entende que, na verdade, o Congresso deveria estar trabalhando sobre o Marco Civil, que legisla plausivelmente a web brasileira, dentro dos dizeres da Constituição. "Este é um ganho da sociedade brasileira", disse.

No momento, porém, a discussão do Marco Civil está suspensa por tempo indeterminado. Também na Campus Party, na terça-feira, o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o projeto do Marco Civil da internet no Brasil não possui opositores e que, dentro de pouco tempo, a pauta deve ser retomada.

Campus Party 2012

A Campus Party, o maior evento geek do planeta, realizado em mais de sete países, acontece entre os dias 6 e 12 de fevereiro de 2012. A sede é o Pavilhão de Exposições do Anhembi Parque, na zona norte de São Paulo (SP). Pelo quinto ano consecutivo no Brasil, a edição de 2012 já começou batendo recordes: todas as entradas foram vendidas em 22 dias em setembro do ano passado.

Com 7 mil participantes, sendo 5 mil acampados no local , a Campus Party oferece neste ano mais de 500 horas de conteúdo. Os principais nomes desta edição são Michio Kaku, conhecido como o "físico do impossível", Sugata Mitra, pesquisador e professor de Tecnologia Educacional da Newcastle University, Julien Fourgeaud, gerente de produtos e negócios da Rovio, John Klensin, pesquisador do MIT, e Vince Gerardis, co-fundador da Created By, entre outros.

A programação do evento tem transmissão ao vivo pelo http://live.campus-party.org e aqueles que quiserem interagir com a transmissão pelas redes sociais podem enviar perguntas para os palestrantes. As hashtags exclusivas para cada uma das áreas de conteúdo são: Ciência – #cpbrCI; Cultura Digital – #cpbrCD; Entretenimento Digital – #cpbrED; Inovação – #cpbrIN e Palco Principal – #cpbrMainStage. A hashtag oficial do evento é #cpbr5.

O Terra cobre o evento direto do Anhembi Parque, e, além do canal especial Campus Party 2012, os internautas podem acompanhar as novidades pelo blog Direto da Campus.

‘Pai da internet’ defende a neutralidade da rede

Tim Berners-Lee, o britânico criador da internet, foi uma das figuras mais procuradas e ouvidas ao longo desta terça-feira (20), no Campus Party 2009. Na coletiva de imprensa que concedeu aos jornalistas brasileiros, ele fez previsões para o futuro, falou sobre o uso que Barack Obama fez da internet como um sinal dos novos tempos e defendeu a web 3.0 como a redentora dos usuários.

Para Berners-Lee, a web 3.0 devolve aos usuários o controle sobre suas informações, o que remete aos primórdios da internet, como ela era antes que as empresas se apossassem do conceito, e da ferramenta. "O Twitter é uma ferramenta fantástica, mas eu não escolho favoritos na internet. Quando estamos falando sobre algo que é realmente inovador e quente, devemos ter em mente que já há outro serviço igualmente ou mais surpreendente dobrando a esquina", disse.

Sobre a possibilidade de o governo brasileiro legislar sobre acesso e o tráfego na web, o britânico disse apenas que a web deve ser neutra. "Eu gosto da idéia de poder escolher o provedor para me prestar um serviço", afirma. "Vejo muitas coisas ruins, toleráveis e boas acontecendo na rede. Na verdade, isso é a humanidade: que tem seu lado sombrio e seu lado maravilhoso. Sou um entusiasta da humanidade e acredito que quando as pessoas se reúnem surgem muito mais coisas boas do que condenáveis".

Para o futuro, Berners-Lee demonstrou bastante entusiasmo com o advento da portabilidade de dados. "Há um movimento interessante aí, que vai encorajar as pessoas a colocarem dados linkados na internet para que outras pessoas usem. No futuro, isso permitirá que governo e companhias nos entreguem dados crus sobre produtos para que as pessoas os usem em vários sites para fazer ótimas coisas", explicou.

Como exemplo, ele citou o fenômeno Barack Obama, pioneiro na utilização da internet em sua campanha eleitoral e na oferta de dados para consulta dos eleitores. "Estamos no momento certo para o fenômeno de dados linkados. O governo Obama chegou na hora certa", disse. "Fico animado em saber que Obama vem se mostrando um entusiasta da tecnologia e da internet."

No geral, Berners-Lee demonstrou orgulho de sua criação e disse que, hoje, faria apenas uma mudança: tiraria as duas barras presentes logo após o "http:". "Economizaria muito tempo e espaço. Hoje eles não são mais necessários", revela o criador da grande rede. "No entanto, para isso, seria necessário reescrever todo o sistema", ressalva.

Conhecimento em rede e software livre dão tom acadêmico ao Campus Party

O quarto dia de Campus Party recebeu os convidados mais ilustres do evento. Jon "Maddog" Hall e Steve Johnson atraíram as duas maiores platéias, pelo menos até quinta-feira. Software livre e conhecimento em rede deram um tom mais libertário —e acadêmico— à Campus Party.

Ambos são professores, defendem produção e disseminação de conhecimento para além das vias tradicionais e mostraram também que são bons evangelizadores de suas causas. Hall começou sua palestra por volta das 19h e atraiu todos os campuseiros da área de software livre. O discurso do norte-americano é sedutor e capitaliza a atenção dos amantes do Linux. "Perceber o software como serviço e não apenas como produto será o futuro —e foi o passado da computação", diz ele. "O código proprietário é uma anomalia da informática", alfineta Hall, para delírio a platéia. 

Dinheiro com código aberto

Hall passou a enumerar vários casos de negócios ligados ao software livre para introduzir outra idéia: "Só porque é livre não significa ser de graça", pontua o consultor. Administração de redes, análise de sistemas, segurança de redes e outras áreas da informática foram algumas das áreas citadas por Hall ao falar sobre como fazer dinheiro com código aberto. Muitos desses casos aconteceram nos países emergentes, e Hall deu mais detalhes sobre um caso brasileiro: "Uma empresa precisava explorar a Mata Atlântica, e o programa de código fechado era caro e ineficiente", contou. Um programador usou software livre para criar a solução para a empresa. O resultado: "O programa custou US$ 380 mil dólares e a empresa lucrou US$ 9 milhões", conta ele. Isso desemboca em outra vantagem do software livre, segundo Hall: empresas e pessoas físicas podem ter soluções personalizadas. "Pequenas empresas tinham dificuldade em integrar seus sistemas e apelavam para programas fechados. Mas nem sempre esses aplicativos resolvem os problemas das pessoas", afirma Hall. Ao final da palestra, Hall usou outro caso brasileiro. Quando a USP trabalhava no supercomputador em 1995, um dos desafios era criar um programa para leitura de mamografias para diagnosticar câncer. "Um programa de código-aberto reduziu o tempo de análise de 10 horas para 10 minutos. O fato de qualquer pessoa poder aprimorar um sistema ajuda na velocidade de melhoria e implementação dos programas", disse ele. Ao fim da apresentação, as palmas duraram vários minutos: resultado de um tema atraente e um palestrante com um discurso sedutor. Velho ativista do software livre, Hall mantém seu público fiel. Conhecimento em rede Steve Johnson veio ao Brasil lançar seu novo livro, "O mapa fantasma". E a obra pautou sua apresentação, que aconteceu por volta das 20h de ontem. "A maior epidemia de cólera do século XIX em Londres foi resolvida quando dois homens cruzaram os dados sobre as pessoas vitimadas pela epidemia", contou Johnson ao explicar o título do livro. Isso faz lembrar aplicativos atuais que cruzam mapas e diferentes dados para produzir outras informações, os chamados "mash ups". E por que isso ocorre? Segundo ele, a explicação está no "interesse das pessoas e na capacidade delas em criar conteúdo em colaboração". Mas para que isso aconteça, os dados precisam circular livremente —fazendo lembrar a apresentação de Maddog e a discussão sobre o uso de ferramentas P2P. O mapa é a forma ideal de dispor esses dados porque "permite uma visualização dos dados de forma mais global", continuou Johnson. Afirmação que remete à proliferação de GPS, softwares geográficos e outros programas baseados no uso de dados por localização. "Mas a origem de tantas mudanças na criação e recepção de conteúdos está no cérebro humano", diz Johnson. Esse é o tema do outro livro seu recém-lançado no Brasil, "De cabeça aberta". 

"Não é simples lidar com a atual avalanche de informação. O cérebro humano está expandindo cada vez mais sua capacidade de adaptação por causa das novas tecnologias. Mas mudanças profundas sempre criam problemas", finalizou Johnson. 

Notícias Inauguração da Campus Party tem samba, vaias e performance de Gil

O evento de tecnologia Campus Party estreou oficialmente na noite desta segunda-feira (11) no parque Ibirapuera (zona sul de SP). Bateria de escola de samba, passista, instrumentos de música eletrônica e um robô foram as atrações oferecidas na cerimônia de inauguração.

O ministro Gilberto Gil (Cultura), e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), marcaram presença após as 23h. Gil improvisou uma performance com o instrumento eletrônico reactable (utilizado, entre outros, pela cantora Björk) e com a percussão da Nenê de Vila Matilde.

Tentou inserir na brincadeira a letra da música 'Baião' (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), sem sucesso, mas agradou aos presentes. Discursou defendendo o software live e a politização das novas tecnologias.

Fora do palco, foi interpelado por jovens sobre a proibição da venda do jogo Counter Strike pela Justiça. Pediu para que os presentes reclamassem . Para o juiz responsável pela medida, os jogos 'trazem imanentes estímulos à subversão da ordem social'.

Já Kassab teve uma recepção que começou entre a frieza e as vaias. Só no fim da cerimônia recebeu algumas palmas. Nas duas primeiras vezes em que foi anunciado, alguns jovens –e até mesmo a organização da Campus Party, que é patrocinada pela Prefeitura– agiram com hostilidade.

Após anunciar seu nome, Sérgio Amadeu, diretor de conteúdo da Campus Party, admitiu no alto-falante: 'Falei exatamente para ele ser vaiado.' Quem também ficou entre as vaias e as palmas foi Antônio Carlos Valente, presidente da maior patrocinadora da empreitada de cerca de R$ 10 milhões, a Telefônica.

Quando foi convidado ao microfone, Kassab evitou se estender e apenas elogiou a festa. À Folha Online, o prefeito não quis comentar uma hipotética candidatura nas eleições municipais deste ano. 'Vamos definir isso até junho', afirmou.

Kassab também demonstrou pouca intimidade com o tema do evento. Em tom de pilhéria, alguém perguntou se ele tinha Geraldo Alckmin em seu Orkut. 'Não', disse o prefeito, rindo, mas com cara de que não sabia do que se tratava. Questionado sobre o que faz na internet, arriscou: 'Uso o Speedy.'

Discurso infeliz mesmo foi o do alardeado robozinho Quasi. Ele foi o responsável pela contagem regressiva para a inauguração oficial da Campus Party, à meia-noite. Sua primeira frase: 'Ouvi dizer que há meninas bonitas no Brasil e vim ver se é verdade.'

Enquanto a festa acontecia num palco instalado dentro do prédio da Bienal, alguns jovens não se desgrudavam de seus PCs na 'arena'. O Counter Strike, que a essa altura deveria estar no limbo dos games da década passada, rolou solto.

Até o começo da madrugada desta terça-feira, cerca de 2.800 pessoas já tinham passado pelo prédio da Bienal. Destas, 64 foram parar no posto médico com dores de cabeça e enjôos.

Por uma semana, mais de 7 mil jovens testam protótipos e lançamentos

Eles também são chamados de freaks ou geeks, de acordo com o tempo gasto diante de telas de computador e o maior ou menor interesse em ostentar novidades tecnológicas de utilidade questionável. Estigmatizados, muitos apanhavam na escola e poucos eram populares nas rodas de adolescentes.

Em Valência, na Espanha, entre 23 e 29 de julho, entretanto, foram mimados pela indústria e alçados ao lugar de destaque que a chamada sociedade da informação lhes reserva. Os nerds são os reis da Campus Party, uma espécie de acampamento indoor considerado um dos maiores eventos de entretenimento digital do mundo. Em fevereiro de 2008, a farra vai chegar a São Paulo, cidade escolhida como o primeiro destino fora da Europa.

O fato de mais de 7 mil jovens concordarem em se isolar com computadores por uma semana, em pleno verão, mostra que há muito a ser explicado sobre a grande festa dos nerds. Tampouco é fácil entender, à primeira vista, por que empresas como Telefónica, Microsoft, Google, Philips, Sony e Oracle, entre outras, investiram pesado e revelaram aqui protótipos e futuros lançamentos.

Só a operadora de telecomunicações espanhola investiu neste ano 6,8 milhões de euros na infra-estrutura do evento. E a subsidiária brasileira anunciou que vai garantir, ao custo de 10 milhões de reais, a montagem da versão brasileira. A expectativa dos organizadores é reunir 3 mil participantes no Parque do Ibirapuera, devidamente insulados no Pavilhão da Bienal.

“Aqui estão os grandes formadores de opinião, os usuários pesados de tecnologia”, diz a gerente de patrocínios da Telefónica, Paz Muguerza. A conexão à internet compartilhada pelos campuseros, como são chamados os participantes da Campus Party, é de 5 gigabytes por segundo, o suficiente para transferir a um computador todo o conteúdo da Biblioteca Nacional da Espanha em apenas duas horas, segundo a operadora.

O mundo dos nerds abriga gente como Ricardo Chamon, de 19 anos, acompanhado por dois amigos, estudantes de informática, e por uma boneca inflável, vestida com a camisa do evento e carinhosamente apelidada de Paty. “Sabe como é, a semana é longa”, brinca o campusero. Em tempo, as mulheres (de carne e osso) constituem apenas 12% dos inscritos. Um recorde, segundo os organizadores.

O Google, estreante no evento, convida os visitantes a participar de oficinas de programação. Mas, uma vez dentro do estande, eles também passam a conhecer os programas de bolsas de estudo e recrutamento da empresa. “Esperamos receber muitos currículos durante esses dias”, afirma Bernardo Hernández.

Para conquistar a amizade dos participantes, a Microsoft pôs à disposição deles máquinas de lavar e secar. “Queremos que os mais ferrenhos defensores do software livre saiam daqui sorrindo e não pensem que somos uma empresa do mal”, afirma o gerente de marketing da empresa na Espanha e em Portugal, Iñigo Asiain. A empresa promoveu um concurso para programadores, com prêmios para os autores de aplicativos para a nova versão Vista, do Windows.

Os espanhóis eram maioria absoluta entre os acampados. A comitiva de 70 brasileiros teve a viagem custeada por empresas. Para o responsável pela coordenação da Campus Party em São Paulo, Marcelo Branco, da empresa E3 Futura, o interesse dos brasileiros em se relacionar e compartilhar informação na internet deverá dar o tom da próxima edição. Não por acaso, ressalta ele, o lema do encontro é “A internet não é uma rede de computadores, é uma rede de pessoas”.

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