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Provedores japoneses banirão usuários que compartilham arquivos

Os quatro principais grupos de provedores de internet do Japão decidiram que irão banir os usuários que utilizem redes de transferência para envio e recebimento de arquivos piratas.

Esta decisão foi tomada sem intervenção do governo japonês, mas baseada na pressão das indústrias cinematográfica e fonográfica.

Segundo informa o site Magnet, está não é a primeira vez que uma dessas propostas entrará em vigor. No ano de 2006, um dos provedores japoneses decidiu rastrear as atividades online de seus usuários e bloquear a conexão daqueles que usassem softwares de troca de arquivos. O governo interviu e afirmou que o monitoramento feria a privacidade dos usuários.

Os provedores utilizarão um programa que detecta a movimentação de arquivos fraudulentos e enviará um aviso ao usuário. Caso o usário ignore o aviso e mantenha este tipo de atividade ilegal, sua conexão será derrubada e, caso isso não adiante, pode ter sua conta cancelada.

Os grupos envolvidos no novo projeto contabilizam cerca de mil provedores, uma grande porção do mercado japonês.

Cuba assina convenção internacional e deve soltar jornalistas

O governo cubano deve soltar 22 jornalistas presos em respeito a um acordo internacional protegendo a liberdade de expressão que foi assinado hoje pelo Ministro do Exterior Felipe Pérez Roque, disse o Comitê de Proteção aos Jornalistas.

Pérez Roque assinou a Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos, que estabelece “ o direito à liberdade de expressão” junto com inúmeros outros direitos humanos fundamentais. No entanto, numa declaração no momento da assinatura o ministro disse que seu governo iria submeter o que ele chamou de interpretações e restrições quanto a certas cláusulas, de acordo com a imprensa internacional. Pérez Roque não especificou as reservas ou disse quando elas seriam reveladas.

Ele também assinou a Convenção Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, com as mesmas advertências. Os tratados, adotados em 1966 pela Assembléia Geral da ONU, expandem e codificam os direitos fundamentais primeiramente descritos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.

O artigo 19 da Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos garante que “todos devem ter direito à liberdade de expressão; este direito deve incluir a liberdade de procurar, receber, e distribuir informações e idéias de todos os tipos, não importando as fronteiras, tanto oralmente, de maneira escrita ou impressa, na forma de arte , ou por qualquer outra mídia de sua escolha.”

Cuba é um dos países com mais censura no mundo, de acordo com pesquisa do CPJ. O Partido Comunista controla todas as notícias pelo seu Departamento de Orientação Revolucionária. Liberdades de imprensa são garantidas somente se forem “de acordo com os objetivos da sociedade socialista”, de acordo com a constituição. Com 22 jornalistas atrás das grades, Cuba também é a segunda nação que mais prende jornalistas no mundo, perdendo somente para a China.

“Nós clamamos ao governo de Cuba que sustente em letras e em espírito o acordo assinado hoje e solte imediatamente os jornalistas”, disse Joel Simon, diretor executivo do CPJ. “As ações do governo cubano devem refletir, sem reservas, as garantias de liberdade de expressão contidas na Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos.”

Pérez Roque indicou em dezembro de 2007 que seu país iria assinar os tratados. A assinatura de hoje foi a primeira aparição de Pérez Roque desde que Raúl Castro foi oficialmente nomeado presidente no dia 19 de fevereiro.

Pérez Roque desviou-se de perguntas sobre prisioneiros políticos durante a coletiva de imprensa da ONU, mas ele aproveitou a oportunidade para acusar os Estados Unidos de impedir a liberdade cubana por manter seu longo embargo. Mais tarde ele contou a repórteres durante uma sessão informal de perguntas e respostas que seu governo considera que os prisioneiros políticos são “mercenários” a serviço dos Estados Unidos.

Dos 22 jornalistas presos hoje em dia em Cuba, 20 forma presos durante uma grande sanção contra os movimentos dissidentes e a imprensa independente na ilha em março de 2003. Eles são retidos em condições desumanas e sua saúde está se deteriorando rapidamente, de acordo com o relatório de dezembro do CPJ.

José Gabriel Ramón Castillo e Alejandro González Raga, dois repórteres independentes que estão presos desde 2003, e dois dissidentes foram soltos no começo deste mês e foram deportados para a Espanha com suas famílias. 

Visita ao maior veículo de jornalismo colaborativo, na Coréia

Disseminação da web e conservadorismo dos jornais fazem brotar na Coréia o maior veículo cidadão do mundo.

Quando o Link chega ao OhMyNews, situado em uma área nobre de Seul, 65 jornalistas estão compenetrados diante de seus PCs. Parece uma redação como tantas outras, mas a sensação de ‘mais do mesmo’ muda assim que o cordial diretor de comunicação, Jean K. Min, começa a conversar com a reportagem. “Aqui publicamos as informações que as pessoas comuns nos passam”, explica.

O intrigante OhMyNews ganhou espaço em tudo quanto é veículo de comunicação do mundo, do The New York Times ao The Guardian, por um motivo: quem faz o jornal não são jornalistas, mas testemunhas oculares – ou repórteres cidadãos – espalhados mundo afora. Se na redação há pouco mais de meia centena de jornalistas, nas ruas há 60 mil “colaboradores” que enviam textos via web e, se o material for publicado, ainda levam uma graninha.

O OhMyNews é o precursor e maior expoente mundial do fenômeno do jornalismo cidadão, espalhado hoje por sites como Digg e WikiNews e em canais virtuais criados por jornais para estimular a participação do público.

Fundado em 2000, o endereço www.ohmynews.com é visitado por 700 mil coreanos diariamente. Não chega a bater a imprensa tradicional como o maior jornal local, The Chosun Ilbo, com 2,3 milhões de leitores, mas é um dos principais sites de notícias do país e se diferencia pela independência.

O slogan “cada cidadão é um repórter” resume a filosofia de que qualquer pessoa que estiver no lugar certo e na hora certa de um determinado acontecimento pode, com o auxílio da tecnologia, registrar o fato e divulgá-lo. Segundo Min, o OhMyNews com freqüência consegue ser um contraponto ao que é publicado pelas mídias de massa.

“Na sociedade moderna as corporações têm interesses próprios, que às vezes se refletem na forma como publicam as notícias. O controle está nas mãos de poucos, o que exclui a população do processo”, afirma. “O OhMyNews busca justamente dar a oportunidade para que a voz de todos seja ouvida.”

Para entender melhor as declarações de Min, vale fazer um retrospecto da história sul-coreana. Até 1987, e por mais de 25 anos, a Coréia do Sul viveu sob uma ditadura militar que instituiu a censura na imprensa. Após 1987, mesmo com o fim da censura oficial, diversos veículos locais mantiveram laços com o governo e seguiram praticando um jornalismo “chapa branca”, em que fatos de interesse público, mas que poderiam comprometer membros do poder, não são devidamente divulgados.

Desse cenário de conservadorismo surgiu o OhMyNews. “Junte a alta conectividade da população ao fato de ela, com poder crítico elevado, estar cansada de ver a mídia ignorar assuntos importantes e temos a receita do sucesso do OhMyNews”, explica a pesquisadora brasileira Ana Maria Brambilla, que é repórter cidadã e fez o seu projeto de mestrado sobre o site coreano.

Uma amostra dessa independência ocorreu nas eleições presidenciais de 2002. Enquanto a maioria dos jornais alinhou-se ao governo, defendendo o candidato da situação, o OhMyNews noticiava a ascendência de Roh Moo-hyun, tido como irrelevante pela grande imprensa. Moo-hyun acabou eleito e concedeu a sua primeira entrevista justamente ao OhMyNews, o que trouxe prestígio ao site.

E dá para confiar em notícias enviadas por “qualquer” pessoa? Ana Maria diz que sim: “Todas as notícias são checadas pelos jornalistas da redação. É para isso que eles estão lá.” Esses mesmos jornalistas escrevem cerca de 20% do que vai ao ar no site: são reportagens sobre assuntos importantes, mas que não foram tratados em textos enviados por colaboradores.

Nem todo o material é aproveitado. E, quando é, nem sempre o internauta é pago por isso. Mas, se a notícia vai parar na página principal do site, ele pode ganhar até US$ 55. O valor é baseado na reputação de quem envia, na qualidade do texto e em sua repercussão.

“A quantia é simbólica, mas descobrimos que pode ser muito dinheiro em alguns países”, diz Min. “Em Camarões um repórter cidadão abandonou seu emprego para se dedicar ao OhMyNews. Ele manda matérias muito boas. Em seis meses ganhou mais de US$ 400. É uma soma de dinheiro substancial por lá.”

Para bancar a remuneração dos colaboradores e os custos da estrutura da redação, o OhMyNews conta com uma fonte de recursos bem tradicional: publicidade. “O jornal é bancado por investidores e alguns anunciantes”, diz Min. “Atualmente o negócio é totalmente sustentável. As maiores empresas da Coréia do Sul anunciam conosco, pois enxergam o poder do nosso meio.”

O sucesso comercial e de público do OhMyNews rendeu frutos. Além do site, há uma versão impressa, distribuída semanalmente na Coréia, com tiragem de 150 mil exemplares. Também há versões do site em inglês e japonês – embora esse último não tenha feito sucesso – e planos de lançar um endereço só para a Europa. Foi montada ainda uma escola de jornalismo colaborativo, que ensina técnicas de mídia cidadã.

O êxito chamou a atenção de veículos de outros países. Sites como MyNews (www.mynews.in), da Índia, e Orato (www.orato.com), dos EUA, inspiraram-se no site coreano. Mesmo em veículos tradicionais espalham-se ferramentas de contribuição.

O Estadão tem o FotoRepórter, por meio do qual qualquer internauta pode enviar fotos com interesse jornalístico para a redação, com chance de ser publicada e remunerada.

Jornais como The Guardian, El País e O Globo aceitam contribuições em texto, assim como portais como os da CNN, BBC, Terra e IG, entre outros.

E pensar que tudo começou na Coréia do Sul.

Justiça condena autor de charges de Maomé por incitação ao ódio religioso

Autor de caricaturas do profeta Maomé, Alexandre Sdvizhkov, editor do jornal independente bielo-russo Zgoda (Consenso, em português), foi condenado por um tribunal de Belarus a três anos de prisão por incitação ao ódio religioso e nacional. As charges que o jornalista fez foram publicadas pela primeira vez há mais de dois anos em um jornal dinamarquês.

Autoridades bielo-russas fecharam o Zgoda em março de 2006, ao receberem queixas de muçulmanos – eles representam entre dois e três por cento da população do país.

Doze caricaturas foram publicadas no Jyllands-Posten em 2005 e desencadearam uma crise entre a Dinamarca e muçulmanos. Sedes diplomáticas foram alvo de ataques e o debate sobre liberdade de expressão ganhou espaço em vários países. Mais de 50 pessoas morreram no mundo, nos protestos pela publicação das caricaturas.

“Que Deus e a santa cruz estejam conosco”, disse o editor ao saber da sentença. Ele vai recorrer da decisão.

A representação para a liberdade de imprensa da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) criticou a decisão.

* As informações são da agência Efe.

Human Rights Watch pede fim da censura a canais de TV árabes

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch pediu, na última terça-feira (20), ao governo de Dubai que autorize dois canais de televisão do Paquistão a operarem dos Emirados Árabes Unidos, para que retomem imediatamente suas transmissões.

Os canais a cabo Geo e ARYOne tiveram suas transmissões cortadas no Paquistão no dia 3 de novembro, quando Musharraf impôs o estado de emergência, mas foram transmitidos via satélite e pela internet até sexta-feira (16) à noite, quando foram totalmente suspensos.

'Musharraf não contente em amordaçar a crítica cobertura de sua repressão dentro do Paquistão pela imprensa, agora está pressionando Dubai a segui-lo em sua repressão à informação independente', disse o diretor para a Ásia da Human Rights Watch, Brad Adams.

O grupo também saudou a visita da embaixadora americana no Paquistão, Anne Patterson, aos escritórios do canal Geo na cidade de Karachi na última segunda-feira (19).

'Os Estados Unidos deveriam pedir publicamente que seu estreito aliado Dubai suspenda as proibições. O governo de Dubai deveria se recusar a ser cúmplice do ataque de Musharraf contra a liberdade de expressão', disse Adams em um comunicado.

Amina Rustamani, chefe do organismo que supervisiona a imprensa em Dubai (Emirados Árabes Unidos), disse à AFP no sábado que sua agência está considerando como autorizar a retomada das transmissões dos canais paquistaneses.