Arquivo da tag: Imprensa

TV Globo divulga grampo da PF sem provas de veracidade

O desembargador José Eduardo Carreira Alvim, preso na Operação Hurricane no dia 13 de abril do ano passado – sob a acusação de negociar decisões judiciais em favor de operadores do jogo ilegal no Rio de Janeiro – alega que o trecho da conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal na Operação Hurricane, que serviu para justificar sua prisão, nunca existiu.

No dia 18 de abril de 2007, telejornais da TV Globo divulgaram telefonema em que Carreira Alvim dizia para seu genro, Silvério Cabral Júnior: "Aquela idéia sua…, a parte em dinheiro, tá?". Do outro lado da linha, o seu genro responde: "Não, pode deixar. Já tá tudo na cabeça, já, aqui. Pode deixar, tá?".

Segundo o desembargador, a conversa divulgada na televisão não existe; foi plantada pela PF. Carreira Alvim afirma que nunca conversou com o seu genro sobre esses processos. "É uma montagem de palavras isoladas, fora do verdadeiro contexto", explica. Para ele, a ligação deveria referir-se a um encontro em Buenos Aires.

A operação causou grande abalo no Judiciário ao envolver, entre outros, um ministro do STJ, outro desembargador do TRF além de Carreira Alvim, um juiz do trabalho e um procurador da República.

A versão do desembargador é ratificada pelo perito especialista em fonética forense Ricardo Molina, da Unicamp, contratado pelo genro de Alvim. Em depoimento à CPI dos Grampos, no dia 8 de maio, o perito diz que a fala não consta nas interceptações. Segundo Molina, Carreira Alvim foi grampeado pela PF por dois anos e meio. Nesse período foram encontradas apenas duas ligações suspeitas, que não somam um minuto de conversa.

A Polícia Federal refutou as críticas de manipulação das interceptações telefônicas. Por sua assessoria de imprensa, afirmou que as escutas são acompanhadas pela Justiça e pelo Ministério Público e são enviadas na íntegra para a Justiça. E que os programas de computador usados pela PF não permitem a edição das falas.

Apesar de o processo correr em segredo de justiça, a suposta gravação chegou ao público pela Rede Globo. "Engraçado é que a Polícia Federal indiciou o José Aparecido Pires porque vazou o dossiê do Planalto. Deveria ter indiciado os seus delegados que vazaram a Operação Hurricane para a mídia, pois essa operação era em segredo de justiça", afirmou Carreira Alvim.

A TV Globo, na reportagem, alega que obteve a gravação com uma fonte do Rio de Janeiro. Nela, aparecia "o desembargador Carreira Alvim, negociando a venda de uma liminar para manter casas de bingo abertas".

"Essa fonte é um jornalista de reportagens policiais, pois essa conversa com advogado nunca existiu, porque os processos no gabinete eram despachados com o meu assessor direto na vice-presidência do Tribunal, sem que eu soubesse sequer quem eram os advogados das empresas requerentes. Esse assessor era tão sério e competente que continuou lá na mesma função", explica Carreira Alvim.

O perito Ricardo Molina disse à CPI das Escutas Telefônicas, da Câmara (Clique aqui para ler o depoimento completo) que encontrou irregularidades em centenas de escutas telefônicas feitas pela PF que passaram pela sua análise. Segundo o perito, em muitos casos, há gravações interrompidas, palavras cortadas e seleção de trechos de conversas a critério dos investigadores.

As declarações de Molina foram rebatidas pelo diretor-geral do PF, Luiz Fernando Corrêa. Segundo o diretor, motivações de cunho pessoal fazem com que "consultores de plantão dêem entrevistas falando em nome da Perícia e, sem o compromisso com a coisa pública, fecham casos e pautam a opinião pública".

A TV Globo não se manifestou sobre a afirmação do desembargador sob alegação de que não foi notificada oficialmente.

* As informações são do site Consultor Jurídico

Jornalista de afiliada da Rede Globo sofre atentado na Grande São Paulo

O repórter Edson Ferraz, da TV Diário – afiliada da Rede Globo em Mogi das Cruzes, Grande São Paulo – foi vítima de um atentado na madrugada desta sexta-feira, 16.

O jornalista voltava para casa em uma viatura da emissora quando foi cercado por um Voyage. De dentro do veículo, um homem encapuzado atirou duas vezes. O jornalista saiu ileso e os criminosos fugiram.

A emissora ainda não se pronunciou sobre o caso. Há suspeitas de que o atentado esteja ligado a uma reportagem feita pelo profissional que foi ao ar no "SPTV" do último dia 7 de maio.

Na reportagem, Ferraz informava a denúncia que o Ministério Público Estadual fizera contra 13 investigadores do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), da Polícia Civil, suspeitos de envolvimento em um esquema de cobrança de propina de comércios ilegais como desmanches e casas de jogos e prostituição em Suzano, também na Grande São Paulo.

O Ministério Público fez a denúncia com base em interceptações telefônicas e na quebra do sigilo bancário do delegado Eduardo Peretti Guimarães, chefe do Garra, supostamente líder do esquema. Com a quebra do sigilo, a Promotoria teria descoberto que o delegado tinha imóveis e carros avaliados em R$ 1 milhão, embora seu salário fosse de R$ 4 mil.

Os argumentos da Promotoria foram aceitos pela Justiça de Suzano, poucos dias após a exibição da reportagem. Os 13 respondem a processo. Oficialmente, a Secretaria da Segurança Pública ainda não confirmou se a Corregedoria da Polícia Civil irá acompanhar o caso.

* As informações são da Folha Online

Igreja Universal entra na Justiça contra colunista da Folha

Depois de 89 ações movidas contra a Folha de S.Paulo e a jornalista Elvira Lobato por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que se sentiram ofendidos com matéria publicada pelo jornal e assinada pela repórter, a Igreja voltou a ajuizar uma ação contra a Folha e, desta vez, contra o jornalista Fernando de Barros Silva, editor do caderno "Brasil" e colunista da publicação.

Segundo informa a Folha, o motivo seria o artigo "Fé do bilhão", publicado em 17 de dezembro de 2007, que em alguns trechos teria "ofendido a honra" da Iurd. Na coluna, publicada apenas dois dias depois da matéria de Elvira Lobato, de título "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", Fernando Barros Silva comentou a reportagem e disse que a Iurd "trata de cuidar do milagre da multiplicação – não dos peixes, mas da fortuna alavancada pelos dízimos de seu rebanho", e cita os bens acumulados pela Igreja desde a sua fundação.

Para a Universal, de acordo com o pedido de indenização, "a matéria veiculada constitui-se meio para transmitir falsa impressão da realidade", e "a ofensa é lançada de maneira dissimulada, tudo para desnaturar os propósitos institucionais da autora – esperados de qualquer entidade religiosa, qual seja, prestar assistência espiritual sem fins lucrativos".

A Iurd pede indenização por danos morais, de valor a ser decido pela Justiça. Quanto às 89 ações movidas contra Elvira Lobato e contra o jornal pelos fiéis da Igreja, 33 já foram julgadas, todas favoráveis ao jornal.

Abraji homenageia jornalistas processados pela Igreja Universal

No ano em que o jornalismo brasileiro comemora os 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), os 90 anos do 1º congresso nacional do jornalismo brasileiro e os 70 anos da regulamentação da profissão de jornalista, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) homenageou os jornalistas e veículos de comunicação processados pela Igreja Universal do Reino de Deus. O desagravo ocorreu por ocasião da cerimônia de abertura do 3º Congresso Internacional da Abraji, que ocorre em Belo Horizonte, Minas Gerais, entre os dias 8 e 10 de maio

"Em relação à tempestade de processos que se abateu sobre alguns jornalistas e veículos de comunicação, a AbrajiI reagiu e deixou clara a sua posição: não é contra o acionamento da Justiça quando alguém se sente ofendido, mas não aceita que essa instituição seja usada como instrumento persecutório para constranger jornalistas", declarou Plinio Bortolotti, diretor da organização.

Participaram do ato de desagravo Valmar Hupsel Filho e Ranulfo Bocaíuva, do jornal A Tarde, e Fábio Gusmão, representante do jornal Extra. "Isso mostra quanto o nosso trabalho é importante para preservar nossa liberdade duramente conquistada, após anos de obscurantismo. Além disso, a derrota judicial revela que a Justiça está reconhecendo a má-fé das ações e a ilegitimidade dos fiéis", afirmou Bocaíuva.

Jornalista mais processada no caso, Elvira Lobato, repórter da Folha de S.Paulo, foi representada na cerimônia por seu irmão, Geraldo Francisco de Araújo. Ele afirmou que "a intimidação não é especificamente para Elvira, mas para qualquer jornalista que queira investigar desvios de conduta daquela instituição".

Após a entrega dos certificados, que pontuavam o ato de desagravo, Mauricio Azêdo, presidente da ABI, discursou para os cerca de 200 presentes sobre a necessidade de formação superior em jornalismo. "Não defendemos a exigência do diploma, mas que o jornalista tenha capacitação de alto nível técnico, ético e cultural, que corresponde à dimensão do ofício que tem que exercer, já que o jornalista é de fundamental importância na vida social do país", disse Azêdo.

Aloísio Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, endossou o coro, Afirmou que a categoria defende a regulamentação da profissão, sendo um dos pilares é a exigência da formação superior, essencial no mundo atual, em que a informação tem importância econômica, política e social. "A formação superior é um indicativo, uma garantia de boa prática no Brasil de hoje", afirmou Lopes.

O debate sobre a necessidade de uma nova Lei de Imprensa foi outro ponto levantado por ele. "A visão sindical não quer a punição dos jornalistas, além de defender o direito da sociedade à informação, à autonomia, proteção e segurança ao trabalho jornalístico, para de fato praticarem um jornalismo comprometido com a verdade e com o interesse
público", sustentou Lopes.

Além de Aloísio Lopes e Mauricio Azêdo compunham a mesa de debates Angelina Nunes, presidente da ABRAJI, Sueli Maria Baliza Dias, reitora da Uni-BH, e Josemar Gimenez, diretor de redação do jornal Estado de Minas, matutino que comemora seus 80 anos em 2008.

IPI denuncia 93 mortes de jornalistas no mundo em 2007

Nesta quinta-feira (08), o Instituto Internacional da Imprensa (IPI, na sigla em inglês), com sede em Viena, divulgou seu relatório anual, em que constata que 93 jornalistas morreram no ano passado, enquanto exerciam a profissão. Quase a metade destes profissionais foram mortos no Iraque.

O documento, batizado "Relatório da Liberdade de Imprensa do Mundo 2007" alerta que o está cada vez mais difícil para que os jornalistas desempenhem suas funções no Iraque, devido ao clima de medo e insegurança no país. "O Iraque demonstrou ser o lugar mais perigoso da Terra para informar, como comprovam os 42 repórteres que morreram de forma violenta por causa dos conflitos que assolam o país", diz o relatório.

De acordo com o relatório, excluindo o russo Dmitry Chebotayev, todos os profissionais de imprensa mortos no Iraque eram iraquianos, o que significa ser alto o preço que se paga para "informar sobre seu país". O texto diz, ainda, que maior parte dos que morreram trabalhava para veículos de comunicação norte-americanos e britânicos e, em quase todos os casos, os profissionais foram assassinados pelas milícias extremistas do país.

Com relação às causas das mortes, o IPI diz que dos 42 mortos no Iraque, 25 foram baleados, oito morreram em explosões, dois foram espancados e um morreu em conseqüência de um ataque de helicóptero militar dos Estados Unidos. Seis jornalistas foram encontrados mortos depois de terem sido seqüestrados, mas não foi possível determinar a causa de suas mortes.

Além da violência no Iraque, o relatório denuncia o aumento das prisões e a progressiva intromissão de autoridades do país e também das forças americanas no trabalho dos repórteres, que não têm acesso a determinados lugares, o que censura a cobertura jornalística.

Como destaque, o IPI cita a proibição do Parlamento ao trabalho da rede Al Jazeera no país, a pressão contra a produtora Wassan e a proibição de que a imprensa se aproxime de áreas atingidas por bombas momentos após o ataque.

Além do Iraque, o relatório aborda as oito mortes de jornalistas na Somália e os impedimentos do Governo do Zimbábue ao trabalho da imprensa. Com relação à América, a entidade aponta que 13 jornalistas foram mortos em 2007.

* Com informações da Efe