Abraji homenageia jornalistas processados pela Igreja Universal

No ano em que o jornalismo brasileiro comemora os 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), os 90 anos do 1º congresso nacional do jornalismo brasileiro e os 70 anos da regulamentação da profissão de jornalista, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) homenageou os jornalistas e veículos de comunicação processados pela Igreja Universal do Reino de Deus. O desagravo ocorreu por ocasião da cerimônia de abertura do 3º Congresso Internacional da Abraji, que ocorre em Belo Horizonte, Minas Gerais, entre os dias 8 e 10 de maio

"Em relação à tempestade de processos que se abateu sobre alguns jornalistas e veículos de comunicação, a AbrajiI reagiu e deixou clara a sua posição: não é contra o acionamento da Justiça quando alguém se sente ofendido, mas não aceita que essa instituição seja usada como instrumento persecutório para constranger jornalistas", declarou Plinio Bortolotti, diretor da organização.

Participaram do ato de desagravo Valmar Hupsel Filho e Ranulfo Bocaíuva, do jornal A Tarde, e Fábio Gusmão, representante do jornal Extra. "Isso mostra quanto o nosso trabalho é importante para preservar nossa liberdade duramente conquistada, após anos de obscurantismo. Além disso, a derrota judicial revela que a Justiça está reconhecendo a má-fé das ações e a ilegitimidade dos fiéis", afirmou Bocaíuva.

Jornalista mais processada no caso, Elvira Lobato, repórter da Folha de S.Paulo, foi representada na cerimônia por seu irmão, Geraldo Francisco de Araújo. Ele afirmou que "a intimidação não é especificamente para Elvira, mas para qualquer jornalista que queira investigar desvios de conduta daquela instituição".

Após a entrega dos certificados, que pontuavam o ato de desagravo, Mauricio Azêdo, presidente da ABI, discursou para os cerca de 200 presentes sobre a necessidade de formação superior em jornalismo. "Não defendemos a exigência do diploma, mas que o jornalista tenha capacitação de alto nível técnico, ético e cultural, que corresponde à dimensão do ofício que tem que exercer, já que o jornalista é de fundamental importância na vida social do país", disse Azêdo.

Aloísio Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, endossou o coro, Afirmou que a categoria defende a regulamentação da profissão, sendo um dos pilares é a exigência da formação superior, essencial no mundo atual, em que a informação tem importância econômica, política e social. "A formação superior é um indicativo, uma garantia de boa prática no Brasil de hoje", afirmou Lopes.

O debate sobre a necessidade de uma nova Lei de Imprensa foi outro ponto levantado por ele. "A visão sindical não quer a punição dos jornalistas, além de defender o direito da sociedade à informação, à autonomia, proteção e segurança ao trabalho jornalístico, para de fato praticarem um jornalismo comprometido com a verdade e com o interesse
público", sustentou Lopes.

Além de Aloísio Lopes e Mauricio Azêdo compunham a mesa de debates Angelina Nunes, presidente da ABRAJI, Sueli Maria Baliza Dias, reitora da Uni-BH, e Josemar Gimenez, diretor de redação do jornal Estado de Minas, matutino que comemora seus 80 anos em 2008.

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