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Candidatos a prefeito nas capitais desconsideram as políticas de comunicação

Políticas municipais de comunicação é um tema praticamente desconhecido pelas candidaturas às prefeituras das 26 capitais brasileiras ou não estão entre as suas preocupações. Eles não conseguem discernir, de modo geral, as medidas necessárias para, por exemplo, adotar planejamento e programas que estimulem e viabilizem a consolidação de rádios comunitárias, o fortalecimento das pequenas empresas de comunicação, a educação para a mídia, o esboço de formas de controle público sobre a mídia local ou o uso dos recursos de comunicação em finalidades que não as estritamente governamentais. É o que se pode deduzir do levantamento feito pelo FNDC, em consulta a 106 candidaturas representantes dos maiores partidos concorrentes em cada capital.

Os contatos foram feitos nos últimos 60 dias, por telefone e por e-mails. Apenas 11 candidaturas responderam à indagação sobre a existência e o conteúdo das políticas municipais de comunicação nos seus programas de governo.

Proposições genéricas

Manifestaram-se os representantes de três candidaturas do PMDB (Recife, Curitiba e Porto Alegre), dois do PT (São Paulo e Porto Alegre), dois do PSOL (Curitiba e Porto Alegre), dois do DEM (São Luís e Salvador), um do PCB (Rio de Janeiro) e um do PPS (Vitória).

Entrevistada pelo e-Fórum, Maria Helena Weber, doutora em Comunicação, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e reconhecida pesquisadora da área, considerou “surpreendente” que 10,37% das candidaturas tenham pensado algo sobre o tema. Ela acrescenta: “Políticas públicas de comunicação inexistem em nível federal e estadual. Como esperar que elas ocorram em nível municipal?”

As respostas obtidas pelo FNDC (resumidas, podem ser lidas aqui ) são genéricas. De modo geral, “política de comunicação” é compreendida como acesso digital aos serviços públicos, inclusão digital, governo eletrônico. Essa é a compreensão dos candidatos do PMDB e do DEM, cujos programas discorrem exclusivamente, por exemplo, sobre a modernização dos sistemas informatizados das prefeituras, incluindo as redes escolares, oferta de banda larga para incrementar o desenvolvimento econômico ou a instalação de lan houses nas periferias.

O mesmo ocorre nas candidaturas do PT em São Paulo e do PPS, em Vitória. A inclusão digital e o governo eletrônico foram referidos com ênfases variadas em todas as respostas obtidas, menos na elaborada pelo PCB/RJ.

Conferência ignorada

À exceção do PT/Porto Alegre, a realização da Conferência Nacional de Comunicação, foi ignorada pelas candidaturas ouvidas. A proposta mobiliza em todo o país centenas de entidades, pesquisadores, movimentos sociais preocupados com a democratização do setor (acesse aqui o site da Comissão Pró-Conferência ). Os petistas gaúchos asseguram apoio à convocação da Conferência e a realização de sua etapa municipal. Menciona os Conselhos Municipais de Comunicação, reconhecido pelos especialistas como um espaço adequado para a elaboração de políticas de comunicação.

Propostas de reativação e/ou fortalecimento de meios de comunicação municipais, para uso da administração municipal ou da população – incluídos aí “espaços de comunicação alternativa aos monopólios” – estão contidas, com abordagens diversas, nas proposições do PT/Porto Alegre, do PSOL/Porto Alegre e Curitiba, do PCB/Rio de Janeiro. As mesmas candidaturas prometem defender e promover as rádios comunitárias, mas seus programas não especificam minimamente como isso ocorrerá, ou quais recursos humanos ou econômicos serão destinados para a concretização das propostas.

Estado ausente

Conforme Maria Helena Weber – que é autora do livro “Comunicação e Espetáculos da Política” e atualmente desenvolve a pesquisa “A comunicação dos poderes e o poder da mídia brasileira” – a ênfase em aspectos como a disseminação da banda larga, por exemplo, “não representa uma política de comunicação”, mas uma ação. No caso, “favorecida pela estrutura do meio, a internet”.

Ela observa que “a comunicação é sempre encarada, na área política, como instrumental. Ajuda a aparecer, a fazer campanha, alçando pessoas, coisas, governos. Os governos nunca pensam como essa política pode servir ao Estado, embora isso seja paradoxal”. Os projetos de uma política de comunicação, para a pesquisadora, “deveriam responder aos direitos fundamentais do cidadão”, pois “a democracia depende desses direitos” – e isso não tem sido relevante para o Estado brasileiro, na sua opinião.

O desenvolvimento de políticas de comunicação em nível municipal depende, de acordo com Maria Helena, “de uma seqüência de ações vinda do plano federal, mas isso não existe”. Por isso, elas só ocorrerão em raríssimas e excepcionais ocasiões, como foi o caso do governo municipal do PT em Porto Alegre nos anos 90, quando foi implantada uma política de comunicação formulada e inicialmente dirigida por Daniel Herz (jornalista, posteriormente um dos fundadores e principal mentor do FNDC, falecido em maio de 2006). “Havia um pensamento sobre um modo de fazer comunicação, criaram-se mídias específicas, criou-se o Conselho Municipal de Comunicação. Mas isso é tão raro que virou tese, objeto de estudo”, constata a professora.

Comunidade preterida

Além do Conselho – que foi o primeiro do país e acabou sendo posto de lado ainda pelos governos petistas – também foi fundada, com decisivo apoio municipal, a primeira TV Comunitária do país. Outras práticas daquele período continuam sendo objetos de estudo, como o programa de TV “Cidade Viva”, renovador da linguagem de programas do gênero, refletindo o espírito então vigente de uma cidadania participativa, estimulada pela adoção do Orçamento Participativo por parte do governo municipal.

As realizações dos referidos governos petistas porto-alegrenses na área da comunicação foram feitas a partir de uma Coordenação de Comunicação com status de secretaria. Pouco adotadas na época, as secretarias municipais de comunicação existem atualmente em 15 das 26 prefeituras de capitais. As demais mantêm estruturas denominadas assessorias, basicamente.

Um exame dos seus sites (veja relação aqui ), entretanto, não permite discernir quaisquer evidências de que, com base nessas estruturas, os governos municipais estejam desenvolvendo políticas públicas de comunicação propriamente ditas. Apenas a prefeitura de Recife (PT) apresenta em seu site conteúdos voltados à comunicação comunitária. Em Recife há uma Diretoria de Rádio e Comunicação Popular.

No que diz respeito aos recursos multimídia – o que revelaria uma desejável familiaridade com as novas tecnologias de comunicação e informação, supostamente em benefício da democracia – eles estão presentes apenas nos sites das prefeituras de São Paulo (DEM), Rio de Janeiro (DEM), Recife e Porto Alegre (PMDB). Todos os sites são utilizados para a divulgação de notícias e informações dos governos municipais, de modo predominante.

Academia esquecida

Maria Helena salienta que no Brasil há muita produção acadêmica sobre comunicação pública e políticas de comunicação. Mas esse debate não chega aos governos, permanece na academia, entre os pesquisadores. “E não são esses pesquisadores, mesmo engajados, que vão fazer campanha política. Tem aí uma dissociação. Falta maior proximidade, falta a política se debruçar um pouco sobre a produção acadêmica, que é atualizada, interessante, dinâmica, tem estudos de caso. Há um repositório imenso de material na universidade”, enfatiza.

As eleições municipais escolherão, neste mês entre 15.438 candidatos (dados do Tribunal Superior Eleitoral), 5.564 novos prefeitos.

Com pesquisa de Fabiana Reinholtz e Candice Cresqui.


Candidato à Prefeitura do RJ recorre ao TSE para ser entrevistado pela Globo

Paulo Ramos, candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PDT, afirmou nesta quarta-feira (1º/10) que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ser entrevistado pelos telejornais "RJTV 1" e "2", da TV Globo.

A ação ocorreu porque a TV pretendia realizar um debate eleitoral no Rio de Janeiro com apenas os cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas – o que só é permitido pela lei eleitoral se houver um acordo entre os candidatos.

De acordo com uma nota divulgada pela emissora na última terça-feira (30/09), "para que aqueles com menos densidade eleitoral abrissem mão do debate, a TV Globo ofereceu cobertura muito maior do que aquela a que fariam jus inicialmente, se apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta".

No entanto, Paulo Ramos foi o único candidato a não aceitar o acordo, "apesar de ter se beneficiado do critério de cobertura proposto a todos os candidatos", diz o comunicado, o que impediu a realização do debate "com um número razoável de participantes".

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) negou ao candidato do PDT cinco minutos de participação no programa, contrariando a decisão do juíz da 8ª Zona Eleitoral, que lhe concedia o direito ao tempo de entrevista.

Segundo o JB Online, Ramos afirmou que "a Globo não é detentora do direito de imprensa. Ela estabelece aleatoriamente o que ela quer. Daqui a pouco não vai ter mais eleição. Basta o órgão de pesquisa entregar o resultado e dizer quem vai ganhar".

Sobre a nota divulgada pela emissora, atribuindo ao candidato a não realização do debate à Prefeitura do Rio, ele disse que "estão sepultando os debates. Pesquisa de opinião não é dado objetivo. Simplesmente quero o meu direito de participar democraticamente".

Candidatos dizem que Globo foi contra a lei ao propor debate

A tentativa de a Rede Globo realizar o debate com os prefeituráveis das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Fortaleza sem a presença de todos os candidatos que têm representação na Câmara dos Deputados provocou a reação de quem não aderiu à proposta.

As assessorias de Ciro Moura (PTC), Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) dizem que a TV Globo quis ser contrária à lei.

“Nós exigimos que a Rede Globo cumprisse a lei. Cabe a ela provar que o debate seria mais proveitoso com apenas cinco candidatos e para quem”, afirmou a assessoria de Ciro Moura.

A Rede Globo, em nota à imprensa, argumentou que o cancelamento do debate se deu pela exigência de se convidar todos os candidatos que têm representação na Câmara dos Deputados e também por um melhor aproveitamento do debate. Confirmou o debate do segundo turno, para todas as capitais, em 24/10.

A assessoria de Ivan Valente diz que a Rede Globo também não deu mais espaço para o candidato, para compensar a ausência dele no debate. “A compensação foi antidemocrática”, disse. Argumentou, dizendo que o candidato teve menos espaço que os cinco primeiros colocados na pesquisa eleitoral, desde o começo, nas entrevistas e programas como Antena Paulista e Bom Dia São Paulo.

O candidato Renato Reichmann rebate a afirmação de que o debate seria mais proveitoso com cinco candidatos. “Duas das maiores emissoras concorrentes da TV Globo, TV Bandeirantes e TV Record, realizaram debates com os oito candidatos, com eficiência e organização, demonstrando que é perfeitamente possível efetuar-se o evento com esse número de participantes”.

Rio

Do Rio de Janeiro, o candidato Paulo Ramos (PDT) também afirma que a Rede Globo se utilizou de um “critério antidemocrático, afrontando a lei”. Teria dado, ainda, a idéia da realização de dois debates: com dois grupos, em dias seguidos. “A Globo não quis. Lamentavelmente os outros submissos aceitaram. A Globo intimida muito. Qualquer dia, para a Globo, não tem eleição”, disse o candidato.

Rede Globo

Nesta quarta (1o), a Rede Globo deu a seguinte resposta aos candidatos: “(A TV Globo) acrescenta apenas que a lei é clara: as emissoras devem convidar para debates todos os candidatos de partidos com representação na Câmara dos Deputados ou com eles entrar num acordo se desejarem realizá-los com um número menor de participantes. Não havendo acordo, as emissoras não são obviamente obrigadas a realizar debates.”


Globo cancela debates em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Curitiba

A TV Globo vai cancelar o debate com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Curitiba. Talvez a cidade de São Luiz também fique de fora.

Em comunicado, a Rede Globo afirma que não conseguiu um acordo com os candidatos com pior colocação nas pesquisas e que têm representação na Câmara dos Deputados, para que desistam do debate.

O fato é que, pela Lei Eleitoral, qualquer emissora é obrigada a chamar todos os candidatos que têm representação na Câmara, mas a Globo queria fazer o debate com os mais bem classificados nas pesquisas. Seis, no caso do Rio, cinco, no caso de São Paulo. Nas demais cidades, o comunicado da Rede Globo não informa quantos candidatos estavam previstos.

“A imprensa deve cobrir o que é notícia, de forma livre e espontânea: aqueles que, ao longo do processo, ganham densidade eleitoral são mais bem cobertos, crescem nas pesquisas e asseguram um lugar nos debates. É assim a dinâmica no mundo democrático. É como deveria ser aqui também”, justifica a Rede Globo.

A emissora argumenta que, para que um acordo fosse feito, deu mais cobertura nas prévias eleitorais para os candidatos com menor visibilidade nas campanhas. “Esta cobertura já foi ao ar”, diz a Rede Globo.

“A experiência comprova que debates com mais de cinco não são proveitosos: o tempo destinado à discussão de cada assunto se torna exíguo demais, e o debate acaba simplesmente não acontecendo”.

No Rio, dos dez candidatos, um não assinou o acordo: Paulo Ramos, do PDT. Em São Paulo, dos oito candidatos, três se negaram a assinar o acordo: Ciro Moura, do PTC, Ivan Valente, do PSOL, e Renato Reichmann, do PMN.

A Rede Globo não informa quais seriam os candidatos que não aprovaram o acordo em Fortaleza ou Curitiba.

No caso de um segundo turno, o debate está garantido e acontece em 24/10 (sexta-feira).

A Rede Globo pede que os governantes revejam a lei eleitoral: “A TV Globo lamenta que estas restrições na lei eleitoral a impeçam de promover um evento que tem se mostrado valioso em eleições passadas – e espera que a sociedade e seus representantes, em Brasília, reflitam sobre a questão.”

Jornalista da PB suspende programa de rádio após ser ameaçado por prefeito

O jornalista Adjamilton Pereira, apresentador do programa "Boca Quente", da rádio difusora de Cajazeiras, na Paraíba, afirmou ter sido ameaçado pelo prefeito da cidade na tarde da última quinta-feira (18), enquanto comentava na atração denúncias sobre o asfalto do município.

Segundo Pereira, o prefeito Carlos Antônio (DEM) foi até a rádio após ouvir as acusações, invadiu o estúdio com seguranças e o ameaçou. "Com o clima de insegurança e temendo pela própria integridade física, fui forçado a terminar o programa de forma inesperada", disse o jornalista.

A assessoria jurídica do PSB estadual – partido do candidato à prefeitura Léo Abreu, que já perdeu as eleições de 2004 para Carlos Antônio – estuda pedir judicialmente a garantia da segurança no pleito.

Para o advogado Ricardo Sérvulo, da coordenação do PSB da Paraíba, "a invasão dos estúdios da emissora põe em xeque a liberdade de imprensa e deve ser repudiada por todos que lutam pela imprensa livre", informou o site Paraíba.com.br.

"Este não é um fato isolado. Durante um debate organizado na última terça-feira (16) pelo Bispo da Diocese de Cajazeiras, Dom José Gonzales, o prefeito Carlos Antônio incentivava a sua militância com gritos e palavras de ordem, no sentido de fazer tumulto no evento, fato que o levou a ser convidado a se retirar do local do debate pelo religioso".

A reportagem do Portal Imprensa entrou em contato com a Prefeitura de Cajazeiras, mas não encontrou o responsável para falar sobre o assunto.