A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) espera lançar, neste ano, sua regulamentação sobre a propaganda de alimentos. Em novembro, foi encerrada a consulta pública de 140 dias sobre a regulamentação. Agora, a agência trabalha na sistematização das sugestões para readequar o texto que poderá mudar a propaganda de alimentos no país.
Durante a consulta pública, foram quase 250 recomendações e críticas enviadas sobre a regulamentação. Do total, 32% das sugestões vieram das próprias indústrias e agências de propaganda; organizações da sociedade civil fizeram 25% das sugestões; instituições de combate ao câncer, 14% do total.
No texto aberto à consulta pública havia um amplo capítulo sobre a propaganda de alimentos destinada a crianças. Entre outras determinações, a regulamentação proíbe propaganda de alimentos com alto teor de açúcar ou de bebidas com baixo valor nutricional.
Muitos dos itens também vão ao encontro das iniciativas adotadas na comunicação das indústrias alimentícias a partir deste mês. A regulamentação proíbe, por exemplo, o uso de personagens admirados pelas crianças em propagandas.
"As empresas estão perdidas nessa área porque há uma série de novas demandas mundiais com relação à alimentação, e elas não sabem como se portar", afirma João Mattar, professor de marketing de produtos e serviços para crianças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). "Há vários acordos mundiais sendo assinados, que são tentativas de achar um norte no assunto."
Mattar afirma que a eliminação das campanhas para crianças com menos de 6 anos, por exemplo, é ineficaz. Segundo ele, estudos apontam que essas crianças têm pouca influência nas compras. Sem propaganda para elas, diz, as crianças de 6 anos serão influenciadas pelas campanhas feitas para as mais velhas.