O software livre está presente de forma significativa nas maiores empresas brasileiras (aquelas com mais de mil funcionários), registrando participação de 73%. Essa é uma das constatações de uma pesquisa sobre a tendência de adoção do software livre no Brasil, conduzida pelo Instituto Sem Fronteiras (ISF), com o patrocínio da IBM, Itautec, Intel e Red Hat. Foram entrevistadas mais de mil empresas de diferentes portes, segmentos e região geográfica entre os meses de novembro e dezembro de 2007.
O resultado mostra que é errônea a crença de que o software livre seria utilizado em maior escala pelas menores empresas brasileiras. Essa conclusão equivocada advinha da visão de sua menor liquidez e suas necessidades de TI específicas (mais voltadas às soluções proprietárias). Na verdade, este é o grupo no qual se verificou o mais baixo grau de adoção, ficando com 31% entre os segmentos horizontais estudados. Vale lembrar que são classificadas como menores empresas aquelas que possuem menos de 99 funcionários.
Quanto aos computadores houve um avanço de 12,4% na utilização do software livre nos PCs nos últimos 12 meses nas empresas que já o utilizam. Por outro lado, a pesquisa demonstrou que 53% dos entrevistados não utilizam software livre nos PCs.
Apenas 1% das empresas pesquisadas apontou que a utilização de software livre em seus PCs é integral (100%). Embora pareça pouco, transpondo este percentual para o número de empresas existentes no Brasil, estamos falando de números absolutos consideráveis.
Ainda no caso da utilização de software livre como sistema operacional nas empresas brasileiras, percebe-se que o maior índice de adoção encontra-se nas maiores empresas, nas quais se detectou 53% de uso. A lógica é clara: as maiores empresas são menos permeáveis à pirataria em razão de sua maior capacidade de adquirir software proprietário ou de definir o uso de software livre, implementá-lo e geri-lo de forma eficiente. Quanto menor a empresa, no entanto, tais condições se deterioram, criando mercado para a pirataria de software.
Avaliando-se a utilização de software livre nas empresas brasileiras, em seus servidores percebe-se uma ampla adoção (56%). Apenas 7%, no entanto, apontaram que utilizam o software livre em todos os seus servidores.
A região Centro-Oeste destaca-se nesta segmentação com 78% de adoção de software livre como sistema operacional de seus servidores. Deve-se citar que os sistemas operacionais baseados em software livre adequam-se às especificações e expectativas técnicas de áreas em que há grande volume de transações e processamento de dados, bem como armazenamento. Segurança, interoperabilidade e disponibilidade são, portanto, essenciais. Muitas atividades de TI do segmento de governo enquadram-se em tais características.
Entre as empresas que utilizam software livre 48% mencionaram a utilização em aplicações de missão crítica. Isto rompe mais um mito com relação ao software livre.
Com relação à polêmica questão do TCO (custo total de propriedade) das empresas que utilizam software livre, 66% delas acreditam que o TCO é inferior às soluções proprietárias. Outro grande motivo mencionado por 64% dos entrevistados é de melhor aproveitamento do hardware.
Entre as aplicações de gerenciamento de infra-estrutura, as empresas estão utilizando o software livre em virtualização de storage e servidores, assim como em data mirroring (replicação e sincronização).