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Para pais, publicidade infantil influencia só o filho dos outros

Pais e mães acreditam que seus filhos são menos influenciados por publicidade infantil do que os filhos de amigos e conhecidos. É o que mostra uma pesquisa inédita feita entre fevereiro e março por pesquisadores da Universidade de Brasília.

O levantamento traz informações sobre quase 700 pais e mães, em 19 capitais e no DF.

Eles tiveram de responder à seguinte pergunta: "Quanto a publicidade influencia no que o seu filho consome?". Numa escala que vai da nota 1 (não influencia) até a nota 10 (influencia totalmente), os pais deram notas entre 5 e 6 para seus filhos, em média.

Quando a pergunta se referiu aos filhos de amigos, atribuíram pontuação entre 7 e 8. Considerando as crianças em geral, entre 8 e 9. A pesquisa foi feita como trabalho de conclusão de curso pelo psicólogo Lucas Caldas, que teve bolsa da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância).

Para o coordenador da pesquisa e professor do departamento de psicologia da UnB, Fabio Iglesias, o dado preocupa. "Quanto mais um indivíduo se considera imune, mais risco ele pode estar correndo."

Ele diz que há evidências do chamado efeito da terceira pessoa. "É quando o indivíduo acha que os outros são influenciados, enquanto ele se considera mais crítico."

A empresária Fabiola Lacerda Abdala, 30, conta que tenta reduzir o tempo que Luísa, 5, fica na frente da TV. "Quando ela vê mais TV, acaba pedindo mais brinquedos."

O pai de Luísa, Ricardo Abdala, discorda. "Ela não liga tanto para as propagandas como outras crianças", diz.

A pesquisa também analisou comerciais do programa TV Globinho, da Rede Globo, durante 15 dias antes do Dia das Crianças em 2010. A análise mostrou que 73% recorriam ao "consenso social" –ao mostrar crianças com um produto, cria-se a impressão de que todos já o têm.

Iglesias diz que só uma peça apelou para a tática do medo –mostra criança que não tem o produto sendo excluída. Nos últimos meses, o Congresso discute o projeto que objetiva proibir a publicidade infantil.

Defensores da medida alegam que a propaganda estimula o consumismo; quem é contra, que já há controle.

 

Relatório “Vozes Silenciadas” é lançado no interior do Ceará

O relatório “Vozes Silenciadas – A Cobertura da Mídia sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito”, lançado em agosto em Brasília, já começou a circular o país. Na última sexta-feira (30), a pesquisa foi discutida no município de Quixeramobim, localizado no Sertão Central do Ceará, a cerca de 200 quilômetros de Fortaleza.

A convite da ONG Iphanaq, a professora Mônica Mourão, responsável pela pesquisa realizada pelo Intervozes, apresentou os principais dados referentes à cobertura da mídia nacional sobre o MST no período de fevereiro a julho de 2010. Durante esses meses, o Movimento foi alvo de uma CPMI. A apresentação aconteceu na Casa de Antônio Conselheiro, líder do movimento que deu origem a Canudos e natural de Quixeramobim.

O debate contou com cerca de 20 estudantes, professores, sindicalistas e militantes ligados ao MST, que participaram da discussão, fizeram perguntas e deram sua opinião com relação à abordagem midiática sobre movimentos sociais. O momento fez parte do 9º Papo Cultural, bate-papos organizados mensalmente pela ONG Iphanaq para difundir pesquisas ou ações culturais. Além dos relatórios entregues gratuitamente aos presentes ao Papo Cultural, foram deixados também exemplares que serão distribuídos em bibliotecas públicas, faculdades e escolas, especialmente as localizadas em assentamentos.

Estão previstos mais três lançamentos do “Vozes Silenciadas” no interior do Ceará. Dessa vez, os encontros vão acontecer na região do Cariri, sul do Estado, no dia 14 de outubro: na Universidade Regional do Cariri (Urca), no campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) no Cariri e no assentamento 10 de Abril.

Sobre a pesquisa

O relatório analisou as matérias que citaram o MST em três jornais de circulação nacional (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo); três revistas também de circulação nacional (Veja, Época e Carta Capital); e os dois telejornais de maior audiência no Brasil: Jornal Nacional, da Rede Globo, e Jornal da Record. É uma realização do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e contou com o apoio da da Fundação Friedrich Ebert e da Federação do Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert).

Baixe a íntegra da publicação

Anatel ouvirá usuários sobre a qualidade da TV paga

A segunda rodada da pesquisa nacional sobre a qualidade dos serviços de telecomunicações começa nesta segunda-feira 20, informou a Anatel. Nesta etapa a agência ouvirá 74,7 mil assinantes das 103 principais operadoras de televisão por assinatura.

De acordo com a Anatel, a intenção do levantamento é coletar dados que ajudem a aprimorar a regulamentação e os procedimentos de fiscalização das metas das empresas do setor.

Ao todo serão entrevistados 200 mil assinantes dos serviços de telefonia fixa, móvel, banda larga e televisão por assinatura, e 12 mil usuários de telefones públicos. Dentre as empresas pesquisadas na área de telefonia e banda larga estão: CTBC, Embratel, GVT, Oi, Sercomtel e Telefônica. Na móvel, a amostra abrangerá Claro, CTBC, Oi, Sercomtel, TIM e Vivo.

O órgão pretende coletar informações sobre a avaliação dos consumidores nos quesitos: atendimento, serviços prestados pelas operadoras, qualidade das ligações e transmissões, frequência e interrupções da cobertura.

No último dia 6 a Anatel iniciou o estudo entrevistando usuários da telefonia celular. Segundo a agência, a intenção é ouvir 80 mil clientes deste nicho até o fim do estudo.

A realização da pesquisa está prevista no Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil.

Imprensa brasileira ignora Estatuto da Igualdade Racial

O Estatuto da Igualdade Racial aprovado em julho 2010 passa por processo de invisibilidade e oposição dos meios impressos brasileiros. Essa foi uma das conclusões do primeiro relatório da pesquisa Faces do Brasil, apresentada em Salvador no último dia 13 de maio, dia da abolição. O material coletado é de 12 jornais e cinco revistas entre os meses de outubro e dezembro de 2010. Até o momento a sistematização se balizou por 506 matérias sobre ciganos, povos indígenas e negros.

O projeto é parceria entre a organização Omi-Dùdú e o grupo Etnomídia da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA). O professor e jornalista Fernando Conceição também da Facom é o coordenador do projeto.

O relatório contextualiza conquistas institucionais e políticas dos grupos étnicos estudados pós-redemocratização (1985), porém, segundo a coordenação, no campo midiático tal avanço não é repercutido, configurando “uma visão negativamente estereotipada sobre os afrodescendentes e outros grupos sociais etnicamente discriminados”.

No geral as legislações sobre grupos étnico-raciais ocupam apenas 13,4% do total avaliado. Já as políticas públicas são citadas em 20,6% das matérias. Os temas predominantes são de fundo cultural. No conteúdo recortado, a abordagem a população negra é predominante (71,7%), seguido dos indígenas (26,8%) e ciganos (1,5%). Porém, conforme a localização geográfica ou perspectiva de distribuição, os veículos modificam o enfoque étnico.

O Estado de S. Paulo costuma expor o temas étnicos-raciais em seu editoriais, ou através de carta de leitores, ambos de cunho contrários a pautas como o Estatuto, a titulação de terras quilombolas, os conflitos na construção de Belo Monte e polêmica sobre o livro de Monteiro Lobato, Caçadas de Pedrinho.

O baiano A Tarde alcançou o destaque quantitativo com 87 matérias sobre a temática, porém, reservadas ao âmbito cultural e dentro de tendência nacional de não posicionar a pauta em condição de manchete. Já o Diário do Nordeste de Fortaleza é apontado como o jornal que mais prioriza as leis no conteúdo.

Em O Liberal do Pará os povos originários têm maior destaque qualitativo, os demonstrando de forma positiva enquanto beneficiários para políticas públicas, em especial as cotas na universidade federal. No caso do Zero Hora de Porto Alegre as reservas indígenas são abordadas explicitamente como entraves para o desenvolvimento econômico.

Quanto aos povos ciganos a invisibilidade dos meios ao segmento provocou a exceção de analisar como os jornais brasileiros abordaram a política do governo francês em relação aos mesmos.

Metodologia

O primeiro período escolhido é convergente com os debates da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e enfocam cinco pontos: políticas de ação afirmativa; cotas; Estatuto da Igualdade Racial; violência explícita contra juventude de comunidades periféricas; e implementação da legislação que trata da inclusão de conteúdos pedagógicos sobre a contribuição negro-indígena na história do país.

A metodologia é centrada em critérios jornalísticos como posicionamento da matéria dentro do veículo, utilização de fotografias e fontes selecionadas. O resultado final se dará com dados de até julho de 2011 e acrescentará mais 5 jornais e uma revista.

Críticas

Jocélio Telles de Souza, diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da UFBA, ao analisar os dados apresentados destacou que o estatuto é um divisor de águas, até no jornalismo, e que alguns veículos dão espaço, mas muitos assumem o lado de "oposição feroz". Jocélio também aponta que a representatividade geográfica do relatório dá elementos para avaliar o preconceito regional e a constituição das elites pelo país.

Para o relatório final, Jocélio sugeriu que fossem aperfeiçoados os dados qualitativos que a pesquisa aponta em relação aos estereótipos e preconceito, assim como as definições sobre os grupos estudados e porque a exclusão de outros que habitam o país.

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Estatuto da Igualdade Racial é tímido ao abordar comunicação  

Brasileiro gasta, em média, R$ 118 por mês na internet, aponta Ibope

O consumidor brasileiro que compra na internet pertence predominantemente às classes A e B, tem grau mais alto de escolaridade, compra produtos de uso pessoal e gasta, em média, R$ 118 por mês em lojas online. Esta é uma das conclusões do estudo TG.net realizado pelo Ibope Mídia para traçar um perfil do comércio eletrônico brasileiro.

Entre os principais objetivos da navegação em lojas online, cerca de 80% dos internautas responderam que usam internet para comparar preços, 25% buscam um carro novo e 18% realizam compras profissionais. Cerca de 43% dos internautas costumam recorrer à internet antes de realizar compras e, se o produto tiver valor superior a R$ 1.500, buscam mais informações na web.

Mais de 66% dos consumidores online realizaram de uma a cinco compras nos últimos seis meses e 30% gastaram, pelo menos, R$ 224.

Livros continuam liderando a preferência dos consumidores com 30% das respostas, seguidos de telefones e acessórios para celulares (20%), eletrodomésticos (18%) e produtos de tecnologia pessoal (17%), como câmeras digitais, leitores de MP3.

Nos próximos seis meses, 25% pretendem comprar câmera digital, 17% telefone celular 3G, 17% telefone celular com câmera e 15% iPhone.

De acordo com o estudo, 61% dos consumidores online estão nas classes A e B, 35% na classe C e representa 4% nas classes D e E.

A idade média do consumidor das lojas virtuais é de 33 anos, aponta o Ibope. A maior parte dos consumidores online (48%) está na faixa etária de 25 a 44 anos de idade, enquanto 17% têm entre 20 e 24 anos e 15% estão na faixa de 15 a 19 anos. Consumidores de 45 a 54 anos representam 13% do público que compra online e apenas 6% têm entre 55 e 64 anos.

A parcela de solteiros também é mais representativa (49%). O estudo revelou, ainda, que 36% estão matriculados em instituições de ensino e até 32% falam uma segunda língua.

A pesquisa TG.net foi realizada entre maio e junho deste ano com 2.500 internautas do Brasil, com idade entre 15 e 64 anos, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Distrito Federal, além de Goiânia, Nordeste e no interior da região Sudeste. As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo respondem por 37% do total dos compradores.