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Audiência do Conselho Curador da EBC poderá ser acompanhada pela internet

A segunda audiência pública do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que será realizada na próxima terça-feira (1/6) no Rio de Janeiro, será transmitida ao vivo pela internet. Desta forma, ouvintes e telespectadores fora da capital fluminense ou que não conseguirem se inscrever para acompanhar a reunião na sede da Rádio Nacional poderão participar da audiência enviando críticas e sugestões por um chat ou por e-mail.

As inscrições para participar da audiência no Rio ainda estão abertas. Os interessados devem entrar em contato com os organizadores do evento pelo e-mail conselho.curador@ebc.com.br, informando nome completo, RG e, se for o caso, a entidade que o inscrito representará na audiência.

Ao enviar a mensagem, o interessado deve informar se pretende fazer uso da palavra no momento da audiência. Isso porque haverá uma limitação para intervenções dos usuários, tal como feito na primeira audiência realizada pelo Conselho Curador, no ano passado.

Nesta edição da audiência, haverá 20 intervenções para cada um dos dois momentos em que será dividida a reunião, somando 40 inscrições. A primeira etapa da audiência será destinada à discussão da programação da TV Brasil. A segunda focará os programas das emissoras de rádio da EBC, como a Rádio Nacional e as rádios MEC AM e FM. Em ambos os momentos, as discussões serão precedidas por uma apresentação da diretoria-executiva da empresa.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da EBC, a escolha dos participantes que poderão apresentar suas questões durante a audiência será feita por sorteio. Cinco oradores serão sorteados entre aqueles que se inscreverem antecipadamente e outros dez serão sorteados entre os inscritos no momento da audiência. A Ouvidoria da EBC ainda indicará, a pedido do Conselho Curador, alguns ouvintes e telespectadores para que apresentem suas observação sobre a programação das emissoras.

Cada fala terá no máximo cinco minutos e deverá ater-se exclusivamente ao tema da audiência. Contribuições por escrito devem ser enviadas para o mesmo endereço eletrônico e serão remetidas a todos os membros do Conselho Curador.

A EBC possui três canais de TV, entre eles a TV Brasil. Mantém também a Agência Brasil e oito emissoras de rádio espalhadas pelo país.

Serviço
O que: Audiência Pública sobre a programação dos veículos da EBC
Data: 1º de junho
Local: Auditório da Rádio Nacional, Praça Mauá, 7/21º andar, Rio de Janeiro
Hora: 13h30 às 18h30
Inscrições: conselho.curador@ebc.com.br
Para assistir a audiência pela internet no dia 1: www.ebc.com.br

Abertas as inscrições para audiência pública do Conselho Curador da EBC

Os ouvintes e telespectadores das emissoras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) terão uma boa oportunidade para exporem suas opiniões sobre a programação veiculada nos canais de rádio e televisão da empresa. Será realizada no Rio de Janeiro, em 1º de junho, uma audiência pública com este intuito. As regras de funcionamento da audiência foram divulgadas nesta sexta-feira (21), por meio de edital.

Para participar, os interessados devem entrar em contato com os organizadores do evento pelo email conselho.curador@ebc.com.br, informando nome completo, RG e, se for o caso, a entidade que o inscrito representará na audiência.

Ao enviar a mensagem, o interessado deve informar se pretende fazer uso da palavra no momento da audiência. Isso porque haverá uma limitação para intervenções dos usuários, tal como feito na primeira audiência realizada pelo Conselho Curador, no ano passado.

Porém, diferente da primeira audiência pública realizada pelo Conselho Curador da EBC, desta vez haverá mais participações das pessoas. Em vez de 12, haverá espaço para 20 intervenções para cada momento do evento, somando 40 inscrições Segundo o edital, cada fala terá no máximo cinco minutos e deverá ater-se exclusivamente ao tema da audiência.

Contribuições por escrito devem ser enviadas para o mesmo endereço eletrônico e serão remetidas a todos os membros do Conselho Curador.

A audiência pública se dividirá em dois momentos. O primeiro será destinado à discussão da programação da TV Brasil. O segundo ficará reservado para as contribuições do público sobre os programas das emissoras de rádio da EBC, como a Rádio Nacional e as rádios MEC AM e FM. Em ambos os momentos, as discussões serão precedidas por uma apresentação da diretoria-executiva da empresa.

No entanto, alguns temas importantes para o futuro da EBC e do sistema público de comunicação deverão ficar de fora desta audiência, como os investimentos que têm sido feitos para expandir a empresa (por exemplo, o investimento em uma nova sede em São Paulo e a criação de outra em Porto Alegre) e a implantação do Operador de Rede Digital.

A EBC possui três canais de TV, entre eles a TV Brasil. Mantém também a Agência Brasil e oito emissoras de rádio espalhadas pelo país.

Serviço
O que: Audiência Pública sobre a programação dos veículos da EBC
Data: 1º de junho
Local: Auditório da Rádio Nacional, Praça Mauá, nº 7, 21º andar , Rio de Janeiro
Hora:13h30 às 18h30
Inscrições: conselho.curador@ebc.com.br

Conselho Curador promove audiência pública sobre a programação da TV Brasil e das rádios da EBC

O Conselho Curador da EBC realizará a sua primeira audiência pública do ano no dia 1º  de junho, no Rio de Janeiro. A audiência – determinação prevista na Lei que criou a EBC – tem como objetivo coletar críticas e sugestões sobre a programação da TV Brasil e das emissoras de rádio da empresa, dando ao órgão subsídios para avaliar o conteúdo desses diferentes veículos e, assim, indicar à diretoria-executiva as mudanças necessárias para que a programação das emissoras cumpra de forma cada vez mais adequada a missão para a qual foi criada.

A audiência será realizada no Auditório da Rádio Nacional, na Praça Mauá, das 13h30 às 18h30. A atividade será dividida em dois períodos: na primeira parte, serão colhidas contribuições sobre a programação da TV Brasil. A segunda parte ficará reservada para as contribuições do público sobre a programação das emissoras de rádio da EBC, como a Rádio Nacional e as rádios MEC AM e FM. Em ambos os momentos, as discussões serão precedidas por uma apresentação da diretoria-executiva da EBC sobre as recentes mudanças na programação das emissoras, assim como os principais planos para o futuro.

“A participação do público é fundamental para a construção da EBC, tanto das entidades organizadas como dos ouvintes e telespectadores em geral. É partir dessas contribuições que podemos definir os rumos para que o conteúdo gerado pelos veículos da empresa cumpra da melhor forma possível a sua missão pública”, afirmou a presidente do Conselho Curador, Ima Vieira.

Inscrições

As inscrições para a audiência devem ser feitas pelo email conselho.curador@ebc.com.br, informando nome completo, RG e, caso haja, a entidade que o inscrito representará na audiência.  Ao enviar o email, o interessado deve informar se pretende fazer uso da palavra no momento da audiência. Contribuições por escrito devem ser enviadas para o mesmo endereço eletrônico e serão remetidas a todos os membros do Conselho Curador.

Em cada um dos debates (programação da TV Brasil e emissoras de rádio), cinco oradores serão sorteados entre as incrições antecipadas e outros dez serão sorteados entre os inscritos no momento da audiência. A Ouvidoria da EBC ainda indicará, a pedido do Conselho Curador, alguns ouvintes e telespectadores para que apresentem suas observação sobre a programação das emissoras. Cada intervenção terá no máximo cinco minutos, para que o maior número possível de cidadãos e cidadãs possa se manifestar.

Durante a audiência, que será transmitida pela Internet, internautas também poderão enviar suas considerações, que serão, na medida do possível, apresentadas a todo o plenário pela coordenação dos trabalhos da audiência.

A presidente do Conselho ainda afirma que o órgão está trabalhando para ser cada vez mais aberto às críticas e sugestões do público: “Esperamos ainda este ano implementar  instrumentos mais permanentes de diálogo com a sociedade, realizando consultas públicas periódicas e disponibilizando ferramentas que permitam maior interatividade por meio da Internet”, completou Ima Vieira.

Audiência Pública Conselho Curador
Tema: Programação da TV Brasil e das emissoras de rádio da EBC
Data: 1/6/2010, às 13h30
Local: Auditório da Rádio Nacional (Praça Mauá, 7,  21º andar, Centro, Rio de Janeiro)
Inscrições: conselho.curador@ebc.com.br (informar nome, RG e entidade, caso o inscrito seja vinculado a alguma); Inscrições no momento da audiência serão aceitas de acordo com a capacidade do auditório.

Publicado edital que convoca consulta pública para renovação do Conselho Curador da EBC

O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) abriu nesta segunda-feira(1/3) consulta pública para a indicação de três novos conselheiros. O Conselho Curador, composto por 22 membros, é o órgão responsável pelo cumprimento dos princípios e objetivos da empresa, criada para ser catalisadora da constituição de um Sistema Público de Comunicação.

A realização da consulta pública é uma exigência da Lei 11.652/08 que criou a EBC e visa garantir a participação da sociedade civil na escolha dos conselheiros. Como a indicação dos primeiros membros do Conselho Curador foi feita diretamente pelo Presidente da República, esta será a primeira consulta pública que viabilizará a participação direta da sociedade no processo de escolha dos membros do órgão.

As entidades que desejam participar da consulta têm 40 dias, a partir da data de publicação do edital no Diário Oficial da União, para enviar a indicação de até três nomes (um por vaga) para compor o Conselho Curador. De posse da lista com os nomes indicados, o órgão formulará lista tríplice para cada uma das vagas, que serão submetidas à apreciação do Presidente da República. O mandato dos três novos conselheiros será de quatro anos, como determina a Lei 11.652/08.

O edital completo e o formulário para indicação de candidatos para o conselho estão disponíveis na página eletrônica da EBC destinada ao Conselho Curador. Lá também podem ser vistos os critérios de quem pode concorrer as vagas e de como as entidades podem participar da consulta.

Recondução

Nem todos os representantes da sociedade civil, porém, serão substituídos no Conselho Curador da EBC. Um edital publicado no dia 5 de fevereiro reconduziu ao cargo de conselheiro os professores Daniel Aarão Reis Filho (História Contemporânea, UFF) e Murilo César Ramos (Comunicação, UnB); o presidente do Olodum, João Jorge Santos Rodrigues; o diretor da empresa Marcopolo e empresário do setor de transportes José Antônio Fernandes Martins e Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da luta contra a violência doméstica.

Nesta primeira gestão do conselho, dos 15 representantes da sociedade civil, oito foram empossados para mandatos de dois anos e sete para mandatos de quatro anos. Com a renovação, todos os mandatos passarão a ser de quatro anos, renováveis pelo mesmo período. Os conselheiros reconduzidos agora e os que entrarão com a realização da consulta pública ficarão no cargo até o fim de 2013. O mandato dos outros sete membros expira em dezembro de 2011.

O Conselho Curador tem como finalidade fiscalizar todos os veículos da EBC. Além das 15 vagas destinadas aos representantes da sociedade civil, quatro cadeiras estão reservadas ao Governo Federal (os ministros da Educação, da Cultura, da Ciência e Tecnologia e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), uma para a Câmara dos Deputados, uma para o Senado Federal e uma para os funcionários da empresa.

(Com informações da EBC)

Público e convidados detalham problemas e fazem sugestões à EBC

As contribuições da sociedade civil ao seminário “Em Construção – Encontro EBC: diálogos com a Sociedade”, realizado no dia 2 em Brasília, foram o que se pode chamar de ponto alto de um encontro que pretendeu ouvir críticas e fortalecer seu processo de interação com o público. As contribuições do público presente e dos convidados da direção da Empresa Brasil de Comunicação foram desde reclamações referentes à baixa qualidade do sinal das emissoras da empresa até ao modelo de TV adotado pelo Brasil, que pode por em risco o futuro de uma TV pública aberta generalista, passando por críticas aos índices de audiência e à falta de inovação nos formatos e conteúdos das emissoras da EBC.

O seminário organizado pela EBC focou, num primeiro momento, as questões relativas ao papel da estatal na constituição de um sistema público, abrindo espaço para a visão da empresa e a visão da sociedade. A participação dos diretores da Empresa Brasil de Comunicação acabou ensejando uma espécie de balanço dos dois anos de sua existência, mas o seminário também se deteve sobre questões específicas como a operação em rede, o conteúdo e a programação das mídias públicas. Para compor as mesas em cada um dos temas, foram convidados representantes de entidades ligadas às mídias do campo público, organizações relacionadas ao tema do direito à comunicação, à comunicação comunitária e aos produtores independentes, além de pesquisadores e representantes do Conselho Curador e da Ouvidoria da EBC. Os usuários dos veículos da EBC, além de representados pelo público presente – pequeno, considerando-se o ineditismo da iniciativa –, ganharam espaço na programação oficial com a participação de um “ativo telespectador” selecionado pela Ouvidoria.

O primeiro a falar no espaço reservado à “visão da sociedade” foi o ouvidor da EBC, Laurindo Lalo Leal Filho, que falou das adversidades de se fazer comunicação pública em um cenário bastante centrado nos meios privados. Ele também lembrou que, no Brasil, até as medições de audiência e desempenho das empresas são cada vez menos confiáveis, e citou o caso da denúncia feita pela Record contra as medições do Ibope. Já em relação aos trabalhos da Ouvidoria, lembrou que estão disponíveis na página da EBC relatórios bimestrais produzido por ela e que detalha todas as contribuições recebidas.

De antemão, Lalo ressaltou que há um grande número de elogios à programação infantil da emissora, mas, em contrapartida, muitas críticas foram feitas à mudança de programação sem aviso prévio na grade da TV Brasil. “Se a água ou a luz vai faltar e o gestor souber que é previsível, ele avisa à população. A mesma coisa deveria ter sido feita com relação à programação da TV Brasil. Mudanças na TV pública devem ser avisadas com antecedência. É um serviço público, não pode ser diferente”, enfatiza Lalo.

Após as palavras do ouvidor, foi a vez de Dioclécio Luz, indicado pela Ouvidoria pela sua ativa participação e contribuição nos canais de diálogo, tecer seus comentários à programação das emissoras da empresa às quais ele consegue ter acesso como morador de Sobradinho, cidade satélite de Brasília. Na platéia, críticas ao sinal da TV Brasil e da Rádio Nacional já haviam sido feitas, inclusive por moradores de Sobradinho. A questão levantada por estes participantes foi de que se nem nas cidades satélites o sinal era bom, quiçá nos lugares mais longínquos.

Dioclécio, entretanto, iniciou sua contribuição falando do potencial das emissoras públicas para fazer um bom jornalismo para o país. “Essa coisa de ser chapa branca, eu acho que já foi descartada”, comentou, fazendo menção às críticas recebidas pela EBC, especialmente por parte de colunistas de veículos da mídia comercial. Ao longo de sua fala, Dioclécio fez observações a todos os programas da grade da TV Brasil e também da Rádio Nacional. Quanto à programação desta última, Dioclécio fez questão de “informar aos gestores” que o Brasil tinha boas músicas modernas e que elas precisavam estar na programação. Aproveitou a oportunidade para falar também dos filmes brasileiros, constantemente reprisados pela TV Brasil.

A crítica mais contundente feita pelo convidado foi à transmissão da missa aos domingos pela manhã. “É uma vergonha a EBC aceitar transmitir programas religioso. Se for para transmitir esse tipo de programação, que sejam chamadas também outras religiões. Se é para ter um que tenha todos”, disse Dioclécio. Ele sugeriu também que temas polêmicos como aborto e transgênicos, para dar exemplo, fossem tratados de forma mais cuidadosa e com a perspectiva mais explicativa aos telespectadores.

Conselho, crianças e linha editorial

Após as contribuições de Dioclécio, que teve visível apoio da platéia, Bia Barbosa, representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social apresentou as contribuições do coletivo à EBC. Parte destas contribuições já havia sido apresentada publicamente durante audiência pública realizada pelo Conselho Curador da empresa [saiba mais].

Segundo Bia, a linha editorial da empresa tem que ir além da junção de programações compartilhadas e ainda é preciso avançar para trazer mais pluralidade e diversidade na programação de todos os veículos. Ela sublinhou, especificamente, da necessidade de se valorizar o recorte de gênero dentro da programação da EBC, ampliando a já declarada sensibilidade à causa das mulheres.

Para o Intervozes, a sociedade deve contribuir de forma mais efetiva com a programação das emissoras da empresa e deve ficar clara a linha editorial para quaisquer cidadãos ou cidadãs. Ainda na opinião do coletivo, o Conselho Curador deve também se preocupar com questões que vão além de ajustes na programação e no conteúdo e além da TV Brasil. O financiamento e a gestão da EBC devem estar na pauta do Conselho Curador também.

Ao falar do conselho, Bia não perdeu a oportunidade de cobrar da instância um posicionamento dos atuais membros sobre o processo de eleição da próxima gestão. “O Intervozes sugere que essa eleição seja feita de forma direta, com participação de toda sociedade”, defendeu. “É importante frisar que o critério de notoriedade usado pelo presidente da República para escolha dos membros da sociedade civil no Conselho Curador não deu certo. Seis dos conselheiros indicados deixaram o cargo. Temos que pensar outra maneira que leve em conta o envolvimento da pessoa com a questão.”

As críticas feitas pela representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Roseli Goffman foram com relação à discussão da neutralidade na linha editorial. Roseli defende que a EBC adote outro critério, “visto que as pessoas são compostas de subjetividades e a neutralidade não existe”. “Eu espero que a emissora pública adote outro paradigma”, comentou Roseli, que é membro do Conselho Federal de Psicologia.

Roseli também mostrou-se preocupada com a programação infantil, principalmente da TV Brasil. Segundo a psicóloga, outros modelos devem ser pensados para atrair a atenção das crianças, principalmente aquelas que estão entre 6 e 9 anos que atualmente trocam a telinha pelos jogos de videogame. “Não podemos perder a oportunidade de fazer com que a programação para a criança seja atrativa e interativa”.

Da Associação de Amigos da TV Brasil, representada por Beto Almeida, vieram sugestões de maior cuidado com a linha editorial dos jornais. “Hoje vimos a Tereza Cruvinel falar que nem os amigos, nem os inimigos da TV pública sabem os problemas pelos quais eles estão passando, e isso é uma verdade”, ponderou. “Contudo, questões de cuidado com a linha editorial não depende necessariamente de estrutura e financiamento. Chamar um golpista de presidente em meio a um golpe pelo qual passava Honduras é um erro de postura. Não porque o governo brasileiro teve essa posição, mas porque foi também a postura de diversos organismos internacionais”.

Conteúdo e programação acirram debate

Já no debate sobre conteúdo e programação, o jornalista e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Antônio Brasil, conhecido como crítico ferrenho da TV Brasil, subiu o tom em suas falas. O ex-repórter e cinegrafista da Rede Globo iniciou sua fala expressando a surpresa em ter sido convidado pelos gestores da EBC, pois, segundo Brasil, todo mundo o conhece e sabe as críticas que ele faz.

Antônio fez falas contundentes, causando visível desconforto. Uma delas foi que se “faltasse a TV pública ninguém sentiria falta, mas que se uma novela saísse do ar todo mundo iria reclamar”. A outra provocação do professor foi sobre a audiência: “A TV comercial é aquela que a gente atira pedra, mas todo mundo assiste, e a TV pública é aquela que todo mundo elogia e ninguém assiste. Parece uma coisa meio esquizofrênica.”

Da platéia, antigos gestores e defensores do sistema público como o Jorge da Cunha Lima, membro do Conselho da Fundação Padre Anchieta/TV Cultura de São Paulo, e Orlando Guilhon, presidente da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub) e superintendente de Rádios da EBC, questionaram as colocações de Antônio. Ambos rechaçaram o critério da audiência, que, segundo os gestores, não podem servir para a TV pública.

Tetê Moraes, da Associação Brasileira de Cineasta (ABRACI), que estava na mesa, também rebateu a comparação da audiência das emissoras públicas com a das comerciais. “Não dá para comparar a capilaridade da audiência que a Globo tem, por exemplo, com a de uma TV em construção”, pondera a cineasta, que defendeu que a construção do público não se constrói da noite para o dia e que a TV comercial tem o público que tem porque foi a opção ao longo de muitos anos.

Jorge da Cunha Lima por sua vez defendeu que “os gostos não vêm da demanda e sim das ofertas” e que, portanto, ainda é muito cedo para falar de uma pouca audiência. Entretanto, Cunha Lima também criticou a mediocridade da TV pública, que ele considerou como “espantosa”.

Das contribuições de Antônio Brasil – que questionou ainda um possível maniqueísmo entre “os que defendem a TV pública que por ser pública é consqüentemente boa e os que defendem a TV comercial que, sendo assim, é conseqüentemente ruim” -, a mais bem recebida pelos presentes foi a de que não tem havido inovação e ousadia da TV pública. “A emissora pública faz tudo menos inovar e isso era justamente o que ela teria condições de fazer por não depender da audiência”.

Os desafios incluem a inovação

A discussão da inovação no conteúdo sugere também uma discussão sobre a inovação tecnológica que bate às portas dos sistemas de comunicação no mundo, comerciais ou públicos. Contudo, as mídias consideradas públicas no Brasil sofrem mais por terem passado um longo período de poucos investimentos, seja em pessoal ou em tecnologia.

Para Gabriel Priolli, jornalista e especialista em TV pública, “a mídia pública, de modo geral, ainda está no século XX, quando não, ainda estamos no século XIX. Estamos debatendo mídias que em sua maioria são unidirecionadas, sem interatividade e por isso estamos perdendo até a audiência infantil”, questiona.

Ainda em sua fala, Antônio Brasil afirmou que a “televisão generalista aberta pode ser coisa do passado em um futuro relativamente breve”. O professor da Universidade de Brasília e também Coordenador do Laboratório de Políticas de Comunicação (Lapcom), Murilo César Ramos, também refletiu sobre esta questão do modelo da mídia brasileira, ao qual deve estar subordinado todo o debate sobre a EBC.

Ramos lembra que os Estado Unidos já passa por uma crise muito grande no modelo de televisão generalista. Como o Brasil herdou o modelo americano de comunicação, centrado em um sistema predominantemente comercial, é capaz que esta crise também aqui chegue. “Há uma tendência de segmentação e daí você começa a ver o fim desse modelo generalista. Pode-se dizer que a Band, por exemplo, já é quase uma tevê segmentada”, comenta Ramos.

Contrariando esse modelo e, portanto, admitindo a comunicação diferentemente de um mercado ao sabor das audiências, Ramos coloca que o modelo da televisão aberta generalista, ao contrário, não é o paradigma na Europa, onde prevalece o conceito da Radiodifusão de Serviço Público. “O futuro da TV aberta vai depender da política pensada para TV pública nesse espaço. Um país como o Brasil pode prescindir de uma TV generalista?”, compra Ramos.

Novas políticas e marco regulatório para comunicação

Para pensar uma nova normatização para comunicação, que se faz urgente diante de tantas inovações tecnológicas e, como também pontuou Ramos, da oportunidade da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, não se pode deixar de incluir nas discussões o conceito de Radiodifusão de Serviço Público. “Na nova normatização esse conceito tem que ser tratado com muito carinho. Eu entendo, por exemplo, que o 223 [Artigo 223 da Constituição Federal que trata sobre a complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de comunicação] é uma armadilha. Mesmo a TV comercial, ela deve ser de serviço público. Devemos colocar um elemento central nesse debate que é o de Radiodifusão de Serviço Público, que é fundamental não só para as [emissoras] públicas como para as comerciais”, conclui Ramos.

A necessidade de novas políticas para as comunicações – além do novo marco regulatório, que já está em andamento com a própria criação da EBC – também foi assunto recorrente durante o seminário. O clamor por novas políticas deixou claro também a necessidade de interface entre setores como comunicação e cultura, por exemplo.

A cineasta Tetê Morais aproveitou para defender uma política de promoção do audiovisual baseada no modelo europeu, no qual é comum co-produções das empresas públicas com produtores independentes. Para a representante da Associação Brasileira de Cineastas, deve haver políticas mais incisivas de fomento à produção independente bem como a produção parceria entre cineastas a televisão pública.

Vale lembrar que na próxima semana, de 14 a 17, acontece em Brasília a 1ª Conferência Nacional de Comunicação e mais uma vez questões relacionadas ao Sistema Público de Comunicação brasileiro, bem como às políticas para setor serão debatidas. Desta vez, com um público de mais de duas mil pessoas, das quais 1.684 são delegados representantes de todos os estados brasileiros.

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