O ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido, braço direito da presidente Cristina Kirchner na área econômica, afirmou hoje que existe um "monopólio" no mercado de telecomunicações da Argentina. Por esse motivo, De Vido ameaçou suspender a licença de operação da Telecom Argentina, filial no país da Telecom Italia. A empresa está na mira do governo argentino desde o ano passado.
Analistas de mercado ressaltam que a presidente Cristina pretende forçar a Telecom Italia a abandonar sua filial no país, de forma a que esta possa ser adquirida por empresários argentinos amigos do governo.
De Vido mostrou-se visivelmente irritado com a decisão da Justiça argentina de anular temporariamente a ordem da Comissão Nacional de Defesa da Competência à Telecom Italia para que esta venda suas ações na filial argentina da Telecom. Desta forma, com a decisão da Justiça, ocorrida na sexta-feira, fica suspenso o cronograma de desinvestimento que o governo argentino havia imposto há duas semanas à empresa no país.
Nesse intervalo, a Justiça avaliará se a entrada da espanhola Telefónica na Telecom Italia, por intermédio da empresa Telco, cria o risco de "abuso do mercado", alertado por De Vido.
O ministro considera que existe uma "concentração monopolista" no setor, já que a Telefónica poderia ter "acesso à informação sensível e estratégica de seu principal concorrente na Argentina".
A Telecom e a Telefónica são as maiores operadoras de telefonia na Argentina desde a privatização do setor implementando pelo governo do ex-presidente Carlos Menem, no início dos anos 90.
De Vido não descartou uma eventual reestatização da Telecom Argentina. O ministro citou os casos anteriores do Correio Argentino, os ramais ferroviários San Martín e Roca, a empresa Águas Argentinas e a Aerolíneas Argentinas, reestatizadas nos últimos sete anos.
Diversos empresários argentinos estão de olho na eventual venda dos ativos da Telecom Argentina, entre os quais Eduardo Eurnekián, dono da Aeroportos Argentina.