Em palestra nesta manhã no Futurecom, o presidente da Telebrás, Rogério Santanna comentou sobre o Plano Nacional de Banda Larga.
No evento, o executivo foi taxativo ao dizer como pensam Telebrás e governo: “cabe ao Estado intervir e induzir a concorrência. Nosso foco é fomentar o acesso das classes C e D. Com maior competitividade, os preços caem”.
A meta do programa é levar internet rápida de baixo custo a 4.283 municípios em 26 estados, mais o Distrito Federal, atendendo a 84% da população brasileira até 2014.
O governo quer elevar o número de domicílios com banda larga dos cerca de 12 milhões, registrados em 2009, para até 40 milhões daqui a quatro anos.
“A meta para 2010 é conectar 100 cidades, mas não sei se conseguiremos cumprir, afirmou Santanna, justificando, para eventuais atrasos, possíveis brigas jurídicas.
“A questão da infra-estrutura é algo complicada. Há dificuldades de implantação, abrir um buraco para colocar dutos, ainda mais em uma cidade como São Paulo. Nesse caso, penso que cabe uma lei para obrigar o compartilhamento de infra-estrutura”, argumentou.
Para Santanna, o principal atrativo do negócio não está no controle da infra-estrutura, mas na concorrência, no conteúdo, nos aplicativos e serviços ofertados. “Precisamos criar no país esse ambiente para a inovação”, enfatizou, deixando claro que o governo fará de tudo para privilegiar o desenvolvimento da tecnologia no país. Um recado claro para os investidores de fora do país que, segundo ele, terão que investir no Brasil, compartilhando o conhecimento com os técnicos nacionais.
“Terão que fabricar aqui. União Européia, Estados Unidos, China e Índia fazem uso de mecanismos para proteger seus interesses nacionais. Não há razão para fazermos diferente. O choro é livre”, afirmou o presidente da Telebrás.
No que tange aos procedimentos para que o governo coloque em prática os seus planos, Santanna diz que tudo está muito bem encaminhado e dentro do previsto. “A parte mais complicada se refere aos equipamentos, e o pregão eletrônico [que visa à contratação dos equipamentos para iluminar as fibras óticas da rede de Telecom do governo] ocorrerá já amanhã, de modo que tudo ocorre dentro do esperado”.
O pregão inclui materiais e serviços necessários para o funcionamento e operação dos equipamentos ópticos a serem utilizados na rede nacional de telecomunicações, além de garantia e assistência técnica, instalação, treinamento e operação inicial do material.
O primeiro leilão, realizado no último dia 25, abrangeu a implantação dos POPs. Há, ainda, mais dois leilões restantes estão previstos para o mês de novembro, um destinado à aquisição de equipamentos de rádio para conectar a rede e as sedes dos municípios, e outro para a rede IP, que fará o roteamento das demandas para controle de tráfego.
O cronograma da Telebrás prevê que as primeiras conexões sejam iniciadas em dezembro.