Fabricantes de TV alegam que não há conteúdo para o Ginga

Os fabricantes de aparelhos de TV argumentam que a obrigatoriedade de instalação do middleware brasileiro – o Ginga – nos equipamentos, conforme proposta sob consulta pública dos ministérios da Ciência e Tecnologia (MCTI) e Desenvolvimento Industrial (MDIC), poderá trazer apenas um custo a mais para os clientes, visto que não existem conteúdos interativos disponíveis. "Nem as emissoras de TV nem as empresas públicas estão desenvolvendo conteúdos interativos que possam ser usados no Ginga", afirma executivo de um dos fabricantes.

Segundo ele, diferentes marcas de TV já vêm com o Ginga embargado, mas a indústria não divulga existir esta facilidade porque não foi feita a suíte de testes com o software, que permite assegurar a interoperabilidade dos sistemas. "Não sabemos se em cada geradora de TV o software para funcionar no aparelho de recepção", argumenta a fonte.

Para os fabricantes, o conteúdo interativo ainda não existe no Brasil porque não se encontrou o modelo de negócios que permita estimule o seu desenvolvimento. Da mesam forma, afirma, a TV no celular acabou não "pegando", e só existem hoje os aparelhos que captam sinais analógicos. Aqueles que captam sinais digitais são produzidos em pequena escala. Tanto que o governo diminuiu a obrigatoriedade de fabricação desses aparelhos, para 3% da produção total.

Zona Franca

O executivo explica também que não há qualquer ameaça da indústria em migrar para outras regiões do país, para a produção do aparelho de TV, hoje concentrada na Zona Franca de Manaus. Mas pode vir a ser uma decisão econômica. Hoje os aparelhos de TV já têm um custo mais elevado porque precisam carregar o sincronizador digital e analógico (equipamento que recebe os sinais de TV). Com a inclusão do Ginga, que também custa mais para os fabricantes (pois tem mais memória, processador, etc.) pode ser que esses aparelhos acabem ficando mais caros do que se eles fossem produzidos fora de Manaus, sem os benefícios de Manaus, mas também sem os custos associados. "Vamos ter que colocar Ginga e sincronizador digital para vender TV em cidades que só recebem o sinal analógico", afirma.

Além disso, os fabricantes podem estimular não mais a venda do aparelho de TV mas do monitor de tela plana, que é fabricado conforme as regras da Lei de Informática (em todo o país) e poderia ser usado pelos telespectadores que têm TV por assinatura ou IPTV, o que poderia também ser um baque na produção de Manaus. Mas a consulta pública mal começou. Novas reações deverão vir na próxima semana

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