Mídia é criticada no 8 de março de São Paulo

A opressão da mulher pela mídia e a publicidade foi lembrada no ato do 8 de março, dia Internacional de Luta da Mulher, em São Paulo. Entre as pautas que já foram encampadas pela luta feminista do Brasil, está o respeito às mulheres e a sua diversidade nos meios de comunicação. “Sempre tiveram uma arma contra a mulher. Na Idade Média existia uma grande criminalização das mulheres, protagonizada pela Igreja Católica. iam para as fogueiras as que ousavam lutar por outro tipo de vida, de relações afetivas… Mas quando chega no século XX, há uma outra arma: a mídia de massa”, afirmou em discurso Teresinha Vicente, da Articulação Mulher e Mídia. 

A mídia é utilizada para oprimir e controlar as mulheres há décadas, afirmou Terezinha. “As propagandas mostram a mulher como um objeto, para alavancar a venda de qualquer produto. Ela própria vira mercadoria, sendo oferecida como prêmio na propaganda de cerveja, na propaganda de carro.”

As mulheres também criticaram o agressivo padrão de beleza imposto desde cedo às meninas, o que faz com que um terço das cirurgias plásticas no Brasil sejam realizadas em menores de idade. Uma prova de que este padrão midiatizado tem se constituído como uma imposição sobre as mulheres brasileiras, as militantes lembraram que o Brasil, um país pobre, é o segundo maior consumidor da indústria cosmética no mundo.

Para Luka Franca, da Secretaria de Mulheres do PSOL, apesar de uma presença cada vez maior das mulheres nos debates sobre o conteúdo dos meios de comunicação, o movimento feminista tem dificuldade em discutir a pauta mídia. “Acho que acaba ficando superficial, sem avançar na questão conjuntural do que significa isso. A mulher é usada como mercadoria, há um padrão de beleza sim, mas precisamos lembrar: quem é que subsidia isso? A mídia sustenta a sociedade patriarcal, mas ela também sustenta a sociedade capitalista”, avalia a militante, que também é estudante de jornalismo. 

“Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”

O ano de 2010 não contou apenas com atos para lembrar o 8 de março e as lutas feministas específicas. Com o mote "Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, a Marcha Mundial das Mulheres tem organizado atividades artísticas e culturais, caravanas e ações, em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU em vários países. No Brasil, a ação internacional da MMM acontece entre os dias 8 e 18 de março e terá o formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. São dez dias de caminhada: as mulheres marcharão pela manhã e realizarão atividade à tarde. Entre as atividades, haverá um dia de debates sobre o papel da mídia e o feminismo.

As ações também marcam os 100 anos do 8 de março. Em 1910, a socialista alemã Clara Zetkin propôs, na II Conferência das Mulheres Socialistas, a criação do Dia Internacional da Mulher, que seguiu sendo celebrado em datas diferentes, de acordo com o calendário de lutas de cada país. A ação das operárias russas no dia 8 de março de 1917, precipitando o início da Revolução Russa, é a razão mais provável para a fixação desta data.

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