Telefônica em contradição

[Título original: Telefônica: em contradição ataca a neutralidade de rede e promove a Campus Party]

A poucos dias tivemos acesso a seguinte notícia pela lista do CGiBr: “Telefônica abre fogo contra buscadores ” .

A matéria mostra a atitude da Telefônica que além de ser um ataque gigantesco a liberdade da Internet, demonstra claramente a contradição1 da Empresa  ao defender a responsabilidade social no Campus Party pelo “compartilhamento de conhecimentos e troca experiências”, e por outro lado conforme o noticiado, querer rever a neutralidade da rede, elemento fundamental na garantia da liberdade na internet. Sem a prática da neutralidade teremos grandes limitações em divulgar e trocar informações livremente. “A neutralidade da rede significa que todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da mesma forma, navegando a mesma velocidade.” Wikipedia (AQUI).

Seguindo adiante esse projeto da Telefônica, a internet não será mais como conhecemos até hoje. Com o fim da neutralidade da rede, será possível as operadoras discriminarem o livre tráfego de conteúdos de blogs e redes sociais, o trafego e acesso aos blogs com conteúdos livres poderão ficar com velocidades menores que os sites com conteúdos comerciais que estejam pagando a empresa por esse serviço. Diante disso, no Brasil, por exemplo todas as ações da culturadigital.br e dos pontos de cultura poderão ser prejudicadas caso a neutralidade chegue ao fim, afinal se esses não quiserem pagar taxas excedentes, poderão não ter serviço veloz de acesso e entrega de conteúdos, o que poderá levar o usuário(a) da internet a pagar pelo menos duas vezes o serviço, uma vez para ter acesso a rede, outra para distribuir e receber determinado conteúdo. E tudo isso sob gestão de empresas privadas contraditórias como a Telefônica.

A Telefônica há 3 anos produz a CAMPUS PARTY no Brasil, evento que defende a liberdade da Rede, melhora a imagem da empresa e amplia seus negócios na América Latina. Frente essa notícia é preciso que os(as) entusiastas da CParty fiquem atentos à verdadeira face da empresa, que com um estratégia profundamente monopolista passa por aumentar seu tamanho com a compra de outras empresas do setor como a GVT: (AQUI) e promover mudanças na internet que venham a lhe convir economicamente. Vale ainda lembrar que o IDEC e o CGiBr testaram os serviços de internet banda larga da Telefônica recentemente, o resultou é a pior opção de serviços na área: (AQUI).

Boa conexão e respeito ao usuário é só durante o Campus Party.

Frente essa realidade e outras tantas que atingem o setor, como a necessária ampliação de cobertura da Banda Larga no país, o Governo Federal entrou recentemente em cena para garantir o Plano Nacional de Banda Larga e Inclusão Digital no Brasil, ao contrário do Governo anterior que entregou todo o sistema de telecomunicações ao setor privado, o novo plano nacional de banda larga pretende investir na infra-estrutura de telecomunicações de forma pública, o que se tornado realidade poderá em certa medida coibir iniciativas que lesam a liberdade e o bolso do usuário. É preciso igualmente que o governo federal do presidente Lula, compreenda que essa atitude recente da Telefônica é mais uma demonstração que o mercado não vai oferecer internet de qualidade e amplamente acessível. Se depender do mercado, a internet será inacessível a cada dia, e a idéia de banda larga como um direito básico cairá nos cofres dos monopólios empresariais.  É verdade que infra-estrutura pública no Brasil não resolve o problema como um todo, já que dependemos de 2 backbones privados internacionais, mas certamente diminuiria muito nossas dependências em território nacional.

* Everton Rodrigues, 33 anos, educador popular, produtor cultural, técnico e consultor em tecnologias livres. Faz parte do Projeto Software Livre Brasil, do movimento de economia solidária e Música Para Baixar – MPB.

Sugestões de leituras:

* O fim da neutralidade da rede
* Tudo ligado: controle, cultura e neutralidade da rede.
* Internet e sua normatividade no contexto da cultura hacker

NOTA
1 Na verdade não existe contradição, no capitalismo a unidade básica prossegue sendo a empresa privada, que realiza-se no mercado através da concorrência, sendo assim tudo que provir diminuição de custo ou aumento dos lucros é rapidamente inserido ao plano de negócios.

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